Moraes: ‘Elevadíssimo’ o número de visitas a Mauro Cid; 73 em 19 dias; na lista, ex-comandante do Exército e advogado de Bolsonaro

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Depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro na CPMI do golpe, em 11/07/2023. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Moraes apontou número ‘elevadíssimo’ de visitas a Mauro Cid; tenente-coronel recebeu 73 pessoas em 19 dias na prisão especial

Ministro Alexandre de Moraes determinou que visitas, exceto de familiares e advogados, devem ser autorizadas por ele

Por José Vianna, TV Globo — Brasília

“O número de visitas recebidas é elevadíssimo”, apontou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao tomar conhecimento das visitas recebidas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, na prisão especial do Batalhão da Polícia Exército de Brasília onde está desde o dia 3 de maio.

Segundo informações do Exército enviadas ao ministro, Cid recebeu 73 visitas em 19 dias.

“No caso concreto, o número de visitas recebidas é elevadíssimo, a indicar falta de razoabilidade em relação às autorizações de visitas a Mauro Cid”, escreveu o ministro.

Mauro Cid está preso preventivamente por determinação de Moraes. Ele é suspeito de fraudar cartões de vacinação contra a covid-19 de familiares, de Jair Bolsonaro e da sua filha.

A CPI dos Atos Golpistas recebeu a lista de visitas que o tenente-coronel Mauro Cid recebeu na prisão (veja a lista ao final).

Moraes restringiu as visitas a apenas a mulher, filhos e advogados. As demais, devem ser autorizadas por ele.

No dia 19 de maio, Moraes solicitou ao comandante do Batalhão da Polícia do Exército de Brasília, coronel Bruno Barbosa Fett Magalhães, informações sobre as regras de visitação e uma relação das visitas recebidas por Mauro Cid.

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O Exército encaminhou um ofício ao ministro informando que as visitas acontecem às terças-feiras, quintas-feiras e domingos, mediante agendamento prévio e, excepcionalmente, em outros dias desde que autorizada pelo Comando do Batalhão.

Com base nestas informações, Moraes solicitou novas informações ao comandante pra saber se havia um regulamento para a visita de presos no Batalhão e se os demais presos receberam o mesmo número de visitas no mesmo período.

O ministro também questionou se visitas a Mauro Cid foram autorizadas em horários e dias extras e também se havia ou não um limite de visitas.

O Exército respondeu que as regras para visitar presos são as “Normas Administrativas para Prisão Especial (NAPE), que regulam os procedimentos em caso de prisão especial de militares que se encontram a disposição da justiça comum ou militar”.

Ainda segundo o Exército, foram autorizadas em caráter excepcional visitas em outros dias da semana, em razão da necessidade de atender situações particulares, por exemplo, formatura de batalhões e depoimentos do preso.

Por fim, respondeu que não houve outros presos em 2023 custodiados no Batalhão.

Moraes afirmou que “há uma lacuna relevante nas Normas Administrativas de Prisão Especial (NAPE), pois inexiste limitação quanto ao número de visitas recebidas pelo custodiado, afastando de maneira indevida a supervisão judicial”.

PRISÃO ESPECIAL

Como tem direito a prisão especial, Mauro Cid ocupa sozinho uma sala de 20 metros quadrados que tem cama de solteiro, armário, uma mesa de apoio para praticar exercícios físicos diariamente, um frigobar e uma televisão.

Cid recebe as quatro refeições: café da manhã, almoço, ceia e jantar. O local é vigiado 24 horas por dia por uma equipe da Polícia do Exército, responsável pela sua segurança.

Diariamente, estão previstas duas horas de banho de sol, com atividade física realizada no interior, no período de 10h às 12h.

Há um local reservado para receber as visitas, que ocorrem mediante agendamento prévio, às terças-feiras, quintas-feiras e domingos, no período de 13 às 18h.

Depois que as visitas passaram ser limitadas, o militar só recebe a mulher, filhas, cunhado, pais e advogados constituídos.

Lista

GloboNews teve acesso à lista de quem esteve no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, para visitar Mauro Cid, que está preso no local.

Veja a seguir a lista:

Eduardo Pazuello (PL-RJ), deputado e ex-ministro da Saúde

Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da gestão Bolsonaro e advogado do ex-presidente

Gabriela Cid, esposa de Mauro Cid

Jean Lawand Junior, coronel do Exército que trocou mensagens em tom golpista com o ex-ajudante de ordens

Mauro César Lourena Cid, general da reserva e pai de Cid

Júlio César Arruda, general e ex-comandante do Exército

Ridalto Lúcio Fernandes, general e ex-diretor de logística do Ministério da Saúde

Leia também:

Jeferson Miola: Se Mauro Cid “cumpria missão” no golpe, cúpulas militares foram mandantes

Luis Felipe Miguel: O coronel Cid fardado, a mentira do Exército, o indefectível José Múcio, o golpe — e Lula

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Comentários

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Zé Maria

Muitos desses deveriam ter ficado lá.

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