Igor Felippe: Eleição antecipada é a cereja no bolo dos golpistas

Tempo de leitura: 6 min

ministeriotemer

Por Igor Felippe

Caros amigos e amigas,

Em primeiro lugar, é muito importante o Fórum 21 estimular o debate sobre a antecipação da eleição presidencial, que se configura no principal debate sobre a saída política para a crise que estamos vivendo.

Para começar, há uma palavra de ordem que unifica os setores populares e democráticos, que é “Fora Temer!”

Por trás dessa insígnia, há duas premissas consensuais que compõem a coluna vertebral da nossa resistência desde que Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachment.

Que: o afastamento de Dilma da Presidência da República se configura em um golpe e que o governoTemer será um retrocesso para o país e para o povo brasileiro.

A proposta de realização de um plebiscito para a antecipação da eleição contradita com o caminho que trilhamos até aqui, porque surge como divórcio dessas duas premissas.

A tal nova eleição responde objetivamente apenas à reação ao governo Temer, deixando de lado ou até mesmo abandonando a denúncia do golpe.

A resistência ao golpe foi, justamente, a bandeira que reaproximou a esquerda dos setores democráticos da sociedade brasileira.

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Essa luta levou artistas, intelectuais e personalidades, que se afastaram nos últimos anos, a se reaproximar do nosso campo político.

O exemplo mais recente é a declaração do ator Wagner Moura, denunciando o golpe no Brasil em entrevista nos Estados Unidos.

A proposta de plebiscito de antecipação da eleição, que surgiu como um raio em céu de brigadeiro como uma solução mágica, embora ganhe contornos de consenso, não foi aprovada em espaço nenhum de articulação dos movimentos sociais.

A Frente Brasil Popular, MST, CMP, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular e amplos setores de CUT e PT são contrários à proposta.

A Frente Povo Sem Medo não fechou posição sobre o tema e, pelas diferentes leituras internas, dificilmente chegará a um consenso.

Intersindical, Brigadas Populares, MES/PSOL, por exemplo, são contra nova eleição presidencial.

Ou seja, essa proposta vai prejudicar a unidade da esquerda e restringir a resistência a um dos polos, a oposição ao governo Temer, negociando a luta pela democracia.

Em relação ao debate de mérito, essa proposta não parece ser factível.

Para começar, propor um plebiscito sobre nova eleição — que tem como premissa arregimentar votos para derrotar o impeachment — não parece ter um peso decisivo para sensibilizar o número necessário de senadores.

Muito se fala mas ninguém apresenta a lista dos senadores que mudarão de lado por causa dessa proposta de forma específica.

O Senado Federal está dividido em três grupos, se não aconteceu uma purificação imperceptível para as maiorias: aqueles que são contra o impeachment, aqueles que são a favor e aqueles que estão negociando demandas não muito republicanas com Temer e Dilma – como indicação para cargos, embaixadas, apoios eleitorais etc.

A proposta do plebiscito pode, de certo, ter alguma influência na disputa do setor fisiologista, no entanto, não será o fator decisivo.

Em última instância, será apenas um  argumento para o senador justificar uma mudança de posição para as suas bases, mas a razão será a insatisfação com o governo Temer (pelo não atendimento das demandas) ou a perspectiva de atendimento com o retorno de Dilma, mas não será a motivação.

Vamos fazer um exercício. Em caso de derrota do impeachment, essa proposta não parece factível pelos prazos.

Quando aconteceria o plebiscito? Parece ser impossível realizá-lo em outubro, porque Dilma retornaria em agosto. Em dois meses, o Congresso teria que aprovar o projeto do plebiscito (em meio a eleição municipal) e o TSE presidido por Gilmar Mendes operacionalizar a votação do plebiscito.

Se não for em outubro, vai ser quando?  No ano que vem?

Aprovado o plebiscito, teria que aprovar a PEC, em dois turnos, nas duas Casas.

Pouco provável que esse processo aconteça em menos de seis ou setes meses.  Ou seja, essa eleição aconteceria no final de 2017 ou em 2018…

Ao mesmo tempo, algumas coisas ficam em aberto: até lá, o que impede de cassarem Dilma no TSE do Gilmar Mendes?

