Irã, com o qual o Brasil teve superávit de US$ 19 bi em dez anos, ameaça Bolsonaro se navios não forem abastecidos
Tempo de leitura: 3 minIrã ameaça suspender importações do Brasil se navios retidos em Paranaguá não forem reabastecidos
Embaixador iraniano cobrou uma decisão da Petrobras e considera trazer combustível do próprio país; Petrobras diz que abastecimento deixaria a companhia sujeita a sanções econômicas dos EUA
BRASÍLIA — O Irã ameaçou cortar suas importações do Brasil a menos que o país permita o reabastecimento dos dois navios de bandeira iraniana parados desde o começo de junho perto do porto de Paranaguá (PR) , em um sinal das repercussões globais das sanções americanas contra a República Islâmica.
O embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan , disse nesta terça-feira a funcionários do governo brasileiro que poderia facilmente achar novos fornecedores de milho, soja e carne se o país se recusar a abastecer os navios.
O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões por ano para o Irã, na maior parte commodities como milho, carne e açúcar.
No caso do milho, os iranianos são responsáveis por comprar um terço de todas as exportações brasileiras do produto.
Enquanto os envios de milho para o Irã aumentaram 30% no ano passado, em comparação com 2017, as vendas de outras commodities agrícolas tiveram queda, de acordo com os dados de comércio exterior do Brasil.
As vendas de carne caíram 38% — no caso do açúcar, a redução foi de 84%.
— Disse aos brasileiros que eles devem resolver a questão, não os iranianos — Saghaeyan afirmou, em uma rara entrevista na embaixada do Irã , em Brasília.
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— Se isso não for resolvido, talvez as autoridades em Teerã possam tomar alguma decisão porque este é um mercado livre e outros países estão disponíveis.
A Petrobras se recusa a abastecer os navios Bavand e Termeh, parados há mais de um mês perto do porto de Paranaguá, alegando que os dois aparecem em uma lista que aponta pessoas, instituições e embarcações sujeitas a sanções , elaborada pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
A estatal alega que poderia ser alvo de retaliações do governo americano caso fornecesse o combustível.
Ela ainda afirmou que outras empresas podem abastecer as embarcações.
A Petrobras ainda cita uma carga de ureia , trazida pelos dois navios, que também estaria sujeita às sanções dos EUA, ligadas ao programa nuclear iraniano.
Já a responsável pela operação de exportação do milho, a Eleva Química Ltda , afirma que não há qualquer risco para a Petrobras, uma vez que é ela, não a empresa dona dos navios, que estará comprando o combustível.
Além disso, a Eleva alega que apenas a Petrobras fornece o tipo de combustível usado pelos cargueiros.
O impasse está no Supremo Tribunal Federal , onde aguarda decisão.
Posição do Brasil no Oriente Médio
Sem o combustível, os navios não conseguem retornar ao Irã com a carga de milho.
Embora o Brasil tenha uma longa história de boas relações com Teerã, o comprometimento do presidente Jair Bolsonaro em romper as linhas tradicionais de política externa colocam esses laços em dúvida.
Apoiador do presidente americano Donald Trump , Bolsonaro avisou aos exportadores sobre o risco de negociar com os iranianos, completando que o Brasil está ao lado dos EUA na visão política sobre o Irã.
— Estamos alinhados às políticas deles (EUA). Então, faremos o que for necessário — disse Bolsonaro esta semana.
Para resolver o impasse, o Irã está considerando mandar combustível aos navios, mesmo que essa opção leve mais tempo e seja mais cara, afirmou Sagheyan.
— Países grandes e independentes como o Brasil e o Irã devem trabalhar juntos, sem interferência de outros países — disse o embaixador, que também requisitou um encontro com o chanceler Ernesto Araújo, mas ainda sem receber uma resposta.
O Itamaraty disse, em comunicado, que está trabalhando com as autoridades no caso, mas afirma que o processo corre em sigilo de justiça.
Ao falar sobre o caso, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz , afirmou que a Petrobras tomou as decisões que considerava pertinentes para a situação.
E considerou que não há sinais de que a disputa tenha causado qualquer prejuízo comercial ao Brasil, dizendo que é cedo para especular sobre um possível impacto nas exportações.
(Com agências internacionais)
PS do Viomundo: Como destacou Marcelo Zero aqui no site, o Brasil teve superávit de mais de U$ 19 bi com o Irã nos últimos dez anos.
Comentários
Nelson
“— Estamos alinhados às políticas deles (EUA). Então, faremos o que for necessário — disse Bolsonaro esta semana.”
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Na verdade, o que o Bozo queria realmente dizer é:
“- Estamos ajoelhados diante das políticas deles [EUA]. Então, daremos o que for necessário”.
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Enquanto isso, a cegueira ideológica absurda de grande parte do empresariado, rural e urbano, que segue acreditando que o PT é o demônio e queria impor o comunismo no Brasil, continua os impedindo de enxergar as coisas com a clareza que elas têm.
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Por conta disso, esse empresariado, que cultiva uma postura de arrogância, segue apoiando as barbaridades que a cada dia o Bozo e sua troupe cometem.
Noel Bragança
Esses governos estrangeiros tinham que estrangular o Bolsonaro com boicotes a produtos brasileiros. Nao é bom para o povo, mas é otimo para a democracia.
O Bolsonaro berra demais, mas nao passa de um lustrador das botas do Trump, Bolsonaros só sao uns puxassacos do Trump.
Simples: devolvam o dinheiro do milho e devolvam a ureia que os iranianos trouxeram.
Bolsonaro é simplesmente um jegue em tudo principalmente em negocios internacionais. Como um presidente da republica pode ser tao parvo desse jeito.
Duvido que consiga se reeleger.
claudio
Bozo substitui fácil o Irã exportando abacate para Argentina.
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