Gustavo Castañon: Contra Ciro, até pedir que Judiciário e Ministério Público cumpram a lei e a Constituição vira escândalo
Tempo de leitura: 4 minCONTRA CIRO, ATÉ PEDIR O CUMPRIMENTO DA LEI VIRA ESCÂNDALO
por Gustavo Castañon, especial para o Viomundo
O editorial da Folha de ontem resume a nova frente de investida contra a candidatura Ciro Gomes.
Mais do mesmo: escandalizar o que Ciro fala, porque não há escândalos sobre o que ele faz.
Agora distorcem sua declaração de que em seu governo os poderes iriam “voltar para suas caixinhas”.
Ou seja, até pedir que os poderes voltem a agir dentro da lei e da Constituição, sem invadir as atribuições uns dos outros, vira escândalo contra Ciro na Folha de São Paulo, tucana.
Chamam agora o legalismo de “truculência”.
É nesse sentido que Ciro disse que a eleição dele é a única chance de Lula sair da cadeia, afinal de contas, se estivéssemos em normalidade legal, um condenado em segunda instância ainda não estaria preso antes do julgamento dos recursos.
É aquilo, a lei vale para todos, menos para o judiciário que quer ficar acima da Constituição: legislar, governar, executar, eliminar políticos da vida pública sem eleições.
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Sem ter tempo de averiguar todas as acusações de corrupção e processos que pesam sobre seu candidato Geraldo Alckmin e sua formidável associação de condenados e acusados que ela chama de “coligação”, a Folha requenta até a declaração de Ciro de 2002 sobre o papel de sua esposa Patrícia Pilar na campanha.
Reproduzir a classificação de “capitão do mato” que as entidades do movimento negro fazem a Fernando Holiday passa a ter “óbvio teor racista”.
Foi em função dessa resposta de Ciro aos ataques do MBL (maior fonte de fake news da internet) que o MP paulista abriu “investigação” sobre Ciro para “apurar se a declaração teve teor racista” (?), mas parece que a imprensa tucana já deu o veredito.
Indignado, Ciro, que nunca processou nenhum adversário pelas centenas de ofensas que já recebeu na vida pública, reagiu à tentativa do MP de interditar o debate e cercear a linguagem política.
Estamos virtualmente sob uma polícia da palavra e do pensamento.
E reagindo de volta a associação de procuradores paulistas classificou como “gravíssima” a “ameaça” de Ciro de lutar para que eles voltem a atuar dentro das suas atribuições constitucionais.
Este será o jogo daqui para frente senhoras e senhores.
Por quê?
Por dois motivos básicos.
A oligarquia judiciária, a nova nobreza que trabalhamos para sustentar, não quer ameaças a seus privilégios legais e financeiros e tem na mídia sua principal parceira.
Todos já sabem que o judiciário e o ministério público querem agora legislar, executar, bloquear execução e escolher os candidatos em nome dos eleitores.
Hoje, no Brasil, das prefeituras às autarquias federais, toda a máquina pública está sendo progressivamente paralisada pelo excesso de órgãos de controle e suas burocracias de funcionários públicos imoralmente remunerados, uma verdadeira nobreza que não se importa com a economia real e a fonte de seus salários financiada com dinheiro público de um país de pobres e miseráveis.
Quando Ciro fala em eliminar privilégios e respeito à Constituição eles se arrepiam dos pés a cabeça.
O segundo motivo é a unidade da esquerda.
Ciro tem dez dias para se viabilizar como favorito ao pleito de 2018.
Para isso ele precisa do apoio do PSB e talvez do PCdoB. Isso garantiria o tempo de TV e palanques que poderiam o colocar na liderança da disputa.
O “momento Ciro” ainda não chegou. Ele chegará na hora certa com tempo suficiente de TV e o começo dos debates. Ainda assim ele já está em terceiro lugar.
Mais ainda, a imprensa paulista, acobertadora de Alckmin, Temer, de seus processos e de sua “coligação”, tem agora dez dias para garantir que a esquerda fique desunida.
Uma aliança entre as duas maiores lideranças da centro-esquerda hoje selaria o destino do golpe e das eleições.
Já uma eventual candidatura do PT que não Lula, contra Ciro, além de poder tirar a esquerda do segundo turno, pode garantir a vitória da direita se chegar a fase final.
Portanto, a prioridade do golpe agora é manter a esquerda desunida.
Teremos dez dias de espancamento de Ciro e intrigas entre ele e Lula.
O jogo é pressionar Ciro para inibi-lo de fazer declarações de apoio a Lula e ao mesmo tempo amplificar as declarações que podem gerar algum ruído entre eles.
Ontem, por exemplo, uma simples constatação de Ciro de que no momento era concorrente de Lula e do PT, gerou escândalo na Folha pelo uso da palavra “antagonista”.
Ciro sempre reconheceu Lula como o maior líder popular do país, sempre disse que a prisão de Lula era arbitrária porque ainda não transitou em julgado, sempre disse que sua condenação tinha sido injusta pois sem provas e que Moro era um juiz que gostava de holofotes e desafiava a lei.
Mas nada disso parece ser suficiente para o PT ou merece destaque na imprensa.
Talvez seja a hora de Ciro repetir mais essas falas.
Já a nós, cabe agora defendê-lo das manchetes sensacionalistas.
Pois se Lula é uma ideia, Ciro é hoje nossa realidade.
É nada menos que nossa última chance de continuarmos a ser uma nação.
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Comentários
Alexandre
Sem união não avançaremos, tal qual 1989.
https://novoexilio.blogspot.com/2018/07/por-que-eu-matei-marille-por-alexandre.html
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stalingrado Lula da Silva
Ué, Ciro Jeirissati não suporta pressão?
Imagina se ele fosse preso sem provas para não poder participar das eleições?
#HaddadNoGovernoLulaNoPoder
lulipe
O que o autor acha do fato do Coronel Ciro ter chamado uma Promotora de Justiça de filha da puta? Imagino o que aconteceria se tivesse sido o Bolsonaro…Hipocrisia pouca é bobagem!!!
Analfa
Onde vcs estão? A prisão em 2ª instância foi justamente aceita no governo Lula!!! Nada fora da lei a não ser que não for conveniente, claro. Burla-se a lei por conveniência.
Daniel Alves Sant’ Ana
Que eu saiba, numa postura invertida e claramente populista, o STF modificou a jurisprudência acerca da 2ª instância (isso durante o governo Lula). Nunca é demais lembrar que o o Judiciário é um dos 3 poderes, tendo total separação e independência dos outros 2.
Tem-se visto que as pessoas normalmente não conseguem entender a dinâmica do Estado de Direito e da democracia (o que dizer sobre Estado Laico, impessoalidade da administração pública, ônus da prova e outros conceitos mais complexos?), como a separação dos poderes e seus papéis. Espero (mesmo!) que o interlocutor de apelido “Analfa” esteja jogando com contra-informação para enganar os incautos e não seja aquilo que o próprio apelido precede.
Ademais, a lei não é algo estanque. Numa DEMOCRACIA, cabe ao próprio povo a discussão e modificação de leis e jurisprudências (que é o caso. Lei é algo da alçada no poder legislador, o que NÃO inclui o STF) que possam porventura estar erradas. Nada de errado nisso. Aliás o cerne da própria democracia é a possibilidade de isso acontecer sempre.
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