Leblon: Elite escravocrata prega a educação, mas sem abrir mão dos juros
Tempo de leitura: 7 minA escola pode muito. Mas é questionável que vá salvar a pátria, dizia Antonio Candido ao PT, em 2002
A escola resolve o nosso apartheid?
por Saul Leblon, em Carta Maior
Quem vai salvar a pátria?
Um traço constitutivo da agenda conservadora consiste em festejar as derrotas da sociedade brasileira abstraindo a dimensão estrutural do problema.
Ou seja, omitindo sua responsabilidade.
Espremido o foco, o resto fica fácil.
Cria-se uma circularidade; ela confina o debate do futuro no campo da moral.
E a moral, como se sabe, é o apanágio da classe dominante.
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Entre nós esse reducionismo determina que o faminto é culpado pela fome.
O Estado, carcomido pelo cupim privatista, é o responsável pela indigência pública.
O lado ‘gobineau’ das elites –em que a genética define a história– tem na educação um compêndio ilustrativo de sua versatilidade e dos seus limites.
Manchetes desta semana esponjaram-se no desempenho sofrível dos estudantes brasileiros no Pisa, edição 2012.
O Programa de Avaliação Internacional de Estudantes da OCDE sabatina alunos de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências.
A mensagem subliminar do jornalismo conservador era: esse, o país dirigido pelo populismo!
Das 65 nações incluídas no teste, o Brasil foi a que apresentou a melhor progressão no aprendizado de matemática nos últimos nove anos.
O fato de persistir no 58º lugar depois disso (em ciências figura no 59º; em leitura, no 55º, num total de 65) é sugestivo do ponto de partida pantanoso sobre o qual a elite ‘esclarecida’ fixou a escola pública brasileira.
O mais irônico é que a narrativa conservadora define a educação como o único canal legítimo de mobilidade das massas no país.
Por trás desse simulacro de meritocracia esconde-se o círculo de ferro de uma das piores estruturas de distribuição de renda do planeta, que se avoca o direito à eternidade.
Endinheirados que se orgulham de patrocinar ONGs pela redenção educativa, garantem: será assim, através da escola, não da reforma agrária, a tributária ou a urbana, tampouco através do salário mínimo ‘inflacionário’, que a miséria material e espiritual perderá seu reinado neste lugar.
A escola pode muito.
Acertou em cheio o governo ao impor uma regulação soberana sobre a riqueza do pré-sal, que permitirá transferir múltiplos de bilhões de reais à politica educacional nos próximos anos.
Mas é questionável que a escola possa tudo o que lhe atribui a emancipação a frio apregoada pela agenda conservadora.
Ser uma ilha de excelência, capaz de abrigar e exorcizar o oceano de iniquidades ao seu redor, parece mais um enredo de aventura nas estrelas do que o horizonte histórico de uma nação.
Os analistas do Pisa parecem corroborar essa avaliação.
Eles afirmam que a metade do ganho brasileiro em matemática, por exemplo, foi uma decorrência de mudanças no entorno social dos alunos.
Uma parte do noticiário conservador interpretou esse dado de forma desairosa, como se fora um atestado de fracasso do MEC. Outra, omitiu-o.
Compreende-se.
Investigá-lo talvez levasse à conclusão de que as políticas demonizadas pela mídia – como o Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, crédito barato, subsídio à habitação popular etc– ajudaram o estudante brasileiro a ter maior poder de aprendizado.
Um exemplo: estudantes do ensino médio beneficiados pelo Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste têm rendimento melhor do que a média nacional (82,3% e 82,7%, contra taxa brasileira de 75,2%).
Outro: pesquisa feita na Universidade de Sussex, na Inglaterra, em 2012, revela que quanto maior é o tempo de participação das famílias no Bolsa Família, maior é o aproveitamento escolar das crianças. Segundo a pesquisa, a taxa de aprovação dos alunos do 5º ano aumenta 0,6 ponto percentual para cada R$ 1 de aumento no valor médio do benefício per capita pago às famílias.
A influência da entorno social na escolarização não é privilégio de sociedade pobre.
Tome-se o caso dos EUA.
O país retrocedeu cerca de 20 pontos na classificação global do Pisa- 2012.
