Capitã Cloroquina prometeu diagnóstico em 5 minutos para tratar covid com remédio ineficaz, 3 dias antes de mortes por asfixia em Manaus; vídeo

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, apelidada de Capitã Cloroquina, prometeu em Manaus no dia 11 de janeiro deste ano que médicos e enfermeiros poderiam diagnosticar a Covid em 5 minutos, através do TrateCov, um aplicativo do Ministério da Saúde.

Uma semana antes, também em Manaus, ela havia convocado médicos da cidade a aderir ao diagnóstico rápido que resultava na receita de cloroquina, ivermectina e outras drogas sem comprovação de eficácia contra a covid 19.

Mayra atacou os meios de comunicação por lançar dúvidas sobre a eficácia das drogas e disse que os moradores do Amazonas já tinham intimidade com uma delas, a cloroquina, indicada para o tratamento de malária.

Apesar dos discursos terem sido registrados em vídeo, o ex-chefe de Mayra, general Eduardo Pazuello, disse que o aplicativo lançado em cerimônia oficial em Manaus era apenas um “protótipo”.

No entanto, uma reportagem da TV Brasil informou que médicos e enfermeiros já estavam sendo cadastrados para utilizar o aplicativo em Manaus e que as sugestões da plataforma para receita eram baseadas em “literatura médica”.

O general Pazuello quis fazer parecer, em seu depoimento à CPI da Pandemia, que o aplicativo era algo sem endosso oficial do ministério, mas as falas da Capitã Cloroquina indicam o contrário.

A certa altura do discurso que ela fez em 11 de janeiro, Mayra disse que o aplicativo já estava disponível nas redes do Ministério da Saúde e sugeriu que ele seria usado para ajudar “milhões de brasileiros”.

Três dias depois, em 14 de janeiro, explodiu a crise do oxigênio em Manaus, que levou à morte oficialmente contabilizada de dezenas de pessoas, se espalhou por outras cidades da região Norte e do Brasil.

O Ministério da Saúde foi pego de surpresa pela crise, enquanto promovia o uso de remédios ineficazes.

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Zé Maria

Estudo Científico comprovou que “a entrada do SARS-CoV2 [COVID]
nas células respiratórias ocorre através de mecanismo distinto
daquele que é inibido pela HCQ [HidroxiCloroQuina].

Inúmeros estudos demostraram que a CQ [CloroQuina] é capaz
de inibir, ‘in vitro’ [SIC], a replicação dos vírus da raiva, poliomielite, hepatites A e C, influenza A e B, enterovírus EV-A71, Chikungunya
(CHIKV), dengue, zika, vírus de Lassa, Hendra e Nipah, da febre
hemorrágica da Crimeia-Congo, Ebola, imunodeficiência humana
(HIV), coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV)
e vírus herpes simplex.
NO ENTANTO, NENHUM ESTUDO ‘IN VIVO’ [sic] CONFIRMOU
A EFICÁCIA DA CQ PARA O TRATAMENTO DE QUALQUER UMA
DESSAS VIROSES, motivo pelo qual ela permanece utilizada,
com a eficácia e segurança, apenas para o tratamento da MALÁRIA, principalmente por ‘Plasmodium vivax’ [Protozoário Unicelular], uma das mais importantes espécies causadoras da doença no
homem.

A CQ NÃO IMPEDIU a infecção por influenza em ensaios clínicos
randomizados nem apresentou atividade contra os vírus ebola, CHIKV, influenza e Nipah em modelos animais.

Em um modelo de infecção por CHIKV em primatas não-humanos,
o tratamento com CQ AGRAVOU A FEBRE, RETARDOU A RESPOSTA IMUNE CELULAR e se associou com depuração viral
incompleta.

Um estudo clínico mostrou que o uso de CQ não se associou
à melhora do curso da infeção por CHIKV, nem à diminuição
da frequência de artralgia crônica após a infecção.
A CQ NÃO É RECOMENDADA para o tratamento de pacientes
com infecção pelo HIV.
[…]
No início da pandemia, a incerteza e a ausência de opções
justificavam o uso exploratóriode CQ/HCQ.
Desde então, surgiram dados in vitro, modelos animais e, mais
importante, inúmeros estudos observacionais, todos com
resultados semelhantes.
Se no início havia incerteza e plausibilidade biológica,
essas não mais existem.

Não há dados in vitro ou em modelos animais que sugiram
que HCQ possa ser eficaz.

Nenhum estudo observacional publicado sugeriu claro benefício.
Pelo contrário, vários indicaram potenciais malefícios.

Assim, hoje, em vista de algumas claras certezas, não é mais ético
fazer uso rotineiro da medicação, fora de estudos clínicos.

Todas as sociedades profissionais, nacionais e internacionais,
são unânimes em NÃO RECOMENDAR o uso de CQ/HCQ para o
tratamento de COVID-19, exceto em pesquisas clínicas aprovadas
por comitês de ética e mediante assinatura de termo de
consentimento livre e esclarecido.”
[…]
“Cabe, entretanto, já salientar que:
• Não há evidências científicas favoráveis que sustentem
o uso de CQ/HCQ em qualquer dose ou estágio da COVID-19,
quer no nível individual quer no de políticas públicas;
• por outro lado, há estudos que demonstram que o uso de CQ/HCQ para o tratamento de Covid-19 pode estar associado à maior frequência de eventos adversos graves e com maior letalidade;
• o uso de CQ/HCQ deve ser restrito a protocolos de pesquisa aprovados por comitês de ética em pesquisa;
[…]
• o uso da CQ/HCQ deve ter o consentimento formal do paciente ou
de seu responsável legal;
• por óbvio, a prescrição de um tratamento sem comprovação científica de eficácia, mas com demonstração de risco de efeitos
colaterais graves, poderá fazer com que o prescritor incorra
em dano a preceitos legais ou éticos.