O que impede de a OAB entrar com o pedido de impeachment que está na gaveta? Diante dessas manobras, como ficaríamos nós?

A essa altura, teríamos aberto mão da luta contra o golpe para ficar à mercê de um acordo de salão, tendo perdido uma bandeira que tinha nos unido e melhorado nossas condições de sensibilizar a sociedade.

Alguns poderão dizer: se o plebiscito atrasar, é bom, porque a Dilma fica na presidência…

Aí retomo às palavras do Wanderley Guilherme dos Santos: é abusar da disposição democrática do povo brasileiro.

Outros poderão dizer: não, pelo menos barraremos o programa ultraneoliberal do Temer! Será?

Ao hipotecar o retorno ao plebiscito sobre a saída, Dilma voltaria fraca e não teria nenhuma autoridade para enfrentar as forças neoliberais no Congresso nem de liderar a resistência nas ruas.

E desmoralizada ao admitir que não tem condições de governar.

Mesmo com tudo isso,  vamos supor que dê certo, o plebiscito aconteça em outubro e a eleição aconteça o mais rápido possível.

(Uma questão que não vou me alongar é sobre o plebiscito: qual será a nossa posição? Vamos ficar pela permanência da Dilma ou pela saída? Ou vamos nos dividir? Uma proposta que no passo seguinte nos divide não parece muito consequente…)

Plebiscito feito, vamos à eleição! Uma pergunta básica: quais os cenários para esse pleito?

Qual a chance de a esquerda ganhar essa eleição? Em primeiro lugar, no meio dessa crise de cenários imprevisíveis, muitos querem aproveitar e, de forma legítima, se colocar à disposição.

Ou seja, esquerda dividida, assim como em 1989.

Lula é um candidato eterno,  mas as pesquisas mostram que hoje o teto dele é 30%.

Para além disso, ninguém tem garantias de que o ex-presidente quer disputar um mandato tampão e,  muito menos,  se estará elegível ou até mesmo livre das arbitrariedades do juiz Sergio Moro (que liberou grampos ilegais com a Presidenta para inviabilizar sua nomeação como ministro).

Ciro Gomes tem apresentado suas ideias (embora seja contra nova eleição), Roberto Requião olha a crise no PMDB e vê uma oportunidade, Luciana Genro tem o recall da outra eleição (embora defenda eleições gerais), outros sonham com Guilherme Boulos como uma nova liderança…

Com a nova eleição presidencial, há dois cenários.

A trancos e barrancos,  a esquerda ganha!

Porém, vem a pergunta seguinte: como vai governar com esse mesmo Congresso que derrubou a Dilma?

Ou seja,  a crise vai continuar e a instabilidade não vai cessar.

A segunda possibilidade é a esquerda perder.

E teremos um presidente eleito democraticamente, com a legitimidade das urnas para implementar o programa neoliberal, em um quadro de maior estabilidade institucional, porque não haverá mais a sombra do golpe.

Uma pergunta para reflexão: não é melhor enfrentar um governo golpista, ilegítimo, em frangalhos, atingido em cheio pela Operação Lava Jato, com ministros que não se sustentam, que tem propostas que a sociedade rejeita (como mostra a pesquisa Vox Populi)?

Eu acho que sim.

Será que a mobilização nas ruas vai aumentar se entregarmos a cabeça de uma pessoa honrada e honesta como a presidenta Dilma em um acordo de cavalheiros? Não me parece.

O resultado das pesquisas de opinião, que mostra apoio à nova eleição, engana os companheiros comprometidos com um debate honesto.

Essas pesquisas demonstram, no fundo, o ceticismo da população com a política institucional.

O cidadão comum, perguntado sobre o governo Dilma ou Temer, vai desaprovar. No meio dessa crise, nova eleição parece uma saída lógica.

No entanto, a pergunta que falta é: você acredita que o próximo governo eleito nessa nova eleição será melhor? A resposta será não.

Essa argumentação de que “o povo deve dar a última palavra”, na verdade, esconde que o povo já deu a palavra quando elegeu a presidenta Dilma e o seu programa.

Colocar o povo para decidir depois de a Constituição rasgada é botar a cereja no bolo dos golpistas.

