Flavio Wittlin: Como judeu brasileiro e polonês, peço perdão ao povo palestino pela enésima vez
Tempo de leitura: 2 minAntes que as nossas lágrimas sequem
“Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável.” Nelson Mandela
Por Flavio Wittlin*
Aviso aos cínicos de plantão: nada de achaques com silogismos banais e vazios me chamando de antissemita, porque isto não funciona mais.
Gaza é um Gueto de Varsóvia enviesadamente devolvido, banalizado por uma geração de judeus que teve muitos de seus ascendentes tiranizados pelos nazis.
Como judeu brasileiro e polonês, que tem histórico de família trucidada nos campos de Auschwitz e Łódź, e que hoje possui um núcleo familiar multiétnico assentado nas três grandes religiões monoteístas, peço perdão ao povo palestino pela enésima vez.
Peço perdão pelos crimes de lesa-humanidade dos expansionistas senhores da guerra de Israel.
Peço perdão pelo apoio que os grandes poderes imperiais emprestam a Netanyahu, como fizeram no passado com os ogros Menachem Begin e Ariel Sharon.
Peço perdão pelo jogo duplo de sempre, conduzido pelas ditaduras e monarquias árabes quando tratam da causa palestina.
Apoie o VIOMUNDO
Peço perdão às crianças e aos jovens, às mulheres e aos homens, às gestantes e não gestantes, aos idosos e inválidos palestinos, confinados na Faixa e na Cisjordânia pelos grandes interesses neocoloniais, sub imperiais e imperiais.
Peço-lhes perdão com o meu interior mais uma vez dilacerado, pungido e quebrado inconsolavelmente.
Sem acobertar ou contemporizar com a violência espúria do extremismo palestino, manifesto com igual e até maior intensidade meu inconformismo com a ocupação israelense dos territórios palestinos, em escala incomparavelmente mais opressiva e pusilânime, e com o cinismo impiedoso da dupla moral dos poderes imperiais – Putin no TPI, Netanyahu livre e solto para barbarizar.
Israel, dirigido e unido pelo corrupto e iliberal senhor da guerra Netanyahu, corre agora um risco real de enfiar sua democracia liberal definitivamente no abismo.
*Flavio Wittlin, médico graduado na UFRJ e mestre em saúde pública pela ENSP/Fiocruz
Leia também:
Roberto Amaral: O holocausto palestino (da Nakba a Gaza)
Jeferson Miola: Israel transforma Gaza na Guernica do século 21
Vídeo: Médicos do hospital bombardeado em Gaza em entrevista coletiva no meio dos mortos por Israel
Vídeo: Como vive o povo palestino? @ivan desenha para que alguns possam entender direito. Assista!
Comentários
Laura Bieger
“Após lucro bilionário com guerra da Ucrânia, ofensiva de Israel em Gaza dá novo impulso à indústria das armas nos EUA, que projeta recorde trilionário .
País lidera com folga o ranking de maior exportador de armas do planeta”
Pragmatismo Político
Zé Maria
https://youtu.be/ASWxSfcllNw
20 Caminhões com material médico
conseguem entrar na Faixa de Gaza,
pela Fronteira Sul, após a Abertura da
Passagem pelo Egito em Rafah.
Entretanto, o envio de número reduzido
de caminhões proporcionou um alívio
muito limitado aos 2,3 milhões de
habitantes de Gaza, sob ataque e
quase sem nada para comer ou beber.
Próximo Comboio da ONU está Previsto
para a Próxima Segunda-Feira (23).
O governo israelense exigiu provas de que
as entregas de ajuda não são apreendidas
ou desviadas pelo Hamas, antes de autorizar
novas entregas.
Um funcionário da ONU disse no sábado que
“os procedimentos de verificação ainda estão
em discussão”.
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse:
“Fomos claros: o Hamas não deve interferir na prestação
desta assistência que salva vidas”.
As agências humanitárias também estão negociando com Israel
para que permita que o combustível, essencial para os geradores
hospitalares e para o sistema de dessalinização e bombeamento
de água de Gaza, faça parte dos comboios humanitários.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na ‘cúpula de paz’
no Cairo:
“O povo de Gaza precisa de um compromisso para muito, muito mais
– uma entrega contínua de ajuda a Gaza na escala necessária.”
Ele apelou a um cessar-fogo humanitário para resgatar Gaza do que
descreveu como um “terrível pesadelo”.
Na sexta-feira, Guterres visitou a passagem de Rafah, onde quantidades
substanciais de ajuda humanitária aguardavam luz verde para atravessar
para Gaza.
“Lá vi um paradoxo – uma catástrofe humanitária a desenrolar-se em tempo
real”, disse ele.
“Por um lado [do Egito], vi centenas de caminhões repletos de alimentos
e outros bens essenciais.
Por outro lado, sabemos que do outro lado da fronteira [em Gaza]
há 2 milhões de pessoas – sem água, alimentos, combustível,
electricidade e medicamentos. Crianças, mães, idosos, doentes.
Caminhões cheios de um lado, estômagos vazios do outro.”
https://www.theguardian.com/world/2023/oct/21/israel-hamas-war-aid-trucks-enter-gaza-egypt-rafah-border-crossing-opens
https://www.aljazeera.com/news/2023/10/21/rafah-border-crossing-between-gaza-egypt-opens-for-aid-trucks
Deixe seu comentário