Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo
A derrota de Jair Bolsonaro no aguardado debate da TV Globo, o último desta campanha eleitoral, antecipou o resultado das urnas amanhã.
Se fosse uma final de campeonato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto, precisaria apenas de um empate. Já seu adversário, o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, teria que batalhar ao menos pelo placar de 1×0.
Só que o placar foi tão desfavorável a Bolsonaro, que ele mesmo antecipou o futuro. Num ato falho, que Sigmund Freud não deixaria passar em branco, admitiu que pedia votos para deputado federal.
De acordo com o pai da psicanálise, o ato falho é um sintoma, pois equivale ao desejo inconsciente de quem o comete.
Entre as toneladas de mentiras que pronunciou em ritmo frenético, ao longo de 2h45 minutos, e após cambalear duas vezes no palco, o inconsciente de Bolsonaro falou mais alto. Possivelmente, nem ele acreditava no que dizia.
Seu sonho era ter continuado como aquele obscuro deputado federal, que enriqueceu na política à base das “rachadinhas”, denominação que esconde a apropriação de 90% do valor dos salários de seus assessores e dos assessores de seus filhos. Em bom português: corrupção das grossas.
No entanto, era Bolsonaro quem estava ali, acusando, como sempre sem provas, o ex-presidente Lula de ser corrupto.
Era Bolsonaro quem, desafiando a razão, a verdade e a Justiça, tanto a brasileira quanto a internacional, insistia que Lula não havia sido inocentado em todos os 36 processos dos quais foi vítima.
Entre outras aberrações, Bolsonaro acusou o próprio STF de ser cúmplice de Lula e o mediador do debate, o jornalista William Bonner, de ter inocentado Lula.
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Era tanta mentira, que até Bonner pediu direito de resposta e disse para Bolsonaro que ele, como jornalista, não cria fatos, apenas os registra.
A jogada de Bolsonaro era clara: tentar desconcertar Lula, agredir a TV Globo e colocar água no moinho do argumento que pode utilizar para, a la Trump, não reconhecer o resultado da eleição.
Vivendo numa espécie de realidade paralela, Bolsonaro, citando dados propositalmente truncados, não disse uma única verdade.
Já o ex-presidente Lula se esforçou para trazer Bolsonaro para a real, cobrando dele seriedade, postura e respeito em relação ao cargo que ocupa.
Cada vez mais atordoado, Bolsonaro se enrolava nas respostas.
Enquanto isso, as redes sociais cuidavam de desmascarar uma por uma de suas mentiras: destruiu a educação, retirou dinheiro do SUS, acabou com a farmácia popular, deixou milhares de pessoas morrerem por falta de vacina, destruiu a Amazônia, permitiu que o agronegócio invadisse terras dos povos originários, fez explodirem os índices de feminicídio, racismo e perseguição aos grupos LGBTQIA+, não reajustou o salário mínimo, retirou direitos dos trabalhadores e dos aposentados.
As redes sociais fizeram o que deveria ter sido a função dos jornalistas da TV Globo: checar em tempo real o que estava sendo dito. Insultada mais de uma vez por Bolsonaro ao longo do debate, a emissora da família Marinho repetiu o mesmo erro cometido duas semanas antes pela TV Bandeirantes. Como houve tempo para que o problema não se repetisse, fica a dúvida: terá sido apenas erro?
Lula também denunciou o enriquecimento ilícito da família Bolsonaro: como você explica a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo? Qual a razão dos sigilos de 100 anos em seu governo? Como explicar que os pastores no MEC guardavam dinheiro em pneus de carros? O que tem a dizer sobre a demora e tentativa de corrupção na compra de vacinas?
De tudo isso, no entanto, o que mais atordoou Bolsonaro foram perguntas que Lula lhe fez envolvendo o salário mínimo.
Bolsonaro simplesmente não tinha o que responder. Foi seu próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, num estudo que vazou para a mídia, quem defendeu o reajuste zero para o salário mínimo nos próximos anos, além de propor cortes e congelamentos nas aposentadorias.
Até negar que tenha havido golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff Bolsonaro tentou. Mas foi, como ao longo de todo o debate, prontamente rebatido por Lula. Com todas as letras, Lula chamou o vice de Dilma, Michel Temer, pelo que ele é: “golpista”.
Em síntese, Lula falou e agiu como a pessoa de bem que é, como o cidadão brasileiro sério e honesto que é, como o político preocupado com o sofrimento das pessoas, ao passo que Bolsonaro insistiu em negar o óbvio.
Mas se qualquer tentativa de debate com um mentiroso contumaz é impossível, nem no espaço reservado às considerações finais Bolsonaro se saiu melhor.
