Miro Borges, sobre a alta da taxa de juros: Festa de rentistas e oposição midiática, preocupação para Dilma

Tempo de leitura: 4 min

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A alta dos juros e a queda de Dilma

por Altamiro Borges, em seu blog

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros – de 12,75% para 13,25%. Foi o quinto aumento seguido da perversa Selic, que trava o crescimento da economia e reduz o ritmo da geração de emprego e renda no país. No lacônico comunicado sobre o novo arrocho monetário, o órgão apenas justificou que, “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”, decidiu subir os juros.

Nada mais disse, o que sinaliza que outras altas poderão ocorrer nas próximas reuniões do Copom. De imediato, os tais “analistas do mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas financeiros – já preveem que a Selic deverá seguir a sua tendência de alta durante todo este ano. Festa dos rentistas e dos seus veículos de comunicação! Dane-se o Brasil!

O aumento recorrente da taxa de juros evidencia a força do capital financeiro no país – um verdadeiro paraíso dos banqueiros. A cada alta da Selic, o consumo e o crédito se retraem, a produção empaca e os empregos encolhem. Além disso, o aumento dos juros tem impacto imediato nas contas públicas, elevando o déficit da União. Nos últimos meses, os sinais de esgotamento desta política monetária ortodoxa, baseada no receituário neoliberal, são evidentes.

Em março passado, contrariando o padrão histórico, a produção industrial voltou a cair, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Como consequência, houve novo aumento das demissões no setor. O cenário ainda não é o de uma nova onda avassaladora de desemprego, mas sim o da retração da geração de novas vagas. A tendência, porém, é preocupante.

Segundo balanço do Ministério do Trabalho, divulgado no final de abril, nos três primeiros meses deste ano, 50,4 mil postos de trabalho foram fechados. Foi o pior resultado para o período desde 2002, quando teve início a série estatística do governo. As contratações, porém, ainda foram maiores do que as demissões de trabalhadores com carteira assinada.

O setor de serviços (ensino, medicina, transporte, etc.) foi responsável pela contratação de 53,8 mil funcionários, compensando as demissões em segmentos mais fragilizados. Já a demissões na construção civil superaram as contratações em 18,2 mil vagas, a maior queda absoluta entre os setores econômicos pesquisados no mês. De janeiro a março, a construção civil acumula um saldo negativo de quase 51 mil postos de trabalho – em boa parte como decorrência da midiática Operação Lava-Jato.

Outro estudo recente, publicado pelo IBGE, aponta que o desemprego teve a quarta alta seguida no mês de março. A taxa apurada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 6,2%, ante 5,9% em fevereiro. Esta foi a maior taxa desde maio de 2011, quando o desemprego foi de 6,4%. O resultado ainda é igual ao verificado em março de 2012 (6,2%) e junho de 2011 (6,2%). Já o rendimento médio real do trabalhador, descontados os efeitos da inflação, foi de R$ 2.134,60 em março, segundo o IBGE. O resultado significa queda de 2,8% em relação a fevereiro. Já a massa de renda real habitual dos ocupados no país somou R$ 49,3 bilhões em março, queda de 3% em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2014, o montante diminuiu 3,8%. Ou seja: todos os sinais são preocupantes. Mas, pelo jeito, não afetam os tecnocratas do Copam.

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Até a urubóloga Miriam Leitão, uma fervorosa defensora das teses neoliberais, já anda preocupada com as consequências desta política. Em recente artigo no jornal O Globo, ela argumentou que a alta dos juros não conteve a inflação e resultou na piora de outros indicadores. “A economia não cresce, o desemprego aumenta e a arrecadação cai. O remédio usado para um problema piora o outro… A arrecadação cai porque a atividade econômica está fraca, provocando uma piora no mercado de trabalho. Os dados ruins vão se acumulando”. Apesar destes efeitos nefastos, Miriam Leitão ainda defende a alta da Selic, mas sugere cautela. “O remédio para a inflação alta está chegando ao limite. Não é possível continuar aumentando os juros por muito mais tempo; há a convicção de que o ciclo de altas que começou no fim de outubro de 2014 está chegando ao fim”.

Quem deve ficar ainda mais preocupada com a “dose do remédio” é a presidenta Dilma Rousseff. Os efeitos recessivos da alta dos juros afetam a sua popularidade, que já é vítima de uma campanha incessante das forças oposicionistas derrotadas em outubro passado. Sem o apoio dos trabalhadores e das camadas populares, que garantiram a sua reeleição, o cenário de crise política deve se agravar. E nisto que apostam os setores golpistas da oposição partidária e midiática.

