USP inaugura nesta quinta-feira mostra de arte de presos políticos na ditadura

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A mostra inclui desenhos, pinturas, colagens e gravuras feitas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo. À esquerda, fragmentos de obra de Alípio Freire, Artur Scavone e Regis Andrade. À direita, de Sérgio Sister, Sérgio Ferro e José Wilson. Fotos: imagens recolhidas durante anos pelos ex-presos políticos Alípio Freire e Rita Sipahi

Exposição da USP apresenta arte produzida por presos políticos na ditadura

Em comemoração aos seus 30 anos, o Centro MariAntonia traz a mostra Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar com trabalhos artísticos de presos políticos na ditadura brasileira que durou 21 anos

Por Centro MariaAntonia da USP

O Centro MariAntonia da USP inaugura, no dia 27 de abril, às 19 horas, a exposição Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar.

Realizada em parceria com o Memorial da Resistência, a mostra inclui desenhos, pinturas, colagens e gravuras realizadas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo.

Estas imagens-testemunhos, reunidas durante anos pelos ex-presos políticos Alípio Freire e Rita Sipahi, integram, desde 2023, o acervo do Memorial da Resistência de São Paulo, que conta atualmente com mais de 300 obras.

A entrada é gratuita e a visitação segue de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas.

Completando 30 anos em 27 de maio de 1993, e tendo como vocação a resistência democrática, a defesa dos direitos humanos e a memória política, o MariAntonia soma a mostra às suas comemorações, ao reunir um conjunto expressivo de obras que falam do cotidiano na prisão, da violência de Estado, das lutas, sentimentos e posições dos presos políticos.

O diretor do Centro MariAntonia, José Lira, salienta que em um momento no qual a democracia vê-se novamente ameaçada “é imprescindível retornarmos ao testemunho dos que ousaram se levantar contra a tirania. Pois sua voz, seu olhar, suas mãos, seus corpos, muitas vezes fustigados pelo aparato repressivo do regime, guardam tesouros da memória e da imaginação sociais”.

Com curadoria da pesquisadora e crítica de arte, Priscila Arantes, a mostra traz produções criadas em diferentes presídios da cidade de São Paulo – Tiradentes, Carandiru, Penitenciária Feminina, Hipódromo, Presídio Militar Romão Gomes (Barro Branco) – e algumas vezes dentro do próprio Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

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Arantes explica que “esses registros são construídos durante uma experiência de violência política e a resistência no espaço prisional, pontuando o valor desta produção enquanto testemunho e fonte histórica dos duros anos de ditadura no país”.

Os 41 trabalhos, elaborados com materiais encontrados dentro do espaço prisional ou trazidos por parentes e amigos para seu interior, constituem um conjunto de experiências de presos de diferentes organizações políticas, alguns deles artistas antes de serem presos, outros que só tiveram esta experiência durante o período de confinamento.

Além do conjunto de obras artísticas, a exposição inclui 16 outros documentos, 7 depoimentos em vídeos especialmente produzidos para a mostra e um conjunto de atividades culturais e educativas a ela relacionadas.

Integrantes da mostra

Aldo Arantes / Alípio Freire / Ângela Rocha / Artur Scavone / Carlos Takaoka / José Wilson / Manoel Cyrillo / Regis Andrade / Sérgio Ferro / Sérgio Sister / Rita Sipahi / Yoshiya Takaoka

Depoimentos

De Aldo Arantes, Ângela Rocha, Artur Scavone, Manoel Cyrillo, Rita Sipahi, Sérgio Ferro, Sérgio Sister, que integram o acervo do Núcleo do Museu da Pessoa MariAntonia.

Seguem as fotos de 12 das 41 obras de presos políticos da ditadura civil-militar

Alípio Freire: Recolhimento, 1971/1972, Presídio Tiradentes

Ângela Rocha: Composição com cores, 1971, Presídio Tiradentes – Ala Feminina

Artur Scavone: Saindo da Cadeia, 1976, Presídio Romão Gomes (Barro Branco)

Carlos Takaoka: Homem sobre manchas, 1969, Dops

José Wilson: Julgamento do PCBR, fevereiro de 1972. Da direita para a esquerda, Jacob Gorender, Valdizar Pinto do Carmo, Aytan Sipahi e Adilson Citelli

Manoel Cyrillo: Balde

Regis Andrade: Retrato de Diógenes de Arruda Câmara, 1972, Presídio Tiradentes

Sérgio Ferro: outubro de 1971

Sérgio Sister: Ditador argentino, 1970, Presídio Tiradentes

Rita Siphai: Carta a quatro mãos para Camila, filha da Rita, então com 5 anos, 1971/1972,  Presídio Tiradentes – Ala Feminina

Yoshiya Takaoka: Vocabulário japonês ilustrado

Serviço

Exposição Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar

Abertura: 27 de abril, a partir das 19h

Duração: de 28 de abril a 10 de dezembro de 2023

Visitação: terça a domingo, e feriados, das 10 às 18h

Local: Centro MariAntonia da USP, rua Maria Antônia, 258, Vila Buarque, São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)

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