Altamiro Borges: Macri retribui apoio do Clarín e extingue os dois órgãos responsáveis pela democratização da mídia na Argentina

Tempo de leitura: 3 min

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por Altamiro Borges, em seu blog

O presidente argentino Mauricio Macri, que governa por decretos como um velho ditador, retribuiu o enorme apoio dado à sua eleição pelo Grupo Clarín – um império midiático similar ao da Globo no Brasil.

Na véspera da virada do ano, ele extinguiu os dois órgãos responsáveis pela democratização da mídia no país vizinho: a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA) e a Autoridade Federal de Tecnologias de Informação e Comunicação (AFTIC).

Em êxtase, O Globo desta quinta-feira (31) festejou: “Dando sequência à revisão e extinção de uma série de políticas e condutas adotadas durante os 12 anos de kirchnerismo na Argentina, o presidente Mauricio Macri eliminou, por decreto, os dois órgãos que regulavam os monopólios nos meios de comunicação”.

As duas entidades reguladoras foram criadas em decorrência da “Ley de Medios”, aprovada pelo Assembleia Nacional e sacramentada pela Corte Suprema após longos anos de debates no país e de confrontos com os conglomerados, em especial com o Grupo Clarín.

Em seu lugar, o presidente mafioso criou a “Entidade Nacional de Comunicação” (Enacom), que eliminará a participação da sociedade civil e será hegemonizada pelos barões da mídia.

Marcos Peña, chefe do gabinete presidencial, também já anunciou que “o governo impulsionará uma nova lei conjunta dos meios de comunicação para pôr fim à Lei de Meios, que limita as licenças no país” – aplaude, novamente, o jornal da famiglia Marinho, que goza de tantas concessões ilegais de rádio e tevê no Brasil.

No maior cinismo, o aspone do ditador justificou as medidas truculentas que servem ao Grupo Clarín.

“Há mais ou menos sete anos, iniciou-se uma guerra contra o jornalismo, sempre motivada por uma visão fechada e autoritária da democracia. Aquele que não se submetesse às vontades do Estado deveria ser combatido, marginalizado e perseguido de várias maneiras. Começa agora uma política do século XXI. Hoje, por decisão de Macri, termina a guerra contra o jornalismo na Argentina. Acreditamos que o jornalismo deve ser crítico. Não haverá, agora, veículos amigos e inimigos. Não acreditamos nos monopólios da economia”, esbravejou Marcos Peña, chefe de gabinete de um governo controlado pelos rentistas e monopólios argentinos.

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Pausa para as gargalhadas!

Na semana passada, Mauricio Macri já havia determinado, também por decreto, a remoção dos diretores das duas agências.

Como eles se recusaram a deixar seus postos, forças policiais executaram a ordem de despejo. Mas o novo presidente argentino – também batizado de “presidente do Clarín” – deve enfrentar resistências na sua ação em favor dos monopólios midiáticos.

Na semana retrasada, mais de 15 mil pessoas realizaram um primeiro ato em defesa da “Ley de Medios” em Buenos Aires.

Como denunciou Martín Sabbatella, da extinta AFSCA, “Macri odeia a democracia e as instituições. Por isso ignora o Congresso e governa com DNU (decreto de necessidade e urgência), decisões judiciais cúmplices e blindagem midiática… A Casa Rosada é o bunker das corporações”.

Os argentinos, mesmo os que votaram iludidos no presidente mafioso, não aceitarão passivamente as suas investidas contra a democracia. A temperatura da luta de classes no país deverá esquentar nos próximos meses.

Nem a blindagem do Clarín garantirá paz e tranquilidade a Mauricio Macri. O jornal O Globo e o restante da mídia nativa, que vibraram com o revés do kirchnerismo – como se ele fosse, inclusive, uma prévia da derrota do chamado lulopetismo -, também terão muitas dificuldades para defender o novo ditador da Argentina. A conferir!

