Daniel Alves, a banana e as críticas ao oportunismo na internet

Tempo de leitura: 6 min

Camisetas colocadas à venda por Luciano Huck na internet (foto UOL)

Charge de Vitor Teixeira, via Facebook

Fotomontagens compartilhadas por Gerson Carneiro no Facebook

Contra o racismo nada de bananas, nada de macacos, por favor!

À esquerda, foto de Neymar em apoio a Daniel Alves; À direita foto de Ota Benga, Zoológico do Bronx, Nova York, em 1906.

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 Por Douglas Belchior, na CartaCapital

A foto da esquerda todo mundo viu. É o craque Neymar com seu filho no colo e duas bananas, em apoio a Daniel Alves e em repulsa ao racismo no mundo do futebol.

Já a foto à direita, é do pigmeu Ota Benga, que ficou em exibição junto a macacos no zoológico do Bronx, Nova York, em 1906. Ota foi levado do Congo para Nova York e sua exibição em um zoológico americano serviu como um exemplo do que os cientistas da época proclamaram ser uma raça evolucionária inferior ao ser humano. A história de Ota serviu para inflamar crenças sobre a supremacia racial ariana defendida por Hitler. Sua história é contada no documentário “The Human Zoo”.

A comparação entre negros e macacos é racista em sua essência. No entanto muitos não compreendem a gravidade da utilização da figura do macaco como uma ofensa, um insulto aos negros.

Encontrei essa forte história num artigo sensacional que li dia desses, e que também trazia reflexões de James Bradley, professor de História da Medicina na Universidade de Melbourne, na Austrália. Ele escreveu um texto com o título “O macaco como insulto: uma curta história de uma ideia racista”. Termina o artigo dizendo que “O sistema educacional não faz o suficiente para nos educar sobre a ciência ou a história do ser humano, porque se o fizesse, nós viveríamos o desaparecimento do uso do macaco como insulto.”

Não, querido Neymar. Não somos todos macacos. Ao menos não para efeito de fazer uso dessa expressão ou ideia como ferramenta de combate ao racismo.

Mas é bom separar: Uma coisa é a reação de Daniel Alves ao comer a banana jogada ao campo, num evidente e corriqueiro ato racista por parte da torcida; outra coisa é a campanha de apoio a Daniel e de denúncia ao racismo, promovida por Neymar.

No Brasil, a maioria dos jogadores de futebol advém de camadas mais pobres. Embora isso esteja mudando – porque o futebol mudou, ainda é assim. Dentre esses, a maioria dos que atingem grande sucesso são negros. Por buscarem o sonho de vencer na carreira desde cedo, pouco estudam. Os “fora de série” são descobertos cada vez mais cedo e depois de alçados à condição de estrelas vivem um mundo à parte, numa bolha. Poucos foram ou são aqueles que conseguem combinar genialidade esportiva e alguma coisa na cabeça. E quando o assunto é racismo, a tendência é piorar.

E Daniel comeu a banana! Ironia? Forma de protesto? Inteligência? Ora, ele mesmo respondeu na entrevista seguida ao jogo:

“Tem que ser assim! Não vamos mudar. Há 11 anos convivo com a mesma coisa na Espanha. Temos que rir desses retardados.”

É uma postura. Não há o que interpretar. Ele elaborou uma reação objetiva ao racismo: Vamos ignorar e rir!

Há um provérbio africano que diz: “Cada um vê o sol do meio dia a partir da janela de sua casa”. Do lugar de onde Daniel fala, do estrelato esportivo, dos ganhos milionários, da vida feita na Europa, da titularidade na seleção brasileira de futebol, para ele, isso é o melhor – e mais confortável, a se fazer: ignorar e rir. Vamos fazer piada! Vamos olhar para esses idiotas racistas e dizer: sou rico, seu babaca! Sou famoso! Tenho 5 Ferraris, idiota! Pode jogar bananas à vontade!

