Oposição tenta se livrar da fama de golpista, adquirida durante a desastrada tentativa de tomada do poder em 2002. Governo conta com inéditas taxas de aprovação, apesar da crise econômica. Processo venezuelano ainda não gerou lideranças alternativas. Oposição teve, no início do ano, uma grande exposição midiática, por conta das primárias. Mesmo assim, índices de intenção de voto apontam favoritismo oficial. O artigo é de Gilberto Maringoni.
Gilberto Maringoni, em Carta Maior
As eleições presidenciais de 7 de outubro na Venezuela despontam como as mais dramáticas desde que Hugo Chávez elegeu-se pela primeira vez, em dezembro de 1998. A principal tensão diz respeito à saúde do mandatário.
Não se sabe exatamente a gravidade da doença. Embora as pesquisas indiquem claro favoritismo do presidente, o governo vacila em dar informações sobre a extensão do câncer revelado em 2011.
Notícias pouco claras dão margem a um sem número de boatos. Chegou-se a dizer, há alguns meses, que o dirigente não viveria até a data do pleito. As constantes viagens a Cuba para tratamento atiçam a fogueira das desinformações.
Oposicionista jovem
O candidato oposicionista, escolhido num processo de eleições primárias finalizado em fevereiro, é Henrique Carpilles Radonski. Com 39 anos, jovem, boa pinta e dono de uma carreira de sucessos, ele é ex-prefeito do município de Baruta e atual governador do estado de Miranda.
Pesa sobre Radonski o fato de ter sido um dos articuladores do golpe de 2002 e de ter tentado invadir a embaixada cubana em Caracas. Apoiadores do governo exploram à larga esse lado de sua biografia.
A oposição teve, ao longo dos dois primeiros meses do ano, uma grande exposição nos meios de comunicação, por conta do processo de primárias. Mesmo assim, os índices de intenção de voto se cristalizaram num amplo favoritismo oficial. Se as eleições fossem hoje, os institutos de pesquisa indicam o seguinte quadro, entre Chávez e Radonski, respectivamente:
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Hinterlaces: 52% a 34%.
GIS: 55% a 22,2%
Ivad: 56,5% a 26,6%
Consultores 3011: 57,5% a 26,6%
Uma quinta verificação, realizada pelo instituto Consultores 21 apresenta resultado diverso: Chávez teria 46% contra 45% de Radonski, um virtual empate técnico.
Índices de aprovação
Com todos os desgastes que já enfrentou – que vão de uma tentativa de golpe de Estado a duas quedas sérias do PIB – Chávez mantém surpreendentes índices de aprovação, após 14 anos de governo. Os números variam, mas situam-se sempre em patamares acima de dois terços da população. Para o Instituto Hinterlaces, o presidente conta com 66% de aprovação. Segundo o Grupo de Investigación Social XXI (GIS), a percentagem alcança 63% e de acordo com o Instituto Venezuelano de Análise de Dados (Ivad) o índice é de 78%.
O presidente do Instituto Datanálisis, que nada tem de governista, chega a criar uma teoria para explicar a popularidade presidencial: ela acontece graças “ao uso que o presidente faz de sua doença que gerou empatia na sociedade”.
A enfermidade de Chávez, além de ser um drama pessoal, tem sem dúvida, grande impacto político na cena venezuelana. É difícil, no entanto, medir objetivamente as conseqüências dela para sua popularidade.
Folgada vantagem
Chavez entra na disputa com folgada vantagem. Depois de enfrentar três eleições presidenciais (1998, 2000, 2006), oito pleitos (legislativos, para prefeitos e governadores) e quatro plebiscitos, o quadro lhe é francamente favorável. A única derrota aconteceu no referendo sobre o a possibilidade de se candidatar seguidas vezes à presidência, realizado em 2007.
Ao tomar posse pela primeira vez, Chávez encontrou as instituições em tamanho descrédito, que o país teve de ser reconstitucionalizado, através de uma nova Carta Magna, aprovada em 2000. A situação resultava de um levante popular em 1989, da virtual quebra do país no início dos anos 1990, do impeachment de um presidente em 1992 e de uma espiral descendente na economia ao longo daquela década.
O governo conta a seu favor com uma expressiva expansão do PIB num período longo de tempo. De US$ 95 bilhões em 1998, o total da produção econômica saltou para US$ 330 bilhões (estimados) em 2012.
No entanto, o aumento de mais de 200% do PIB nesse intervalo não foi linear. A crise de 2008 derrubou o mercado internacional de commodities, acarretando quedas nos preços do petróleo e retrações na economia local da ordem de 3,3% em 2009 e 1,9% em 2010. Aliado a isso, falhas de abastecimento de gêneros de primeira necessidade e aumento nos índices de violência nas grandes cidades levaram a acentuadas quedas na aprovação governamental. Os problemas no abastecimento têm origem elevação do consumo e num quadro de desorganização na produção e na distribuição de mercadorias.
