Cláudia Dutra: Essencial romper a falsa polarização Mandetta X Terra

Tempo de leitura: 2 min
Fotos: Agência Brasil

PEDALANDO NA FARINHA!

por Cláudia Pereira Dutra, especial para o Viomundo

A defesa da vida, como direito fundamental de todos, indistintamente, deve guiar nossa luta e promover a unidade para enfrentar a pandemia do coronavírus.

A luta pela vida, durante e depois da pandemia, aponta o reducionismo expresso na polarização Mandetta X Terra.

Primeiro, a despeito das divergências no governo sobre as medidas de combate ao coronavírus, são todos aliados no golpismo e unidos pela conivência com as ideias fascistas de Bolsonaro, disputando rumos no contexto de uma crise que também gera fraturas na aliança “militar miliciana neoliberal” que comanda o Brasil.

Segundo, a reprodução do confronto que opõe “terraplanistas” àqueles que realinham à direita foge ao central, que é a ineficiência do governo no enfrentamento à pandemia – saúde, emprego, renda.

Ou seja, o simplismo não estimula pensar a crise global, complexa, e também não aponta o debate fundamental no país, sobre garantia de saúde pública e gratuita, renda mínima, segurança alimentar, atenção aos mais vulneráveis, educação e ciência, direitos trabalhistas e previdenciários.

É preciso desconstruir a cilada do “menos pior”, que limita a reflexão – este não é um embate entre fundamentalistas e uma visão científica, crítica, em defesa da vida.

No mundo todo, o fundamentalismo endossa as teses ultraneoliberais, do lucro acima da vida, do descarte de seres humanos tidos como “não rentáveis”.

Na linha do tempo dos golpistas, não há o que separe o Terra Plana do ministro dos Planos de Saúde, hoje enfiado no jaleco do SUS.

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Alguns pontos, nos ajudam nessa reflexão:

1. Ataque ao SUS, apostando na precariedade do sistema público para alavancar a dita eficiência do setor privado, que ignora a desigualdade no acesso e no atendimento.

2. Apoio à EC 95/2016 que congela por 20 anos os gastos públicos de saúde e educação e já retirou, em 4 anos, mais 22 bilhões da saúde.

3. Fim do Programa Mais Médicos, com a perseguição comandada pelo governo e que culminou na expulsão de mais 8 mil médicos cubanos do Brasil.

4. Recuo nas Políticas de enfrentamento à HIV/Aids, de gênero e saúde reprodutiva do Ministério da Saúde, para conciliar questões ideológicas da Presidência.

5. Retrocesso na política antimanicomial que trás de volta o terror às pessoas com doença mental.

6. Falta de planejamento para enfrentar o coronavírus. Sabia-se da epidemia desde dezembro de 2019 e não foram comprados, a tempo, os respiradores e os equipamentos de proteção individual para os profissionais do setor.

Também, não foram adquiridos testes para covid-19 e repassados recursos para produção em grande escala pela Fiocruz.

10. Além de tudo, a campanha “Brasil não pode parar”, contra a orientação de isolamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi embargada pela justiça.

No entanto, o ministro da Saúde, após desavença com Bolsonaro, permaneceu no cargo e já aponta para flexibilização das medidas de isolamento a partir da próxima semana.

Por tudo isso,é essencial romper a lógica da falsa polarização. Caso contrário, vamos seguir “pedalando na farinha”!

*Claudia Pereira Dutra é professora e militante de Direitos Humanos.

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Comentários

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Ibsen

Pois é. Agora o Sr. Mandetta diz que vai seguir os protocolos da OMS.
Ora, e antes? E o ataque só SUS, o apoio ao corte de gastos em Saúde e educação? A flexibilização para o uso indiscriminado da Cloroquina sem o protocolo de testes recomendo? Como disse a autora, a completa falta de v planejamento e acorda para nos prepararmos.

Zé Maria

O única diferença que há entre o Dr. Mutretta e o Dr. Enterra
é que um é do Mato Grosso do Sul e outro do Rio Grande do Sul,
porque, hoje em dia, do DEM pro MDB não há diferença alguma.

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