Pedro Celestino Pereira: Os bastidores do surgimento da cláusula Marlin

Tempo de leitura: 7 min

Em defesa da Petrobras

Por Pedro Celestino Pereira*

Do site do Clube de Engenharia

A Petrobras é a maior expressão da capacidade criadora do povo brasileiro. Símbolo da afirmação da vontade nacional, gestada a partir de ampla mobilização popular, endossada por expressivas lideranças militares, a sua criação foi, na década de 50 do século passado, a principal responsável pela crise política que levou Getúlio Vargas ao suicídio. Ousara ele desafiar o capital internacional que então dominava completamente a nossa economia, ao propor a criação de empresas estatais que alavancassem o nosso desenvolvimento industrial.

Por décadas enfrentando, desde o ceticismo de geólogos estrangeiros que, através da grande imprensa, viviam a apregoar que no Brasil não havia petróleo, até a oposição sistemática de forças políticas que sempre se pronunciaram e se pronunciam abertamente a favor da entrega do negócio do petróleo ao capital estrangeiro sob a alegação de que, aqui, não há capacidade técnica nem capital para desenvolvê-lo, a Petrobras arrostou todos os obstáculos e firmou-se como uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.

Claro está que, em empresas do porte da Petrobras, públicas ou privadas, sempre houve e haverá irregularidades e malfeitos. O que cabe discutir hoje é o processo que levou a Petrobras à incômoda situação em que se encontra, de modo que possamos defendê-la, no momento em que se pretende fragilizá-la para permitir o assalto estrangeiro às maiores reservas de petróleo descobertas nos últimos 30 anos, as do Pré-Sal.

Até 1973 quando, aproveitando-se da guerra Israel-Egito, a Arábia Saudita nacionalizou a exploração e produção de petróleo no seu território, era usual o imperialismo ir à guerra ou derrubar governos que contestassem seu domínio sobre o negócio do petróleo. Diante da impossibilidade de derrubar a monarquia saudita, foi obrigado a conviver com empresas estatais, e a buscar novas formas para assegurar seu domínio. Data de então o início do processo de cooptação e de corrupção de dirigentes de estatais na área de petróleo.

Aqui, esse processo teve início de forma sistemática no primeiro mandato de FHC quando, com Joel Rennó, tecnocrata vindo da Vale do Rio Doce, na presidência da Petrobras, decidiu-se estabelecer uma parceria para desenvolver o campo de Marlim, então a maior reserva da empresa, sob a alegação de não havia recursos financeiros suficientes para fazê-lo sozinha.

Constituiu-se então uma empresa, a Companhia Petrolífera Marlim, liderada pelo ABN-AMRO Bank, presidido pelo senhor Fabio Barbosa, em seguida nomeado membro do Conselho de Administração da Petrobras, ao mesmo tempo em que outro funcionário do mesmo Banco, Ronnie Vaz Moreira, assumia a diretoria financeira da Petrobras.

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A Companhia captou 1,5 bilhão de dólares no mercado internacional, dando em garantia o petróleo a ser produzido e a garantia corporativa da Petrobras.

Por que, então, a parceria? Mais ainda, assegurava-se ao ABN AMRO Bank e ao J P Morgan, também sócio da empresa, remuneração mínima para o capital que proventura viessem a aportar, eliminando qualquer risco financeiro deles. É o que se convencionou chamar de cláusula Marlim, à baila hoje no noticiário sobre a compra da refinaria de Pasadena.

Rennó também sustou a realização de concursos para a reposição do quadro técnico da empresa e deu início a vigoroso processo de terceirização de atividades, com empresas nacionais e estrangeiras. Visava-se com isto fragilizar a empresa e prepará-la para a privatização.

No segundo mandato de FHC, Rennó foi substituído por Henri Phillipe Reichstul. Este contratou a A.D.Little (ADL), consultora norte-americana, para reestruturar a empresa. A ADL aboletou-se em um andar contíguo ao da diretoria no edifício-sede da Petrobras, e passou a ter acesso indiscriminado às informações confidenciais da empresa.

Note-se que esse processo se deu ao tempo em que era rompido o monopólio estatal do petróleo e em que, criada a Agência Nacional de Petróleo – ANP, sob a batuta do então genro de FHC, David Zylberstein, tinha início o leilão das reservas de petróleo brasileiras, em modelo que não se aplica no mundo desde o primeiro choque do petróleo, permitindo à concessionária apossar-se do petróleo produzido, remunerando o Governo com royalties, ao invés de receber por prestação de serviços.

