É preciso preservar o Masp
20 de novembro de 2013 | 2h 13
Editorial de O Estado de S.Paulo, sugerido pela MA
Triste destino o do vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), instituição que tem um dos mais importantes acervos artísticos da América Latina. Primeiro, tornou-se um símbolo do desrespeito às regras que devem pautar as manifestações públicas. Qualquer grupo que deseja apresentar reivindicações ou protestar se julga no direito de ocupar esse espaço, para nele começar ou terminar manifestações, cujo palco é a Avenida Paulista. Como se isso não bastasse, ele agora virou — no intervalo entre uma manifestação e outra — lugar de reunião de dependentes de droga, com o sério risco de virar uma espécie de minicracolândia.
Já há algum tempo que os frequentadores do Masp e os milhares de pessoas que passam diariamente por ali podem observar o número crescente de dependentes e traficantes que se reúnem no vão livre e nas imediações. É lamentável, mas não surpreendente, portanto, o que aconteceu com a exposição do fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand, que se realizava no vão livre. Por causa do incômodo causado tanto a espectadores como a monitores por dependentes e moradores de rua, que já se julgam donos desse espaço, os organizadores da exposição e a direção do Masp tiveram de encerrá-la antes do previsto.
A exposição, montada originalmente em Paris, já foi levada a 110 países e, no Brasil, passou por três outras cidades – Rio, Brasília e Belo Horizonte, atraindo em todas elas grande número de visitantes — antes de chegar a São Paulo. Só aqui a falta de segurança levou a esse desfecho lamentável.
Quando, na quinta-feira da semana passada, já era evidente que a presença de dependentes e moradores de rua no vão do Masp ameaçava a mostra, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, em resposta a uma indagação a respeito feita pela reportagem do Estado, informou que a Inspetoria Regional da Avenida Paulista enviara uma viatura para o local e a Guarda Civil Metropolitana ia intensificar suas rondas. A Polícia Militar assegurou estar fazendo o mesmo, depois de alertada do problema pelo setor de segurança do Masp, já tendo prendido três pessoas por porte e uso de drogas nas imediações do museu.
Como nada disso alterou a situação que levou ao encerramento da exposição, só se pode concluir que as autoridades tanto municipais como estaduais não deram ao caso a atenção que ele merecia. As tímidas medidas tomadas ou prometidas parecem indicar que para o poder público não vale a pena um esforço maior para desalojar os dependentes, traficantes e moradores de rua que estão tomando conta do vão livre do Masp.
Uma forma de livrar o local tanto deles como dos manifestantes é cercar o Museu. Isso “não eliminaria o problema, mas amenizaria a situação”, segundo o curador do Masp, Teixeira Coelho, mas todos os pedidos feitos nesse sentido pela instituição foram rejeitados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para o Iphan, tem de ser mantido o projeto arquitetônico original do museu, que prevê acesso irrestrito ao vão livre. O curador considera “um atraso essa posição do Iphan, pois a São Paulo de hoje não é a mesma da época em que o Masp foi inaugurado”.
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Com uma cerca, se o Iphan se render à nova realidade da cidade, ou com uma ação enérgica da polícia, o que importa é que o vão livre do Masp não pode continuar como está. É inadmissível que uma instituição cultural dessa importância tenha a sua segurança e a de seus frequentadores – o Masp é um dos locais da cidade mais visitados por paulistanos e turistas – ameaçadas por viciados, traficantes e grupos de manifestantes que se julgam acima das leis e dos direitos dos demais cidadãos. O Masp não pode ser reduzido à vulgar condição de “casa da sogra”, onde qualquer um faz o que bem entende.
Isto é algo simplesmente impensável em qualquer museu da Europa e dos Estados Unidos, onde o patrimônio cultural é preservado a todo custo. Esse é o bom exemplo que temos de seguir, sem medo de para isso ter de recorrer à força policial para colocar cada um no seu devido lugar.
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Comentários
Márcio Gaspar
Que sabe no futuro, se a proposta do Estadão for aceita, o Estadão possa participar da inauguração do novo “Vão preso do Masp”.
Gerson Carneiro
“Já há algum tempo que os frequentadores do Masp e os milhares de pessoas que passam diariamente por ali podem observar o número crescente de dependentes e traficantes que se reúnem no vão livre e nas imediações”
Ou seja, O abEstadão quer dizer o seguinte:
Desde 1ª de janeiro de 2013 que os frequentadores do Masp e os milhares de pessoas que passam diariamente por ali…
killimanjaro
risos
ja fumei tantos baseados nesse vão….
se cercarem o vão com grade a criatividade dos trabalhadores de escritório da região da paulista vai diminuir muito, além do nível de stress subir consideravelmente.
Ali num tem mto crackudo, fuma-se mesmo é maconha!
LEGALIZE!
Edaurdo
Trabalho há 2 quadras do MASP, a exposição que o jornaleco diz ter sido obrigada a encerrar antes continua lá, intacta.
De onde se tirou essa “informação”?
Bacellar
Palavras de um ex-colega lá do IPHAN sobre esse absurdo ridículo:
“As declarações do curador do MASP, Teixeira Coelho nesta matéria são levianas e mentirosas, visto que nenhum projeto de cercamento do Vão Livre foi apresentado ao IPHAN e a nenhum outro órgão de preservação (condephaat e comprespe) para analise. Logicamente se fosse apresentado, a resposta seria sumaria, como nos tempos do mestre Lúcio Costa:
“Não, naturalmente!”