A inclusão no plebiscito da pergunta sobre a Constituinte da Reforma Política, na linha de contemplar gregos e troianos na esquerda, foi rejeitada na reunião de senadores e movimentos sociais com a Presidenta na semana passada.

Ou seja, na prática, o que está em debate é apenas o plebiscito da nova eleição.

Embora no papel as duas propostas caibam, são concorrentes enquanto bandeira para saída da crise.

No fundo, expressam táticas e estratégias distintas.

Enquanto alguns defendem mudanças estruturais e desejam mobilizar o povo brasileiro em torno delas, outros acreditam que é possível sobreviver dentro da estrutura política que está aí por meio de acordos e composições.

Companheir@s, ficam esses elementos para a reflexão.

Para encerrar, um registro importante: os setores que se opõem à proposta de nova eleição são justamente aqueles que, há mais de 10 anos, apontam os limites políticos do projeto lulista e já, de certa forma, previam esse desfecho como uma revanche da luta de classes.

Não resolveremos a crise política, econômica, social com um “jeitinho”, um “acordo de gabinete”, um “acerto por cima”, que é a tradição da política brasileira de resolver os problemas de costas para o povo brasileiro.

Ou, como diz Florestan Fernandes: “Um ‘acordo de cavalheiros’, por melhor que seja, satisfaz aos cavalheiros, especialmente se eles se atribuem muita importância e encarem suas deliberações como substitutas da vontade coletiva média ou aproximada do povo”.

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Comentários

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Fátima Espindola

Se a solução é nova eleições, então é a hora CERTA DA REFORMA POLÍTICA tão desejada p/povo, pq. com esses saqueadores q. temos não vão fazer REFORMA nunca,não querem sair do poder. Temos q. tirar esse SENADO E O CONGRESSO q. foi FINANCIADO pelos corruptos, pq. até agr eles não governaram p/o povo e sim p seus financiadores e só próprio. Exemplo, Collor após 8 anos tá no poder como senador, foi o povo q. esqueceu ou foi FINANCIADO? É HORA CERTA DA REFORMA POLÍTICA.

CIDADÃO

Excelente! Aglutinou todas as variantes das possibilidades da crise política neste momento!
Também concordo que a saída não vai ser com acordos!
Pra mim, so com o povao na rua! Sem isso, é enganação! e como otário nesse país não falta pra ajudar a Direita!
A DIREITA BRASILEIRA É ATRAPALHADA!
Já a Esquerda é uma merda! É covarde!
E míope! E não ouve os seus!
ACHO QUE O GOLPE COM TEMER OU SEM TEMER TA EM EXECUÇÃO!
A Direita sabe que a Esquerda não tem união! E não tem coragem pra convocar o seu exército, QUE É O POVÃO!
Esquerda sem periferia já era!
NÃO ESTOU ENTREGANDO OS PONTOS! Sempre estarei na luta!
MAS ESTOU INGNADO COM ESSA ESQUERDA ACOXINADA!
QUER UM EXEMPLO, a propaganda eleitoral do PSOL que foi ao ar ontem, o que foi aquilo? Pra mim foi um partido CAGÃO que vi ontem! salvo o Jeam Welles!

MAAR

O artigo avalia corretamente a conjuntura e desmistifica uma pretensa panacéia.

O texto em tela reflete o fato de que, felizmente, cresce a consciência da cidadania esclarecida acerca da necessidade de pugnar pela coerência diante das claras evidências de que antecipar eleições na atual conjuntura seria a consagração do golpismo.

Além de não ter a mínima chance de resolver a grave crise institucional, decorrente ausência de legitimidade exibida em todos os poderes de nossa espoliada Pindorama, muito provavelmente resultaria em uma quase inevitável vitória eleitoral da direita golpista, o que viria a acarretar uma pseudo legitimação do entreguismo mercenário.

Assim, urge cobrar coerência, agilidade de todos que pretendem ser progressistas.

O problema é que, enquanto tantos tiranos tentam tirar proveito de tudo, e buscam com avidez auferir vantagens a qualquer preço, muitos dos que poderiam e deveriam liderar a defesa da democracia amplificam os cantos de sereia dos golpes dentro do golpe.