O racismo os incomoda. E os atinge. Mas de que maneira? Afinal, são ricos! E há quem diga que “enriqueceu, tá resolvido” ou que “problema é de classe”! O elemento econômico suaviza o efeito do racismo, mas não o anula. Nesse sentido, os racistas e as bananas prestam um serviço: Lembram a esses meninos que eles são negros e que o dinheiro e a fama não os tornam brancos!

Daniel Alves, Neymar, Dante, Balotelli e outros tantos jogadores de alto nível e salários pouca chance terão de ser confundidos com um assaltante e de ficar presos alguns dias como no caso do ator Vinícius; pouco provavelmente serão desaparecidos, depois de torturados e mortos, como foi Amarildo; nada indica que possam ter seus corpos arrastados por um carro da polícia como foi Cláudia ou ainda, não terão que correr da polícia e acabar sem vida com seus corpos jogados em uma creche qualquer. Apesar das bananas, dificilmente serão tratados como animais, ao buscarem vida digna como refugiados em algum país cordial, de franca democracia racial, assim como as centenas de Haitianos o fazem no Acre e em São Paulo.

O racismo não os atinge dessa maneira. Mas os atinge. E sua reação é proporcional. Cabe a nós dizer que sua reação não nos serve! Não será possível para nós, negras e negros brasileiros e de todo o mundo, que não tivemos o talento (ou sorte?) para o estrelato, comer a banana de dinamite, ou chupar as balas dos fuzis, ou descascar a bainha das facas. Cabe a nós parafrasear Daniel, na invertida: “Não tem que ser assim! Nós precisamos mudar! Convivemos há 500 anos com a mesma coisa no Brasil. Temos que acabar com esses racistas retardados, especialmente os de farda e gravata”.

Quanto a Neymar, ele é bom de bola. E como quase todo gênio da bola, superacumula inteligência na ponta dos pés. Pousa com seu filho louro, sem saber que por ser louro, mesmo que se pendure num cacho de bananas, jamais será chamado de macaco. A ofensa, nesse caso, não fará sentido. Mas pensemos: sua maneira de rechaçar o racismo foi uma jogada de marketing ou apenas boa vontade? Seja o que for, não nos serve.

Sou negro, nascido em um país onde a violência e a pobreza são pressupostos para a vida da maior parte da população, que é negra. Querido Neymar – mas não: Luciano Hulk, Angélica, Reinaldo Azevedo, Aécio Neves, Dilma Rousseff, artistas e a imprensa que, de maneira geral, exaltou o “devorar da banana” e agora compartilham fotos empunhando a saborosa fruta, neste país, assim como em todo o mundo, a comparação de uma pessoa negra a um macaco é algo culturalmente ofensivo.

Eu como negro, não admito. Banana não é arma e tampouco serve como símbolo de luta contra o racismo. Ao contrário, o reafirma na medida em que relaciona o alvo a um macaco e principalmente na medida em que simplifica, desqualifica e pior, humoriza o debate sobre racismo no Brasil e no mundo.

O racismo é algo muito sério. Vivemos no Brasil uma escalada assombrosa da violência racista. Esse tipo de postura e reação despolitizadas e alienantes de esportistas, artistas, formadores de opinião e governantes tem um objetivo certo: escamotear seu real significado do racismo que gera desde bananas em campo de futebol até o genocídio negro que continua em todo o mundo.

Eu adoro banana. Aqui em casa nunca falta. E acho os macacos bichos incríveis, inteligentes e fortes. Adoro o filme Planeta dos Macacos e sempre que assisto, especialmente o primeiro, imagino o quanto os seres humanos merecem castigo parecido. Viemos deles e a história da evolução da espécie é linda. Mas se é para associar a origens, por que não dizer que #SomosTodosNegros ? Porque não dizer #SomosTodosDeÁfrica ? Porque não lembrar que é de África que viemos, todos e de todas as cores? E que por isso o racismo, em todas as suas formas, é uma estupidez incompatível com a própria evolução humana? E, se somos, por que nos tratamos assim?

Mas não. E seguem vocês, “olhando pra cá, curiosos, é lógico. Não, não é não, não é o zoológico”.

