Ter coragem para evitar o pior
Somente a devolução dos territórios palestinos trará compromisso com a paz
Por Arlene Clemesha, Marilena Chauí, Leda Paulani, Carlos Augusto Calil, Paulo Sérgio Pinheiro e Vladimir Safatle*, na Folha de S. Paulo
Enquanto assistimos horrorizados à intolerável perda de milhares de vidas e ao enorme sofrimento do povo palestino, vemos com grande preocupação o assédio e a tentativa de silenciamento das opiniões divergentes que fazem parte do debate público.
Associar a defesa da causa palestina —o direito inalienável deste povo de viver em seu próprio território, respeitando todas as resoluções da ONU — ao antissemitismo e apoio ao terrorismo é operação sumamente desonesta e afronta aos direitos humanos.
Não é aceitável, sob nenhum argumento, a existência de um povo apátrida, vivendo segregado e em condições de um apartheid.
Menos aceitável é a ausência de indignação internacional e de pressão institucional contra o governo israelense para que respeite a norma internacional, cumprindo as exigências da ONU sem subterfúgios.
Qualquer análise honesta de como chegamos a esse ponto de violência extremada deve começar lembrando que os palestinos que optaram por uma saída diplomática para o conflito com Israel foram traídos.
A narrativa que não parta das razões do fracasso histórico dos acordos de Oslo e da total inação da comunidade internacional é falsa e enviesada. A falta de respeito a acordos internacionais de paz sempre produziu as piores consequências.
A tolerância da comunidade internacional com o desrespeito por Israel dos compromissos assumidos permitiu que ali se consolidasse um regime de apartheid contra os palestinos com o intuito de manter a dominação de um único grupo étnico e nacional.
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Não obstante 20% da população de Israel ser formada por palestinos, em 2018 foi aprovada a Lei Básica do Estado-Nação, afirmando que “o direito ao exercício da autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo ao povo judeu”.
Consolidava-se, assim, um sistema de segregação e desigualdade institucionalizada por leis e políticas em toda a Palestina histórica.
Neste momento, é incontornável enfrentar corajosamente o problema que afeta o mundo inteiro: a paz no Oriente Médio depende do fim da ocupação ilegal dos territórios palestinos e do apartheid.
A circulação de discursos sobre a “enorme complexidade” da situação é falaciosa e tem como objetivo ocultar a continuidade da limpeza étnica do povo palestino.
A única resposta à tal dissimulação da realidade é a exigência de que finalmente os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados por Israel com a devolução dos territórios da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental, da Faixa de Gaza e das colinas de Golã.
O sistema de segregação e discriminação contra o povo palestino, na sua própria terra, precisa dar lugar a um regime de respeito universal a todos que ali vivem.
Somente o compromisso com a paz real, com soluções duradouras ancoradas no direito internacional e com o respeito à liberdade de expressão, pode produzir a consciência mundial capaz de eliminar as supremas injustiças a que os palestinos continuam submetidos.
Caso contrário, como disse José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura: “Um dia se fará a história do sofrimento do povo palestino e ela será um monumento à indignidade e covardia dos povos”.
Arlene Clemesha, professora de história árabe (USP)
Marilena Chauí, professora emérita de filosofia (FFLCH-USP)
Leda Paulani, professora titular da Faculdade de Economia e Administração da USP
Carlos Augusto Calil, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP
Paulo Sérgio Pinheiro, professor de ciência política (FFLCH-USP) e ex-ministro de Direitos Humanos (governo FHC)
Vladimir Safatle, professor de filosofia (FFLCH-USP)
* Os autores escrevem em nome de um grupo maior de docentes da Universidade de São Paulo
Leia também:
Jeferson Miola: Na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, Israel já matou 102 palestinos
Jeferson Miola: Uma criança palestina é morta a cada 9 minutos; nenhuma é militante do Hamas
Vladimir Safatle: O suicídio de uma nação e o extermínio de um povo
Manuel Domingos Neto: Guerreiros, terroristas e civis inocentes
Jeferson Miola: Israel assassina por dia 150 crianças palestinas em Gaza
Flavio Wittlin: Como judeu brasileiro e polonês, peço perdão ao povo palestino pela enésima vez
Comentários
Zé Maria
Enquanto ora escorre Sangue Inocente,
“o Filho do Carniceiro de Crianças
está relaxando em Miami Beach.”
https://twitter.com/Megatron_ron/status/1716785070533496838
Até Mesmo o Profeta Hebreu Atesta os Crimes dos Sionistas:
“São as vossas próprias maldades que fazem separação entre vós
e o Vosso Deus.
Os vossos pecados nublaram e esconderam de vós a face de Yahweh,
e por isso Ele não lhes dará ouvidos!”
“Em verdade, as vossas mãos estão manchadas de sangue
e os vossos dedos, de iniquidade e culpa;
os vossos lábios falam mentiras
e a vossa língua murmura palavras ímpias.”
“Não há quem pleiteie sua causa com justiça,
não há quem busque o direito nem faça
sua defesa com retidão e sinceridade.
Todos apóiam seus argumentos em
falatório vazio e mentiras; concebem
maldades e geram mais iniquidade.”
(Bible KJA, Isaiah 59:2-4)
https://bibliaportugues.com/kja/isaiah/59.htm
https://www.bible.com/pt/bible/compare/ISA.59.2-4
Zé Maria
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Monitor do Oriente em Conversa com Arlene Clemesha,
Professora de Estudos Árabes do Departamento de Letras
Orientais (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP),
já alertava em Março deste Ano:
“O povo palestino neste momento está enfrentando um
dos mais brutais ataques e ameaças à sua existência,
inclusive com a aprovação de pena de morte por Israel,
apenas aplicável para palestinos [!!!]– o que leva a um
natural sentimento de preocupação e empatia.”
Íntegra: https://www.instagram.com/p/Cpc34k0oyJ0
https://www.monitordooriente.com/20230304-memo-conversa-com-arlene-clemesha/
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Zé Maria
Excerto
“Não obstante 20% da população de Israel ser formada por palestinos,
em 2018 foi aprovada a ‘Lei Básica do Estado-Nação’ [SIC], afirmando
que “o direito ao exercício da autodeterminação nacional no Estado
de Israel é exclusivo ao povo judeu”. [*]
Consolidava-se, assim, um sistema de segregação e desigualdade
institucionalizada por leis e políticas [do Governo do ‘Estado Judeu’]
em toda a Palestina histórica.”
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*[Assim o Crime de Apartheid Israelense é Oficialmente Caracterizado .]
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