Santayana: Compra da GVT pela Telefónica, entrega do mercado nacional

Tempo de leitura: 2 min

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A VIVO, A TIM E A GVT.

por Mauro Santayana, em seu blog

(Hoje em Dia) – Disposta a consolidar, a ferro e fogo, seu controle sobre o mercado brasileiro de telecomunicações, a Telefónica da Espanha, dona da Vivo, volta agora sua cobiça para a GVT.

Segundo anunciado pela imprensa europeia, a empresa ofereceu ontem à Vivendi francesa, pouco mais de 20 bilhões de reais pelas operações da GVT no Brasil.

Antes, já tentara tomar, indiretamente, parte do controle da TIM, com a compra de participação acionária em sua matriz. As ligações entre a Telefónica e a Telecom Itália, que estaria também interessada na compra da GVT, são apenas a ponta do iceberg do mercado mundial de telecomunicações: um negócio gigantesco, no qual meia dúzia de sujeitos, donos de meia dúzia de grandes empresas privadas, explora centenas de milhões de consumidores, levando dinheiro, a cada vez que eles usam um telefone fixo, um computador, um celular ou uma televisão.

As únicas nações que escapam disso, dessa verdadeira escravidão digital, são aquelas que mantiveram suas próprias telecoms – grandes companhias de telecomunicações – nas mãos do estado, como fez a China, por exemplo, dona da maior empresa de telecomunicações do mundo, condição da qual o Brasil abdicou ao esquartejar e vender, majoritária e criminosamente a estrangeiros, a área de prestação de serviços da Telebras, no final dos anos 1990.

A Telefónica ganhou, líquidos, no primeiro semestre de 2014, dois bilhões e seiscentos e cinquenta milhões de reais no Brasil, triplicando, entre abril e junho, os lucros do primeiro trimestre, que foram de 660 milhões de reais. Além dos bilhões que envia todos os anos para a Espanha, a empresa, que deve centenas de milhões de reais ao BNDES, ainda cobra “juros” sobre o capital de sua subsidiária brasileira, que pelo que se prevê, chegarão, em 2015, a quase 100 milhões de euros.

É preciso lembrar ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, ao Congresso, à imprensa e à sociedade, que, na área de telecomunicações, o que o Brasil precisa não é de uma situação de virtual cartel, com grandes empresas estrangeiras controlando cada vez mais nosso mercado, mas de novos concorrentes, que possam oferecer serviços melhores e a um custo menor para um público que já paga, por péssimos serviços, segundo organizações internacionais, das maiores tarifas de telefonia celular do mundo.

No Brasil, o que precisávamos, desde o início, era de uma empresa privada 100% nacional que pudesse fazer isso, ou que a TELEBRAS tivesse sido mantida no mercado para fazer frente aos espanhóis, italianos e mexicanos que para aqui vieram na década de noventa.

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A compra da GVT pela Telefónica, caso seja concretizada, evidenciará duas coisas: a irresponsável entrega do mercado nacional para uma empresa estrangeira, e a total inexistência, no Brasil, de uma política de defesa da concorrência digna desse nome.

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Comentários

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Rodrigo

Tudo bem que a telefônica não é flor que se cheire, mas ai a sentir saudades da época em que a telefonia era estatal é no mínimo, ignorância. Quem tem seus 30 anos para cima lembra bem de quão precária era o sistema de comunicações no brasil, mesmo em estados mais ricos como SP e RJ. Conseguir marcar uma visita de um técnico da Telesp era uma luta maior que tentar consegir cancelar cartão de crédito hoje em dia. Pagar por uma linha então? Só sendo rico mesmo. Só conseguimos nosso primeiro telefone graças a privatização das Telesp e ao barateamento da aquisição das linhas.

O que devemos evitar a todo o custo é o monopólio. Antes de pensar em estatizar tudo novamente deveriam agir para trazer mais e mais operadoras do mundo inteiro para trabalhar aqui.