Portanto, nada de bananas, nada de macacos, por favor!

Leia também:

Tião Viana, governador do Acre, diz que elite paulista tem medo dos haitianos

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Comentários

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Antonio

FORA DE PAUTA

O pronunciamento de Dilma no primeiro de maio, dia do trabalhador:

http://youtu.be/6WpNChMzlFg

Wagner Menke

Err… melhor do que dizer que viemos dos macacos é dizer que temos um antecedente em comum com os mesmos.

Sim, sou aquele tipo de chato que gosta de fazer correções. :-)

FrancoAtirador

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Utilidade Pública
Saúde

Atenção Macacada!
Banana é nutritiva,
mas não não previne
nem cura câncer.
E, se for transgênica,
até pode provocar.

O risco de um primata de pele clara (com menos melanina)

desenvolver melanoma (o tipo mais grave de câncer de pele)

é 20 vezes maior que o de primatas de tez escura (com mais melanina).

Hominídeos de olhos e cabelos claros também têm mais predisposição

a adquirir câncer de pele do que os de cabelos pretos e olhos castanhos.

Leia mais em:

(http://www.viomundo.com.br/blog-da-saude/saude/quer-se-bronzear-de-forma-saudavel-a-doutora-soraia-aracele-da-todas-as-dicas.html)
(http://orientacaomedicaessencial.com.br/melanoma-diagnostico-fatores-risco-prognostico-prevencao)
(http://migre.me/j0779)
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Leia também:

Milho transgênico tratado com herbicida aumenta incidência de câncer em ratos

(http://www.viomundo.com.br/falatorio/milho-transgenico-tratado-com-herbicida-aumenta-incidencia-de-cancer-em-ratos.html)
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Silvio Tendler apresenta “O veneno está na mesa 2″

Após impactar o Brasil mostrando as perversas consequências do uso de agrotóxicos em O Veneno está na Mesa, o diretor Sílvio Tendler apresenta no segundo filme uma nova perspectiva.

O Veneno Está Na Mesa 2 atualiza e avança na abordagem do modelo agrícola nacional atual e de suas consequências para a saúde pública.

O filme apresenta experiências agroecológicas empreendidas em todo o Brasil, mostrando a existência de alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis, que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores.

Com este documentário, vem a certeza de que o país precisar tomar um posicionamento diante do dilema que se apresenta:
Em qual mundo queremos viver?
O mundo envenenado do agronegócio
ou da liberdade e da diversidade agroecológica?

Filme: “O veneno está na mesa 2″
Direção: Silvio Tendler
Realização: Caliban Cinema e Conteúdo
Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida
Fiocruz
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
Bem Te Vi
Cineclube Crisantempo

(https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4)

(http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/silvio-tendler-apresenta-o-veneno-esta-na-mesa-2.html)
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RAUL ALVES

