Antônio David: Em grande ato falho, Estadão admite que a esquerda tem vantagem em eleição direta
Tempo de leitura: 3 minEm 21/05/2017, manifestação fora Temer e diretas já no museu da república em Brasília. Foto Lula Marques/AGPT
por Antonio David, especial para o Viomundo
Batante didático o editorial do Estadão (na íntegra, ao final) deste sábado, 27 de maio de 2017.
Chamo a atenção para esta frase: “Mas os inimigos da democracia só apreciam a Constituição quando esta lhes dá alguma vantagem”.
Depreendo dela duas coisas:
1 — Como o grupo Estado só aprecia a Constituição quando esta lhe dá vantagem, concluo que a empresa e seus donos e colaboradores são inimigos da democracia.
2 — A expressão “quando esta lhes dá alguma vantagem” é uma confissão. É a esquerda que tem vantagem com a eleição direta.
Para quem começa o editorial falando de “interesses turvos”, foi um grande ato falho.
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Aproveitar-se da convulsão política no País para promover alterações constitucionais com vista a favorecer um grupo político viola escandalosamente a democracia
Editorial de O Estado de S.Paulo, 27/05/2017
Os defensores da antecipação da eleição direta para presidente querem fazer acreditar que somente assim teremos um governo com legitimidade e, portanto, capaz de tirar o País da crise.
Essa concepção do voto direto como panaceia dos problemas nacionais se presta a vários propósitos, a maioria inconfessáveis, e nenhum deles efetivamente democrático.
Quem apregoa a eleição direta para presidente agora, de afogadilho, ou defende interesses turvos ou é apenas oportunista.
Em primeiro lugar, basta observar quais partidos lideram o esforço para colocar o tema na pauta do Congresso. São em sua maioria siglas que desde sempre se dedicam a questionar a legitimidade e a sabotar qualquer governo democraticamente eleito que não seja integrado por um dos seus.
Os notórios PT, PSOL, Rede e PCdoB, entre outros, informaram que vão se reunir na semana que vem para discutir a formação de uma “frente nacional” para defender a antecipação da eleição presidencial direta.
A memória nacional está repleta de exemplos de como os petistas e seus filhotes mais radicais jamais aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam, e provavelmente continuarão a não aceitar caso o vencedor do próximo pleito não seja Lula da Silva ou alguém da patota.
Com Michel Temer na Presidência, a estratégia antidemocrática consiste em infernizar a vida do presidente para que ele renuncie e, ato contínuo, sejam convocadas eleições diretas. Para tanto, apostam na aprovação de alguma das propostas que estão no Congresso com vista a alterar o artigo 81 da Constituição, que determina que, em caso de vacância da Presidência e da Vice-Presidência nos últimos dois anos do mandato, haverá eleição para ambos os cargos “trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
Na proposta que está no Senado, torna-se direta a eleição quando ocorrer a vacância nos três primeiros anos.
O casuísmo é tão evidente que custa acreditar que esse tipo de proposta esteja sendo levado a sério e eventualmente avance.
Os parlamentares envolvidos nesse esforço usam o especioso argumento, expresso no projeto, de que é preciso “devolver à população brasileira o direito de escolher o presidente da República, por meio de eleições diretas”.
Para eles, o atual Congresso, engolfado em escândalos de corrupção, não tem “legitimidade” para fazer essa escolha.
Ora, os atuais congressistas foram eleitos pelo voto direto, o mesmo voto direto que os defensores da antecipação da eleição presidencial direta consideram essencial para conferir legitimidade ao eleito. Michel Temer também foi escolhido em eleições diretas.
Estava, como vice, na chapa de Dilma Rousseff à Presidência em 2010 e em 2014.
Por quatro vezes – os dois turnos de cada eleição –, cada um de seus eleitores visualizou sua foto e seu nome na urna eletrônica e confirmou o voto.
Hoje se encontra no exercício da Presidência em decorrência do estrito cumprimento dos preceitos constitucionais. E, se tiver de deixar o cargo, a Constituição diz claramente como substituí-lo.
Mas os inimigos da democracia só apreciam a Constituição quando esta lhes dá alguma vantagem.
Se for um entrave para suas pretensões políticas, então que seja rasgada, sob a alegação aparentemente democrática de que a antecipação da eleição direta “atende aos anseios da sociedade brasileira, sob o eco do histórico grito das ruas a clamar ‘Diretas Já’, nos idos da década de 1980”, como diz o texto da PEC no Senado.
A justificativa omite, marotamente, que aquele era um dos componentes do processo de restabelecimento da democracia, na saída do regime militar, ao passo que hoje a democracia está em pleno vigor.
Finalmente, não são apenas eleições diretas que definem um regime democrático, muito menos conferem legitimidade automática aos eleitos.
A democracia, em primeiro lugar, se realiza pelo respeito à Constituição, expressão máxima do pacto entre os cidadãos.
Aproveitar-se da convulsão política para promover alterações constitucionais com vista a favorecer um grupo político viola escandalosamente esse pacto e, portanto, a própria democracia.
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Comentários
Felipe Bastos
Todos com medo do Lula voltar!!
#Lula2017
Enio Luiz Vedovello
Vi hoje um vídeo do MBL (Sim, eu vejo postagens da direita, também. Mas viu poupar os leitores do link.), onde o feriadinho diz que querer eleições diretas é inconstitucional e um golpe para proteger o Lula do Moro. Não vou levar em conta a ignorância (ou má intenção) de não considerar que, uma vez aprovada, a emenda constitucional modifica a constituição e, portanto, não seria inconstitucional. O que me chama a atenção é que, se ele diz que o objetivo é proteger o Lula do Moro, ele está assumindo que o Lula vence as próximas eleições …
Luiz Carlos P. Oliveira
* interessar
Luiz Carlos P. Oliveira
Estragão? Um jornaleco que não tem a menor credibilidade no que escreve. São golpistas, nojentos, mentirosos e apoiadores desta quadrilha que tomou conta do Brasil. Nada que vem desse lixo midiático pode onteressar ao Brasil.
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