Bruno Covas tenta aprovar em segunda votação a reforma da previdência dos servidores municipais
Tempo de leitura: 7 minDa Redação
A Câmara Municipal de São Paulo realiza nesta quarta-feira,26/12, a segunda votação do projeto de lei 621, o PL da reforma da Previdência do governo Bruno Covas (PSDB).
Na primeira votação que terminou na madrugada de sábado, 22/12, o governo ganhou. Trinta e três vereadores aprovaram o projeto.
Neste momento, o PL está sendo discutido em plenário.
Para tentar barrar a aprovação, servidores municipais acompanham do lado de fora da Câmara.
Abaixo, os 33 vereadores que aprovaram a reforma contra os servidores municipais.
Para acompanhar a sessão ao vivo, clique aqui
Não tem arrego
Sindicato dos Servidores Municipais de SP
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Não tem arrego ! Foi com essa palavra de ordem que impusemos a derrota a João Doria em março após 20 dias de greve. Doria não conseguiu alinhar sua base de vereadores para votar o PL 621.
Diante de manifestações que chegaram a colocar 100 mil pessoas nas ruas e atos nas regiões que panfletaram seus nomes para a população próximo de seus escritórios políticos, a maioria não quis se arriscar. Alguns, inclusive porque sairiam candidatos a deputado.
O PL 621/16 ficou congelado durante todo o período eleitoral. Passado o segundo turno. O Presidente da Câmara, Milton Leite do DEM, aliadíssimo de Bruno Covas, começou a preparar um plano para colocar em votação o PL.
Armações na “Casa do Povo”
Para atender o desejo de Bruno Covas, Milton Leite armou somente em novembro a tal comissão que deveria trabalhar desde abril por 120 dias. A comissão de maioria chapa branca, teria só um mês para discutir o projeto podendo ser prolongada por mais 30 dias, o que levaria a discussão para 2019.
Pressionado na reunião de líderes pelo Vereador Donato do PT, Milton Leite deu a palavra que não colocaria para votar antes de terminar os trabalhos a comissão.
A comissão criada aprovou Janaína Lima como Presidenta, do Partido Novo, criado com o financiamento de caciques do Banco Itau, para defender diretamente seus interesses na política.
Líder de um dos movimentos coxinhas e participante das manifestações golpistas, Janaína não demorou a demonstrar as práticas velhos do tal Partido Novo.
Alinhada com Milton Leite e com o novo Presidente da Câmara a partir de 2019, Eduardo Tuma (PSDB), a Presidenta da Comissão, deu por encerrado os trabalhos da mesma com dez dias de antecedência, cancelando 5 sessões que estavam agendadas com Especialistas sobre o tema previdência.
Tudo para Milton Leite não quebrar a palavra de que só colocaria para votar depois da comissão encerrada.
Surpreendendo vários membros da comissão, no dia 19, Fernando Holiday, aquele vereador do MBL que chamou os servidores de vagabundos, eleito pela comissão como relator, já tinha um relatório pronto, ainda que nas coxas, com inúmeros erros, mas claro, propondo o confisco dos salários dos trabalhadores.
Desta comissão, seis vereadores foram favoráveis ao relatório e o aprovaram nessa data, naturalmente, Janaína e Holiday.
Mas também foram favoráveis a tucana Adriana Ramalho e Caio Miranda que deu seu voto a la Rosa Weber; parecia que era contra mas votou a favor. Isso porque sequer queria votar.
Deve ter sido enquadrado pelo governo depois que Tuma tentou substituí-lo com um ofício surpresa armado com a Janaína, não previsto no regimento.
Mas sob os gritos da galeria de “Fora Tuma” e sob a pressão dos Vereadores Donato e Juliana Cardoso do PT, o futuro presidente da Casa desistiu e foi buscar Caio Miranda.
Outros vereadores que não acompanharam debate nenhum da comissão apareceram somente, na última hora, para votar mandados pelo governo. Votaram e saíram Quito Formiga (PSDB) e David Soares (DEM), este último, eleito por ser filho do missionário R.R.
No dia 21, pela manhã tínhamos cartazes com a cara desses 6 inimigos dos servidores e dos serviços públicos em unidades das regiões em que eles tiveram mais votos em 2016 (veja algumas fotos)
Somente 4 vereadores votaram contra o relatório, Juliana Cardoso (PT), Claudio Fonseca (PPS) e Paulo Frange (PTB) que mostraram-se contra o projeto desde o princípio, e Police Neto que em movimento serpentino, votou contra o relatório, mas deu o bote nos servidores na hora de votar a favor do PL, como de seu costume.
Armações e negociatas na “Casa Grande”
Enquanto Milton, Janaína, Holiday e Tuma encabeçavam as armações na dita Casa do Povo, na Casa Grande, Bruno Covas preparava as emboscadas contra o funcionalismo. Algumas manobras essenciais. Assim, como Doria, Covas encontrou dificuldades para juntar os 28 votos.
A primeira manobra foi tirar os vereadores que estavam hesitantes como Caio Miranda, do PSB, além de Quito Formiga e Claudinho de Souza, ambos do PSDB, retomando a seus lugares três secretários que foram exonerados somente para votar contra os servidores: João Jorge, Daniel Annenberg e Aline Cardoso, todos do PSDB. Depois do serviço sujo feito, devem voltar para os cargos.
A segunda tramoia passou pelo “toma lá dá cá”. Depois da grande imprensa anunciar a semana inteira as intenções de Covas trocar os cargos nas Prefeituras Regionais, no dia 20 tomou café da manhã com 26 vereadores para tratar desse assunto.
Resultado, saíram de lá os acordos que só saberemos exatamente, a partir das nomeações que iniciarão em janeiro. Aí saberemos o que os vereadores tomaram, sobre o que eles deram em troca, já sabemos uma parte: seu voto no PL 621/16.