Realmente, cada um vê o sol do meio dia da sua janela. Neymar , sem dúvida, é um alienado político,porém não por conta de sua suposta origem, mas como 90% da população brasileira, incluindo a classe média, mesmo aquela que frequenta a academia. Mas, tudo indica que não conheço Neymar tanto quanto o autor do texto para avaliar o nível de sua alienação. O pai de Neymar não me pareceu um sujeito tão alienado como supõe o modelo acadêmico ( a janela da qual o autor vô o sol) generalista do articulista. Um alienado não teria condições de dirigir tão bem como dirigiu a carreira do filho, dispensando os “empresários” corriqueiros, a ponto de ter negociado um contrato para o filho que nenhum outro empresário do ramo conseguiria, o que denota acurada inteligência e olhar de homem de negócios que demanda certa cultura geral acima do normal. Bem, eu, que não sou acadêmico, repito, me atenho ao significado dos gestos e dos fatos, dispensando elucubrações com ares de tese de mestrado. Na minha interpretação objetiva, alguém lançou uma banana na direção de Daniel Alves. Esse gesto, independentemente de qualquer pessoa, significou uma ofensa dirigida a Daniel equivalente a afirmação “Daniel é um macaco”. Contudo, Daniel não é um macaco, e todos homens dotados de inteligência e que não sejam desonestos intelectuais sabem disso. Daniel é um ser humano. Portanto, se alguém afirma que “Daniel é macaco”, então, “todos somos macacos”. Fim de papo! Pouco importa se os famosos aderiram à campanha. Melhor que tenham feito ( como o fizeram em outras oportunidades a propósito de outras campanhas). Pouco importa se o Reinaldo Azevedo comeu a banana. O significado da campanha para as pessoas comuns é o de um combate ao racismo. Não adianta o articulista não gostar que assim o seja e deitar falações eruditas para negar esse fato. Tudo o que terminei lendo não passa de sofistica sofisticada de acadêmico de esquerda, absolutamente dispensável para focalizar o que ocorreu desde o momento em que Daniel comeu a banana. A propósito: quer dizer que se Daniel e Neymar não fossem alienados eles não comeriam a banana? Os protestos deles perderam a validade porque eles, por serem alienados, não acreditam que esse quadro irá mudar e o melhor é levar na brincadeira? .Eu, que não sou acadêmico, constato uma discussão não apenas nacional, mas mundial, contra o racismo deflagrada pelo ato de Daniel, seguido da foto de Neymar . Sei que essa discussão é efêmera. Não durará muito! Seja por força da lógica diversionista da mídia, seja por teorizações diletantes como esse artigo que nos diz professoralmente “essa não é uma maneira correta de lutar contra o racismo”. Entretanto, o que me interessa é o fato de que estou vendo um monte de gente debatendo o racismo. Neymar, que,ainda ontem, declarou que não era negro e não temia ser discriminado na Espanha como Roberto Carlos, já não pôde continuar pensando mais assim ( já não é tão alienado como antes) e, por isso, quis fazer alguma coisa, deu uma resposta imediata. E mais, por ser famoso, o melhor jogador brasileiro no presente, seu gesto teve repercussão. Esta repercussão foi profundamente positiva na luta contra o racismo. Assim, o que me interessa é a percepção de que , até o momento em que Daniel comeu a banana, não tínhamos um impacto tão grande e positivo na opinião pública contra o racismo nos gramados europeus. Esse é o resultado objetivo. Toda ruído academicista para além desse resultado concreto passa longe do olhar do povo que costuma sofrer com as consequências do racismo sem, entretanto, debatê-lo, contestá-lo. É totalmente ocioso tirar conclusões que extrapolam esses fatos. Daniel ao comer a banana ridicularizou o seu agressor. Neymar buscou manifestar-se contra o racismo , sacudido de sua alienação inicial, e o fez como pôde e de forma até inteligente, porque não podia encontrar um discurso contra o racismo elaborado pelos que lutam nos movimentos sociais. Uma reação espontânea , diria Lênin. Imperfeita, concordo, porém válida ( nos diria outra vez Lênin). Se Daniel Alves é macaco, então, todos ( em sentido amplo, de humanidade), inclusive o que atirou a banana, somos macacos. Essa lógica elementar foi imediatamente aceita por todo mundo. Ninguém está desconsiderando a ofensa recorrente contra os negros, quando lhes estigmatizam como macacos. O “todos somos macacos” tem justamente o significado oposto disso, é a negação desse estigma. O estigma de “macacos” não pode ter validade quando todos são atingidos por ele. Eu, que luto contra o racismo desde os 8 anos de idade quando me indignou a ofensa racista contra aquele que ainda hoje se conta entre os meus melhores amigos, me somo ao gesto do Daniel e do Neymar e como a banana. Considero o protesto eficiente, conforme demonstram a repercussão do ato. Lamento apenas a fugacidade da campanha.

Debora

MUITO BOM O COMENTARIO.MAS QUE FIQUE CLARO UMA COISA: NAO VIEMOS DOS MACACOS SOMOS CRIADOS POR DEUS. FOI ELE QUE NOS FEZ HOMEM E MULHER!