A ADL recomendou fatiar a Petrobras em Unidades de Negócio, para permitir a sua privatização por etapas (a Refinaria Alberto Pasqualini chegou a ter 30% do seu capital vendido à YPF argentina, então controlada pela Repsol espanhola), dissolver o Serviço de Engenharia (Segen) da Petrobras, o cerne da acumulação de conhecimentos técnicos da empresa, e criar uma gratificação de desempenho para o escalão dirigente da empresa, para  quebrar a unidade do corpo técnico e facilitar a sua cooptação para as propostas privatizantes.

Reichstul propôs a venda ao mercado do excedente ao mínimo que assegurasse à União o controle acionário da empresa. Assim, 40% do capital da Petrobras passaram a controle estrangeiro.

Para o Conselho de Administração em dado instante foram indicados Andrea Calabi (hoje secretário de Fazenda de Alckmin em São Paulo) e Gerald Heiss (ilustre desconhecido) que tinham em comum o fato de serem sócios da empresa Consemp, o que lhes dava uma influência desmedida naquele colegiado.

Ainda na gestão de Reichstul Delcídio Amaral, indicado pelo PFL (fora diretor da Eletrosul no governo Collor e secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia no governo Itamar), assumiu a diretoria de Gás e Energia.

Sua gestão caracterizou-se por entregar, sem licitação, participação acionária em 14 das 22 distribuidoras de gás estaduais das quais a Petrobras era sócia, a empresas controladas por Carlos Suarez, do grupo OAS, de notórias ligações com o senador Antonio Carlos Magalhães, maior liderança do PFL, e à Enron e à El Paso, e por contratar a construção de 3 termelétricas a gás com a MPX de Eike Batista e, mais uma vez, com a Enron e com a El Paso, quando se sabia que não haveria oferta de gás suficiente, supostamente para resolver a crise de demanda de energia que levou ao apagão de 2001.

Quando Lula assumiu em 2003, esperava-se que o esvaziamento da Petrobras fosse sustado. Infelizmente, tal não ocorreu.

Afora a indicação de Guilherme Estrella, técnico de reconhecida competência e probidade, para a diretoria de Exploração e Produção e de Ildo Sauer, especialista em energia vindo da USP, as demais diretorias técnicas foram ocupadas por profissionais de notório comprometimento com práticas lesivas ao interesse público, como se verá a seguir.

Delcídio Amaral, ao vislumbrar a ascensão de Lula, abandonou o PFL e migrou para o PT, vindo a eleger-se senador por Mato Grosso do Sul, seu Estado natal. Pleiteou então ser ministro de Minas e Energia.

Lula, entretanto, já se comprometera com a nomeação de Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ. Diante do impasse, Lula optou por convidar Dilma Roussef, então secretária de Energia do Rio Grande do Sul, para ser a ministra.

Delcídio, então, pleiteou a diretoria de Gás e Energia da Petrobras para seu indicado, Nestor Cerveró, que com ele trabalhara na negociação dos contratos das termelétricas.

Como Ildo Sauer já havia sido convidado para o cargo, Cerveró passou a ocupar a diretoria Internacional da Petrobras. Já a diretoria de Abastecimento foi oferecida ao PP, cabendo ao então líder na Câmara dos Deputados, José Janene, indicar o seu conterrâneo paranaense Paulo Roberto Costa para o cargo. Paulo Roberto era na ocasião superintendente da TBG, empresa constituída pela Petrobras e pela Enron, grupo americano que quebrou espetacularmente no final dos anos 90 para construir o gasoduto Brasil – Bolívia.

Na TBG a Petrobras entrou com o dinheiro e as garantias em financiamentos bancários, e a Enron, com 50% dos resultados, prática usual nas parcerias feitas pela empresa a partir da gestão de Rennó. Janene em 2005 foi envolvido no escândalo do chamado mensalão. Paulo Roberto ficou, assim, sem sustentação política. Foi salvo por Jader Barbalho, e passou a ser bancado pelo PMDB.

Paulo Roberto teve sob sua responsabilidade 2 grandes investimentos da Petrobras: o pólo petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Ambos tiveram seus orçamentos inflacionados em escala jamais vista em empreendimentos da mesma natureza.

Completa a lista de indicações políticas de Lula a presidência da Transpetro, a empresa de navegação e de dutos da Petrobras, entregue a Sergio Machado, ex-senador, líder do governo FHC, apadrinhado por Renan Calheiros.

