Atilio Boron: O tsunami chileno; vídeos mostram o que a grande mídia está escondendo

Tempo de leitura: 4 min


Já que a mídia empresarial brasileira insiste em omitir fatos, segue vídeo chileno, traduzido com legendas, que explica a explosão popular em nosso país irmão. Pedimos perdão pelas legendas não estarem ainda perfeitas, mas, trata-se de um esforço para conhecermos o que ocorre em nosso continente. GEDIC – Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marxismo e América Latina

O tsunami chileno

por Atilio Boron*, em A terra é redonda

O regime de Piñera – e insisto no termo “regime” porque um governo que reprime com a brutalidade que todo mundo viu não se pode considerar democrático – se defronta com a mais séria ameaça popular jamais enfrentada por governo algum no Chile desde o derrocamento da Unidade Popular em 11 de setembro de 1973.

As ridículas explicações oficiais não convencem nem aos que as divulgam.

Ouvem-se denúncias sobre o vandalismo dos manifestantes, ou seu desprezo criminoso pela propriedade privada, ou pela paz e tranquilidade, sem falar das oblíquas alusões à letal influência do “castro-madurismo” no desencadeamento dos protestos que culminaram na declaração do “estado de emergência” por parte de La Moneda [sede da presidência chilena], argumento absurdo e falacioso anteriormente manejado pelo corrupto que hoje governa o Equador e assombrosamente desmentido pelos fatos.

O estupor oficial e dos setores da oposição solidários com o modelo econômico-político herdado da ditadura de Pinochet carece, por completo, de fundamento, a não ser pelo anacronismo da opulenta partidocracia dominante (uma das mais bem remuneradas do mundo), sua incurável cegueira ou seu completo isolamento das condições em que vivem – ou sobrevivem – milhões de chilenas e chilenos.

Para um olho bem treinado, se há algo que surpreende é a eficácia da propaganda que por décadas convenceu a próprios e alheios acerca das excelsas virtudes do modelo chileno.

Este foi exaltado à saciedade pelos principais publicistas do Império nestas latitudes: politólogos e acadêmicos de bom pensar, operadores e lobistas disfarçados de periodistas, ou intelectuais coloniais, como Mario Vargas Llosa, que, num artigo recente, fustigava sem piedade os “populismos” existentes ou em formação que atribulam a região, ao mesmo tempo em que exaltava o progresso “a passos de gigante” do Chile.[1]

Este país é, para os opinólogos bem-pensantes, o feliz apogeu de um duplo trânsito: da ditadura à democracia e da economia intervencionista à economia de mercado.

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O primeiro não está correto, o segundo sim, com um agravante: em pouquíssimos países o capitalismo arrasou com os direitos fundamentais da pessoa como no Chile, convertendo-os em custosas mercadorias ao alcance apenas de uma minoria. A água, saúde, educação, seguridade social, transporte, habitação, riqueza mineral, florestas e o litoral marinho foram vorazmente apropriados pelos amigos do regime, durante a ditadura de Pinochet e com renovados impulsos na suposta “democracia” que a sucedeu.

Este cruel e desumano fundamentalismo de mercado teve como consequência a conversão do Chile no país com o maior endividamento das famílias da América Latina, produto da infinita privatização já mencionada, que obriga chilenas e chilenos a pagarem por tudo e a endividarem-se até o infinito com o dinheiro que expropriam de seus rendimentos e salários as piranhas financeiras administradoras dos fundos de pensão.

Segundo um estudo da Fundação Sol, “mais da metade dos trabalhadores assalariados não pode retirar uma família de tamanho médio da pobreza” e a distribuição de renda, diz um estudo recente do Banco Mundial, situa o Chile, juntamente com Ruanda, como um dos oito países mais desiguais do mundo.

Por fim, digamos que a CEPAL comprovou em seu último estudo sobre a questão social na América Latina que o 1% mais rico do Chile apropria-se de 26,5% da renda nacional, enquanto que 50% dos lares mais pobres acessam somente 2,1% da mesma. [2]

Este é o modelo a imitar?

Em suma: no Chile, sintetiza-se uma explosiva combinação de livre mercado sem anestesia e uma democracia completamente deslegitimada, que dela conserva apenas o nome.

Degenerou numa plutocracia que, até há poucos dias – todavia não mais –, prosperava diante da resignação, desmoralização e apatia dos cidadãos, enganados habilmente pela oligarquia midiática sócia da classe dominante.

Um sinal de alerta do descontentamento social foi que mais da metade da população (53,3%) em idade de votar nem sequer se incomodou em procurar as urnas no primeiro turno da eleição presidencial de 2017.

Ainda que no pleito a abstenção se reduziu a 51%, Sebastián Piñera foi eleito com apenas 26,4% dos eleitores inscritos.

Em poucas palavras, somente um em cada quatro cidadãos sentiu-se representado por ele. Hoje essa cifra deve ser bem menor e num clima em que, onde quer que ocorra, o neoliberalismo encontra-se acossado pelos protestos sociais.

O clima da época mudou, e não apenas na América Latina. Suas falsas promessas já não são mais críveis e os povos rebelam-se: alguns, como na Argentina, desalojando seus porta-vozes do governo por meio do mecanismo eleitoral, e outros buscando com suas enormes mobilizações – Chile, Equador, Haiti, Honduras – por fim a um projeto incuravelmente injusto, desumano e predatório.

É certo: há um “fim de ciclo” na região. Não o do progressismo, como postulavam alguns, mas o do neoliberalismo, que só poderá ser sustentado, e não por muito tempo, pela força de brutais repressões.

*Atilio Boron é professor de ciência política na Universidade de Buenos Aires.

