Chico Alencar, sobre Moro no Roda Vida: “O paladino da ética é só submissão a tudo que seu chefe diz e faz”

Da Redação

A presença do ministro Sergio Moro no Roda Viva, da TV Cultura, provocou reações apaixonadas nas redes sociais.

Uma das observações mais argutas foi do ex-candidato do Psol ao Planalto, Guilherme Boulos: “Moro é o primeiro caso de juiz que comentava política semanalmente e, após abandonar a magistratura para assumir cargo político, evita fazer comentários políticos. O que ele tem tanto a esconder?”

A TV Cultura desconheceu os pedidos para que um jornalista do Intercept Brasil integrasse a bancada de entrevistadores.

O site vazou as mensagens entre o juiz Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e integrantes da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba na Vaza Jato.

“Sergio Moro é um daqueles narcisistas patológicos que é completamente incapaz de considerar, e muito menos admitir, que cometeu algum erro. É um pouco chocante de assistir”, escreveu Glenn Greenwald, o editor-chefe do Intercept, sobre a participação do ministro no programa.

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) preferiu comparar o ministro a um personagem do humorista Chico Anysio, notório enrolador: “Sérgio Moro dizia que quem fosse acusado pro corrupção deveria ser afastado do governo. Quando perguntado se o ministro do Turismo, denunciado por corrupção, deveria ser afastado, ele enrolou lembrando o personagem Rolando Lero!”

No programa, Moro se referiu aos vazamento do Intercept como “bobajada”.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) lamentou a ausencia de interlocutores que pudessem confrontar Moro: “Sem TheInterceptBR e jornalistas que atuaram na VazaJato, Roda Viva de hoje não pode se considerar um programa jornalístico de entrevista, mas um veículo de publicidade para um ex-juiz que burlou a lei e cometeu crimes”.

Assistindo à distância, o jornalista investigativo Rubens Valente, da Folha, notou a falta de transparência de Moro no caso do laranjal do PSL: “Moro diz na TV que repassou a Bolsonaro apenas informações públicas sobre o caso dos laranjas. Então por que ele nunca tornou público o documento que enviou a Bolsonaro e que Bolsonaro confirmou ter recebido dele? Ambos recusaram mostrar o documento em pedidos feitos pela Lei de Acesso à Informação”.

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O ministro teve muitos defensores nas redes.

O general Heleno, ministro-chefe do Gabinete Institucional da Presidência, atacou os entrevistadores: “Roda Viva não quer informar, quer constranger o entrevistado. Uma lástima a equipe de entrevistadores”.

O próprio entrevistado fez um balanço de sua presença no programa, dizendo em mensagem no Twitter que “foi uma boa experiência no Roda Viva. Jornalistas às vezes duros, mas dedicados”.

Mas o ex-deputado Chico Alencar (Psol-RJ) não viu assim: “Moro no Roda Viva: nada a declarar sobre o discurso nazista do ex-secretário de Cultura, sobre o atentado à Porta dos Fundos, sobre o laranjal do ministro do Turismo, sobre os ataques à imprensa, sobre a Vaza Jato. O paladino da Ética é só submissão a tudo o que seu chefe diz e faz”.