Vê-se, assim, o progressivo desprestígio do corpo técnico da empresa, mais e mais limitado à função de carimbador de faturas, porta aberta para a deterioração dos padrões de comportamento funcional.

No primeiro mandato de Lula, Ildo Sauer solicitou a Eros Grau, maior autoridade brasileira em direito administrativo (não fora ainda nomeado ministro do STF), parecer sobre os contratos das termelétricas assinados por Delcídio. Neles, os sócios privados (a MPX de Eike Batista na termelétrica de Fortaleza – CE, a Enron na de Seropédica – RJ e a El Paso na de Macaé – RJ) tinham lucro garantido (a sempre presente cláusula Marlim), pois se não houvesse gás para acionar as térmicas a Petrobras se obrigava a remunerá-los com elas paradas.

O parecer de Grau foi taxativo: ensejavam enriquecimento sem causa. Os contratos foram, então, rescindidos pela Petrobras. Se mais não fizesse, bastaria essa ação para consagrar a gestão de Sauer como diretor da empresa.

Sauer, entretanto, não sobreviveu como diretor. No segundo mandato de Lula foi substituído por Graça Foster, especialista em gás e energia oriunda do Cenpes, o Centro de Pesquisas da Petrobras. Cerveró deixou a diretoria Internacional da empresa em 2008, entregando-a a Jorge Zelada, indicado por Jader Barbalho e Renan Calheiros.

Manteve-se portanto na Petrobras nas gestões de Dutra e Gabrielli  a estrutura de poder estabelecida na gestão Rennó até a ascensão de Graça Foster à presidência da empresa, já no governo Dilma.

No período Lula, porém, graças à pertinácia de Estrella, que prestigiou o corpo técnico que recebera, desmotivado, das gestões Reichstul e Gros do segundo mandato de FHC, a Petrobras fez a maior descoberta mundial de petróleo dos últimos 30 anos: o chamado Pré-Sal.

Lula, então, decidiu enfrentar a pressão internacional para entregar o petróleo nos moldes propostos pela ANP. Optou por atribuir à Petrobras a exclusividade das operações no Pré-Sal e por remunerar os eventuais parceiros da empresa por prestação de serviços, e não em petróleo.

O Congresso Nacional, em 2010, aprovou o modelo proposto pelo Governo Lula.

A partir daí, teve início campanha sistemática de descrédito da Petrobras, culminando com a ofensiva atual, na imprensa e no Congresso, destinada a incutir na opinião pública que a Petrobras é um caso perdido, típico da má gestão do Estado.

Viu-se aqui que vem de longe o descaminho da Petrobras, noticiado apenas quando convém aos grupos interessados em destruí-la.

A Petrobras pode e deve ser defendida, o que não implica negar a necessidade de mudanças na sua gestão, de forma a permitir maior controle e transparência das suas ações.

Não pode a empresa continuar refém de interesses, seja corporativos, seja privados, nacionais e estrangeiros, que se apropriaram dos seus principais postos de direção, afastando-a dos objetivos para os quais foi criada.

Não há o que temer na apuração dos crimes cometidos. Impõe-se resgatar o papel do corpo técnico da empresa,  restabelecer a competência da engenharia, que levou a Petrobras a conquistar inúmeros Prêmios Internacionais de Excelência, e desfazer a ruinosa reestruturação empreendida por Reichstul, de modo a devolver a Petrobras à condição de empresa símbolo do orgulho nacional brasileiro.

*Pedro Celestino Pereira é engenheiro

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Comentários

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Basilio

Gostei muito do texto escrito pelo Eng. Pedro C. Pereira, mais pelo histórico e personagens envolvidas. Porém, como somente o vi agora, gostaria que ele mesmo ou outro expert produzisse um texto para a atualidade, passado quase um ano desde Abril/2014. Por exemplo, confundindo minha intenção ao repassar-lhe o texto via internet, um dos colegas escreveu:

“Esse texto tem quase um ano. Na época a Petrobrás estava (na visao de todo mundo) sólida. A operação Lava-jato nao passava de brincadeira de criança e não havia os Sauditas querendo quebrar todo mundo.

nicola filardo

Criticar o Presidente Lula é fácil, qualquer pasquim o faz. Palavras…

claudius

Well… : “Quando Lula assumiu em 2003, esperava-se que o esvaziamento da Petrobras fosse sustado. Infelizmente, tal não ocorreu.”

    Mardones

    Bem,…

    “No período Lula, porém, graças à pertinácia de Estrella, que prestigiou o corpo técnico que recebera, desmotivado, das gestões Reichstul e Gros do segundo mandato de FHC, a Petrobras fez a maior descoberta mundial de petróleo dos últimos 30 anos: o chamado Pré-Sal.