Oportunidade da oposição
A oposição viu no desgaste governamental de 2008-2010 uma janela de oportunidade para emplacar um candidato competitivo na disputa presidencial. Seus problemas em todos os enfrentamentos anteriores se concentraram na tentativa de se livrar da pecha de golpista. A fama não aconteceu à toa. Tendo articulado a tentativa de retirar Chávez do governo em 2002, com o apoio da embaixada dos EUA, do empresariado e da cúpula da Igreja Católica, tais setores enfrentam um desgaste prolongado.
Houve tentativas de criação de novos partidos e de se buscar novas lideranças – como as oriundas das mobilizações estudantis de 2007-2008, época em que Chávez foi derrotado no plebiscito. A diretriz não prosperou. Sem novos rostos, a oposição aposta na idéia de que a imagem do golpe já teria se esvaído da memória popular.
Liderança alternativa
Do lado governamental, o grande problema tem sido a incapacidade de se criar uma liderança alternativa. O Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) é uma agremiação surgida de cima para baixo, a partir do Estado, e sem vida orgânica independente. A predominância do presidente na vida nacional acaba por inibir o surgimento de figuras capazes de substituí-lo.
Não se trata apenas de um problema de Chávez ou de sua facção política. Trata-se de insuficiências no próprio funcionamento da democracia venezuelana e da crise institucional que abateu o país nos anos 1980-90. Ela ceifou e desmoralizou várias personalidades e desorganizou o movimento político e social do país. A reconstrução de uma institucionalidade democrática na Venezuela vem acontecendo, a despeito das críticas que Chávez recebe.
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Comentários
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[…] Gilberto Maringoni: Chávez segue favorito […]
Sagarana
Chávez foi um homem de grande importância para a humanidade: provou que o socioalismo não funciona nem mesmo sobre um mar de petróleo. Deus te abençoe hermano!
Marat
Falando nisso, por onde anda Pedro Carmona, o Breve? Está exilado no maior antro de terroristas e ditadores do mundo (os EEUU)?
Willian
Ainda bem que as instituições e a imprensa no Brasil são mais fortes que nestes países. Não estranhamente a situação no Brasil, em todos os sentidos, é bem melhor. Venezuela só existe por causa do petróleo. quando este acabar, em alguns anos, o que sobrará deste país? Por outro lado, um país como a Noruega estará preparado para os novos tempos.
E S Fernandes
Força Chávez.
Viva a Venezuela: coloque-a nos trilhos do socialismo
Jorge Nunes
Mas acho que é interessante é a pouca capacidade das oposição em encontrar novos rostos. O problema é similar ao do Brasil.
Os conservadores não fazem prévias e tratam a política como negócio e não ato cívico. Deste modo o poder só passa por laços de sangue ou por sociedade.
Ou seja não buscam os conservadores na sociedade para fazerem parte de seus partidos.
Aqui no Rio os ex-prefeito do DEM, lança seu filho para concorrer. Nem se pensou em fazer uma prévia num partido que se diz "democrata". O mais interessante é a dupla conservadora Rodrigo Maia filho do ex-prefeito e Clarissa Garotinho filha do ex-governador.
Ou seja este partidos não tem ligação com a sociedade fora o apelo religioso (José Serra até apareceu em propaganda entrando em casa para ler bíblia).
dukrai
a oposição ainda fez a maior m… em sair da disputa eleitoral depois da tentativa de golpe, não emplacou nem uma coisa nem outra e estão até hoje tentando a via democrática, já que a golpista foi pro saco.
_Rorschach_
Não sei nada sobre o opositor, mas nutro simpatia pelo Chavez.
Acho que ele realmente se dispôs a mudar as estruturas oligarcas no País dele, ao contrário do que foi feito aqui quando a esquerda chegou ao Poder.
Só não curto o total aparelhamento do estado Venezuelano, mas nem tudo é perfeito, não?
Oxaguiam
"Aquí voy, levantando vuelo como el cóndor. Les mando todo mi amor supremo. Viviremos y venceremos”.
Adiante, Comandante. Viverá e vencerá.
Oxalá que eu ainda tenha o orgulho de ajudar a eleger um Chavez no Brasil.
Francisco Nogueira
Façamos como no Império, tirando a médio dos institutos de pesquisa. Assim teremos: Cháves 53,4% contra 30,9% da oposição. Pessoal, vamos assistir ao canal Telesur (http://www.telesurtv.net/el-canal/senal-en-vivo) de vez em quando, pois sempre temos matérias sobre o Cháves, muitas das vezes ele próprio falando.
Fernando
Chávez, amigo, o povo está contigo!
fernando
Viva o Comandade Chávez!!!!!!!!!!….que ele vença mais essa eleição para que a Venezuela se seu povo continuem no caminho do Socialismo da liberdade e Independência Venezuelana e Latina, do império e seus comparsas europeus
Marat
Chávez vencerá vários cânceres… A vitória mais legal se dará sobre os cânceres PIG e EEUU!
pperez
O comandante chávez mandou outra sonora banana para Obama,Cameron,Merkel & cia.
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