Cabe lembrar ainda que por ocasião de doação do lote (que era privado) ao Poder Público Municipal havia um gravame, que aquela área deveria ficar livre e desimpedida para o desfrute da vista que se descortinava do espigão da Avenida Paulista, em direção ao centro da cidade.
Foi construído então o Belveder Trianon, com projeto de Ramos de Azevedo.
Este gravame foi inclusive determinante para o partido arquitetônico do novo edifício do MASP projetado pela Lina Bo Bardi, definido em duais partes: uma suspensa e outra subterrânea, ficando o vão livre como um grande espaço público para convívio e propício a a várias formas de apropriação.
Sendo assim o BELVEDER TRIANON permanece.
O vão livre portanto, não é de MUSEU muito menos DO MASP, e as questões de segurança são as mesmas de qualquer outro logradouro público na cidade de São Paulo.”
angelo
…sem medo de para isso ter de recorrer à força policial para colocar cada um no seu devido lugar…”
Já li esse filme antes…24 depois de pedirem rigor policial, após jornalistas serem gravemente feridos, deram um 180º na opinião, na maior cara de pau.
“…colocar cada um no seu devido lugar… = Ora, bolas, afinal, lugar de sem-teto, conforme auto-explica o termo, é debaixo de chuva.
Paulo Guedes
Onde está a segurança pública, Sr Geraldinho “Opus Dei” Chuchu Alckmin? Ou é problema do GF a segurança da Av Paulista?
André LB
O Ex-tadão, ou melhor, Feudão e seus editoriais no mínimo ranhetas. Oras, eu passo em frente ao MASP com frequência e não vejo essa horda de dependentes. Ponha-se 4 guardas ali e pronto.
O que o editor quer, deixando sua própria bile falar, é tirar espaço de manifestação. O fato do espaço de um museu ser tão vivo deveria ser motivo de orgulho, mas sabem como é, coisa nova ou diferente que comece em país periférico é feia, ridícula, brega… se fosse nos EUA o editor lamentaria que no Brasil esse tipo de coisa é impensável, que brasileiro tem ojeriza a museu, e por aí vai. Coxinha sem-vergonha.
L.R.
De fato.
Repare na progressiva vilificação dos objetos da “indignação” do editorialista do jornalão: “…moradores de rua, dependentes… viciados, traficantes…” para fechar com chave de ouro “… e grupos de manifestantes”. Esses sim, na cabeça medieval do indignado, é o “lastimável” e derradeiro resultado da progressiva degradação daquele espaço. E ainda por cima, sugere que já opera hoje uma “Cracolândia” (?!) no local, a se resolver apenas com ‘cadeia e cercamentos’. Haja bobagem!
ejedelmal
Isso é porque eles só conseguem manifestações de multidinha.
Francisco
O problema é que um museu deveria ser um local em que jovens e crianças pudessem ir sem susto, até mesmo sozinhas.
A liberdade de fumar crack já destruiu o uso que o brasileiro fazia das praças e ruas, que mais virá?
Salvador é um inferno. Turista não pode encostar em lugar nenhum que chega o pessoal que tenta obstinadamente o suicídio, mas adota o caminho mais longo para atingir seu objetivo.
A baiana do acarajé tem prejuízo, o vendedor de fitinhas do Bonfim tem prejuízo, o vendedor de cafezinho tem prejuízo. E tem prejuízo a cobrança de impostos.
Ou seja, nós todos temos prejuízo por que alguém acha “legal” ser “livre”.
O MASP, como o Pelourinho, são “vãos abertos”. Cercar? Sou contra. Quem tem “dindin” pega um avião e vai ver a exposição num país qualquer onde haja policia. Eu e a maioria ficaremos aqui, trancados em casa.
Os abonados vão ver a exposição na Holanda, talvez, onde se fuma de tudo mas onde cada “doidão” tem juízo suficiente para saber que não existe sociedade organizada sem autoridade. Os doidões de lá sabem que há e quem a detem.
Quem possui a autoridade não é a policia: é a maioria. É ela que legitima todo e qualquer ato da policia. ” – Quem não gostar de alguma eventual violência que vá para o Brasil, diriam os holandeses.”.
E dizem com razão. Sou contra cercar o MASP, o Pelourinho e todos os lugares turísticos do Brasil, privatizados pelo crack. Eles devem ser expulsos desses locais pelos meios que a maioria democrática da sociedade determinar como válidos. Minorias são respeitadas (no caso com tratamento em CAPS – AD e uma já abusada paciência), mas minorias não governam: isso seria ditatorial.
Quem não gostar de democracia, pode tentar ver se essa conversa cola em Amsterdã…
Bacellar
Não se fuma crack no vão livre do Masp.
Fred
Francisco,
parabéns pelo comentário lúcido e sensato.
FrancoAtirador
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Quiçá, mandem gradear o ‘vão livre’,
depois coloquem uma cerca elétrica,
e, por fim, larguem atrás das grades
os Pitbulls e os Rottweilers
dos Marinho, dos Civita,
dos Frias e dos Mesquita.
Que tal? Não é uma boa solução?
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FrancoAtirador
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Em Tempo:
Mas não deixem a Porquinha Ronca-e-Fuça
adentrar o MASP, porque pode dar Zebra…
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Aliás, poderia transformar o museu em Zôo.
Enviaria para lá Tucanos, Corvos, Lobos,
Abutres, Raposas e Urubus Midiáticos.
E colocaria o Cachoeira de Administrador.
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