Em 2009 ocupava a 17ª posição; caiu agora para a 36ª, abaixo da média geral em ciências e matemática.
O que mudou nos EUA entre 2009 e 2012?
A sociedade norte-americana mergulhou na sua maior crise desde a Depressão de 1929.
Uma em cada cinco crianças norte-americanas vive atualmente em ambiente de pobreza. A renda média das famílias com filhos recuou cerca de US$ 6.300 (tomando-se 2001 como base de comparação). Com a implosão da bolha imobiliária, um milhão de estudantes de escolas públicas viram suas famílias serem despejadas . As taxas de desemprego aberto e oculto hoje superam a faixa dos 13%. O grau de recuperação do mercado de trabalho na presente crise é o mais lento de todas as recessões anteriores.
A sobrevalorização do papel da escola na agenda conservadora brasileira padece de outros flancos de coerência.
Há uma distância robusta entre o que se fala e o que se pratica quando se mede o hiato em moeda sonante.
O piso salarial do magistério brasileiro hoje, R$ 1560,00, é um dos mais baixos do mundo. A perspectiva de corrigi-lo para modestos R$ 1.860 reais em 2014 dispara as sirenes de alerta do jornalismo que promete mostrar o abismo fiscal na próxima edição.
Segundo o Pisa, o Brasil investe três vezes menos que a média da OCDE para educar uma criança dos 6 aos 15 anos (R$ 64 mil e R$ 200 mil, respectivamente).
Em termos de PIB, fica com uma fatia equivalente a 5%.
O pedaço destinado aos rentistas da dívida pública é maior: 5,7% do PIB.
O mesmo jogral que atribui à educação poderes sobrenaturais, martela a necessidade de submeter a economia a uma ação purgativa contundente feita de juros mais altos e cortes no poder de compra da população (em especial, a depreciação real do salário mínimo).
O conjunto visa, no fundo, preservar a regressividade fiscal brasileira, que privilegia ricos e penaliza pobres e remediados, contra eventuais reformas progressistas.
Nos salões elegantes, os candidatos a candidato do dinheiro grosso em 2014 acenam com a miragem desse país impossível: um Brasil com produtividade chinesa, civilidade suíça, superávit ‘cheio’ e carga fiscal equiparável a de Burkina Faso, onde o índice de alfabetização não ameaça a barreira dos 25%.
Não é apenas o entorno social do aluno pobre que está ameaçado por esse coquetel ; na verdade, ele rasga a própria fantasia da prioridade educacional, reduzindo-a a sua verdadeira essência histórica: uma agenda protelatória.
Ou seja, um deslocamento espacial e temporal do conflito distributivo, confinado em uma escola e em um aluno, aos quais caberá a exclusiva responsabilidade de erguer a sociedade pelos próprios cabelos.
Ou não será assim também com a saúde pública, desafiada a ‘fazer mais com menos’, –com menos ainda depois que a coalizão demotucana subtraiu R$ 40 bilhões por ano do SUS em 2007?
Um comparativo da OMS mostra o quanto há de perversidade na fotografia que imortalizou esse ato cometido na madrugada de 13 de dezembro de 2007. A imagem mostra a nata do retrocesso político comemorando a extinção da CPMF em alegria obscena. A indecência se panfletada nas filas do SUS ainda guarda nitroglicerina para sublevar o país.
Segundo a OMS, o gasto público mundial per capita com a saúde chegou a US$ 571 por ano em 2010. Inclua-se nessa média os US$ 6 mil per capita da Noruega e os US$ 4 per capita do Congo; o valor brasileiro é de US$ 466/ano; em 2000, no governo FHC, somava US$ 107 per capita.
Os mesmos que gargalhavam na madrugada de 13 de dezembro de 2007 fuzilariam o ‘Mais Médicos’ seis anos depois. E não por acaso são as mesmas bocas de onde ecoa a cínica profissão de fé em uma escola capaz de corrigir aquilo que suas madrugadas políticas cuidam de perpetuar.
Os resultados do Pisa deveriam servir de combustível para um aggiornamento do debate brasileiro que de forma preguiçosa adotou o cacoete de terceirizar à educação tarefas que só uma repactuação do desenvolvimento pode honrar.
