Escolas ocupadas: “Estudantes e comunidades nunca mais serão os mesmos”, creem educadores

Tempo de leitura: 3 min

escola ocupada

Nas ocupações, alunos valorizam escolas contra um discurso de ataque à coisa pública

LIÇÕES QUE FICAM

‘Estudantes e comunidades nunca mais serão os mesmos’

Legado político e pedagógico das ocupações das escolas de São Paulo já podem ser projetados, acreditam educadores

Gisele Brito, especial para Observatório da Sociedade Civil, via RBA, sugerido por Emílio Lopez

Menos de 20 dias depois do início da primeira ocupação de uma escola estadual, em Diadema, o movimento de estudantes que tentam impedir o fechamento de 94 unidades de ensino segue forte em várias cidades de São Paulo. A ação obrigou o governo do estado a cancelar o Saresp nas escolas tomadas, mudar locais de provas da Fuvest e enfrentar uma contundente derrota no Judiciário, que entendeu que, de fato, faltou diálogo com estudantes e professores que sofreriam os impactos da medida e, por isso, as reintegrações de posse não seriam adequadas.

O governo ainda resiste em dar aos estudantes o que eles querem e insiste na “reorganização”, inclusive gastando R$ 9 milhões para tentar encucá-la na população por meio de publicidade.

Dado o histórico pouco afeito ao diálogo do governador Geraldo Alckmin (PSDB), talvez, as escolas realmente sejam fechadas. Mas para educadores ouvidos pelo Observatório, as lições que ficam do movimento já são perenes.

Nas escolas ocupadas, os estudantes têm manifestado satisfação em aprender novos conteúdos a partir da experiência política, cultural e colaborativa. Eles assumem várias facetas do protagonismo. Além de terem de cuidar da rotina, o que inclui se reunir, deliberar e cuidar da segurança, alimentação, limpeza, programação, comunicação e solução de conflitos internos, ainda assumiram papel político de peso na atual conjuntura.

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“É uma mobilização ímpar. Ultrapassa tudo que poderíamos pensar em planos de ensino”, avalia a pedagoga e doutoranda em educação Crislei de Oliveira Custódio. “Mais que qualquer proposta construtivista, é uma experiência política de fato. Nas escolas construtivistas, há toda uma programação para o protagonismo, mas que acaba sendo um simulacro do que seria uma experiência democrática em um espaço público. Nesse caso, é mais interessante porque partiu dos alunos, eles estão se organizando nessas coisas cotidianas. Nas escolas construtivistas, ainda é preciso uma permissão do adulto, que decide o que será democratizado”, pondera.

Para o educador Ruivo Lopes, da Ação Educativa, o movimento deixa claro que não se deve subestimar nenhuma criança ou adolescente ao se pensar em políticas públicas, especialmente na educação. “A mensagem que fica é que esses estudantes têm projeção de vida, desejos próprios e condições de intervir na sua própria realidade. Eles já venceram todo o aparato de subestimação”, argumenta.

Os dois educadores ainda ressaltam como a iniciativa dos secundaristas é carregada de valorização das escolas, em um momento em que há um discurso deliberado contra as coisas públicas. A explicitação de um senso de pertencimento fortalece as unidades mobilizadas como equipamento público, fincado no coração das comunidades, que vão além da sala de aula. São locais de encontro, de troca, de lazer. Educativas em sentido muito mais amplo.

Além disso, o movimento conseguiu realizar um dos grandes objetivos de currículos escolares: trazer a comunidade para dentro da escola. Isso fica explícito na mobilização de pessoas para colaborar com aulas e oficinas, que têm mantido efervescente o ambiente das escolas ocupadas, mesmo nos finais de semana.

“Tanto já se falou em trazer as pessoas para a escola, usando festas, criação de conselhos e outros mecanismos. Sempre foi muito difícil, porque em geral a gente identifica como instituição do Estado e não como coisa pública, nossa. Um milhão de pessoas já escreveram sobre isso. E aí, numa coisa super de uma hora para outra, que não era um projeto do governo, se consegue”, ressalta Crislei. “Fico pensando como serão essas escolas depois da ocupação. Certamente é um divisor de águas”, aponta a pedagoga.

“Eles não voltam a ser os mesmos. E se as escolas derem espaço, elas serão transformadas para aquilo que sempre desejamos nos processos educativos”, acredita Ruivo.

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Comentários

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tiago

Trabalho em uma escola no interior de so, como professor efetivo de Sociologia. Hoje, 1º de dezembro de 2015, fui chamado na direção da escola para explicar minha postagem que fiz na semana do Saresp, do gabarito “rasurado” com os dizeres mais do que corretos “Alckmin fascista”. Dentro das escolas, existem professores que fazem o papel de Cabo Anselmo, que, como cães adestradinhos, ficam de olho nos professores de esquerda e nas postagens do facebook. Alckmin não teria o sucesso que tem se não fosse a explícita conivência de profs, coordenadores, diretores e supervisores de ensino que, literalmente, são os maiores inimigos da educação pública estadual.

Aleguei que fiz sim a postagem, como ato de apoio à luta dos secundaristas. A vice-diretora me disse que era para eu “tomar cuidado”, pois os nossos “superiores” (diretorias de ensino e secretaria de educação” estão de olho no facebook dos “subversivos”.

Isso daqui é uma ditadura. O governador emenda decreto atrás de decreto, governa através de atos institucionais.

mineiro

isso é uma liçao na classe politica que é um bando de covardes e coniventes , todos sem excessao estao do lado do poder economico. uns fingem que defendem isso ou aquilo, mas no fundo todos fez um pacto com o poder economico , ex , pt traidor e pc do b que vai no mesmo caminho desse partido traidor. nao tem ninguem lutando no brasil de verdade, porque luta de verdade é o que fez os professores do pr e agora os alunos das escolas de sp. o resto é conversa fiada e bem fiada.

FrancoAtirador

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A Palavra é PERTENCIMENTO
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202 Escolas Estaduais Ocupadas em São Paulo
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. #OcupaEscola EstadoSP
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Urbano

Enquanto as escolas estiverem ocupadas, a maleficência desgovernamental não prosperará…

Mauricio Gomes

Só vou acreditar em alguma mudança real quando os nazifascistas tucanos forem apeados do poder estadual que ocupam há 20 anos seguidos. Fora isso, essa ocupação será mais uma chuva de verão num estado tomado pela intolerância e pelo ódio.

    mineiro

    apeados da onde? o povo de sp nao vivem sem os tucanos , os tucanos fazem parte do dna de todo mundo que vivem em sp. o povo de sp ainda acham que estao acima de todos , se acham os maiorais , votam na elite e ainda por cima se gabam. achando que estao com tudo.

    roberto

    E num é que o cumpadi tá certo, sô! Esse porvinho de sumpaulo sofre de síndrome de estocolmo. Ou seria a água do volume morto que deixou a paulistada acéfala?

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