    Nelson

    “Tudo bem que a telefônica não é flor que se cheire, mas ai a sentir saudades da época em que a telefonia era estatal é no mínimo, ignorância.”

    Não, caro amigo. Não há ignorância alguma. Ter saudades da telefonia sob controle do Estado é saber da importância altamente estratégica que este setor tem para nosso país, aliás, para qualquer país. Um pouco dessa importância, o Santayana expõe em seu texto.

    A telefonia só foi modernizada graças à intervenção estatal, leia-se da sociedade, uma vez que os recursos dela são provenientes. Assim, sugiro que tu leias o artigo “PRIVATIZAÇÃO NÃO É SOLUÇÃO-A “Mágica” Simples Das Telecomunicações”, escrito pelo engenheiro José Antônio Feijó de Melo ainda em novembro de 2006 e publicado neste sítio.

    Porcurei mas não consegui encontrar o artigo no viomundo. Porém, encontrei-o no endereço
    http://www.blogdofabiorodrigues.com.br/2009/04/privatizacao-nao-e-solucao.html

Urbano

E o cade só a correr atrás do próprio rabo e a perguntar cadê, cadê… Como se vê pela enésima situação (taí o hibernardo que não me permite mentir), acabou-se mesmo o velho princípio de que, quem não tem competência, não se estabelece.

Nelson

Estás redondamente enganado, meu caro José Leite. A tarifa básica do telefone residencial aumentou quase 7.000% devido à privatização. Era em torno de R$ 0,60 e foi parar em mais de R$ 42,00.

Hoje, espertamente, para engabelar os brasileiros, as operadoras diluíram tal tarifa, mas continuam a cobrá-la. E os nossos governos e Congresso nada fazem para acabar com esta espoliação.

Mas, para que você possa visualizar a verdadeira história das Telecomunicações no Brasil, sugiro que leias o artigo “PRIVATIZAÇÃO NÃO É SOLUÇÃO-A “Mágica” Simples Das Telecomunicações”, escrito pelo engenheiro José Antônio Feijó de Melo ainda em novembro de 2006 e publicado neste sítio.

Até o momento, não consegui localizar o artigo aqui no Viomundo, mas encontrei-o no seguinte endereço
http://www.blogdofabiorodrigues.com.br/2009/04/privatizacao-nao-e-solucao.html

Não deixes de lê-lo.

Fabiano Araújo

O PSDB e, em particular FHC devem responder, no futuro, por esse verdadeiro crime cometido contra o Brasil. Essa ação do PSDB reduziu a soberania do país pois entregou um setor estratégico a uma empresa estrangeira ameaçando inclusive a segurança nacional, uma vez que, informações confidenciais do governo passam por canais de empresas estrangeiras. Além do mais, a população foi prejudicada. Lembro-me que nos tempos da TELESP gastava cerca de R$ 50,00 com telefone fixo e hoje gasto, no mínimo R$ 150,00. A telefonia celular no Brasil também é muito cara. Recentemente, estive na Europa e pude observar que o custo deste tipo de telefonia é 8 a 10 vezes menor que no Brasil. Empresas, como a Lufthansa, por exemplo, chegam a transferir certas atividades do país para o exterior devido ao alto custo da conta telefônica. Em um certo período, a Lufthansa transferiu o setor de reservas para Buenos Aires. A razão dessa decisão, segundo me disse um funcionário, foi o preço da tarifa telefônica.

Nelson

“No Brasil, o que precisávamos, desde o início, era de uma empresa privada 100% nacional que pudesse fazer isso, ou que a TELEBRAS tivesse sido mantida no mercado para fazer frente aos espanhóis, italianos e mexicanos que para aqui vieram na década de noventa.”

Discordo do jornalista Santayana. Uma empresa privada tem, como prioridade primeira – não raro a única – embolsar lucros sempre maiores. E essa prioridade não rima com necessidade social.

Portanto, o setor de telecomunicações, ultraestratégico, deveria ter ficado 100% nas mãos do Estado.