Na ante-sala do debate eleitoral de 2014 seria oportuno, por vezes, inverter os termos da equação. E arguir o que o projeto mercadista pretende fazer em benefício da pobreza e da desigualdade hoje para que elas possam mudar a escola pública amanhã.
Vale retornar às origens e reler um trecho inspirador de uma entrevista concedida pelo professor, crítico literário e cientista social Antonio Candido de Mello e Souza, à campanha de Lula, em 2002, sobre o assunto.
Como ele, as palavras aqui emitem uma luminosidade clássica:
“Temos uma crise de civilização (…) Talvez seja um mal que deriva de um bem.
O esforço para tornar os níveis de ensino acessíveis a todos força diminuir o nível. Então, você fica num dilema perverso: elitizo ou democratizo e abdico de qualidade? A saída está numa sociedade igualitária, onde todos tenham acesso à cultura e à educação de qualidade. Foi o que eu vi em Cuba. Instrução pública e gratuita em todos os níveis. E de muito boa qualidade. A chave é a transformação da sociedade, na qual as pessoas se apresentam para a educação em pé de igualdade.
Quem acha que um bom sistema educacional salva a pátria está redondamente enganado. A participação nesse sistema será sempre restrita. Por isso você tem que, primeiro, fazer mudanças estruturais; depois, terá um boa educação. Os liberais pensam: eu tendo uma população instruída, terei uma sociedade melhor.
Errado. Tendo a sociedade melhor, terei uma população instruída. Só assim você supera essa contradição aparente entre elitização e democratização. Continuo achando que a forma republicana do ensino público e gratuito é o grande modelo
(…) Numa sociedade em que as diferenças de classes ficam muito reduzidas, haverá um desaparecimento da cultura erudita e da popular. E surgirá uma nova cultura. Isso é possível. A função do Estado é fazer um grande esforço econômico e social para que no plano cultural o hiato diminua. De tal maneira que, no fim de certo tempo, o popular se torna erudito e o erudito se torna popular.
(…) Sempre tivemos uma República de elite. Um presidente da República era eleito com 200 mil votos – e votos descobertos. Em 1930, eu assisti na minha cidade, em Cássia, Minas Gerais, à última eleição a descoberto. O eleitor chegava e o coronel, ao lado, fiscalizando. Depois de Getúlio, com a emergência das massas operárias, das massas urbanas, não foi mais possível manter esse estreitamento. O Getúlio era um caudilho esperto. Para manter as elites sob controle, abriu as porteiras e deixou o povo entrar, mas patrocinado por ele. Todavia, abriu a porteira. E ela está aberta até hoje” (Antonio Candido; site da Campanha Lula Presidente; 2002)
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Comentários
Isabela
Pois é, pois é… As diferenças entre o ensino público e o privado no Brasil são evidentes (na educação básica, por enquanto…). E isso, pra mim, é a fórmula para o gradativo aumento do abismo social no país (não era assim no tempo do meu pai: quem estudava nas privadas tinha atestado de atrasado, ele dizia…). A coisa se reverteu, né? Como cita o professor, o caso cubano é emblemático: a igualdade social começa pela educação ou a educação que inicia a igualdade social? Acho ruim quando vejo que meus colegas, professores de universidade pública, têm filhos em escolas privadas: acho tão contraditório, me incomodo com isso… talvez porque eu não tenha filhos….
Urbano
O que 99,9% da elite mundial sempre professou foi a agiotagem, desde que seja a seu favor sempre.
Guanabara
Eu entendo a opinião do autor, mas discordo dela. Sinceramente, nada justifica um não investimento em educação. A questão também a ser colocada é de qual educação deva ser fornecida. Mais do que simplesmente saber ler ou fazer contas, é necessário ensinar a pensar, questionar, criticar. Nenhum pensamento único é bom, seja da esquerda, da direita ou do centro. Agora, não vejo a possibilidade de qualquer mudança sem o ponta pé inicial no reforço da educação de base, pública e de qualidade. Como querer que reivindiquem direitos, se nem ao menos os conhecem e conseguem compreendê-los? Continuo adepto do princípio de “menos presídios, mais escolas”. Não, isso não é a fórmula do mundo perfeito, mas certamente é um caminho para, no mínimo, um mundo melhor.