Tradução: Fernando Lima das Neves

Notas

[1] Cf. “Retorno a la barbarie”, El País, 31 de Agosto de 2019.

[2] Os dados da Fundação Sol estão recolhidos na nota de Nicolás Sepúlveda para o periódico digital El Mostrador (www.elmostrador.cl/destacado/2019/08/21). A fonte original está em http://www.fundacionsol.cl/2018/12/un-tercio-de-los-chilenos-no-tiene-ingresos-del-trabajo-suficientes-para-superar-la-pobreza/. Os dados relativos à desigualdade encontram-se num informe do Banco Mundial: “Taking on inequality” (Washington: 2016).

BARBÁRIE: Polícia de Piñera tortura povo chileno em praça pública 

Coral improvisado canta “Te recuerdo Amanda”, de Víctor Jara, em frente La Moneda

Emocionante: “El baile de los que sobran” (A dança dos que sobraram), música icônica do grupo Los Prisioneros que se tornou popular nos anos 80 como protesto e crítica a desigualdade sociais e falta de oportunidades no Chile

Cantora chilena Camila Moreno encoraja o povo a seguir adiante

Chile acordou: Marcha de 1,5 milhão de chilenos na sexta-feira, 25/10

 

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Zé Maria

A Música Resiste à Brutalidade …

https://cultura.estadao.com.br/blogs/bootleg-alexandre-bazzan/wp-content/uploads/sites/190/2019/10/violeiros-chile-pedrougarte.jpg

Manifestantes no Chile resgatam músicas
dos Chilenos Victor Jara e Violeta Parra

https://twitter.com/BernardoGriz/status/1187355566663974914/video/1

Zé Maria

Agora sim, as Olavétes e a Fascistada toda piram!

Desmoronam as Bases dos EUA na América do Sul!

Extrema Direita perde as Eleições Locais na Colômbia

Na Capital Bogotá e em Medellín,
Principais Cidades Colombianas,
houve um estrago no uribismo.

Bogotá elegeu a Primeira Mulher
a comandar a Capital da Colômbia.
Ex-senadora, Líder da Aliança Verde,
Lésbica, Claudia López faz história,
ao ser eleita Prefeita da Capital.

Daniel Quintero, candidato independente,
foi eleito com ampla vantagem em Medellín,
a segunda maior cidade da Colômbia e
terra natal do ex-presidente Álvaro Uribe,
Líder Colombiano da Direita Radical Fascista
que já não governava mais o Departamento
de Antioquia do qual Meddellin é a Capital.

O ex-Combatente Julián Conrado, conhecido
como “o Cantor das FARC”, conquistou a
prefeitura de Turbaco, município com cerca
de 70.000 habitantes, perto da capital do
Departamento de Bolívar, Cartagena das Índias.

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/internacional/1572218185_164900.html
https://jornalggn.com.br/noticia/bogota-quebra-tradicao-conservadora-e-elege-prefeita-lesbica-e-feminista/

Surpresos …

Mesa: – A Coutinho me disse que eu tava indo tão bem …
Moreno: A Cimenti me disse que eu tava indo tão bem …
Piñera: – O Guga me disse que eu tava indo tão bem …
Uribe: – O Pontual me disse que eu tava indo tão bem …
Macri: – O Ariel me disse que eu tava indo tão bem …

Coro Neoliberal Sul-Americano:

– O foi que aconteceu ???
A Globo disse que a gente tava indo tão bem !

Nelson

“Ainda que no pleito a abstenção se reduziu a 51%, Sebastián Piñera foi eleito com apenas 26,4% dos eleitores inscritos.” Eu não vi qualquer crítica à eleição chilena, da parte da mídia hegemônica e de seus comentaristas.

Enquanto isso, a eleição do ano passado, na Venezuela, apresentou uma abstenção um pouco maior, de 54% e Maduro conseguiu 67% dos votos dos 46% que foram às urnas. Ou seja, um percentual de votos favoráveis maior que o de Piñera.

Mas, os mesmos mídia hegemônica e comentaristas implementaram campanha de deslegitimação da eleição venezuelana tentando armar mais um golpe contra Maduro e o povo daquele país. Quebraram a cara e continuam tendo que engolir o chavismo, ainda que bastane desfigurado.

Zé Maria

Canción por la Unidad de Latino America
(Pablo Milanes e Chico Buarque de Hollanda)

Por Chico Buarque e Milton Nascimento
https://youtu.be/zzp3tBSghIc

El nacimiento de un mundo
se aplazó por un momento,
un breve lapso del tiempo,
del universo un segundo.

Sin embargo parecía
que todo se iba a acabar
con la distancia mortal
que separó nuestras vidas.

Realizaron la labor
de desunir nuestras manos
y a pesar de ser hermanos
nos miramos con temor.

Cuando passaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Pareciamos extraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

(*) Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama ?

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos ?

(**) E enfim que paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar ?

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela …

(*)”Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar”
#LulaVive #LulaLivre
“O Sertão vai virar Mar”.

(**) O Espírito não se apaga da Mente
E a Alma não pode ser aprisionada,
Mas quem pagará a #LulaInocente
O tempo de Liberdade cerceada ?

Zé Maria

!!! Imortal !!!

Te Recuerdo Amanda [*]
Por Victor Jara:
https://youtu.be/GRmre8ggkcY

Santiago de Chile
Por Soledad Bravo Y Silvio Rodríguez:
https://youtu.be/y82ptW4utEA

*[Não por coincidência poética, os nomes dos
Pais de Victor Jara eram Amanda e Manuel.
E também não coincidentemente aos Atos, os
Carabineros do Chile esmagaram a coronhadas
as mãos do Músico, no Golpe do Gen. Pinochet,
o Facínora tão elogiado aqui pelo Recruta Zero.]

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