Não sabemos se a Vereadora Edir Sales (PSD) estava na reunião, mas votou contra os servidores mesmo tendo um vídeo seu em março dizendo que não o faria. Votou e sumiu das redes sociais.
Em março, depois de votar a favor do PL na Comissão de Constituição e Justiça, sofreu grande pressão com movimentos dos trabalhadores na região de Vila Prudente com faixas e panfletagem nas ruas, inclusive em frente a seu escritório político.
Também teve rejeitada pelo Sindguardas, sindicato de GCMs, uma homenagem pelos seus 25 anos.
Edir fez um vídeo dando a palavra que seria contra o projeto. Já sabemos de que são feitas suas palavras. Vila Prudente e Sapopemba onde concentra seus votos saberão também.
Uma corja de covardes
Esses votos deverão custar caro à cidade. Troca de secretários, troca de cargos, já seriam o suficiente para ser considerado uma vergonha. Mas o nível é muito mais baixo.
Para fazer essa canalhice toda de votar um projeto para confiscar salário dos servidores, e que ficou mais do que provado, não é para buscar soluções para a previdência, fecharam um calendário para a votação para aprovar o PL em primeira às vésperas do Natal, e em segunda antes do Ano Novo.
Tudo isso para aproveitar o período de recesso de professores, além de férias de servidores e unidades trabalhando em plantões. São incapazes de um debate olho no olho. Tanto que votação em primeira do Projeto se deu poucos minutos antes da 1 da manhã deste sábado que antecede o Natal.
Mesmo com todo o apoio da grande imprensa amiga, Globo, Estadão e Folha de São Paulo, que até agendam matérias para Bruno Covas apenas com a informação do governo, para conseguir aprovar, precisam fazer votações escondidas no cair da madrugada, no apagar das luzes da Câmara e em meio a festas, férias e recessos.
Dirigente Lourdes Estevão resgatada por Suplicy
A covardia do governo e de seus títeres na Câmara não tem fim.
Para realizar a audiência pública no dia 21, o Ver. Gilson Barreto que presidiu a comissão responsável, pediu reforço da Polícia Militar. Com esse medo de povo, é difícil crer que em 2020 esse vereador terá coragem de sair às ruas de São Mateus para pedir votos.
Para realizar a audiência pública fake do seu colega Gilson, Milton Leite separou 67 vagas na galeria (metade) para “os favoráveis” ao PL. Eram “militantes” da Juventude do PSDB (nem tão jovens assim) e do NOVO (colegas de Janaína).
As senhas foram distribuídas às escondidas no prédio Joelma e eles entraram pela garagem.
Eles representavam o 1% da população mais rica que vive da exploração de trabalhadores e da agiotagem de bancos contra a população, empresários e governos, e que ganham 36 vezes mais que a metade mais pobre dos trabalhadores.
Durante a audiência pública, as dirigentes do Sindsep, Lourdes Estevão, Luciana Mello (Luba), Flavia Anunciação e Juneia Batista foram arrastadas pela GCM porque se recusaram a deixar a audiência antes de seu encerramento.
Também sofreu truculência da Guarda a comando do Milton Leite, a servidora da saúde e representante sindical, Lígia Mendes que tentou impedir os seis guardas que retiraram o diretor do Sindsep, Vlamir Lima, carregado a força até o lado de fora da Câmara.
A violência contra a diretora Lourdes foi registrada pela grande imprensa que só transformou notícia pelo fato do Vereador Suplicy de 77 anos ter conseguido retirar a companheira dos braços de três membros da Guarda.
Apesar de capa do Estadão, a imprensa não quis saber quem era e pelo que lutava. Para encerrar com um episódio extremo de covardia, Milton Leite mandou subir para a galeria pouco antes de colocar em votação, a tropa de choque da GCM, armada de carabina, para intimidar os servidores que se manifestavam contra o Projeto. O mesmo do lado de fora.
Não tem arrego
Foram 33 vereadores que, escondidos pela mídia e pelo calendário, demonstraram a falta de coragem de votar às claras esse projeto contra o funcionalismo para confiscar seus salários.
São os mesmos que não têm coragem de fazer uma CPI para ver quanto e como se gasta com OSs, cobrar dos grandes devedores da Prefeitura ou aumentar o IPTU dos ricos com imóveis milionários na cidade e que pagam 1,5% de alíquota, praticamente a mesma coisa que a classe média paga e somente o dobro da alíquota que paga uma família de baixa renda.
João Doria está entre os milionários que são sub-taxados. Aliás, continua devendo IPTU para a cidade.
Os anti-heróis da Câmara gostam mesmo é de taxar trabalhador para sustentar suas mordomias e continuar atendendo os interesses dos banqueiros e outros ricos.
Mas para o projeto ser aprovado mesmo, precisa de segunda votação. As sessões extraordinárias vão ser retomadas na quarta-feira, 26, às 10 horas da manhã. Não tem arrego. Temos que ir para cima e resistir, sem trégua e sem facilitar a vida dos covardes vendidos. Muitos estão torcendo para não dar quórum e acabar o tempo para votação, porque temem a votação que poderão ter em 2020.
Caio Miranda sentiu nas urnas a perda de uma dezena de milhares de votos na cidade de São Paulo esse ano quando tentou ser deputado.
Vamos aproveitar o período de descanso para mandar mensagens contra esses vereadores e divulgando seus nomes nas redes sociais.
A oposição continuará suas estratégias de obstrução para empurrar a votação. E nossa tarefa é estar do lado de fora e nas galerias pressionando para ganharmos tempo e jogar esse projeto para depois do recesso. Temos muito ainda por lutar.
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