Verde
Querem que os pobres se engalfinhem na porta de estádios. Isso é cômodo.
E os pobres não acordam.
Gilberto M M Santos
todos dizem que precisamos valorizar os professores e que a educação é a unica saída para o Brasil, as boas intensões esbarram na polemica afirmação de que é impossível aumentar os salários aos níveis justos, pois bem, então vamos valorizar a profissão com incentivos fiscais… da mesma forma como se faz com bancos e empresas… redução de impostos de docentes já….
se o governo quer atrair cérebros para essas profissões é justo dar isenção fiscal, ou redução… já se faz isso com pessoa jurídica, pq não com pessoa física?
o estado abre mão de impostos de industrias para gerar empregos isso é justo, acontece que também acho justo abrir mão de impostos para valorizar uma profissão em que está havendo fuga de cérebros…
a profissão de professor deixou de ser atrativa, os jovens estão preferindo outras profissões, se os contratantes não podem pagar mais (é dito isso), taxas diferenciadas de impostos seriam uma politica de estado para tornar a profissão mais atrativa… todos dizem que é preciso melhorar a educação isso só se faz atraindo bons profissionais para o magistério
Está em análise na Câmara o Projeto de Lei nº 2607/2011, do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), que concede isenção do Imposto de Renda sobre a remuneração de professores, nas condições que estabelece. De acordo com a proposta, para ser beneficiado, o profissional precisa estar em efetivo exercício na Rede Pública de Educação Infantil, Fundamental, Média e Superior.
abaixo o link do Projeto de Lei na Camara, já tem dois pareceres favoráveis, mas é preciso dar visibilidade ao Projeto de Lei
em 04 de dezembro de 2013 voto positivo na comissão de finanças e tributação – Parecer do relator, Dep. Eduardo Cunha, pela adequação financeira e orçamentáriado PL nº 2607/2011 e do PL nº 6167/2013, apensado; e, no mérito, pela aprovação do PL PL nº 2607/2011 e do PL 6167/2013, apensado. Inteiro teor
Agora o projeto está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania ( CCJC ) temos que dar visibilidade e exigir aprovação.
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=525397
jõao
A crise da TV Globo veio para ficar
Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
a porta voz da elite esta com os dias contados
São muitos os sinais de que a crise que se instalou no Jardim Botânico veio para ficar.
Crescem os rumores de que a empresa não terá condições de honrar despesas e folha de pagamentos em 2014 e que, por isso, encomendou um estudo de cortes, sobretudo em relação aos salários pagos dos figurões. Pela primeira vez na história, a emissora tem no comando um gestor que veio do jornalismo, acostumado a baixos custos de produção. Ele estaria assombrado com o que tem visto na Central Globo de Produção, gastos que vão muito além dos padrões de mercado.
E os desvios?
“Ali deve haver muita corrupção”, diz um veterano, que já ocupou cargos de gestão. “Imagina-se que haja superfaturamento, coisas que funcionam assim há anos. E se ele mexer ali ele cai”, conclui. Como sabemos que a corda sempre estoura do lado mais fraco, dificilmente os cortes atingirão as estrelas de primeira grandeza e sim os salários intermediários e os pequenos larápios, que como nos bancos “desviam clip e elástico”. Mas o fato é que a sangria desencadeará vazamentos, matéria-prima para jornalista nenhum botar defeito em 2014. Afinal, “casa onde falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”.
E o que há por trás deste “fenômeno”?
O cenário é de queda significativa no faturamento. Dificilmente a Globo conseguirá manter o BV, o bônus de volume, pago às agências de publicidade toda vez que ela concentra anúncios no mesmo canal. A razão? Queda na audiência. Não há argumento que prove ao anunciante que a manutenção de uma campanha nacional numa emissora é vantajoso, se ela não leva a mensagem ao público que promete. Estão portanto, diante de um enorme impasse, jamais visto antes.
Mas por que a audiência cai tão rápido?
Analistas consultados por este blog dizem que é hora de “revisar índices”. O anúncio de que as emissoras de TV concorrentes acabam de contratar outro instituto para fazer medições – utilizando, inclusive, mais medidores – está obrigando o Ibope, que sempre foi “da casa”, a rever sua “metodologia”.