    Lula, então, decidiu enfrentar a pressão internacional para entregar o petróleo nos moldes propostos pela ANP. Optou por atribuir à Petrobras a exclusividade das operações no Pré-Sal e por remunerar os eventuais parceiros da empresa por prestação de serviços, e não em petróleo.

    O Congresso Nacional, em 2010, aprovou o modelo proposto pelo Governo Lula.”

Mário SF Alves

“É o cartel formado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP),
que é presidido pelo ex-presidente da Repsol,
que na época era presidente da Repsol.
Esse instituto que não é brasileiro coisa nenhuma!””
_________________________
Sim… É tão brasileiro quanto aquele telejornal da mídia fora da lei/Cavalo de Troia é nacional.

    Julio Silveira

    Nossos políticos entreguistas são muito astutos, quando eles não conseguem entregar de imediato para atender aos objetivos estratégicos de seus mentores ideológicos, eles pavimentam o caminho. Eles deixam no caminho, para atender a seus objetivos futuros, explosivos nas colunas que sustentam as estruturas que as mantêm, enfraqueçendo-as. Isso é estratégia de guerra. A Petrobras está sob fogo cerrado desde a sua fundação quando foi parida a fórceps pó um presidente nacionalista, contra a vontade de todos esses países, considerados grandes, e do ocidente, que tão fortemente inspiram os porta vozes de nossa fraca nacionalidade. Outras grandes já foram pelas mãos ávidas e vibrantes deles, e estão fazendo a felicidade de países que ganharam direito de entrar em nossas casas, sentar em nossas mesas e definir o cardápio a que teremos direito, inclusive nossa dieta. A Petrobras é hoje dentre as empresas que possuímos, que administram nossas comodities estratégicas, a única que ainda não foi totalmente absorvida para ser dirigida pela “sabedoria internacional ocidental”, por isso tanto empenho, o tempo urge para nosso completo enfraquecimento como nação, como já fizeram com nossos silvícolas no passado. Nós querem os silvícolas modernos.

Sergio Santos

Matéria relevante, deveria se tornar leitura obrigatória em salas de aula a partir do segundo grau. E o Franco Atirador cita outra matéria imperdível a respeito dos interesses do petróleo e o quanto a política influencia decisões. Todo país subdesenvolvido (BRICs uma ova; Desenvolvimento é padrão de vida do POVO, em geral; não de nichos de elitizados) é metralhado por propostas indecorosas de entreguismo de recursos naturais. E vêm os neoliberais pregando que dar recursos naturais para países estrangeiros é desenvolvimento… por esse critério, a Bolívia seria riquíssima hoje, por causa de Potosí; e a Venezuela, com seu equivalente a 12 Planos Marshall gerados pelo petróleo seria hoje uma potência internacional. O petróleo deve ser Brasileiro; só Brasileiro.

FrancoAtirador

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13 de abril de 2014 09:31 PM
Jornal Causa Operária

Entrevista com Fernando Siqueira,
vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras

Por trás da CPI

“Existe aí um cartel internacional,
que foi até denunciado pelo WikiLeaks.
Os telegramas publicados pelo WikiLeaks
mostram que o cartel atuou no Congresso
contra a Lei de Partilha, e atua permanentemente.

É o cartel formado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP),
que é presidido pelo ex-presidente da Repsol,
que na época era presidente da Repsol.
Esse instituto que não é brasileiro coisa nenhuma!”

“O Cartel Internacional
quer tirar a Petrobras do caminho
para poder ficar com o pré-sal”

Causa Operária: Qual é a sua opinião sobre a CPI da Petrobras, que congressistas, ligados principalmente à direita, estão tentando aprovar?

Fernando Siqueira: São dois interesses em jogo, o primeiro é o da oposição que quer sangrar o governo e também atacar a Petrobras que é uma forma de aparecer. O outro interesse ainda maior é o do cartel internacional que quer também enfraquecer a Petrobras porque eles querem o pré-sal.

Esse cartel que já teve 90% do controle das reservas mundiais agora tem menos de 5%, portanto, está na iminência de desaparecer. E são as maiores empresas do mundo. Então, o cartel quer realmente tirar a Petrobras do caminho para poder ficar com o pré-sal. E veja que já estão falando no leilão do Campo de Franco que é um Campo que a Petrobras comprou do governo para a produção.

