Fim do PPI: Associação dos Engenheiros da Petrobrás e federações de petroleiros fazem a primeira avaliação

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Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Eric Gil Dantas, economista do Observatório Social do Petróleo (OSP) e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Fotos: Arquivo pessoal e rede social

Por Conceição Lemes

Nessa terça-feira, 16/05, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, anunciou o fim da política do PPI (Preço de Paridade de Importação) como referência para a definição dos preços do diesel e gasolina comercializados pela companhia.

Em nota à imprensa, a Petrobrás diz:

O anúncio encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação, mantendo o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes.

Em seu site (na íntegra, ao final), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) festejou:

“Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim. Um dia para ser comemorado”, disse o coordenador- geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, aplaudindo o anúncio feito nesta terça-feira, 16, pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, de nova estratégia comercial de preços dos combustíveis, em substituição ao mecanismo de preço de paridade de importação (PPI), implementado em 2016 por Michel Temer e mantido por Jair Bolsonaro.

A FUP fez campanha para Jean Paul Prates ser nomeado presidente da Petrobrás, e já começava experimentava certo desconforto pelo fato de a empresa não ter eliminado até então o PPI.

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), o  Observatório Social do Petróleo (OSP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também saudaram o anúncio do fim do PPI, mas com mais cautela.

Aepet, OSP e  FNP foram contra Jean Paul Prates à frente da Petrobrás.

Motivo principal: durante quase 30 anos ele atuou profissionalmente em defesa  das grandes petroleiras internacionais contra a Petrobrás.

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Abaixo, a íntegra das manifestações da AEPET, OSP/FNP e FUP. Na verdade, é a primeira de cada uma. Foi feita logo após o anúncio da Petrobrás

Nota da AEPET sobre a substituição do PPI pela Petrobrás

Por AEPET

A direção da Petrobrás divulgou Fato Relevante sobre sua estratégia comercial para o Diesel e a Gasolina, nesta terça-feira (16) nele registra a substituição da atual política de preços praticada por suas refinarias.

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) tem criticado a política de Preços Paritários de Importação (PPI) desde 2017 e recebe com esperança a informação de que ela foi extinta pela atual direção da Petrobrás.

Com relação à nova política, a direção da Petrobrás informa que “usa referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras. O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dada às diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.

Pela descrição não é possível ter um juízo sobre a adequação da nova política de preços. Será necessário avaliar como as referências (custo alternativo do cliente e custo de oportunidade da Petrobrás) serão utilizadas para determinar os preços ao consumidor brasileiro.

Além dos novos preços praticados pelas refinarias da Petrobrás, outros dois indicadores que devem ser observados são os volumes importados pelos competidores da estatal e a ociosidade das suas refinarias.

A AEPET acredita que a Petrobrás pode praticar preços inferiores aos paritários de importação (PPI) e obter excelentes resultados empresariais, com a recuperação da sua participação no mercado brasileiro e a maior utilização da sua capacidade instalada de refino.

Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do paritário de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional.

A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial, ao assegurar que suas margens operacionais sejam compatíveis com a indústria internacional, com alta capacidade de investimento e resiliente à variação do preço do petróleo.

A AEPET prosseguirá acompanhando a gestão da Petrobrás, onde se inclui a relevante administração dos preços dos derivados, considerando sempre o interesse nacional brasileiro, o crescimento econômico e o desenvolvimento social da Nação, e a saúde tecnológica, operacional e financeira da Companhia e o tratamento do seu corpo de empregados.

Direção da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)

Petrobrás muda política dos combustíveis, acaba com PPI, mas falta garantir ‘abrasileiramento’ dos preços

Observatório Social do Petróleo (OSP)

A nova estratégia comercial da Petrobrás para calcular o valor da gasolina e do diesel, anunciada na manhã de hoje (16), é positiva porque acaba com a política de paridade de importação, mas não apresenta critérios objetivos que garantam, de fato, o “abrasileiramento” dos preços, como prometido pelo presidente Lula.