Não é de hoje, né?
Faz tempo que os dados são questionados. Desde a extinta TV Manchete, dos Bloch, que nos anos 90 desafiou a Globo nos terrenos em que ela se gabava de ter mais competência: telenovela, telejornalismo e nas grandes coberturas, como o Carnaval. No fim da mesma década, outro concorrente também acusou o Ibope de manipulação, o SBT. Silvio Santos chegou a banir os medidores de sua emissora, sinal de que não confiava nos números. Mas, nem n’um caso, nem n’outro, anunciantes, agências e TV Globo foram alcançados.
O que mudou?
Recentemente a TV Record engrossou o coro, acusando o Ibope de consolidar seus números para baixo e os da emissora concorrente para cima. Foi isso o que finalmente desencadeou a busca por um sistema de medição mais isento. Estava criado enfim o caldo de cultura necessário para questionar na prática a ética concorrencial da emissora dos Marinho.
Mas isso é só um lado da crise?
Sim, o que realmente está “pegando” para o lado deles é que pela primeira vez não há a sustentação política de outros tempos. Dia sim, outro também, a emissora apanha nas redes sociais. Suas ações e seus métodos são questionados o tempo todo.
O sinal amarelou quando?
Em junho, uma multidão de manifestantes decidiu marchar em direção à filial da empresa, em São Paulo, para, sobre a Ponte Estaiada, novo cartão postal da cidade, gritar palavras de ordem contra a manipulação e o monopólio exercidos pelo grupo. “Aquilo criou uma instabilidade enorme. Ficamos com medo de invasão, de vandalismo. É como se tivéssemos virado escudo do patrão”, disse um funcionário, que depois do expediente foi obrigado a esperar a multidão dispersar, antes de deixar o prédio naquela noite.
E não parou por aí…
Todos se lembram que jornalistas renomados passaram a ser hostilizados nas coberturas. Carros depredados e incendiados, reportagens abortadas por questão de segurança e um enorme esforço teve que ser feito nos meses seguintes para tentar resgatar a imagem e confiança da comunidade. Só que o estrago já estava feito. Hoje, a emissora é tratada com desprezo. Seu noticiário perdeu credibilidade e nem a recente dança das cadeiras implementada surtiu efeito.
E o fogo amigo?
Fátima Bernardes e Zeca Camargo partiram para a linha de shows, o que para a Central Globo de Produção foi mais um sinal de que o jornalismo avança sobre a programação. Resultado: boicotes. Está difícil trabalhar em alguns programas, que viraram alvo de fogo amigo, ou seja, concorrência interna. Mais um fator de desestabilização.
Só que isso não é nada
A pá de cal foi o escândalo de que a Globo operou em paraíso fiscal para burlar o fisco, e não pagar impostos. Dívida estimada, com multa e juros, em um bilhão de reais. Isso mesmo, um bilhão, tudo auditado, documentado, julgado, condenado, mas que não foi à cobrança por causa de uma ação espetacular, que teria envolvido suborno, subtração de documento de fé pública, chantagem, intimidação e até troca de tiros, o que trouxe à tona um modus operandi típico dos melhores roteiros dos filmes exibidos no Tela Quente. Há quem sustente que a emissora teria comprado os documentos roubados da Receita Federal mas que, no dia e local combinados, teria forjado um flagrante policial, com o requinte de enviar, inclusive, uma equipe de TV para cobrir o caso.
Não tem refresco
Parece que desta vez, por mais que haja ainda alguma costura política em Brasília, a ordem é tocar o processo adiante. “Deixar a Globo Sangrar” seria o mantra entoado em Bossa Nova, bem baixinho, uma alusão à celebre declaração de Fernando Henrique Cardoso aos caciques tucanos, quando do escândalo do Mensalão e da possibilidade de impeachment do presidente Lula. Até hoje o processo surrupiado da Receita “não deu as caras”. Mas é um dos melhores dossiês de campanha e chantagem soltos na praça.