A discussão em torno do uso, no Brasil, de um fármaco não recomendado para COVID-19 por todas as sociedades científicas
internacionais nos tem levado a vivenciar o epicentro da doença,
em escala mundial, impossibilitando a discussão necessária que
devem ter os poderes federal, estadual e municipal.

É preciso igualmente que se avaliem os conflitos de interesse
ligados a essa recomendação quase que impositiva.

Empresas que produzem HCQ têm tido alto retorno financeiro,
em tempos de carestia econômica para vários setores da economia.

Sem uma clara separação entre benefício real para a população
e benefícios exclusivos do setor produtivo do fármaco, o debate
encontra forte viés, que merece investigação por parte das
autoridades.
Não se deve opor, em meio ao desespero da população,
à prescrição de substâncias com efeito placebo, ou seja,
que fazem um paciente se sentir bem, mesmo sem qualquer ação
farmacêutica comprovada, como é o caso de vitaminas, o gás
ozônio ou, mesmo, a homeopatia.
Mas quando a substância que se pretende utilizar com essa
finalidade está fortemente associada a eventos adversos graves
e conhecidos, especialmente na população-alvo da COVID-19,
mais idosa, em sua maioria com cardiopatias, e portanto
mais sujeita a arritmias fatais, cabe ao médico, amparado pela
ciência, advertir e lutar para que não tenhamos mais mortes
iatrogênicas desnecessárias.
O vírus está autorizado a matar, por sua natureza não regida
pela justiça dos homens, mas não o médico, ainda que
pretensamente agindo em boa fé.

As conclusões dos estudos internacionais, multicêntricos e
randomizados ora em curso, com previsão de divulgação
para algumas semanas, são as únicas garantiasde oferta de
tratamentos seguros e eficazes a pacientes com COVID-19.

Qualquer tentativa de substituir os resultados dessas pesquisas
por análises de estudos observacionais é uma falsa solução,
que pode acarretar elevados riscos, incluindo morte, aos pacientes, por efeitos colaterais conhecidos e previsíveis.

Em uma situação de emergência global de saúde pública, como
a Pandemia causada pelo SARS-CoV-2, cabe ao Poder Público
garantir o bem-estar da população de forma responsável e
embasada em conhecimento produzido pela ciência e
não a submeter ao risco adicional de um tratamento
sem garantias de segurança e eficácia sob a chancela de
uma política nacional de saúde.”

Íntegra em:
(https://www.abrasco.org.br/site/wp-content/uploads/2020/05/Nota-CQ-HCQ-20-05-2020-01h00.pdf)

Zé Maria

Crime Doloso Premeditado Contra a População Brasileira!
(https://twitter.com/i/status/1395381279386914819)
https://twitter.com/jairmearrependi/status/1395381279386914819

    Zé Maria

    .
    Capitã Cloroquina entrou para o Governo Boolsonaro,
    a Convite do Ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM),
    por uma espécie de “cota” reservada ao movimento
    médico apoiador do presidente desde a época
    da campanha eleitoral.

    [ Reportagem: Filipe Pereira | O Povo | 24/05/2021 ]

    Em março de 2015, Mayra assumiu o comando do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) para o triênio 2015-2018.
    Já filiada ao PSDB, ela liderou movimentos contra o governo federal.

    Mayra se candidatou duas vezes para o Congresso Nacional.
    Em 2014, disputou eleição para o cargo de deputada federal pelo PSDB, mas não se elegeu.
    Em sua campanha, ela focou discurso crítico contra a gestão Dilma Rousseff (PT), tendo como alvo principal o programa Mais Médicos.
    Terminou o pleito como segunda mais votada candidata do PSDB, com 25,8 mil votos, mas não foi eleita.

    Desde então, prosseguiu com atos contra a petista na Capital.

    Em 2018, a médica foi candidata a senadora pelo mesmo partido.
    Ficou em quarto lugar, com 11,3% dos votos, mas isso foi suficiente para aumentar o capital político da médica.
    Ela formou chapa com Eduardo Girão (Pros), que também buscava assento no Congresso Nacional e acabou eleito, impondo histórica derrota ao então senador Eunício Oliveira (MDB).

    A pediatra apoiou o ex-candidato tucano ao Governo do Ceará em 2018, General Theophilo, que perdeu o pleito para o atual governador Camilo Santana (PT).

    Mayra simpatizava e mantinha proximidade com o então deputado federal Jair Bolsonaro.

    Com a eleição de 2018, ela entrou no governo Bolsonaro por uma espécie de “cota” reservada ao movimento médico apoiador do presidente desde a época da campanha eleitoral.
    Logo, o futuro ministro da Saúde, Henrique Mandetta, convidou a ex-presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará para assumir a Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde (SGTES).
    Nas redes sociais, a médica compartilha fotos com o presidente da República.

    Íntegra em:
    https://www.opovo.com.br/noticias/politica/2021/05/24/quem-e-mayra-pinheiro–a-medica-cearense-que-virou-a–capita-cloroquina–de-bolsonaro.html
    .
    .

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