“Os parâmetros utilizados não são claros em relação à definição dos preços, critérios esses que seriam muito importantes para assegurar a ligação dos preços aos custos reais de produção (o abrasileiramento), e assim ofertar ao consumidor brasileiro valores menores do que a paridade de importação”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP) e Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Segundo ele, a principal e mais importante mudança na estratégia comercial da Petrobrás é o fim do PPI (Preço de Paridade de Importação), política que vinha sendo adotada pela estatal desde outubro de 2016.

Essa medida foi responsável pelos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha mais altos da história do Brasil em 2022, mesmo tendo uma estatal no setor e produzindo 82% dos combustíveis consumidos internamente no país.

“O PPI, na prática, invertia a lógica fazendo o Brasil se comportar não como um produtor, mas sim como se fosse um consumidor de produto importado”, destaca Dantas.

O aspecto negativo da nova política de preços de combustíveis da Petrobrás, de acordo com o economista, é que os parâmetros apresentados são subjetivos.

A estratégia comercial usa como referências de mercado o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobrás.

“Na prática, as duas referências já ocorrem. A estatal já oferece, na média, preços mais competitivos do que os importadores e as refinarias privadas em qualquer região do país”, argumenta.

Para Dantas, com a nova estratégia comercial a Petrobrás voltará a ter liberdade para precificar seus produtos, “abandonando uma regra que, de certa maneira, foi imposta para garantir a existência dos importadores”, declara.

Na opinião do secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Eduardo Henrique, o fim do PPI é um passo importante para se criar uma dinâmica de preços diferente, mas existe ainda uma outra medida essencial.

“Para ‘abrasileirar’ os preços de verdade é preciso reestatizar tudo o que foi entregue por Bolsonaro, iniciando pela retomada da BR Distribuidora e das refinarias. Se a direção da empresa seguir condicionada às regras de mercado, não haverá as mudanças necessárias para atender a população”, conclui o dirigente.

”O pesadelo chegou ao fim. Um dia para ser comemorado”, diz FUP sobre a nova política de preços de combustíveis

Em quase sete anos de PPI, o gás de cozinha aumentou 223,8%, na refinaria, custando R$ 108, em média, no Brasil, para o consumidor. Antes do PPI, o botijão era R$ 55

FUP

“Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim. Um dia para ser comemorado”, disse o coordenador- geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, aplaudindo o anúncio feito nesta terça-feira, 16, pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, de nova estratégia comercial de preços dos combustíveis, em substituição ao mecanismo de preço de paridade de importação (PPI), implementado em 2016 por Michel Temer e mantido por Jair Bolsonaro.

“O governo Lula abrasileirando o preço dos combustíveis, conforme promessa de campanha. Com a nova política, o Brasil terá gás de cozinha, gasolina e diesel mais baratos, pois os custos nacionais de produção, em reais, entrarão na composição dos preços”, destaca Bacelar.

Ele explica que, com a nova política, o brasileiro deixa de pagar pelos combustíveis como se fossem importados, pois a Petrobrás, agora, não considera, apenas, a cotação do petróleo no mercado internacional e do dólar, e nem os custos de importação.

“Afinal, o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, a Petrobrás tem grande parque de refino e utiliza majoritariamente petróleo nacional que ela mesma produz. Assim, com a nova política, reduz-se também a volatilidade de preços ao consumidor”, diz o dirigente da FUP.

A FUP e seus sindicatos lutam desde 2016 para derrubar o PPI, que promoveu no mercado interno repasses automáticos de aumentos de preços internacionais do petróleo, variação cambial e de custos de importação. Uma política que garantiu mega lucros à Petrobras e dividendos recordes a acionistas, em detrimento de investimentos.

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Zé Maria

Excerto

Na opinião do secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP),
Eduardo Henrique, o fim do PPI é um passo importante para se criar uma
dinâmica de preços diferente, mas existe ainda uma outra medida essencial.

“Para ‘abrasileirar’ os preços de verdade é preciso reestatizar tudo o que foi
entregue por Bolsonaro, iniciando pela retomada da BR Distribuidora e das
refinarias.” …

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