    Conceição Lemes

    Letras minúsculas nos comentários, por favor. abs

Ricardo Homrich

Excelente o texto. Quem viu críticas do autor ao gesto do Daniel Alves, que leia novamente.
A crítica não foi no gesto espontâneo de comer a banana e desdenhar da atitude odiosa do racista. Recaiu na entrevista depois do jogo, ao manifestar pouco caso com esse casos, falar que está acostumado.
Nesse momento que as declarações do jogador fizeram com que o autor lembrasse as diferenças nos efeitos do racismo em ricos e em pobres.
Particularmente nem acho que o Daniel tem incutida essa ideia de que por ser rico não importa. Claro que isso não o afetará economicamente, nunca.
Acredito que ele cansou de esperar por medidas efetivas das entidades esportivas, dos clubes, da sociedade em geral, para enfrentar o racismo. Os esportes carecem de punições exemplares para esses casos. Ainda mais se considerarmos que crianças e adolescentes acompanham esses jogos. Que lição tirarão desses episódios de racismo e também dos de violência ???

Parabéns pelo texto.

Rodrigo Granato

O que muitas vezes esquecemos é que o preconceito existe desde a antiguidade e é constate na sociedade em que vivemos. Se o preconceito realmente não existisse estaríamos vivendo numa sociedade igualitária, o que não acontece. As práticas racistas estão sendo muito repercutidas pela mídia no contexto atual como aconteceu com o jogador Mario Balotelli que deixou a partida chorando diante de tanta humilhação. O jogador Paulo César Tinga também demonstrou total tristeza em um jogo que ao pegar na bola quase todos torcedores do estádio imitavam o som de um macaco.Enfim, o que deve ser feito é banir essas pessoas de entrarem em um estádio, já que não sabem conviver em grupo. Atacar banana contra Daniel Alves foi o cúmulo, já que banana não é arma e sim alimento. Altos índices de mortes relacionadas a desnutrição e fome, e essas pessoas cometendo atitudes como estas. O que muitas vezes essas pessoas não sabem e convivem é com a pobreza e com a miséria. Dos apartamentos de luxo não dá para ver esse outro lado. Não somos macacos e sim seres humanos!

Ocimar Soares

Quanta babaquice desse idiota chamado Neymar e dos seus imediatos seguidores sem noção, ridículo o que ele fez e o fez por que não tem conhecimento da causa um completo ignorante.

Valter

Daniel Alves fez o que todos deveriam fazer.
Comer o preconceito e fazer um cocô em forma de suástica.
Sejam ricos ou pobres, os negros tem que seguir com suas vidas buscando sempre o sucesso. Não tem nada a ver com as 5 ferraris ou salário, tem a ver com cobrar penas mais duras para os preconceituosos. Esse mesmo país do Zoo do Bronx é o mesmo que multou em milhões o dono do LA Clippers, fez perder patrocínios e o força agora a vender sua franquia por não ser digno de estar no NBA, essa é a resposta que a sociedade tem que dar. A vida deste cara agora estará na lama, é uma pena mais dura do que tirar um carnê de ingressos e banir do estádio.

Joca de Ipanema

Não entendi o posicionamento do Sr. Belchior. O gesto de Daniel Alves foi magnífico. Tratou com desdém as ofensas burras, de maneira impávida. O gesto de Neymar também. Aliás, ele, mais do que ninguém, sente na pele diariamente esse problema dos que tentam sombrear seu gênio com manifestações grosseiras e primárias. Quanto aos demais, como Hulk e Luciana, estão aproveitando o movimento para passar essa imagem “engajados” numa luta pelos direitos das minorias. Hipocrisia, talvez. Mas, resta a mensagem. Soma, não diminui. Que venham muitas, de todos os lados. Porquê achar que só os negros e/ou desfavorecidos têm o monopólio do protesto? Como o Paulo Cesar Caju, também só estou esperando pelo Pelé. E se o Príncipe WILLIAM fizesse igual, e o Obama, e o Papa. E porquê não a Dilma. Ah, dá um tempo Douglas…

