Jeferson Miola: Bolsonaro roubou e vendeu relógios quando ainda era presidente

Tempo de leitura: 3 min
Jeferson Miola: A Procuradoria-Geral da República está diante do “excesso” de provas de ilícitos cometidos por um criminoso que instalou no Palácio do Planalto um verdadeiro escritório do crime". Ilustração: Renato Aroeira (@arocartum)

Bolsonaro roubou e vendeu relógios quando ainda era presidente

Por Jeferson Miola, em seu blog

O relatório da Polícia Federal concluiu que Bolsonaro roubou e vendeu relógios de luxo pertencentes à União quando ainda era Presidente do país.

Na prática dos crimes, Bolsonaro contou com a cumplicidade e o apoio operacional do tenente-coronel do Exército Mauro Cid e do seu pai, o general do Exército Lorena Cid.

A PF reuniu elementos que indicam que o chamado “Kit Ouro Branco” – composto por um relógio Rolex, uma caneta Chopard, um par de abotoaduras, um anel e um rosário árabe – foi desviado para os EUA em junho de 2022.

O “Kit” e outros bens roubados foram ilegalmente transportados em avião da FAB durante a missão oficial de Bolsonaro nos EUA para participar da Cúpula das Américas em Los Angeles.

A PF apurou no Sistema de Tráfego Internacional que o tenente-coronel Mauro Cid integrou a comitiva presidencial que viajou no dia 8 de junho de 2022, mas “seu retorno para o Brasil se deu apenas no dia 21 de junho de 2022”.

Neste período em solo estadunidense, Mauro Cid prospectou lojas para vender os relógios, jóias e demais bens roubados da União.

A PF chegou a esta conclusão a partir da análise de registros no aparelho celular do tenente-coronel.

“Revelou-se que no dia 13 de junho de 2022, às 14h23, ele pesquisou no aplicativo Waze um endereço na cidade de Willow Grove, estado da Pensilvânia/EUA. Após a pesquisa, os dados demonstram que ele iniciou o deslocamento até o destino escolhido”, descreve a PF.

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O relatório esclarece que “o endereço refere-se ao Willow Grove Park Mall, o qual apresenta em sua página oficial na internet exatamente o endereço pesquisado e navegado no aplicativo Waze: West Moreland Road, 2500. Trata-se de um Shopping Center, o qual abriga a loja especializada em vendas de relógios novos e usados, Precision Watches” [grifos no original].

Na ocasião, Mauro Cid vendeu um Rolex Day-Date e outro relógio da marca Patek Philippe por U$ 68.000 [sessenta e oito mil dólares] – R$ 346,9 mil na cotação da época.

A localização da loja Precision Watches “coincide com o endereço enviado por MAURO CID para OSMAR CRIVELATTI em 08 de março de 2023, quando estavam tentando reaver os itens do denominado ‘KIT OURO BRANCO’ para devolvê-los ao Estado brasileiro, por determinação do TCU”, diz a PF.

A PF encontrou nos dados armazenados por Mauro Cid uma fotografia do comprovante de depósito bancário no valor de U$ 68.000 realizado pela empresa Precision Watches no dia 14 de junho de 2022 em conta bancária no BB Américas pertencente ao pai dele, o general Lorena Cid.

O dinheiro ilegal obtido com a venda e creditado na conta do general Lorena Cid foi entregue em espécie para Bolsonaro.

Para a PF, este procedimento teve o objetivo de evitar, “de forma deliberada, passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal, possivelmente para evitar o rastreamento pelas autoridades competentes”.

A PF concluiu também que, “já em 2023, [Lorena Cid] guardou em sua residência, na cidade de Miami, as esculturas douradas (barco e arvore)”. Além disso, pai e filho “encaminharam os objetos desviados, pertencentes ao acervo público brasileiro, para estabelecimentos comerciais especializados para serem avaliados e vendidos por meio de leilão”.

O trabalho diligente e meticuloso da PF no inquérito sobre o roubo e a venda de bens da União não deixa lugar para dúvidas: Bolsonaro e seus comparsas não escaparão de condenações à prisão.

A Procuradoria-Geral da República está diante do “excesso” de provas de ilícitos cometidos por um criminoso que instalou no Palácio do Planalto um verdadeiro escritório do crime.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

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A operação deflagrada nesta quinta-feira 11 pela Polícia Federal
na investigação sobre o suposto esquema de monitoramento ilegal
por meio da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, tem o potencial
de deteriorar a situação de Jair Bolsonaro (PL) e oficiais das FFAA
ligados a ele.

Também o Relatório em que a PF indiciou o ex-presidente por 3 crimes
no Caso das Joias Sauditas menciona 5 vezes uma “tentativa de Golpe
de Estado” e pode incriminar esses militares de alta patente.

Nota-se, portanto, que a PF avalia haver uma ligação concreta
entre diversos casos protagonizados por Bolsonaro e integrantes
das Forças Armadas (FFAA).

Entre eles, estão:

-o ex-Comandante da Marinha Almirante Almir Garnier Santos;
-o ex-Comandante do Exército General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira;
-o ex-Ministro-Chefe do GSI General Augusto Heleno, a quem a Abin se subordinava; e
-o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil General Walter Braga Netto.

A operação deflagrada nesta quinta-feira 11 pela Polícia Federal
na investigação sobre o suposto esquema de monitoramento ilegal
por meio da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, tem o potencial
de deteriorar a situação de Jair Bolsonaro (PL) e militares de alta patente.

A PF pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes
o compartilhamento de provas produzidas em outras três investigações
que se converteram em uma dor de cabeça para Bolsonaro: os inquéritos
das fake news, dos atos antidemocráticos e das milícias digitais.
Moraes acolheu a solicitação.

Os investigadores apontam uma conexão entre os procedimentos.

Segundo a PF, as ações clandestinas da Abin Paralela situam-se,
potencialmente, “no nexo causal dos delitos que culminaram
na tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito”.

Um parecer da Procuradoria-Geral da República endossa essa tese,
sob o argumento de que a estrutura infiltrada na agência seria
“apenas uma célula de uma organização criminosa mais ampla,
voltada ao ataque de opositores, de instituições e de sistemas
republicanos”.

A PGR diz especificamente que a atuação dessa organização
não se restringia aos episódios relacionados à Abin, “mas que
poderia ecoar em outros procedimentos investigatórios”.

https://www.cartacapital.com.br/justica/como-acao-da-pf-sobre-a-abin-paralela-pode-arrastar-bolsonaro-e-militares-para-o-furacao/

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