Depois de apadrinhar Zambelli, a quem sugeriu medalha e de quem recebeu sessão solene, Moro “delata” deputada no JN; vídeo
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
O ex-ministro da Segurança Pública e da Justiça Sergio Moro “delatou” a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das mais ferrenhas bolsonaristas, ao Jornal Nacional desta noite.
Mais cedo, depois de apresentar sua demissão, Moro foi acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de pretender o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moro fez o desmentido ao telejornal da Globo revelando uma troca de mensagens entre ele e a deputada.
Na conversa, Zambelli pede ao ministro que aceite a indicação do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, Alexandre Ramagem, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, em troca de vaga no STF.
“Eu me comprometo a ajudar”, diz ela.
“Vazar pro Jornal Nacional como se fosse algo ilícito, como se eu tivesse feito uma coisa ilícita. Achei extremamente maligno. Não gostei do que ele fez”, respondeu Zambelli mais tarde nas redes sociais.
Ramagem, de fato, foi indicado para o cargo com apoio dos três filhos de Jair Bolsonaro.
Em 14 de fevereiro, Moro foi padrinho do casamento de Zambelli com o coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança Pública, em uma loja maçônica de Brasília.
Na cerimônia, Moro afirmou: “Não é todo mundo que sai na rua com coragem para protestar, para manifestar pelo bem do País. Eu, sinceramente, não sei se teria esse tipo de coragem, mas… é uma guerreira”.
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Ele se referia às manifestações que resultaram no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e garantiram a eleição de Zambelli, que ajudou a promovê-las e assim obteve votos para chegar ao Parlamento.
Dois meses antes, em 9 de dezembro de 2019, no Dia Internacional do Combate à Corrupção, a deputada havia promovido sessão solene em homenagem a Moro na Câmara dos Deputados, com a presença de Rosângela Moro, que discursou.
“Desde 2014 o então juiz e hoje ministro Sérgio Moro tem mostrado que é possível se acreditar na Justiça no Brasil. E, agora em cargo da República, ele reforça, por meio de palavras e ações, que nosso país não tem mais as portas abertas para a corrupção”, justificou Zambelli.
Quando começaram as especulações de que seu padrinho de casamento deixaria o cargo, ela usou a tradicional tática bolsonarista de acusar a mídia.
Magoada com a exposição da conversa no Jornal Nacional, esta noite Zambelli endossou uma mensagem que sugere que Moro representa o mal.
No Twitter, retuitou mensagem postada pelo secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten:
“A intenção da Carla Zambelli sempre foi de proteger e promover o Governo. Expor uma conversa privada entre Padrinho e sua Afilhada em que ela tentava novamente conciliar e apaziguar escancara e evidencia o bem e o mal. Eu aprendi que o BEM vence, SEMPRE “, escreveu o secretário.
“Maligna é a atitude BANDIDA e MAU-CARÁTER de uma deputada HIPÓCRITA que tenta corromper as pessoas! A MÁSCARA CAIU!”, rebateu a nêmesis de Zambelli, sua ex-aliada Joice Hasselmann (PSL-SP).
Ambas foram eleitas pelo PSL em São Paulo na onda do bolsonarismo e já foram grandes aliadas.
Depois da eleição, como líder do PSL na Câmara, Joice foi acusada de ser muito próxima de Rodrigo Maia e João Doria por pura ambição eleitoral.
Zambelli, mais dependente de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), questionou a fidelidade da colega.
Joice teve mais de um milhão de votos, contra pouco mais de 75 mil de Carla, a quem acusa de ter sido eleita “com meus votos”.
Com a demissão de Sergio Moro, Joice protocolou pedido de impeachment de Jair Bolsonaro na Câmara.
Comentários
Marcos Videira
É um Ninho de Serpentes.
Mas Moro é mais venenoso e pérfido.
Zé Maria
“A deputada das fakenews [Carla Zambelli]
estava oferecendo uma espécie de propina
quando oferece STF em troca de permanência
[do Moro no cargo de Ministro
do Governo de Jair Bolsonaro]?”
https://twitter.com/ManuelaDavila/status/1253848849753550850
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