Assim, com todo este ruído caquético, poucos tratam do essencial, que é a restauração do Estado Democrático de Direito, vilipendiado pelos deformadores sem mandato. Mas cresce o clamor pelo pleno resgate da legalidade, violada pelo impixe sem crime.

Clair Vergara

Volta Dilma. Depois a gente conversa.

Edemar Motta

Plebiscito para plebiscitar o quê?
Eleições gerais, impraticáveis, impossíveis. Eleições presidenciais: se a esquerda ganha, não governará; se a direita ganha, o golpe estará coroado, legitimado. Dilma voltando, terá de buscar os poucos bons da nação, seja de que partido forem, para montar um governo que, pelo menos, independa e possa confrontar o congresso. Localizar um militar que seja, ao menos, comprovadamente nacionalista para o Ministério da Defesa: trazer Requião, Ciro, Bresser, Lembo, para dentro do governo; enfim, caçar gente honesta e de boa fé esteja onde estiver. No Brasil há homens e mulheres decentes mesmo nas fileiras adversárias, há que chama-los a trabalhar pelo bem do Brasil e não apenas dos rentistas e dos estrangeiros.

Aymar Leme

A luta pela volta de Dilma e a denúncia dos mentores do golpe no Congresso, nos bastidores ou nas instituições, é fundamental. Quem garante que a NSA, ou um outro inimigo, não tenha tomado parte nas manifestações lá atrás, por passe livre, e instigado com as mídias a convulsão social e política? Há quem se venda por pouco e há quem queira mais, a qualquer custo, luxo-dependentes. República, ou lesa-pátria, são noções que eles não discernem. Atualizam a palavra idiota, que já na Grécia antiga designava individuo que vivia unicamente pra seus interesses próprios, seu id, desvinculado da cidadania e da nação. A volta da corajosa e patriótica cidadã Dilma, muito criticada mas honesta presidente, é sim difícil mas não impossível, porque manifesta a vontade da maioria, não só de seus eleitores mas de N outros brasileiros, insatisfeitos com a piora da situação política, e confiantes no espírito republicano da presidente afastada. Reassumindo assim o governo, não lhe faltará nem o apoio e a expectativa da sociedade brasileira por segurança democrática, nem a experiência de um Armando Monteiro, Bresser Pereira, ou de outros conservadores honestos. E estes, junto ao já aprovado na Defesa, Aldo Rabelo, ou o bom PMDB do sen. Requião, ou o franco Ciro Gomes, serão capazes de num governo, legitimo e legitimado, amadurecer e estabelecer um coletivo político apto a promover uma con/c/sertação do Congresso. Se não me falha a memória, na continuidade dos protestos populares em 2013, Dilma propôs, de viva voz, logo calada, a Reforma Política, talvez Assembleia Constituinte. Lapsos, erros, todos cometemos, ás vezes esquecemos, não sabemos nem temos chance de aprender e consertar. Porém acredito que até a Tia Eron, manobrando ainda pela manutenção do mandato de Cunha, e não mais pela Presidência da Câmara, contribuiu para nosso aprendizado. A nação brasileira abriu os olhos para a vida política, não mais lhe dá as costas ou de ombros, e aprende a reconhecer as artimanhas e truques da política, da TV,dos jornais, do Judiciário, na vida e nas ruas. Não podemos superestimar as forças populares, nem subestimá-las. Errando ou acertando, não somos mais analfabetos políticos. Os fascistas, os idiotas, os ladrões, e os que declaradamente afrontam a república e a democracia não são a maioria de nossa população, nem mais nos representarão tão facilmente. Há muitas outras tantas frutas nacionais, além da injuriada jabuticaba, como o sumarento e verdinho umbu, tão doce como a rosada cereja japonesa, ou a vermelhinha pitanga. A esperança resiste, para que não falte nem a tapioca nem o submarino nuclear nem energia, saúde e conhecimento, ao nosso povo para garantir direitos democraticamente conquistados e a conquistar, por autonomia e soberania. O que não mata, fortalece. Fora Temer!

