Jair de Souza: Venezuela, deu o que tinha que dar

Tempo de leitura: 3 min

Por Jair de Souza*

Após fazer uma minuciosa auditoria de todo o material relacionado com a jornada eleitoral do passado dia 28 de julho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela corroborou nesta quinta-feira, 22 de agosto, os resultados que já haviam sido proporcionados pelas autoridades eleitorais do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) poucas horas após o término da votação.

Mas, por que estava havendo tanto alvoroço, se o sistema eleitoral venezuelano é reconhecidamente o mais confiável e fidedigno entre todos os países de nosso planeta?

A bem da verdade, as razões que deram origem à enorme turbulência que marcou os dois dias que se seguiram às eleições não tinham nenhum embasamento em quaisquer suspeitas de fraude por parte dos dirigentes da extrema direita política que competia contra o chavismo.

Eles, mais do que ninguém, têm plena consciência da impossibilidade de manipular e fraudar o sistema eleitoral de seu país. Por isso, eles sabiam muito bem que o vencedor do pleito não poderia derivar de um falseamento dos dados dos escrutínios.

Em vista do acima exposto, todos os que tinham como sua tarefa máxima e prioritária a remoção dos bolivarianos do comando do Estado teriam de encontrar outros caminhos para garantir sua chegada à presidência da nação, visto que também sabiam que lhes seria impossível alcançar tal objetivo com base em uma maioria de votos.

A partir dessa sensação, eles arquitetaram seu plano de ação.

O plano visava abrir caminho para viabilizar e legalizar internacionalmente o golpe de força com o qual contavam que iriam arrebatar o poder.

Foi assim que, nas semanas anteriores ao pleito, puseram em ação todo seu gigantesco maquinário midiático para induzir o mundo a crer que a população venezuelana estava abrumadoramente contra o governo atual.

É claro que isso só faria sentido no exterior, uma vez que, localmente, o povo da Venezuela não teria nunca dúvida sobre sua vinculação majoritária com o bolivarianismo.

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Logo ao findar o horário de votação em 28 de julho, toda sua rede de difusão midiática a serviço dos interesses imperialistas foi deslanchada para que o mundo tivesse a sensação de que o chavismo tinha sido derrotado.

O passo seguinte seria a entrada em cena das bandas delinquenciais que a extrema direita tinha contratado para causar o máximo possível de violência, danos e mortes.

Tudo que pudesse gerar um caos incontrolável que seria aproveitado pelos dirigentes opositores de extrema direita para se declararem eleitos e receberem o reconhecimento formal dos Estados Unidos e demais países sob sua órbita.

Este plano já estava delineado num documento elaborado por Mark Feierstein, que foi funcionário do Departamento de Estado, da USAID e do Instituto Democrático Nacional, para o Wilson Center, uma das principais agências estadunidense de desestabilização política no exterior.

A respeito deste plano, é altamente recomendável que vejam com atenção este documentário preparado por jornalistas de Venezuela News. Ele foi ao ar em 26 de julho, portanto dois dias antes da eleição.

Como poderemos constatar ao assistir ao documentário, o plano parecia estar funcionando de vento em popa.

Só que, uma vez mais, subestimaram o nível de consciência, organização e determinação das massas populares venezuelanas. Sendo assim, em menos de 48 horas, o povo nas ruas, em aliança com as forças militares revolucionárias, derrotou fragorosamente a intentona golpista.

Após sua estrondosa derrota nas urnas e nas ruas, restava à extrema direita a esperança de causar um imenso desgaste internacional contra as autoridades venezuelanas para que elas se sentissem obrigadas a reconhecer a oposição como vencedora.

Agora, com a palavra final do Superior Tribunal de Justiça, nem essa esperança lhes resta.

Tradução ao português e legendas: Jair de Souza*

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Roberto Quintas

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