A imagem dos irmãos enfraquece
Ao figurar sorridentes em fotos que ilustraram a notícia de que hoje somam a maior fortuna do país, os irmãos Marinho também não contribuem em nada para melhorar a imagem do grupo. Num país injusto e desigual como o nosso, a notícia tem efeito devastador sobre a imagem do conglomerado. A opinião pública começa a achar, ainda que empiricamente, que eles são os típicos criminosos do colarinho branco. Pessoas que frequentam as colunas sociais, “descoladas”, celebridades, mas que não valem, no jargão da turma que anda de trem: “uma marmita azeda”.
Daniel
Faz tempo que eu questiono a “idoniedade” do Ibope. Uma vez eu pedi no Orkut para que quem tivesse o “people meter” (dispositivo de medição de ibope) desse sinal de vida, nem precisava se identificar. Meus comentários sobre isso foram sumariamente apagados.
Depois descobri que os aparelhos de medição só são usados em São Paulo, desde quando a opinião de São Paulo representa todo o país? O Ibope alega que o restante do país é medido por outros meios, mas eu sinceramente duvido que isso seja verdade.
FrancoAtirador
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Pior:
A SECOM adota como critérios ‘técnicos’,
para liberar verbas de patrocínio estatal
às Emissoras Nacionais de Televisão Aberta,
exatamente os índices de audiência do IBOPE.
Só a TV Globo recebe R$ 1 MILHÃO por ano,
Dinheiro Público que é concedido pelo Governo
com base em dados percentuais manipulados.
(http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/acoes-e-programas/midia/planejamento-de-midia)
(http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/acoes-e-programas/midia)
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FrancoAtirador
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Além daqueles Trolls que infestam o Viomundo,
alguém mais viu o tal de Peoplemeter do IBOPE?
FrancoAtirador
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UM RETRATO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Pesquisa mostra que, apesar da tendência de Esquerda no campo sócio-econômico,
grande parte d@s brasileir@s adota posições políticas de Extrema-Direita,
principalmente no que se refere a causas e resoluções de problemas relacionados à criminalidade.
MÉDIA NACIONAL
ESTRATIFICAÇÃO
Íntegra da Pesquisa em:
(http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2013/10/14/comportamento-politico.pdf)
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Olha só que cientificidade:
33% (1/3) dos entrevistados concordaram com a Afirmação
de que a Causa da Pobreza é a Preguiça dos Pobres.
61% (quase 2/3) anuíram com a Opinião
de que a maior Causa da Criminalidade
é simplesmente a Maldade das Pessoas.
E 47% (perto da metade) são favoráveis
à Aplicação da Pena de Morte
para Crimes Graves (genericamente).
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Foi o que deu a ‘Modernidade’
confundir Ensino e Escolaridade
com Educação e Civilidade:
O Empirismo venceu a Ciência.
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Gabro
Interessante.
Obrigado por compartilhar, Franco Atirador.
Isso mostra que nosso déficit de educação não tem por consequência apenas baixo desempenho nas avaliações internacionais.
Ele resulta também na maneira ignorante e simplória como muitos de nós enxergamos a realidade (complexa por natureza).
Abs
Marco
Na verdade quem não abre mão do juros é este governo populista que até tentou canetar ele para baixo, mas não aguentou quando a inflação comeu solta.
Não existe almoço grátis. Politica de crescimento via crédito não é sustentável uma hora a conta precisa ser paga, você consegue maquiar por quatro, oito, doze anos, mas se você quiser se manter no poder vai precisar inventar outra alternativa.
Artur Freitas
É isso! Claro como água!
Mauro Assis
Aos fatos:
Após dez anos de governo petista, a educação brasileira é um lixo.
Das quatro melhores (menos piores) universidades brasileiras, três são paulistas.
Luis Ribeiro
“Fatos”? Apenas “fatos”? Tout court? Simpliciter? Sem contexto, sem história, sem pano de fundo?
Daniel
Prezado, desde que eu me conheço por gente (mais de trinta anos) que a educação brasileira é um lixo. E há vários interesses escusos interessados em que continue assim, pois povo educado é muito mais difícil de se manipular do que um povo ignorante.
Reaca
Vê-se que mesmo com R$200 bilhões anuais a mais per capita o PT foi incapaz melhorar a educação, ou errei na conta? Salto de US$360/ano…
Edi Passos
Fantástico, nada mais, nada menos.
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