    Lafaiete de Souza Spínola

    Nelson,

    Todas empresas do Sistema Telebras deveriam ter sido mantidas. Sou testemunha do bom trabalho exercido pelos seus técnicos. A Embratel estava desenvolvendo nosso satélite, produto de extremo interesse para a Segurança Nacional.

    Foram os maus políticos que impediram que se aumentassem os investimentos. O alto preço de uma linha telefônica nessa época foi causada por essa política perniciosa que no fundo tinha como objetivo a privatização.

    Entregaram tudo, de mão beijada, às multinacionais que descobriram como é fácil crescer seus lucros nessa terra em que tudo podem. Encontraram, de bandeja,todo ativo fixo. Não precisaram realizar investimentos nessa área.

    Quanto à corrupção, fica muito mais fácil dentro do sistema privado atual. De uma empresa estatal os desvios são mais difíceis e perigosos. Hoje, é público e notório como é fácil receber dinheiro dessas empresas para as campanhas eleitorais. E quanto desse dinheiro é registrado oficialmente?

    Deram o nome de “doação” para campanhas eleitorais e partidos. “Doação” com a segurança de retorno multiplicado e seguro.

    O primeiro retorno ficou configurado com o recebimento do capital fixo dessas empresas para total e eterno usufruto.

    VAMOS UNIR FORÇAS PELA REATIVAÇÃO DA TELEBRAS e RETORNO DA EMBRATEL!
    VAMOS DESTRUIR O MITO CRIADO DE QUE ERAM INOPERANTES!

    Sim, tudo isso ainda pode ser feito! Por que não o fazem?

    É por isso que clamo por um investimento de pelo menos 15% do PIB para o nosso ensino básico, já! Tenho um tópico sobre o assunto.
    A educação básica pública deve ser totalmente federal!

    Um povo sem educação é mais fácil de ser manipulado.

    Alguns blogs censuram essa minha mensagem! Por que?

C.Paoliello

O controle da operação da telefonia em qualquer país do mundo é estratégica. Que o digam os países da Europa, palco de duas guerras mundiais. Até hoje não entendo por quê as forças armadas brasileiras permitiram que o controle da telefonia brasileira ficasse em mãos de estrangeiros.

Mar da Silva

“No Brasil, o que precisávamos, desde o início, era de uma empresa privada 100% nacional que pudesse fazer isso, ou que a TELEBRAS tivesse sido mantida no mercado para fazer frente aos espanhóis, italianos e mexicanos que para aqui vieram na década de noventa.”

Discordo. Em qualquer do mundo, é preciso um equilíbrio entre o setor público e o privado para que a população não vire refém da usura dos donos de empresas privadas na sua busca por lucros cada vez maiores.

Uma empresa privada 100% nacional não é garantia de bons serviços e nem de preços justos. Falta defesa do consumidor, regulação do mercado e fiscalização efetiva. Coisa que o CADE e nem as Agências ‘Reguladoras’ fazem.

Existem bancos com capital 100% nacional e seus preços e serviços não são dignos de elogios.

Brancaleone

Pois é né!! Nos tempos das estatais era tudo de bom mesmo. Nenhum lucro, povão se ferrando com serviços péssimos. A Vale do Rio Doce era um cabidaço de emprego que nunca dava lucros. Hoje os serviços telefônicos estão ruins mas ainda assim são melhores que os privatizados.

jose carlos lima

20 bilhões pela GVT e pensar que FHc entregou imóveis(que custam mais de 100 bilhões de reais), embratel, satélites, centros de pesquisa, teles espalhadas por todo o Brasil,,,tudo isso por muito menos o que está sendo oferecido pela GVT.
E fhc não está preso

Abdula Al Aziz

Já podemos baixar as calças? Porque de quatro já estamos há muito tempo graças ao príncipe da privataria tucano e sua horda que tanto o povo do estado de São Paulo adora.

    tiago carneiro

    E com o Bernado PLim PLim Trim Trim tudo isso irá piorar.

    Será que a Dilma, caso vença, irá manter essa corja de bufões como ministros?

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