Em recente editorial, a Folha tucana cantou a bola ao apontar os reflexos negativos na “avaliação presidencial” da redução do ritmo de geração de emprego e renda no país: “Tudo indica que começam a se concretizar os pesadelos do governo e do PT: o arrocho chegou ao povo e, pior, não se vislumbra melhora significativa antes de 2016”. É grande a torcida da direita pelo quanto pior, melhor!

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Comentários

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Sérgio

A taxa Selic não é 10% e sim 13,25%, o que faz do Brasil um campeão de juros
básicos e paraíso do rentismo. E arruina com as contas do governo, que deixa de investir
centenas de bilhões no desenvolvimento para pagar essa despesa que escandaliza o
mundo.
Até nos EUA, lider do capitalismo, os juros são muitíssimo menores. Em torno de
0%.

    romanelli

    SELIC de 13,25% ..e quanto pagam para o investidor em títulos ? retire os impostos (20%) e veja aonde vc chega ..em 10% ao ano líquidos, pros grandes
    .
    Agora vc, com sua poupança, suas reservas, retire disso (10%) a INFLAÇÃO (de 9%) que não é enfrentada com vigor (combatendo-se INDEXAÇÃO de tarifas, contratos e salários por exemplo) ..quando sobra ao ano ? 1-3 % dependendo do momento ..poxa ??!1
    .
    Problema aqui p que a turma confunde tudo ..JUROS do cartão e de empréstimos, com o juros do rentista nacional por exemplo
    .
    Claro que o investidor externo pensa diferente ..pensa na segurança ..tem o fator câmbio, a geopolítica
    .
    FATO, enquanto o ESTADO brasileiro for perdulário e irresponsável, enquanto este sistema tributário for este LIXO, o Estado será fraco !!!! e pelas regras o FRACO paga castigo, JUROS ..simples
    .
    Quanto a investir ..claro que se vc estrangular as LINHAS de crédito, só por aí o juros sobe, e isso já é um problema (por exemplo o do CARTÃO de crédito de 12% ao MÊS mais taxas, financiamento de imóvel, carro, capital de giro) ..as vendas caem, emprego vai junto e a ociosidade impera ..e manter empresa parada é uma erva ..agora, mesmo nos níveis atuais, falar que é caro comprar um maquinário, implementos agrícolas, não, isso não (ainda mais pelo efeito multiplicador que ela representa)
    .
    e mais, pegue qq vendedor de farinha, o cara compra por R$ 5 e vende por R$ 50 em 30 dias ..portanto, uma selic de 13,25% ao ano, não faz aqui grande diferença
    .
    diferença mesmo faz pro Estado, este grande endividado que esta pagando mais de R$ 200 bi/ano ..aqui sim,

Romanelli

duas coisinhas:
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UM ..festa dos rentistas ? Por acaso dá pra festejas com JUROS de 10% LÍQUIDOS sobre as suas economias, e com a inflação comendo 9% dele ..oras, para de falar besteira ?! ..melhor seria se preocupar com as margens dos nosso comerciantes que a todo estoque que compram tacam logo o FATOS 3x
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..claro que não dá pra defender JUROS cobrados do consumidor, da empresa, no cartão de crédito ..aí sim é usura da braba ..sendo que parte o Estado tb papa na forma de impostos agressivos (bom nunca nos esquecermos)
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e DOIS, e quem arrumou, ou deixou de concertar esta quizumba ,,quem insistiu nesta ferramenta PLACEBO – que mal e porcamente controla a demanda – enquanto a estrutura estava manca ?..foi o PAPA francisco ? Jesus Cristo ? Ou o governo perdulário de LULA e Dilma e, distante da grandeza que suas missões representavam, ainda por cima deixaram o Estado ficar de quatro mais uma vez ?
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Tivessem eles investido SÉRIO em infra e em moradia, de forma constante porém comedida ..TENHO certeza que estes ciclos arrítmicos e tímidos não estariam se repetindo
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festa dos rentistas ?! inté parece ..ou será que a poupança tá pagando muito pra esse Mané ?!

Fabio Silva

Então quer dizer que quando FHC era presidente, as altas nos juros também não tinham nada a ver com ele? Ele também era uma das muitas vítimas dos juros altos? Puts, então desculpa aí, FHC, pelo tanto que eu te xingava, ok?

Vitor

Até que enfim alguém tocou nesse assunto em um espaço democrático! Alguém precisa colocar um freio nessa política econômica ortodoxa do Governo! Não é possível que a Dilma não enxergue algo tão óbvio que até a Leitão enxergou…

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