A oposição quer que o governo fique na defensiva e eles, politicamente, vão se fortalecer com isso. E o cartel, os EUA, a Inglaterra, que tem avanços muito pequenos e estão numa insegurança energética brutal, querem o petróleo brasileiro porque o petróleo é hoje a principal fonte de fornecimento do progresso norte-americano, inglês, europeu, e asiático. Todos eles estão sem reservas.

Eu tenho um slide que eu tirei da Agência Internacional de Informações Energéticas Americana, que diz que em 2040 os EUA produzirão 1/3 do seu consumo, e dentro dessa produção tem óleo e gás convencional, óleo e gás da recuperação dos campos antigos, e tem o shale gas, ou o gás de xisto que foi decantado como uma maravilha e que os EUA se transformaria na Arábia Saudita etc. etc. Eu desde o começo estou dizendo que isso não existe, que é uma propaganda para sair do sufoco. O gráfico que eu consegui diz claramente que 2040 a produção norte-americana vai ter 1/3 do seu consumo e o gás de xisto vai ser um 1/3 desta produção. Portanto, em 2040 o gás de xisto vai será o responsável por apenas 1/6 do que os EUA consomem. Então, se os EUA em 2040 irão produzir 1/3, terão de importar 2/3 do que consomem. Provavelmente, considerando os aumentos de consumo etc., os EUA que consomem dois milhões de barris por dia podem passar a consumir 27 milhões em 2040. Se consomem 27, produzem nove, terão de importar 18 milhões de barris por dia. 18 milhões por dia, a 100 dólares o barril vai dar um trilhão e 800 por ano. Isso daria um impacto financeiro imenso e mais necessidade de garantir essas reservas. Então como o lutam pelo controle do Oriente Médio, já controlam a Arábia Saudita, tentaram controlar o Irã, invadiram o Iraque… na América Latina reativaram a 4° Frota Naval e colocaram aqui no Atlântico Sul. Para quê? Segundo o Bush, para dar garantia, proteger o Atlântico sul. Mas aqui já tem o Brasil e a Argentina. No entanto, a Argentina já tinha nacionalizado o seu petróleo… então essa 4° Frota Naval colocada no Atlântico Sul ferindo a soberania brasileira e argentina, é para pressionar o governo brasileiro para entregar nosso petróleo. É uma estratégia de guerra de intimidação como sempre os EUA fazem com os países que têm petróleo.

Toda essa campanha, por exemplo, essa refinaria que foi denunciada, nós da AEPET como conselheiros [na diretoria da empresa] em 2012 já havíamos denunciado e não houve tanta consequência. Porque o [Sérgio] Gabriele que foi o presidente da Petrobras na época foi ao senado e mostrou que era um bom negócio, porque é uma refinaria estrategicamente bem colocada nos EUA. A ideia era a Petrobras vender o óleo de Marlim [na Bacia de Campos-RJ], para lá e refinar. O que seria muito melhor do que exportar petróleo bruto.

Mas o Jorge Gerdal e o Fábio Colete Barbosa, um é presidente do grupo Gerdal, o outro foi presidente da Febraban [Federação Brasileira de Bancos] hoje está na editora Abril se não me engano, disseram ter lido [o contrato de compra de Passadena] e que era um bom negócio, que era parte do plano estratégico da Petrobras; era um negocio bom porque a refinaria é em Houston, centro petroleiro dos EUA. Então como o negócio era bom e tinha o parecer do City Bank etc. acabou aprovado. O que o presidente da AEPET denunciou foi que o preço inicial era muito alto [exatamente o que está falando agora a imprensa]. A Astra Oil [empresa belga] comprou por 42 milhões e vendeu metade para a Petrobras por 360 milhões. Só que agora a gente está descobrindo que na realidade não foi 360, foi 190 milhões sendo que 170 era produto, era matéria prima, era petróleo que tinha dentro da refinaria que depois foi vendido. Mas mesmo assim se suspeita que tenha tido um preço maior do que o correto. Silvio [Sinedino], nosso presidente, denunciou para que a Petrobras tivesse uma sindicância. Mas em 2012 o presidente do Conselho de Administração era o Guido Mantega, e ele não quis nada. Achou melhor mudar de assunto e não levou adiante. Lamentavelmente. Porque nós temos todo o interesse que qualquer coisa, qualquer denúncia contra a Petrobras seja apurada. Nós temos lutado pela transparência da empresa porque infelizmente ela é aparelhada por partidos da base governamental. Então nós temos todo interesse na transparência para que seja tudo feito com a maior lisura possível. Mas infelizmente o Guido Mantega não tomou providência nenhuma. O assunto, depois que o Gabriele foi ao Congresso e mostrou, não a Petrobras, mas o ex-presidente da Petrobras que foi lá defender o acordo, parece que ele convenceu e o assunto morreu.

