CPI convoca Hang e advogada dos médicos que denunciaram a Prevent; senador Jorginho e Renan quase trocam sopapos; acompanhe ao vivo

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

A CPI da Pandemia convocou hoje para depor a advogada Bruna Morato, que ajudou médicos e ex-médicos da Prevent Senior a produzir um dossiê com denúncias contra a empresa.

Ela será ouvida na próxima terça-feira.

Na quarta-feira, será a vez do empresário Luciano Hang.

Um dos objetivos será apurar a mensagem enviada por um diretor da Prevent a médicos pedindo que modificassem o CID dos pacientes internados com covid nos hospitais da rede.

“Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato”, diz a mensagem.

Nesta quinta-feira, 23, a CPI ouve Danilo Trento, sócio da empresa Primarcial Holding e Participações.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ele é suspeito de ter lavado dinheiro da Precisa.

A Precisa foi intermediária de um contrato para compra de vacinas Covaxin na Índia.

Seguindo o dinheiro, a CPI descobriu que Danilo Trento, através de uma de suas empresas, comprou uma jóia e um Rolex valiosos em Curitiba.

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A suspeita é de que foram presentes para envolvidos nas negociações da vacina.

De acordo com o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI deverá ser estendida para ouvir o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que pegou covid e está em isolamento em Nova York.

Durante o depoimento de Danilo Trento, quando Luciano Hang foi citado, o deputado catarinense Jorginho Mello — único que votou contra a convocação do empresário — atacou Renan Calheiros, que revidou com um “vagabundo” e ouviu de volta “ladrão”.

Os dois senadores trocaram xingamentos. Renan tentou se aproximar de Jorginho para enfrentá-lo, mas a turma do deixa-disso interferiu e evitou agressões físicas.

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Zé Maria

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“Os estudos sobre a irrupção do nazismo na medicina alemã mostram que a tomada do poder por Hitler, em 1933, não pegou de surpresa parte dos médicos e de empresas da saúde, que já compartilhavam a ideologia do Partido Nazista.

Antes do uso de prisioneiros como cobaias – para “estudar” de queimaduras de fósforo a eutanásia, de tifo a malária, passando pela inoculação de germes fatais e pela resistência do corpo humano ao gás e ao combate físico – diretores médicos de serviços e até professores universitários participavam de “gabinetes paralelos”.

Elaboravam, a pedido do governo com o qual se alinhavam, protocolos para liberar leitos para a guerra iminente, o que resultou no assassinato de idosos, pessoas com transtornos mentais e crianças com deficiências.
Os médicos tinham como propósito alimentar os argumentos de Hitler, apoiar o esforço de guerra e colaborar com empresas farmacêuticas (Bayer, Höchst, Schering, etc.) no desenvolvimento de produtos lucrativos.

No fabuloso mundo da Prevent, houve o simples “ajuste” de pesquisas e de atestados de óbito para confirmar o sucesso do “tratamento precoce” em pacientes internados com covid.

O dossiê de ex-funcionários, o áudio e os arguidores delinearam traços de monstruosidade: experimento com cobaias humanas sem aprovação em comitê de ética, alteração de CID (o código internacional usado para classificar doenças) de pacientes, denúncia de ocultação de mortes, seguida de ameaças aos denunciantes, coação a médicos para aderir a práticas terapêuticas com potencial iatrogênico (com risco de efeitos nocivos), empenho da Prevent em divulgar resultados fraudulentos de um tratamento já sabidamente ineficaz.

Tais aberrações não podem esperar o relatório da CPI, exigem atuação imediata do Conselho Regional de Medicina de São Paulo e de órgãos governamentais de controle.

Desde o início da semana, com novos fatos e provas, o comportamento da Prevent Senior passou a suscitar discursos indignados.

Mas a imagem da empresa de plano de saúde desalmada, lamenta-se constatar, não condiz com a do bode expiatório ou a da laranja podre no cesto.

O perigo de ir a um estabelecimento de saúde e sair pior do que entrou, o que costuma ilustrar a má qualidade de muitos serviços do SUS, ronda também clientes de planos de saúde privados.

O perigo de ir a um estabelecimento de saúde e sair pior do que entrou, o que costuma ilustrar a má qualidade de muitos serviços , ronda também clientes de planos de saúde privados.

Planos de saúde, apresentados como solução, têm mostrado engrenagens suscetíveis a “ajustes”, desde os velhos “jeitinhos”, tipo não internar ou não solicitar exames para evitar gastos, até novos subterfúgios, como o envolvimento interesseiro com ideologias…

Não foi apenas a Prevent Senior, considerada pelo senador Aziz “um plano não tão bom”, que aderiu à cloroquina como alavanca.

Outras empresas da saúde suplementar, laboratórios farmacêuticos, hospitais, inclusive frequentados por alguns parlamentares e seus parentes, se perfilaram na tropa pró “tratamento precoce” e anti-distanciamento social, duas bandeiras puídas, tremuladas por Bolsonaro na última reunião da ONU, para escárnio mundial.

A pandemia mostrou a existência de distintas cepas de médicos e empresários da saúde, os que se apegaram aos argumentos científicos e racionais desde o início, os menos escrupulosos, mas que desertaram no meio do caminho, e os que se esconderam atrás do teatro de sombras de Bolsonaro.

É preciso tentar captar o surgimento e acompanhar composições do solo em que se desenvolvem plantas daninhas.

Coube ao senador Randolfe Rodrigues questionar o lema nazista “obediência e lealdade”, usado por um ex-diretor da Prevent.

[Mário Scheffer]

https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1441015919556366338

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