A presidenta Dilma Rousseff durante a coletiva em que afirmou que “não renuncia”. Foto: Lula Marques/Agência PT
A ENTREVISTA DE DILMA E O GOLPE
Ignacio Godinho Delgado, especial para o Viomundo
Muito importante a entrevista da Dilma assinalando não se encontrar “resignada”, como foi insinuado pela imprensa, e rechaçando qualquer possibilidade de renúncia.
Apesar dos erros e problemas de seu governo, sua atitude há de distinguir-lhe com uma característica, nos registros históricos, que nem Vargas e Goulart exibiram. Dilma não vai desistir.
Os golpistas têm que saber que seu caminho não será fácil.
No Legislativo, o impedimento, conforme o processo em andamento, está ancorado nas tais pedaladas fiscais.
Utilizadas por todos os governos antes de Dilma, no que se refere ao período destacado no pedido de impedimento, as pedaladas foram anuladas através da votação, pelo congresso, em dezembro, da retificação da meta fiscal de 2015.
Se decidir pelo afastamento de Dilma, o Congresso brasileiro arcará para sempre com esta mancha em sua história, ao perpetrar um golpe contra uma presidente legitimamente eleita.
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E não o fará, alerte-se, sem a reação indignada e vigorosa de parte substancial da população brasileira, e não só dos eleitores de Dilma.
Se o caminho for o TSE, dirigido pelo “magistrado” tucano, Gilmar Mendes, prevalece a indagação: como explicar que doações feitas para a campanha de Dilma, pelas mesmas empresas que doaram para Aécio, devem ser consideradas “propinas” e para o PSDB, talvez, um gesto de amor?
Por conta das delações premiadas da Lava Jato? Já se disse que a delação é a “prostituta das provas”.
Quando obtida sob coerção, através das chantagens dos operadores da Lava Jato, alcançando pessoas que passam meses confinadas, mofando na prisão, deveriam ser objeto de profundo repúdio do mundo jurídico.
Ademais, há controvérsias se o TSE, que já aprovou uma vez as contas de Dilma, pode afastar um presidente eleito. É certo que uma decisão favorável ao afastamento de Dilma acarretará recurso ao STF.
Enfim, os golpistas não esperem vida fácil.
Da parte dos que defendem a democracia a responsabilidade é não esmorecer, mesmo com o cerco da mídia e as arbitrariedades crescentes de aparatos policiais e do Judiciário, que se acham fora de qualquer controle.
Apesar das dificuldades, é possível vencer esta batalha pela democracia e pelo Estado de Direito.
Se os golpistas vencerem, restará uma mancha indelével na democracia brasileira e uma ferida aberta que só depois de muitas gerações será cicatrizada.
Quem viver verá.
Ignacio Godinho Delgado é Professor Titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nas áreas de História e Ciência Política, e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED). Doutorou-se em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, e foi Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012.
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Comentários
lulipe
Alguém tem que impedir a Dilma de fazer discurso de improviso, pelo menos em ocasiões importantes e, principalmente, no exterior. Aqui levamos na brincadeira as barbaridades ditas por ela, mas lá fora é o nome do Brasil que está em jogo. Já basta seus ministros!!!
Mauricio Gomes
Tinham é que impedir idiotas fascistas como você de falarem ou escreverem qualquer coisa, pois dá para perceber o cheiro fétido do preconceito e do fascismo nas suas palavras.
luiz
Quando o golpe estiver enterrado, quero ver todos os q tramaram contra o estado democrático de direito e contra a soberania nacional na cadeia. A lei de segurança nacional prevê tal medida. São criminosos e assim devem ser tratados , salvo Aécio e FHC, ou seja os dois são criminosos, mas, além disso, o primeiro é doente mental (talvez pelo uso excessivo de agentes quimicos) e o outro é um pré-sal de inveja, mas merecem cadeia exemplar por tramaram contra o Brasil é o povo Brasileiro.
Lukas
Quem apoia Dilma ainda? PT? PCdoB? Nem estes… Se o PMDB debandar não resta nada a Dilma fazer. Ou resignada renuncia, ou é deposta.
Collor não foi deposto pelo FIAT Elba, mas por falta de apoio do Congresso e do povo.
Dilma está próxima disto. Dou pouco mais de dois meses para ela.
E vocês?
Mauricio Gomes
Eu dou um minuto para provar que você é um idiota acéfalo e fascista de carteirinha, provavelmente um dos acham o Aébrio honesto e o BolsoASNO um mito. Como você fazia para passar atestado de burrice antes da internet? Não dá para desenhar aqui, talvez facilitasse a compreensão para alguém limitado que nem você. Para haver impeachment é preciso PROVA de materialidade de algum crime cometido pela presidente, qualquer coisa fora disso é golpe. Entendeu seu asno?
Julio Silveira
Resistencia? bom isso é o mínimo que se espera, mas até o momento sua posição tem sido oposta a sua fala. Esteve buscando se cercar do que de pior se pode esperar em politica em termos de confiabilidade. Trouxe para perto de si pessoas com visão ideológica diametralmente oposta aquela que ela construiu, e que muitos ainda se fiam para lhe dar credito, com base apenas no seu passado. Tem tido uma verdadeira resistência, isso sim, em proceder mudanças que reforcem a ordem desnaturalizada da coisas, como a omissão, quase permissão, a perda do respeito a hierarquia em órgãos sob seu comando. Se porta desde o inicio como a oposição ou os governos conservadores se comportavam, bradando uma coisa, fazendo outra, prometendo um governo cumprindo outro, igualzinho aos dos conservadores. Das duas uma, ou nunca governou delegando a esses novos companheiros o ato de governar, ou mudou verdadeiramente de lado e finge ser uma coisa que não é por que sabe que sua aceitação será sempre contestada pela direita.
Não acredito mais na Dilma, não acredito que seja o que diz ser. Depois de muito apostar numa reação sua à esquerda e ver que era pule perdida, não tenho mais nenhuma esperança no seu governo, mas como democrata faço questão que a mesma cumpra todos os seus anos restantes integralmente. Afinal, a direita cansa de tentar afundar este país, cansaram de criar elos e estrutura-los, aparelha-los, até culturalmente, para reagir ao menor sinal de governos progressistas, de tal forma procedem que chegam até a inviabilizá-los, chegando até aos golpes, que não tenho como deixar de apoiá-la a chegar até o fim de seu mandato.
Julio Silveira
Só para não deixar duvidas. Para mim este governo não é progressista, muito menos de esquerda. Mas para a direita, pelo curriculum da presidente, e o fato dela ter vindo pelas mãos de uma corrente ideológica com ideais de esquerda, pelo menos para uma boa parte de seus eleitores, faz com que eles assim considerem seu governo. Por isso a tentativas de golpe, por isso minha resistência.
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