Julio Siveira

Muito acertado o ponto de vista do autor do texto. Querer se aproveitar de um momento em que o Daniel Alves muito oportunamente soube mostrar sua inteligência demonstrada, até na sua superioridade emocional, em comparação com o elemento racista provocador, criando um símbolo duvidoso para fazer resultados mercadológicos, é não entender a profundidade cultural que incutida na psique de um elemento racista. E isso nada irá acrescentar na luta contra o racismo, nem no Brasil muito menos no mundo. Aplaudir esse tipo de oportunismo nada mais é que reflexo de um país onde muitas pessoas crescem sob certas influências de utilidade questionável, produzindo muitos sem noção, até para atingir o que se pretende.
Mas para não dizer que não falei de flores coloco abaixo um vídeo muito oportuno, sem ser oportunista sobre o tema, que assisti.
http://youtu.be/2cIAWtVw27o

Luís Carlos

O oportunismo capitalista do Huk faz juz à empresa onde ele trabalha.

Luís Carlos

Não somo macacos, mas Daniel Alves não comeu a banana. Ele comeu o fascismo de quem a atirou.

Manoel Teixeira

Creio que a atitude de Daniel Alves deve ser apoiada, assim como a de todos que se manifestaram contra os atos racistas.
Querer minimizar sua atitude anti-racista por ele ser rico, é infantil.
O texto coloca os negros pobres contra todos os outros que não o sejam.
É extremamente reducionista.

Wildner Arcanjo de Morais

Concordo com o Daniel Alves. São atrasados aqueles que ainda acham que a cor da pele é sinônimo de superioridade ou inferioridade. Acho sim que ele deu a resposta a altura, colocando aquele que tem a mente atrasada (foi isso o que ele quiz dizer) no seu devido lugar, não dando bola para o fato da forma como todos nós brasileiros (latinos em grande parte, pretos pobres) encaramos nossos e resolvemos os problemas, com bom humor. Esse bom humor, herança esta tão negra quanto a nossa cor da pele e o nosso sangue!

Concordo com o Neimar (é até impressionante dizer isso mas…), mas se nos chamam de “macacos” horas… eles também não o são? o que os fazem diferente de nós? Se cruzarmos com eles não nascem descendentes mestiços e que podem se reproduzir?

Discordo de todos aqueles outros, TODOS, os que usaram o episódio para se promover, aparecer, envaidecer…

É um fato que vem evidenciar que, mesmo em países ditos “mais avançados”, ainda há de se evoluir muito.

Elias

No final dos anos oitenta, na Praça da Sé, em São Paulo, era comum ver vários grupos a discutir política. Lembro de um homem da minha idade, uns trinta anos, que insistia em ofender os negros, dizia que não havia negros nas ciências, só nos esportes e no samba. Éramos dois brancos a discutir essa coisa de cor da pele. De repente me deu um estalo, intuí uma brincadeira, mas falando sério perguntei a ele: “Por que você ofende tanto os negros? Você não vê que sou negro?” Ele arregalou os olhos e disse: “Você é branco.” Respondi: “Não. Eu sou negro, olhe bem pra mim.” O homem empalideceu, olhou para um lado, para outro e desceu a Sé em disparada rumo à Rua Direita. Quando conto essa história as pessoas riem, dizem que o homem devia ser um desmiolado, deu um tilt na cabeça dele. E eu concordo. Só desmiolados, “retardados”, como disse Daniel Alves, em pleno século 21 conseguem ser racistas.

Leo V

Excelente texto.

sávio

concordo com o texto acima, quando olhamos o racismo sob o ponto
de vista do brasil…

mas há algo interessante no ar, desencadeado por Alves e sua banana,
ou neymar e sua campanha: em termos de evolução da espécie, nós e os primatas temos ancestral em comum, somos tão macacos quanto qualquer outro primata…em termos evolutivos, origem das espécies…

sei que darwin foi usado de maneira errada; mas nietzsche, marx e outros também o foram, é uma boa hora para contestar o HOMEM BRANCO CRISTÃO com um pouquinho de darwin…uma releitura. ciência e razão sempre superam a irracionalidade

há um livro interessante de frans de waal, EU, PRIMATA, que deveria ser lido por muita gente que chafurda nas concepções irracionais arianas…

no mais, da espanha vem o racismo, o franquismo, mas também por lá o anarquismo fez história…como em quase todo país europeu…

como no brasil: que produz um Lula, mas tem aturar demóstenes torres, magnólis, jabores e derivados no recrudescimento da direita…

