Aos prantos, o embaixador da Palestina na ONU lê mensagem de médicos mortos em Gaza por Israel; vídeo

Tempo de leitura: 2 min
Em seu discurso no Conselho de Segurança da ONU, o embaixador da Palestina, Riyad Mansour, leu mensagem de médicos assassinados por Israel em Gaza. Um deles: o dr. Mahmoud Abu Nujaila, do Hospital Al-Awda, norte de Gaza, morto em 21 de novembro de 2023. Um dia antes, ele escreveu na lousa do hospital normalmente usada para planejar cirurgias: "Quem ficar até o fim contará a história. Fizemos o que pudemos. Lembrem-se de nós''. O dr. Adnan Al-Bursh, um dos médicos mais proeminentes de Gaza, pode ter sido estuprado até a morte. Ele escreveu: "Morreremos de pé e não nos ajoelharemos. Tudo o que resta no vale são suas pedras, e nós somos suas pedras". O dr Al-Bursh se recusou a abandonar seus pacientes, mesmo quando o hospital onde trabalhava foi alvo de pesados bombardeios. Em dezembro de 2023, tropas israelenses o detiveram. Quatro meses depois, guardas jogaram-no no pátio da prisão, nu da cintura para baixo, sangrando e incapaz de ficar de pé. Morreu momentos depois. Fotos: Captura de tela de vídeo e reprodução de redes sociais

Indignado, embaixador chora na ONU por silêncio internacional sobre Gaza

Por Jamil Chade, colunista do UOL em Nova York

Num momento de profunda comoção dentro da sala do Conselho de Segurança da ONU, o embaixador da Palestina, Riyad Mansour, não se conteve ao descrever a situação de Gaza e a incapacidade de a comunidade internacional de reagir aos crimes.

A reunião havia sido convocada para lidar com os ataques contra hospitais, que se transformaram em campos de batalha e alvos de Israel.

Ao tomar a palavra para fazer seu discurso, Mansour leu mensagens deixadas por médicos mortos em Gaza.

“Mahmoud Abu Nujaila, que foi morto em um ataque aéreo israelense ao Hospital Al-Awda, escreveu uma mensagem há muitos meses em uma lousa no hospital, normalmente usado para planejar cirurgias:

“Quem ficar até o fim contará a história. Fizemos o que podíamos. Lembrem-se de nós”, relatou o embaixador.

Aos prantos e visivelmente indignado, ele repetiu o que estava naquela lousa. “Aquele que ficar até o final, vai contar a história. Fizemos o que pudemos. Lembre-se de nós. Lembre-se de nós”, insistiu, batendo sobre a mesa.

Para o diplomata, o mundo deve mais que apenas lembranças. “Nada pode explicar que, por 15 meses, palestinos em Gaza tiveram de viver o inferno e abandonados a seu destino”, disse.

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Ao longo dos meses, a OMS tem alertado, em vão, sobre os ataques contra hospitais e contra médicos. O governo de Israel alega que são os membros do Hamas que passaram a usar as facilidades médicas para se esconder.

O embaixador, porém, insistiu em denunciar a falta de reação internacional. Ele contou como outro médico Adnan Al Bursh, também morto, escreveu: “Morreremos de pé e não nos ajoelharemos. Tudo o que resta no vale são suas pedras, e nós somos suas pedras”, continuou.

“Temos o dever de salvar vidas. Este Conselho tem a obrigação de salvar vidas”, pediu o diplomata, diante de um Conselho de Segurança abalado em sua credibilidade diante da incapacidade de dar uma resposta à crise.

“Os médicos e a equipe médica palestinos levaram essa missão a sério, mesmo com o risco de suas vidas. Eles não abandonaram as vítimas. Não as abandonem. Acabem com a impunidade israelense. Acabem com o genocídio”, insistiu.

”Certamente lembraremos”

Sob o título ”Lembrem-se de nós”, Valter Pomar postou em seu blog o vídeo com o discurso do embaixador da Palestina na ONU e a transcrição da reportagem  de Jamil Chade

Em seguida, acrescentou:

”Certamente lembraremos.

Hoje, como vítimas de um genocídio.

E amanhã, como parte de uma luta que terminou vitoriosa.

Como são lembrados os soviéticos que tombaram lutando contra o nazismo.

Como são lembrados os soldados do Exército Popular que libertou a China.

Como são lembrados os vietnamitas, que derrotaram a França e os Estados Unidos.

Os palestinos que tombaram em Gaza serão lembrados como parte de uma luta que terminou vitoriosa.

O sionismo vai ser derrotado, como o nazismo foi derrotado.

E os colaboracionistas, os que passaram o pano, os que falsificaram os fatos, os que silenciaram, os cúmplices ativos e passivos, estes também pagarão pelos crimes que estão cometendo.

Quem vai ficar até o fim é o povo. E o povo vai contar a verdadeira história”.

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Comentários

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Zé Maria

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Os Sionistas estão Elevando os Crimes Contra a Humanidade

a um Patamar de Crueldade Nunca Antes Visto na História.

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marcio gaúcho

A humanidade está desumanizada!
Valem os preconceitos, os interesses econômicos e geopolíticos.
A vergonha deveria ser global. Porém, não se ouvem e nem se vê ações para cessar essa barbárie contra o povo palestino, o verdadeiro dono milenar daquelas terras. A humanidade não tem mais compaixão. Tanto, que sou o primeiro e, talvez, o único a postar um comentário sobre essa triste matéria!

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