Pastoral da Terra e CNBB denunciam ministro: Numa só canetada,”acaba” com trabalho escravo por decreto e dá salvo-conduto a patrão escravagista
Tempo de leitura: 3 minNOTA PÚBLICA: Nova portaria do ministro do trabalho “acaba” com trabalho escravo
da Comissão da Pastoral da Terra (CPT)
Quatro dias depois de defenestrar o chefe do combate nacional ao trabalho escravo (André Roston, chefe da DETRAE), o Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, publica no Diário Oficial da União de hoje, 16/10/2017, Portaria de sua autoria (n° 1129 de 13/10/2017) que, literalmente “acaba” com o trabalho escravo no Brasil.
A Portaria, numa canetada só, elimina os principais entraves ao livre exercício do trabalho escravo contemporâneo tais quais estabelecidos por leis, normas e portarias anteriores, ficando como saldo final o seguinte:
Flagrante de trabalho escravo só poderá acontecer doravante se – e unicamente se – houver constatação do impedimento de ir e vir imposto ao trabalhador, em ambiente de coação, ameaça, violência.
Para conseguir este resultado – há muito tempo tentado pela via legislativa, mas ainda sem o sucesso exigido pelos lobbies escravagistas – bastou distorcer o sentido de expressões e termos há muito tempo consagrados na prática da inspeção do trabalho e na jurisprudência dos tribunais.
Exemplificando, no lugar de ser simplesmente eliminadas dos qualificadores do trabalho escravo contemporâneo, a jornada exaustiva e as condições degradantes recebem na nova Portaria uma esdrúxula reformulação assim redigida:
Jornada exaustiva: “submissão do trabalhador, contra a sua vontade e com privação do direito de ir e vir, a trabalho fora dos ditames legais”.
Condição degradante: “caracterizada por atos comissivos de violação dos direitos fundamentais da pessoa do trabalhador, consubstanciados no cerceamento da liberdade ir e vir… e que impliquem na privação de sua dignidade”.
Condição análoga à de escravo: “trabalho sob ameaça de punição, com uso de coação”; “cerceamento de qualquer meio de transporte”; “manutenção de segurança armada com o fim de reter o trabalhador em razão de dívida contraída”.
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Simultaneamente impõe-se aos auditores fiscais do trabalho um elenco de exigências e rotinas visando a tornar, no mínimo, improvável o andamento administrativo dos autos de infração que eles se atreverem a lavrar ao se depararem com situações de trabalho análogo à de escravo.
Óbvio, esse engessamento tem um endereço certo: inviabilizar a inclusão de eventual escravagista na Lista Suja, ela também re-triturada pela caneta do Ministro e sua divulgação doravante sujeita à sua exclusiva avaliação.
Na oportunidade estabelece a Portaria que os autos de infração relacionados a flagrante de trabalho escravo só terão validade se juntado um boletim de ocorrência lavrado por autoridade policial que tenha participado da fiscalização, condicionando assim a constatação de trabalho escravo, atualmente competência exclusiva dos fiscais do trabalho, à anuência de policiais.
Sem consulta nenhuma ao Ministério dos Direitos Humanos, outro signatário da Portaria Interministerial MTPS/MMIRDH n°4 de 11/05/2016, o Ministro do Trabalho rasga seus artigos 2 (al.5), 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 e resolve excluir o Ministério Público do Trabalho da competência para celebrar eventual Termo de Ajuste de Conduta com empregadores em risco de serem incluídos na Lista Suja, deixando esse monopólio ao MTE em conjunção com a AGU.
É falácia a alegação subjacente à Portaria de que os empregadores alvos de flagrante por trabalho escravo estariam desprotegidos. Foi exatamente objeto da Portaria Interministerial hoje rasgada definir mecanismos transparentes e equilibrados, por sinal referendados pela própria Presidente do Supremo Tribunal Federal.
A força do conceito legal brasileiro de trabalho escravo, construído a duras custas até chegar à formulação moderna do artigo 149 do Código Penal, internacionalmente reconhecida, é de concentrar a caracterização do trabalho escravo na negação da dignidade da pessoa do trabalhador ou da trabalhadora, fazendo dela uma “coisa”, fosse ela presa ou não.
É por demais evidente que a única e exclusiva preocupação do Ministro do Trabalho nesta suja empreitada é oferecer a um certo empresariado descompromissado com a trabalho decente um salvo-conduto para lucrar sem limite.
16 de outubro de 2017
Comissão Pastoral da Terra – Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo “De Olho Aberto para não Virar Escravo”
Comissão Episcopal Pastoral Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
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Comentários
Antonio
A CULPA É DO LULA
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REUTERS
Em declaração ao comitê de desarmamento da Assembléia Geral da ONU, o embaixador adjunto da Coreia do Norte nas Nações Unidas, Kim In Ryong, disse que o país é o único do mundo que foi submetido a “uma ameaça nuclear tão extrema e direta” dos Estados Unidos desde a década de 1970, e que tem o direito de possuir armas nucleares para defesa própria
JULIO CEZAR DE OLIVEIRA
espero do fundo do coração,que estes deputados que votaram para tirar a dilma desapareçam do cenário político para sempre,que ninguém vote neles mais,por tudo que há de mais sagrado.
luiz-sc
Se milhões sairem às ruas anulamos o impeachment.
Renato
Em nenhum momento da história, onde grupos humanos se dividiram entre os que tinham e os que não tinham, houve um trabalho decente. Na sua mameira de organizar essas sociedades, onde alguns, espertos e/ou mais fortes, na essência desse tipo de organização estava a exploração de uns poucos sobre a força de trabalho da maioria. Não é surpresa que isso ocorra nessas sociedades capitalistas. Não se produz para sobrevivência somente. A ideologia criada por pensadores capitalistas, filhos de grandes capitalistas diz ou reza que é possível todos ficarem muito bem na vida materialmente. Oras pois, quem acredita nessa falácia é um tolo que não conhece o sistema em que está inserido. Sempre nascerá bebes que se tornarão adultos e serão explorados ou explorarão seus semelhante. Infelizmente assim será enquanto esse sistema que na sua essência é perverso, não poderia ser diferente, pois, o bebe adulto se tornou perverso e esse sistema é mais pura manifestação de sua perversidade ou de seu espírito perverso, haverá o explorador e o explorado. Se nos debruçarmos sobre como é que as pessoas, a grande maioria, aceitou essa barbárie descobriremos muitas respostas. Não vou tratar sobre isso agora, numa outra oportunidade, se aparecer, então escreverei.
Eugênio Viola
A história de vida de SERES HUMANOS resgatados do trabalho escravo – em pleno século XXI – é narrada neste vídeo ao ator Wagner Moura.
https://www.youtube.com/watch?v=jPfrXb8Plh8
A CNBB é mais uma semente de amor ao próximo deixada pelo saudoso Dom Helder Câmara.
Outro mundo é possível.
Abraços
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