FrancoAtirador

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Então ficamos assim,
na sociedade protofascista
d@s braZileir@s primatas:

Os macacos ricos,
na maioria brancos,
comem a banana
e jogam a casca fora.

Os macacos pobres,
na maioria negros,
comem a mesma casca
ou escorregam nela.
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02/04/2014
Pesquisa

Desigualdade Racial e Segurança Pública em São Paulo
Letalidade Policial e Prisões em Flagrante

(http://www.ufscar.br/gevac/wp-content/uploads/Sum%C3%A1rio-Executivo_FINAL_01.04.2014.pdf)

O Grupo de Estudos sobre a Violência e Administração de Conflitos (GEVAC)
do Departamento de Sociologia da Universidade de São Carlos (UFSCAR) (http://www.ufscar.br/gevac), analisou Inquéritos que versam sobre mortes cometidas por policiais e que são acompanhados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e ainda dados obtidos junto à Secretaria de Segurança Pública. Além disso, foram entrevistados oficiais e praças da PM.
Foram analisados 737 processos instaurados nos anos 2009, 2010 e 2011,
concluindo-se que:

1) SEIS EM CADA DEZ MORTOS PELA POLÍCIA DE SÃO PAULO SÃO NEGROS.

2) 97% dos 939 mortos eram homens jovens, entre 15 e 29 anos.

3) Os autores são homens brancos em 79% dos casos e têm entre 25 e 39 anos (73%).

4) A Polícia Militar se envolveu em 96% das ações que terminaram em morte.

5) Os grupos mais letais são a Força Tática [*], responsável por 54% das mortes,
e a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), responsável por 39% dos homicídios.
[*] Enquanto a Força Tática está presente em diversos batalhões da PMESP,
a ROTA é o 1º Batalhão de Polícia de Choque e está sediada somente na capital,
ainda que atue em outras cidades do estado, quando acionada.

6) 59% dos envolvidos em ações letais eram soldados, 12% cabos e 18% sargentos.

7) 2% das ações de homicídio envolvendo policiais militares resultaram em inquérito,
e apenas 1% dos policiais foram indiciados por homicídio, entre 2009 e 2011.

RACISMO INSTITUCIONAL

Para a coordenadora da pesquisa, Profa. Dra. Jacqueline Sinhoretto, o “Racismo Institucional” é uma das razões para a diferença verificada e as altas taxas de letalidade policial em relação aos negros.

“Não necessariamente o policial é racista.
É a forma como as operações policiais são feitas que facilita que a desigualdade racial seja construída.
No âmbito das políticas de segurança pública que estão sendo utilizados em São Paulo existe um foco na questão da violência fatal, de acreditar que vai combater com armas as pessoas suspeitas.”

“Há um apoio social à diretriz de segurança pública e à violência.
Não vemos as ocorrências policiais sendo investigadas a fundo”,
diz a pesquisadora.

De acordo com a pesquisa, em 73% dos casos, a conclusão da ação
foi de que “não houve crime de homicídio por parte dos policiais”.

Em relação aos casos encaminhados a corregedoria da PM, em 60% deles,
a conclusão foi de que os policiais não transgrediram a conduta profissional.

Segundo a autora do estudo, o “racismo institucional” e a “vigilância repressiva aos jovens negros” também podem ser vistos quando analisados os casos de prisão em flagrante entre 2008 e 2012.

Segundo o levantamento, 54,1% dos presos em flagrantes são negros.

Apenas no ano de 2012, a taxa de negros presos a cada 100 mil habitantes foi de 35,
enquanto o índice de flagrantes entre brancos foi de 14.

