Delegação de Bolsonaro trouxe coronavírus dos EUA, mas Eduardo acusa a China e é rechaçado

Da Redação

Numa reação atípica para a tradicional cautela diplomática chinesa, o embaixador da China no Brasil atacou duramente o deputado federal Eduardo Bolsonaro usando sua conta no twitter.

“As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial”, escreveu Yang Wanming.

Ele se referia a mensagem publicada pelo deputado acusando a China de ter provocado uma Chernobyl médica.

“Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, atacou Eduardo Bolsonaro.

“A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados”, escreveu o embaixador em resposta.

O perfil oficial da embaixada bateu forte em Eduardo Bolsonaro: “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”.

Obviamente, os chineses estão se referindo aos “seus queridos amigos” dos Estados Unidos.

Eduardo Bolsonaro repete a tática política do presidente Donald Trump, que vem se referindo repetidamente ao “vírus chinês” ou “estrangeiro” em seus discursos.

Culpar a China é uma forma de Trump escapar de sua própria responsabilidade pela contenção do vírus em território norte-americano.

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A base eleitoral de Trump, além de negar a letalidade do coronavírus e compartilhar teorias de conspiração segundo as quais o vírus teria sido criado por chineses para acabar com o capitalismo, é muito suscetível ao discurso xenófobo.

O coronavírus deu a Trump a cobertura para expulsar imigrantes que tentam entrar nos Estados Unidos pela fronteira com o México sem qualquer processamento legal e fechar a fronteira com o Canadá.

Dependendo da evolução da pandemia nos Estados Unidos, o presidente corre o risco de sofrer danos eleitorais pela reação tardia à pandemia.

Assim como Bolsonaro no Brasil, Trump passou semanas fazendo pouco caso do risco representado pelo novo vírus — até que as mortes começaram a se acumular em hospitais norte-americanos.

No caso de seu colega brasileiro, o dano é muito mais palpável: há dois ministros infectados, depois que integrantes da delegação de Jair Bolsonaro trouxeram o vírus dos Estados Unidos para o Brasil.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu desculpas aos chineses:

“A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes”, escreveu no twitter.