Causa Operária: Então, seja como for, os senadores deram o aval…

Fernando Siqueira: O assunto ficou esquecido e agora o Estadão resolveu levantar novamente com esses dois objetivos. Primeiro, a oposição faturar em cima da Dilma e o cartel internacional fazer sangrar a Petrobras.

A gente acha que o investigador mais confiável é o Ministério Público. E o MP está realmente investigando o processo. Então essa CPI é questão de palanque eleitoral. A CPI infelizmente é uma instituição que foi criada com um ótimo objetivo, mas que está sendo deturpada na prática com interesses eleitoreiros etc.

Causa Operária: O que está por trás das transações e das perdas relacionadas com a refinaria de Passadena, nos Estados Unidos?

Fernando Siqueira: Eu acho que as perdas não foram essas que estão falando. Inclusive o jornal Estadão deturpou a declaração do presidente da Astra, que disse mais ou menos o seguinte: “considerando que os furacões e as intempéries estão atrapalhando a produção das refinarias, e considerando que o consumo está aumentando (isso foi dito em 2007), a compra dessa refinaria era o negócio do século”.

E aí o Estadão pegou essa parte final e disse que a venda para a Petrobras foi o negócio do século. Vejam como a mídia manipula. O presidente da Astra disse que “a compra foi o negocio do século” porque foi no momento certo. E o Estadão colocou a fala dele como se fosse “a venda para a Petrobras”. Então há muita manipulação de números nessa compra e eu acho que em relação à entrega pelo governo do Campo de Libra isso aí não é nada. Porque, o que o governo vem fazendo? O governo vem obrigando a Petrobras a comprar combustível, por exemplo, gasolina a R$ 1,72 o litro e vender para sua concorrente por R$ 1,42 para que elas não aumentem o preço ao consumidor, para não aumentar a inflação. Então a Petrobras vem perdendo 8 bilhões de reais por ano com essa obrigação absurda que prejudica seus acionistas, principalmente o próprio governo. Porque na medida em que a Petrobras perde dinheiro e dá subsidio a seus concorrentes, e o preço da gasolina não aumenta; o consumo aumenta, em detrimento do álcool, então a indústria sulco alcooleira está perdendo produção, perdendo 100 mil empregos desde que esse processo começou. O governo está perdendo uma media de 30 milhões por ano, a Petrobras está perdendo 22 bilhões desde que esse processo começou, o que é mais do que ela poderia pagar pelo Campo de Libra; o governo reduziu a zero a CIT, Contribuição por Transportes; e entregou para o cartel internacional 60% do maior campo do pré-sal do mundo que é o Campo de Libra. A Petrobras havia comprado do governo pela seção onerosa. Foram sete campos. Furou o primeiro o Franco e achou 10 milhões de barris, era para achar três. E furou o campo de libra e achou 15 milhões de barris. Então, nesses sete blocos que comprou do governo achando que seria uma reserva de 5 milhões achou nos dois primeiros 25 milhões de barris.

Pela lei o que se deve fazer é negociar com a Petrobras a diferença. Porque o artigo segundo da lei de petróleo diz o seguinte: “áreas estratégicas são aquelas que têm baixo risco e alta produtividade”. Esses dois Campos têm risco zero porque já foram descobertos. Aí o artigo 12 da lei diz: “áreas estratégicas tem que ser negociadas com a Petrobras”. Então, por lei, o governo tinha que negociar com um contrato partilha Petrobras. O governo tirou o campo de Libra da Petrobras que é uma estrutura contigua e fez um leilão. Um leilão fajuto porque não teve concorrência. O único grupo ganhou o leilão, e 60% do Campo foi para o exterior. 40% para a Shell total que é uma empresa única e 20% para uma empresa chinesa CNOOC e CNPC que é uma empresa que se relaciona com a Shell. Tirou-se do povo brasileiro 60% do maior campo de petróleo do pré-sal. Isso que é um escândalo. Isso que tinha que repercutir na mídia. Mas ao invés disso, a rede Globo fez uma reportagem no Jornal Nacional, com umas contas para dizer, enganar o povo brasileiro, dizendo que o Brasil ia ficar com 85% do campo de libra. Uma mentira deslavada. Eu faço a mesma conta e chego a 40%, porquê? Porque eles manipularam. É fácil fazer as contas, mas um pouco complicado de explicar. Eu vou tentar. Por exemplo, o imposto não incide sobre o óleo total. E eles colocam lá 18% de imposto. Nas contas, o imposto de renda e outros incidem sobre o lucro da empresa que é 20 e pouco por cento do petróleo produzido. Então, de 18% de 20 dá 5%. Não sei se ficou claro, mas aplicam o percentual na base de cálculo errada. Da mesma maneira que falam que os 41,65% que foi o percentual mínimo que por lei tem de ser estabelecido, não se aplica sobre o petróleo produzido, e sim sobre a parte que cabe à concessionária, a empresa produtora. E esse valor não é 41,65%, e sim 18%. É complicado para explicar, mas resumindo, ao invés de você ter 18% de impostos, você tem 4,5% ou 5,4%; ao invés de ter 41,65%, do total produzido, tem na verdade tem 18,4%. Fazendo essas contas não se chega a 85% como disse a Dilma Rousseff e como tentou mostrar a Globo. Chega-se a 40%. Então, o Brasil vai ficar com 40%.

