Adilson Filho: Aos golpistas, a lata do lixo da história

Tempo de leitura: 3 min

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por Adilson Filho, especial para o Viomundo

Foi só o governo sair das cordas, demonstrar um pouco de ousadia no Conselho de Ética e a resposta da direita, quase que imediatamente, é um pedido de impedimento da presidenta.

Hoje, completa-se uma semana que Eduardo Cunha tirou da manga a sua carta mais preciosa, que deflagrou o capítulo final de um golpe que já vem sendo tramado antes mesmo de Dilma tomar posse.

Esse fato, visto de forma isolada, poderia apenas mostrar mais um ato de desespero de um corrupto pra livrar a própria pele.

Mas, como em política não existe “fato isolado”, receber de imediato o abraço de Aécio Neves e um banho cheiroso na Globo, deixa aí uma grande lição sobre os limites da governabilidade.

A esquerda morde uma fatia do poder, mas tem que governar com toda uma direita entranhada há séculos nas principais instituições.

Na teoria é muito fácil descascar contra as alianças, ‘arbitrar’ sobre até onde se pode ou não se pode ir no presidencialismo de coalizão.

Mas, lá dentro, é isso aí que estamos assistindo absolutamente estarrecidos: briga de lobos grandes e raivosos, uma matilha que se une sempre que ameaçada ou quando sente o cheiro da possibilidade de avançar no pescoço do povo através do golpe.

Quando “ele” cair, e ele vai cair — ou não vai, Janot? — o país tem que se unir em torno de um consenso sobre uma mudança mais profunda.

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Sem mudar pontos essenciais na estrutura política a gente pode esquecer voos maiores. No Brasil, pelo menos num horizonte próximo, dificilmente a esquerda governará implementando todas as reformas que espera-se que faça.

Teremos a ideologia conservadora hegemonizando as instituições e governos progressistas operando dentro dessa realidade.

O sonho de um país reformado ampla e radicalmente em sua estrutura é um ideal maravilhoso, lindo pra filosofar na mesa de bar ou para políticos manterem suas igrejinhas nas redes sociais; irresponsabilidade com quem passa fome ou precisa de trabalho pra por o pão na mesa dos filhos. Mas uma coisa é certa: dá pra fazer mais.

A questão é que todos o fatos levam a crer que chegamos ao fim da linha de um modelo; a corda do cabo de guerra da correlação de forças acabou rompendo de vez .

A direita engoliu esse governo, e ele pra sair dessa agora só sai ‘vomitado’. Isso é indigesto demais, duro de admitir, mas se quiser realmente dar uma guinada não há como não olhar para essa realidade.

Hoje, sentado na cadeira de presidente da Câmara está alguém que já deu provas suficientes que serve única e exclusivamente ao grande capital.

Vale lembrar de um episódio importante na sua nefasta trajetória, o dia em que teve que ir lá abrir segunda votação até derrubar a pauta de financiamento de campanha que impedia os negócios daqueles que representa. Ora, não precisa ser muito esperto para juntar peças nesse tabuleiro.

Com quem Temer foi se reunir em São Paulo, esse fim de semana, para anunciar seu “Plano anti-Brasil”?

Por que, logo em seguida, uma cartinha magoada, se fazendo de vítima, no melhor estilo Marina — deixando toda a ambiguidade intencionalmente exposta pra se agarrar depois, conforme o vento soprar na volta?

Essa gente não dá ponto sem nó.

A política que prioriza o emprego, a força do braço do Estado, que se fez mais presente de uns tempos pra cá, vai na contramão do que defendem e contraria a quem estão à serviço.

Cunha, Gilmar, Aécio, Serra, Merval, Temer: todos atuando com empenho na direção do mesmíssimo projeto de nação.

E Janot, que não faz o que deveria fazer? Será só uma “peça decorativa”? O que explica tamanha omissão?

No Brasil, depois de tudo que temos assistido de 2005 pra cá, creio que temos, no mínimo, o sagrado direito a essa dúvida.

É esse o jogo pesado, cheio de mistérios que agora se revelam a cada dia, que está aí, armado e pronto pra engolir a primeira mandatária da nação, atropelar a vontade soberana do povo e, em última análise, extirpar o projeto de país que surgiu há doze anos.

Dilma, agora, tem que sair fortalecida do embate com os ‘roedores’, retirar as lições e partir pra novas costuras. Quem sabe não seja o momento do enfrentamento real que tantos esperam?

Nos próximos dias, serão os fatos que não darão mais alternativa ao governo.

E quando acabar de vez a palhaçada desse golpe fajuto, toda essa canalha sair dos holofotes da Globo direto pra lata de lixo da história, o país voltará à normalidade pra poder encarar seus desafios mais urgentes; que a própria conjuntura atual está nos forçando a ver como inadiáveis: a reforma democrática dos meios de comunicação e de seu sistema político decrépito e comprovadamente insustentável.

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Comentários

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Urbano

Chorume de lixo caseiro já é altamente pernicioso, imagine-se então do lixo radioativo de escroques; não se pode jogar em qualquer canto, não…

FrancoAtirador

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