Bel

Estou buscando informações sobre como assistir aos jogos olímpicos desde que não seja na televisão aberta: globo, record, sbt…(apoiadores do golpe). Brasileiro que tem amor à Pátria não deveria dar audiência para veículos de comunicação que apoiaram a ditadura e/ou o golpe contra a presidenta eleita democraticamente Dilma Roussef. Os blogs progressistas poderiam nos orientar de como assistir fora da mídia podre, quem sabe um ¨pacto¨ com alguns canais de televisão da imprensa estrangeira que transmitem os jogos e possam faze-lo mundialmente, via Internet. Me dá ânsia de vômito só em pensar em assistir a televisão que apoiou a ditadura, que nada falou sobre a tortura que os presos e seus filhos sofriam nos porões frios e escuros. Agora querem vender alegria a quem enganaram esse tempo todo. Só idiota ou sem senso de do ridículo para dizer Amém a tudo o que o PIG dita.

FrancoAtirador

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#PrimeiramenteForaTemer

Depois a Gente Conversa.
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    Clair Vergara

    Volta Dilma. Depois a gente conversa.

Eu

Bastante lúcida a analise de Igor Felippe. Contudo, tenho de ponderar que não há a menor chance de haver normalização democrática (não confundir com o retorno de Dilma) enquanto perpetuar-se o absurdo dos meios de comunicação de massa no Brasil, unívocos em sua posição doutrinadora das massas e absolutamente alinhados com o poder do capital financeiro. Se Temer cometer uma atrocidade qualquer, será apenas substituído por outro da camarilha, pois no momento é assim que os “donos do poder” desejam. E assim será. Afinal, quem consegue bater de frente com o poder doutrinador da televisão de sinal aberto junto às categorias menos esclarecidas e mais numerosas da população? Mudar o regime de concessões da mídia e modificar, assim, a composição do Legislativo deveria ter sido prioridade, quando Dilma teve a chance de fazê-lo. Agora isto não acontecerá nunca mais. A direita já viu que esperar pelo fracasso da esquerda não dá certo, e não correrá mais riscos. Sinceramente, tanto faz agora espernear por eleições já (inviáveis) ou contra o gabinete golpista (trabalho de Sísifo). O Estado social será assassinado, sob o aplauso dos rentistas, da minoria fascista e dos arrivistas sociais. E sob a indiferença da maioria televidiota.

assalariado.

Fazer plebiscito ou não, nestas alturas do golpe seria, mesmo com a volta dona Dilma, um tiro no nosso pé. Faca de dois gumes!! Explico: Tá mais do que claro, a HEGEMONIA política no parlamento pertence a classe burguesa. Portanto, seja qual for o (governo da vez) os donos do capital estão nadando de braçada, impondo seus ”direitos” capitalistas, enquanto exploradores do Estado suas instâncias e suas estatais. Um porém, em caso de eleição e a direita ganhar, estaremos passando um cheque em branco para a burguesia HEGEMÔNICA nas cadeiras do Congresso, no que diz respeito aos direitos de nós assalariados e os fodidos pátria. Não vejo como retornar deste patamar/ impasse na luta de classes. Estamos numa encruzilhada, não há como remediar o estágio de putrefação atual, do modo financeirizado da (des)produção capitalista. Qual é a saída? Todas possíveis, desde que, o centro da luta seja continuarmos nas ruas, tentando quebrar a HEGEMONIA midiática e sua pauta neoliberal. Mas, tem uma situação que me preocupa: os assalariados em grande maioria, está de espectador, quando numa primeira atacada, o golpe será direto nos bolsos dos moradores do andar debaixo da sociedade. Será que caberia panfletar, massivamente, os terminais de trens, ônibus, Metro, … Pois, minha culta ignorância politica diz que, as chamadas para as lutas, via redes sociais, estão no limite e não atinge o publico das fabricas/ escritórios, … Pois é, o centro nervoso do CAPITAL, ainda continua a ser portas de fabricas/ escritórios. E quem prova o contrário (?!)