Aliás, não tem nenhuma razão para acreditar que os estrangeiros compraram 60% do Campo de Libra e vão levar só 15% deixando 85% para o País. Não tem sentido. Não cabe na cabeça de ninguém que os gringos que pressionaram o governo para entregar esse campo iam comprar 60% e levar 15%.

Causa Operária: Por que o governo encaminhou o leilão do mega-campo Libra, do Pré-Sal, por apenas US$ 20 bilhões?

Fernando Siqueira: Foi pressão. No ano de 2013, o ano de leilão, aconteceu um seminário internacional no Riocentro em que o assunto preponderante foi a questão dos leilões. No final desse seminário, o [ministro de Minas e Energia Edison] Lobão foi lá e declarou aberto o 11? Primeiro Leilão de Libra e depois o Leilão do gás de Xisto, três leilões no ano.

Antes do congresso que foi em fevereiro de 2013, teve o encontro da Dilma com Barack Obama, em que a Dilma fez o acordo sobre o pré-sal. Esse acordo foi assinado e não foi divulgado. Mas teve um acerto sobre o pré-sal em 2011. Em 2013 veio o vice-presidente EUA falar com a Dilma e a Graça Foster [presidente da Petrobras]. Pouco depois a Dilma anunciou o leilão do campo de Libra.

Eu sinto que houve pressão.

Reativaram a quarta-frota naval no Atlântico sul para pressionar. Mas deve ter aí no meio financiamento de campanha eleitoral. Além da pressão do governo dos EUA, deve ter um acerto para financiamento de campanha eleitoral já que o escândalo todo do mensalão dificultou as empresas nacionais de financiarem as campanhas.

E o PCdoB que era um partido ultra-nacionalista, quando assumiu a Agência Nacional do Petróleo (ANP), quando o Haroldo Lima assumiu a ANP ele que era contra os leilões passou a ser um defensor dos leilões dando uma guinada de 180 graus e passou a fazer leilões.
Até as bases do partido são contra isso, mas as cúpulas… não há um deles que seja contra a entrega do nosso petróleo.

Causa Operária: Agora o governo está encaminhando o leilão do Campo de Franco. Qual é o objetivo de leiloar campos que a Petrobras já mapeou?

Fernando Siqueira: É inclusive ilegal. Os dois campos foram entregues à Petrobras por conta da capitalização dela que o Lula fez. O Lula trouxe avanços grandes. Fez a lei de partilha. Colocou a Petrobras como operadora única do pré-sal. E fez esse processo de capitalização que consistiu em dar a ela sete blocos, pelos quais a Petrobras pagou 84 milhões. Aí ela furou o primeiro Campo que foi o Franco que era previsto ter 3 bilhões e encontrou reservas 10 bilhões de barris; e quando furou Libra que era previsto ter 5, achou 15 bilhões. E tem outro que ela furou e achou 1 bilhão. Ou seja, só nesses três campos ela encontrou 26 bilhões de barris. Então pela lei, artigo 2 e artigo 12 da Lei 12351/2010, o governo tinha que negociar com a Petrobras os acréscimos, o excedente dos 5 bilhões previstos inicialmente, mas o governo não só tomou o campo de Libra e leiloou, num leilão fajuto que entregou ao exterior 60% de Libra, como agora está pensando em tomar o excedente de Franco e leiloar também. É um entreguismo que chega às raias de crime de lesa pátria.