A pesquisa concluiu também que a maior parte dos autores de homícidios presos em flagrante (55,7%) eram homens brancos.

O negros são maioria em casos de prisões em flagrante por roubos (54,5%).

“Os dados apontam maior vigilância policial sobre a população negra, que se reflete na concentração do número de prisões em flagrante sobre este grupo.
Este tipo de prisão não decorre de uma investigação criminal prévia, executada por meio de um mandado judicial, sendo muito mais recorrente em casos de abordagem policial”,
informa o relatório.

Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, há no Brasil uma “tolerância institucional” que força a sociedade a conviver com índices altos de violência com “naturalidade”.

“A culpabilização da vítima acaba justificando a violência dirigida.
Há uma caracterização por parte da polícia de que o jovem negro, da favela, que usa bermudão, é criminoso.
E não é só a polícia. Essa criminalização parte de diversas instituições”,
diz o sociólogo.

Rodnei Jericó da Silva, advogado do Instituto Geledés, diz que os números da pesquisa “espantariam qualquer sociedade que estivesse preocupada em mudar esta situação de violencia contra seus cidadão”. Mas no caso do Brasil, diz ele, a sociedade não sabe respeitar as diferenças [raciais] e o Estado faz “vista grossa”.

“O Estado faz vista grossa, e quando há alguma punição,
ela é em grau leve e não reforma, não atrai debate para a questão
a ponto de pensarmos em uma política pública para desmistificar
a história de formação dos países da América Latina [fundada na Escravidão].
Assim a tendência é de que os números da violência [contra negros] aumentem, sem o reconhecimento de direitos”.

A pesquisadora Jacqueline garante que a diminuição do número de negros mortos pela polícia passa pelo direcionamento do governo.

“O Estado tem que tomar uma atitude e traçar estratégias que protejam jovens negros que também têm direito à segurança.
Precisa fazer mudanças na forma de policiamento, que venham a garantir essa segurança”, conclui.

(http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-04-02/seis-em-cada-dez-mortos-pela-policia-de-sao-paulo-sao-negros-diz-pesquisa.html)
(http://ondanegra.blogspot.com.br/2014/04/desigualdade-racial-e-os-problemas-da.html)
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Leia também:

Estudos sobre o negro

Por Mário de Andrade

São Paulo, 7 de maio de 1938.

(http://www.ieb.usp.br/marioscriptor_2/criacao/estudos-sobre-o-negro.html)
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Celso Carvalho

O melhor é chutar o pau da barraca e divulgar fotos do Uacari-Branco, pejorativamente alcunhado de macaco-inglês. Essa foi a resposta dos brasileiros insultados pelos europeus. Por sinal, uma resposta muito bem sacada dos brasileiros que fizeram uma referência aos “donos do mundo” da época. Segue o link da Wikipédia com a imagem do símio que tem a cara de um anglo-saxão: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cacajao_calvus
Aí sim poderemos falar que somos todos macacos.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Parece até um daqueles membros
    da Associação Médica braZileira

    claudio duque

    bananas,macacos …macacos ,bananas…..adoro bananas …e se eu fosse um macaco,não gostaria de ser comparado aos homens !!!

    Mário SF Alves

    Boa, Celso Carvalho.

    Esses preconceituosos são tão débeis em sua ânsia de se autoafirmar sobre todos e sobre tudo o que supõem lhes ser inferior, que ignoram ou fingem ignorar que os pelos de suas cabeças, de seus sovacos e outros são nada mais que mera e simples herança de nossos ancestrais africanos muito próximos aos símios.
    Aí, fazem o quê?
    Nada. Como sempre, apenas endoidam coletivamente, e caem de pau no evolucionismo. Não sem antes ressuscitar o velho, estúpido, preconceituoso e racionalmente insustentável criacionismo.
    ______________________________
    Você tem razão quanto ao Cacajao calvus, popularmente chamado de macaco inglês.
    Opa! Interessante, vi que é espécie que ocorre na Amazônia Brasileira. Deveriam escolhê-lo para mascote OCULTO da Copa.

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