Beatriz Cerqueira alerta: “Nada nos garante que o governo ilegítimo não proporá outra PEC só para os servidores públicos”
Tempo de leitura: 3 minMontagem com fotos de Lidyane Ponciano das manifestações de 15 de março, em Belo Horizonte
por Conceição Lemes
“Terminamos o dia 15 de março com o sentimento de que é possível derrotar a reforma da Previdência. Cada vez mais as pessoas estão compreendendo a crueldade dela”.
A avaliação é de Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), presidente da CUT/MG e secretária de organização da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Foi feita na sexta-feira (17/03) a esta repórter.
Se havia aí alguma dúvida sobre essa possibilidade, na terça-feira à noite (21/03), ela se desvaneceu, com anúncio feito pelo presidente ilegítimo Michel Temer de “vai excluir servidores estaduais e municipais da reforma”.
“O governo acusou o golpe de que foi atingido pelas mobilizações em curso em todo o país”, expõe Beatriz.
Temer ainda não enviou ao Congresso o novo texto.
Só depois será possível analisar melhor as suas consequências.
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Mas, a partir do que foi divulgado, Beatriz faz algumas ponderações:
* Dar a autonomia a estados e municípios sobre requisitos para aposentadoria pode possibilitar a adoção de regras ainda piores.
* Os servidores com contratos temporários ou de municípios e estados sem regime próprio de previdência continuam incluídos na reforma da Previdência do Temer.
*O governo ilegítimo, que não é burro, quer acabar com a Greve Nacional da Educação e depois negociar com estados e municípios, para que façam as suas reformas. Aí, será cada um por si, sem chance de vitória.
“As manifestações de 15 de março foram vitoriosas, porque, nós, sindicalistas, estamos conseguindo dialogar para além de nós mesmos”, expõe.
Em Belo Horizonte, por exemplo, cerca de 150 mil foram às ruas protestar contra a reforma da Previdência.
Em Minas Gerais, houve manifestações também Mariana, Congonhas, Ouro Preto, Governador Valadares, Uberlândia, Uberaba, Teófilo Otoni, Viçosa, Juiz de Fora e Montes Claros.
“O êxito tem a ver diretamente com a forma como construímos o 15 de março, a começar pelas várias plenárias que o antecederam”, prossegue.
Elas foram realizadas com professores, estudantes, trabalhadores sem teto, atingidos por barragens, para que todos os setores pudessem o que é realmente a reforma da Previdência.
Tanto que, no dia 15, em Belo Horizonte, além das categorias profissionais, vários movimentos sociais participaram dos protestos.
“Outro ponto importante foi a ousadia da minha categoria de propor greve geral da Educação por tempo indeterminado com uma pauta além da corporativa”, destaca Beatriz.
De fato, foi a partir dessa agenda além da Educação, centrada na reforma da Previdência, que o movimento se ampliou para outras forças.
A reforma da Previdência é uma crueldade concreta, sem tamanho, por isso se massificou.
A reforma da Previdência não atinge só o direito de a pessoa se aposentar.
Ela liquida também uma política de assistência social, que é o benefício de assistência continuada. Destina-se aos mais pobres, àqueles que ficaram à margem do mercado de trabalho, portanto não conseguiram garantir as condições para se aposentar.
“Ao fazer uma luta contra a reforma da Previdência e não uma luta para sair da reforma, a Educação assume o seu papel de classe”, reflete Beatriz. “Eu não estou lutando por mim. Eu estou lutando por todos. ”
“Além disso, nada nos garante que daqui a pouco o governo ilegítimo não proporá outra PEC só para os servidores públicos”, alerta.
A hora, portanto, é de intensificar a mobilização, ampliar a Greve Nacional da Educação e paralisar outros setores.
“A curto prazo, para derrotarmos a reforma da Previdência”, justifica.
“E, ao fazermos esta luta, acumularemos forças para as próximas jornadas, até que consigamos retomar a democracia no Brasil”, arremata Beatriz Cerqueira.
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