A Petrobras comprou esses campos, descobriu os Campos, ou seja, não só mapeou como perfurou e achou, e é até bom que eu lhe diga que, lembrando aqui, que a Shell furou o campo de Libra até 4 mil e 200 metros e devolveu como um Campo seco para a ANP. Então se não fosse a Petrobras, acreditar na sua capacidade, experiência, especialidade e competência, o Campo de Libra não teria sido descoberto. Porque a Shell furou e desistiu. Aí vem o governo, toma o Campo da Petrobras e entrega 60%.

Porque o governo estrangulou a Petrobras financeiramente, obrigando a importar gasolina e vender aos concorrentes mais barato. Com isso a Petrobras está perdendo a cada ano 8 bilhões. Ou seja, em dois anos poderia comprar o campo de Libra se não estivesse sendo feita essa contenção. Dava para comprar Libra 5 vezes, considerando aquele valor que o governo estipulou de 15 bilhões.

A parte de refino está perdendo mais de 10 milhões por ano.

Então existe aí um cartel internacional, que foi até denunciado pelo WikiLeaks. Os telegramas publicados pelo WikiLeaks mostram que o cartel atuou no Congresso contra a Lei de Partilha, e atua permanentemente. É o cartel formado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que é presidido pelo ex-presidente da Repsol, que na época era presidente da Repsol. Esse instituto que não é brasileiro coisa nenhuma.

Íntegra em:

(http://www.pco.org.br/entrevista-da-semana/o-cartel-internacional-quer-tirar-a-petrobras-do-caminho-para-poder-ficar-com-o-pre-sal/aasy,b.html)
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    Bonifa

    O equívoco pode ser fatal para a esquerda. A Petrobras sozinha não poderia explorar todo o Pré-sal. A rodada de licitações que não daria certo, de que Serra fala no telegrama diplomático desvendado pelo WikiLeaks, começou justamente com o leilão de leilão de Libra, que no entanto deu muito certo e deixou em desespero e desalento os petroleiros internacionais (chamados de “A Indústria do Petróleo”) que ainda pretendiam abocanhar o Pré-sal, assim como seus representantes da oposição brasileira, que são cobrados por seus patrões pela sua incompetência em destruir o modelo de partilha da Petrobras:

    Serra queria entregar Pré-sal a empresas norte-americanas, revela WikiLeaks

    Porque não votar no PSDB / Terça-feira, 14 de dezembro de 2010

    As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
    É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009 obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos.
    “Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
    O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.
    O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem “senso de urgência”. Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: “Vocês vão e voltam”.
    A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho “A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?”.
    O governo alterou o modelo de exploração – que desde 1997 era baseado em concessões -, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos.

    http://geraldoalckminpsdb.blogspot.com.br/2010/12/serra-queria-entregar-pr%C3%A9-sal-empresas.html

Carlos Cruz

Só tenho a dizer: O uso do cachimbo faz a boca torta. Se não tornaram-se iguais, no mínimo tão parecidos que a lama chega ao pescoço. Quando se utilza do Esatdo para baixa politicagem dá em merd…

Francisco

“Não há o que temer na apuração dos crimes cometidos.”.

Acho que essa frase já foi dita antes. Por Dirceu, Genuino e João Paulo.

Honestidade, no Brasil, é um peso e uma desvantagem…

Romanelli

então ..se em 12 anos não fizeram ..será que agora farão

claro que ..não

socorro Chapolin Colorado

Urbano

É melhor substituir a segunda gratidão por reconhecimento.

Urbano

E um integrante dessas expressivas lideranças militares disse (a alguns colegas de farda, ao que parece numa reunião) que o seu sobrinho, o danoso ferrando henriqueaux, não era uma pessoa confiável, conforme foi dito pelo magnânimo Barbosa Lima Sobrinho aos seus entrevistadores da revista ‘Caros Amigos’, há alguns anos.

    Urbano

    E o próprio danoso ferrando henriqueaux confirmou, no instante em que esteve no firme propósito de vender a Petrobras, que o tio lutou tanto para a sua criação. E mais, o danoso e os seus assessores e iguais já vinham sucateando, afundando plataforma petrolífera, com nova logomarca e tudo mais, a fim de vender. Vender não, que ele, até por gratidão, não é disso; doar aos seus patrões do norte, deixando a gratidão por conta destes.

Lukas

Com tudo isto, hoje a Petr4 está valendo agora R$17,89, enquanto em maio de 2008 sua cotação era de R$43,66…

    abolicionista

    Quanto ela valia no período FHC?

    Lukas

    Se bobear, mais, apesar do pré-sal…

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