Era tamanha a sua falta de convicção ao falar em vitória e ao pedir votos que até telespectador mais distraído pode comparar esta situação com a seriedade, o entusiasmo e os compromissos de Lula para com o povo brasileiro.
Após o debate, com os ponteiros do relógio próximos da meia noite, os jornalistas da Globo entraram em campo.
Ouviram a impressão dos dois candidatos e divulgaram os resultados das pesquisas que dão vitória a Lula. Ouviram de Bolsonaro que ele irá respeitar o resultado das urnas, seja ele qual for.
Mas quem acredita em mentiroso?
Leia também:
Israel Gonçalves: Eleições 2022 e articulações não percebidas por analistas
Comentários
Zé Maria
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“Vocês repararam como Bolsonaro não faz a menor falta?
Nem no Twitter nem na Presidência da República”
JORNALISTA CYNARA MENEZES
https://twitter.com/CynaraMenezes/status/1587255493185110016
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Zé Maria
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Que história é essa de o vice General Mourão
‘reconhecer a Vitória do LULA’?
O Cargo de Presidente do Brasil está Vago?
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Zé Maria
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“Esse debate consagrou o que já sabíamos.
Ninguém aguenta mais ouvir Bolsonaro!
O Brasil quer voltar a comer bem,
ter direito à educação, ter um governo
que respeite seu Povo.
Chega de desrespeito e de mentiras!”
Professora ANA ESTELA HADDAD
https://mobile.twitter.com/AEstela_Haddad/status/1586193488357773313
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Zé Maria
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“Não, não foi só política!
Nossa amizade jamais terminaria só por política…
Estamos nos distanciando, é certo, mas por outras razões…
é que não temos quase mais nada em comum entre nós,
não partilhamos dos mesmos ideais, sentimentos, sonhos e escolhas…
Eu sou Renato Russo, Cazuza, Lulu Santos …
você é zé de camargo, amado batista, leonardo..
Eu sou conhecimento, livros, revistas, informação…
você é Fake News.
Eu sou universidade…
você é corte de verba.
Eu sou Paulo Freire …
você Olavo de Carvalho.
Eu sou paz…
você é teoria da conspiração.
Eu sou pelas diferenças, pela inclusão, pela aceitação…
você é excludente.
Eu bato palmas para o filho do porteiro negro que se forma…
Você não.
Eu valorizo hospitais…
você acha normal invadi-los.
Eu sou pela Vacina, o SUS, a Ciência…
você é cloroquina e ivermectina.
Eu sou pelo coletivo, pela justiça social, bolsa-família…
você apoia alguns privilegiados.
Eu sou fauna e vida…
você é caça.
Eu sou mato, bicho, verde, floresta, sombra…
você é fogo, trator e tora.
Eu digo que há mudança climática…
você diz que ‘pintou um clima’.
Eu sou Frida, cores e flores…
você é Damares.
Eu acredito na moral das fábulas…
você crê em kit gay nas escolas.
Eu sou vinho, cerveja, cachaça…
você é mamadeira de piroca.
Eu acredito no Espírito da Vida…
você é pena de morte.
Eu sou Mujica…
Você é Hitler.
Eu sou poesia, rima, leveza, feijoada…
você é fuzil.
Eu sou todas as cores…
você é racismo.
Eu sou pela democracia…
você pela ditadura.
Eu sou amizade, tolerância …
você é ódio e tortura.
Eu sou coragem…
você é covardia.
Eu sou Cortella…
você é Ustra.
Eu sou igualdade, Liberdade…
você é opressão.
Eu sinto muito, e tanto, e sofro…
você é ‘fazer o quê?’.
Eu sou pelo Amor…
você homofobia.
Eu sou Marielle…
você é Milícia.
Eu sou evolução,
você é retrocesso.
Enfim, nossa amizade está acabando
não foi porque eu não sou cristã…
é porque você finge ser cristão.
Porque o Cristo que eu creio é Amor…
e o seu messias faz arminha…
Eu sou caridade ao pobre…
você é dízimo ao pastor.
Grata por me ajudar a conhecer a mim mesma
e também a reconhecer o mal que há em você
para manter-me dele afastado.”
Anônim@
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Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/FgNHBx5XwAM54js?format=jpg
‘D.P.L.’?
De onde veio isso?
https://mobile.twitter.com/jnascim/status/1586189613265297408
Nilton Carvalho
Ontem cada vez que o Lula falava o adversário se cagava todo. Quem viu, reparou que o adversário do Lula andava de pernas abertas e as vezes de lado.
Na verdade não sei se ele se cagava cada vez que ele falava uma mentira ou se quando o Lula falava.
Sou neutro L
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