Presidente da CDHM: Dallagnol não ir à audiência pública é péssimo sinal; leia o ofício-recusa

Tempo de leitura: 3 min
Reprodução de rede social

Dallagnol recusa convite da CDHM para audiência pública

por Pedro Calvi, CDHM

O Procurador da República Deltan Dallagnol mandou ofício na tarde desta segunda-feira (8/7), recusando o convite da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) para participar de audiência pública nesta terça (9/7), quando seriam debatidas as reportagens do jornal The Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, que noticiam mensagens trocadas entre Deltan Dallagnol e o então juiz Sérgio Moro e outros integrantes da Operação Lava Jato.

O encontro com Dallagnol foi aprovado em reunião deliberativa em 27 de junho, e o convite enviado no mesmo dia.

No documento (na íntegra, ao final), o procurador explica que deve, por função constitucional,

“desempenhar trabalho de natureza técnica perante o Judiciário, outro poder, situação distinta daquela de agentes públicos vinculados ao Poder Executivo. Esse trabalho técnico consiste em investigar fatos e buscar a aplicação da lei penal de modo eficiente e justo, de acordo com a Constituição e com as leis, atividade funcional sujeita à apreciação do Poder Judiciário. Diante disso, muito embora tenha sincero respeito e profundo apreço pelo papel do Congresso Nacional nos debates de natureza política que realiza e agradeça o convite para neles participar, acredito ser importante concentrar na esfera técnica minhas manifestações”. 

“É lamentável o procurador não atender a um convite aprovado pelo colegiado. Afinal, as mensagens divulgadas o envolvem diretamente em diálogos com o então juiz Sérgio Moro. Também consideramos que é dever de todo servidor público prestar esclarecimentos sobre seu trabalho”, afirma Helder Salomão, presidente da CDHM.

Além disso, para ele, “Os fatos ocorridos nos bastidores da Lava Jato são gravíssimos. O procurador Dallagnol deve explicações à população brasileira sobre seu envolvimento. O não comparecimento à audiência da CDHM é um péssimo sinal”.

Glenn e Moro

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias já ouviu em audiências o ministro Sergio Moro e o jornalista Glenn Greenwald. O ministro foi ouvido na terça-feira (2/7) e Greenwald no dia 25 de junho.

O jornalista ponderou que os vazamentos não são contra ou a favor de Lula ou Moro, mas a favor da democracia e da justiça brasileira.

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“Acredito que Sergio Moro e Deltan Dallagnol começaram com boas intenções, mas todos nós humanos temos tentações quando não temos limites e podemos abusar do poder. Quando você é sempre elogiado e nunca questionado, acaba achando que isso justifica qualquer meio para justificar o fim. Eu defendi a Lava Jato, mas o fato de Sergio Moro ter feito coisas boas não dá o direito de quebrar códigos de ética e agir ilegalmente”.

O jornalista foi ainda indagado sobre o que pode acontecer com o ministro e o procurador. “As instituições brasileiras é que devem decidir quais as consequências para Sergio Moro e Deltan Dallagnol”.

Sergio Moro disse que foi vítima de um ataque de “hackers” e que, segundo ele, querem anular condenações por corrupção no âmbito da operação Lava Jato:

  • “Alguém com muitos recursos está por trás desses procedimentos. É um expediente de contrainteligência, um grupo criminoso. Não fui consultado sobre a divulgação das reportagens. Não reconheço essas mensagens, podem até ser minhas, terem sido adulteradas parcialmente ou totalmente”.

Moro ainda falo que “após a delação da Odebrecht, políticos de todos os partidos foram atingidos. No caso da Petrobras, era natural que os agentes do Estado que controlavam a estatal fossem investigados”.

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Comentários

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Tania

Os caras não são fracos não! Deram poder ilimitado a eles e olha o que fizeram. Mas como disse nosso ilustre ex-presidente, um dia a mentira que se tornou enorme cai por terra. Espero que dê tempo de haver justiça no país.

FRANCISCO MESSIAS CARVALHO

EU FICO SEM PALAVRA DIANTE DE TANTO DESRESPEITO COM AS NOS INSTITUIÇÕES, UM PROCURADORZINHO QUE SE ACHAVA ACIMA DE TUDO E DE TODOS AGORA SE RECUSA DE DAR EXPLICAÇÕES SOBRE O SEU PRÓPRIO TRABALHO JUNTO AO MINISTÉRIO PUBLICO LA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS.

Jferreira

Está péssima a desculpa. Sinalizou medo. Quem não deve não teme. Glenn foi. Ele está seguro do que está divulgando.

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