Bacellar

2 elementos para pensarmos:

1-A mídia corporativa e o núcleo institucional golpista parecem iniciar a segunda etapa de seu plano de tomada de poder; a normalização do governo Temer. Após uma enxurrada de medidas estapafúrdias Temer anda sumido (o tal fazer “fazer o mal rápido”). A publicidade e a mídia (essas monstruosas irmãs xifópagas) já entraram de cabeça num clima de otimismo e boas notícias. Todo o tom está mudando do caos e terror para o velho brasilzão maravilha. Como sempre a estratégia é antiga e primária; instalar o problema pra vender solução. Cortinas de fumaça como o fim do Minc demonstram isso. Os algorítimos das novas mídias já trabalham para arrefecer a resistência da esquerda e iniciar a mudança de foco do golpe para as eleições municipais.

Manter a pressão sobre o governo golpista é chave, demonstrar para os gringos que chegam para os JOs que estão desembarcando em meio a um golpe de estado é fundamental.

2-Ninguém é dono da verdade porém é fato que o “sim” no plebiscito é imbatível. Partem já de 100% dos votos em Aécio e avançam em boa parte dos votos em Dilma. Realizar novas eleições num processo atabalhoado seria demonstrar que o Brasil é capaz de barrar um golpe de estado em primeira instância porém incapaz de fazer valer a democracia perenemente, um remendo democrático quase tão feio quanto a vergonha golpista. Marina viria fortíssima e o PSDB parece estar contente com a função de poder regional no sul-sudeste e iminência parda de um governo “mercadista”. Vencendo um candidato de esquerda mídia e financistas voltarão à carga. Vencendo um candidato de centro ou direita terão todas as desculpas da “herança maldita”. Particularmente penso ser uma grande arapuca.

Sim qualquer saída razoável implica negociar em alguma medida com a plutocracia. Não, não podemos retomar mais a estrutura exata do “lulismo” da década passada. O ideal é inviabilizar o golpe de estado e obrigar as forças golpistas a recuarem tendo absolutamente claro que tal recuo não significará rendição.

O Brasil está no fio da navalha; pendendo entre um totalitarismo disfarçado ultra neoliberal (retrocesso de anos!), desestabilização social (que tenderá com o tempo para o mesmo tipo de totalitarismo porém ainda mais desabrido) ou a repactuação sob novas bases de acordos (único cenário com potencial positivo. E vejam bem…Potencial). Gostaria de crer no sonho da vitória total e reformulação completa do Brasil sob comando das bases sociais, que percebo em muitos companheiros, porém penso ser completamente inviável, um grau de maturação social ainda muito distante.

Seguimos na luta.

Sidnei Brito

Perfeito!
A argumentação salva a pobreza pragmática de minha posição contrária a novas eleições, que se resume ao singelo fato que, com o golpe parlamentar em curso, nosso voto simplesmente passou a não valer nada.
Se o voto não vale nada agora, o que garante que em novas eleições eles valeriam alguma coisa?

mario filho

Acho o oposto do cenário de a esquerda ganhar num eleição antecipada. Pelo recrudescimento da nova extrema direita pipocando aqui e acolá tendo como epicentro SÃO Paulo e tentáculos em Brasília, acho que a mídia investiria massivamente nas candidaturas de certos juízes e BOLSOnaro atendendo a um atavismo brasileiro por salvadores da pátria, seja de esquerda ou de direita e aí um novo Macri na AL é consenso da direita transnacional desde Washington até Buenos Aires e o Brasil ,aí sim,será a cereja do bolo dos anti-brics…

João Maringá

Caro Igor, com todo respeito que tenho a você e às suas reflexões, o que tenho como análise é que o dia seguinte após a volta de Dilma é uma incógnita.
Temos, de concreto, QUE NÃO TEMOS 1/3 dos deputados federais (se o tivéssemos, o impeachment não teria caminhado).
Então, penso que Dilma voltar com uma proposta, com uma luz no fim do túnel (que não seja um trem vindo em cima) dará fôlego e sustentabilidade ao seu governo para poder governar enquanto o plebiscito não sai.
E, peço vênia (como diriam os advogados), para discordar dessa análise de quem está defendendo o plebiscito defende o golpe. Tem setores sérios da esquerda, inclusive meu Partido (PCdoB) que defende o plebiscito, mas que não podem ser considerados golpistas. Diga-se de passagem os parlamentares do PCdoB, na grande maioria das vezes, defendem mais a Dilma do que setores do próprio PT.
Saudações, e não esqueçamos, FORA TEMER!!!

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