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Comentários

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L. Souza

Que notícia triste para a Argentina e para a América do Sul.

Nelson

Fosse o Maduro a fazer o que o Macri fez e os órgãos da mídia hegemônica estariam chamando-o de ditador 500 vezes por dia com direito a repetição por dias, semanas e meses a fio.

Como é o presidente que recebeu caminhões de dinheiro para gastar e vencer a eleição, alem de contar com apoio irrestrito do governo dos Estados Unidos, os “feitos” do Macri são divulgados como restabelecimento da democracia e da liberdade de expressão.

Mídia podre, que se esmera em apodrecer mais e mais.

Enquanto isso, o nosso emérito Felipe Rodrigues, de Barra Mansa, ainda acredita que o capanga dos EUA, hoje presidente argentino, é um grande democrata.

Magda Mª Magalhães

A esquerda perdeu as eleições na Argentina, mesmo que seja à custa de propaganda enganosa. Espero que o povo argentino faça valer a sua vontade, à base da pressão, e impeça o retrocesso com a mudança da Ley dos Medios. Derrubar um governo legitimamente eleito é que não pode. Senão estaríamos apoiando lá, o que não queremos aqui.

Bacellar

Sem querer ser lombrosiano…Mas tem olhar de sociopata esse Macri.

Viram a dancinha? Não é coisa de gente equilibrada aquilo…

Hoje o H.Meirelles fez um artigoto chamando o cara de farol. No faltaba mas que eso…Outro farol! Hijole, pobre AL…

Meirelles enaltece a flexibilização (ah o tucanês…) do câmbio que apesar de gerar “forte desvalorização” estimula a exportação de grãos…O economista foi coerente com aquilo que havia dito sobre a “forte desvalorização” do real há 2 meses atrás em relação à nossas exportações de manufaturas.

No economês de Meirelles ” forte desvalorização” é um termo capcioso; pode-se referir a algo como 2 ou 40% (número evidentemente não citado no artigo). As vezes o mais importante de um texto é o que não está escrito.

I B Melo

A corriola de Macri e CIA (leia-se mídia sanguessuga) confunde cinicamente liberdade de expressão com mentira e difamação. O povo argentino idiota acreditou e vai pagar o preço da sua imbecilidade. É assim quando se “raciocina” como porco só querendo milho. O povo precisa saber resistir e ponderar. Isso está prestes a acontercer no Brasil. Sacrifício, dor, e resistência ideológica são o preço que se paga para mandar essa elite podre para o lixo da história. Mas é difícil construir esse caminho de resistência.

Francisco

Haverá um dia, no futuro, em que de tanto bater cabeça na pequena área, o PT vai perder a presidência.

Acontece.

No dia seguinte, o que o oligarca da vez será obrigado a fazer para restabelecer a patifaria ancestral?

Boa pergunta.

O que o partido que eu elegi fez que fizesse tanta diferença institucional assim?

O quê?

O nosso Macri (que venha tarde) só mandará mudar alguns vasos de plantas do Palácio. Talvez nem isso…

Rio Verri

Redemocratização na linguagem marxista significa entregar o poder e as instituições ao controle de um braço comunista seja ele socialista fabiano ou não, porém preferencialmente de discípulos da escola de Frankfurt para promover a perversidade e a destruição da alma do povo

cesar

Não Vão falar aqui no Brasil, de cooptaçãoda imprensa com o novo governo da Argentina?
Cidadãos humildes e Movimentos sociais que votam em candidatos que mantem , ou tem politica para os mais vulneraveis são chamados de ignorantes, mas quando são grandes grupos econÔmicos ,ou a classe média que recebem o toma lá da cá é considerado luta politica.AhAh Ah

Àlvares de Souza

É inacreditável como os projetos que visam o avanço da democracia, como é o caso da lei de médios, se esfacelam diante das ações mais estapafúrdias de que lança mão um aspirante à ditador, caudilho desde sempre. Que sina a dos nossos “hermanos” argentinos!

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