Tucano ajudou acusado da Operação Porto Seguro
Ex-secretário paulista Paulo Alexandre Barbosa recebeu Gilberto Miranda e atuou por construção de porto; governo apontou ‘relevância econômica’ de projeto
11 de janeiro de 2013 | 2h 06
Bruno Boghossian e Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo, sugerido pela Maria Frô
O ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), atuou em favor de um projeto do ex-senador Gilberto Miranda, denunciado por corrupção como resultado da Operação Porto Seguro.
Miranda tentava obter junto ao governo do Estado um parecer em favor de um empreendimento portuário avaliado em R$ 1,65 bilhão na Ilha de Bagres, em Santos, município do qual Barbosa se tornou prefeito este ano.
O ex-senador procurou Barbosa e se encontrou com o então secretário durante sua gestão no Desenvolvimento Econômico, entre abril de 2011 e março de 2012, para pedir ajuda na obtenção de uma declaração de utilidade pública para o projeto pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). A declaração era necessária para autorizar a derrubada da vegetação da ilha.
Na Operação Porto Seguro, a Polícia Federal constatou que o grupo ligado a Miranda corrompeu agentes públicos do governo federal para tentar obter uma declaração do gênero. Em um dos diálogos, os integrantes da organização apontam que também poderiam conseguir algo semelhante com o governo de São Paulo.
Segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, denunciado por integrar o esquema, Barbosa ajudou o ex-senador no processo. O ex-secretário confirma que manteve contato com Miranda sobre o caso da Ilha de Bagres, mas diz que os dois não têm relação pessoal. Ele não foi denunciado e não é investigado pela Porto Seguro.
Em 6 de janeiro de 2012, a empresa São Paulo Empreendimentos Portuários, que a PF diz pertencer a Miranda, enviou à secretaria um pedido de reconhecimento de utilidade pública. A pasta deu encaminhamento ao projeto e, posteriormente, declarou que era “imprescindível para a expansão portuária paulista”.
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Na manifestação, assinada pelo então secretário adjunto da pasta, Luiz Carlos Quadrelli, destacou-se ainda que “não há áreas disponíveis no Estado de São Paulo que não tragam a necessidade de abatimento de formações vegetacionais protegidas pelo Código Florestal Brasileiro ou pela Lei da Mata Atlântica”.
Com as manifestações favoráveis, o assunto foi levado a Alckmin, que seria o responsável por expedir o decreto requerido.
No entanto, a assessoria jurídica do Palácio dos Bandeirantes barrou as pretensões da empresa. Em maio, a procuradora do Estado Elizabete Matsushita deu um parecer no qual afirmou que “a competência para declarar utilidade pública do empreendimento apresentado é da Secretaria Especial dos Portos da Presidência da República”.
Com base no parecer, Alckmin concedeu apenas uma declaração de “relevância econômica”, que não atendia ao pedido original de Miranda, mas que foi usada a favor do empreendimento no processo enviado ao governo federal.
“Eu vou escrever no final: ‘essa obra é fundamental para o interesse nacional, assim como já declarou o senhor governador do Estado'”, disse Paulo Vieira a Miranda em novembro, por telefone.
A PF revelou que a quadrilha desmontada pela operação recebeu uma cópia do decreto de Alckmin antes que fosse publicado.
Relação. Procurado, o atual prefeito de Santos admitiu que “foi contatado e recebeu centenas de representantes de empresas nacionais e internacionais e delegações de outros países interessadas em investir no Estado”, enquanto ocupou a pasta do Desenvolvimento Econômico. O prefeito admitiu manter contato com Miranda “na condição de secretário, mas não mantém nenhuma relação pessoal com o mesmo”.
Questionado se havia recebido doações de empresas ligadas a Miranda para a sua campanha, Barbosa afirmou que “não recebeu qualquer doação do empresário nas eleições de que participou, inclusive na de prefeito em 2012”.
O prefeito destacou ainda que Miranda procurou a secretaria para obter a declaração de utilidade pública da ilha com objetivo de obter licenciamento ambiental, que o pedido foi encaminhado à Procuradoria do Estado, que emitiu parecer contrário, por considerar impertinente a declaração nos termos da solicitação.
A Secretaria de Desenvolvimento afirmou que “o parecer mencionado contraria o pedido do investidor privado, que queria a decretação de utilidade pública do empreendimento, em que pese análise da secretaria sobre a relevância econômica deste empreendimento”. Afirmou ainda que “a secretaria reconhece a importância de todos os empreendimentos nos portos paulistas, na indústria naval e nas offshore de São Paulo.
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Comentários
Quem é o poderoso bilionário governador-geral das ilhas e aquíferos do Brasil? « O jornaleiro
[…] e não é investigado pela Porto Seguro. Conheça aqui uma lista de tubarões envolvidos na entrega da Ilha de Bagres. O projeto na Ilha de Bagres lembra outro projeto esperto no Porto de Açu, a Eikelândia Share […]
João-PR
Pois é! E jamais veremos isso estampado em uma capa da Veja (muito embora esse pasquim esteja fadado a fechar, ainda produz estragos aqui e acolá com a classe média que se “informa” pelo detrito da maré baixa).
FrancoAtirador
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Por falar em ‘dedo tucano’:
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Folha de São Paulo
11 de janeiro de 2013
Seção “Erramos”
MERCADO (7.JAN, PÁG. B1) A reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico havia sido marcada em 13 de dezembro de 2012, e não neste ano, conforme informou a reportagem “Racionamento de luz acende sinal amarelo”, de Eliane Cantanhêde*.
*A tucana cheirosa Eliane Cantanhêde é c@lunista do jornal Folha de S.Paulo e do canal de TV por assinatura Globo News.
É também esposa do publicitário Gilnei Rampazzo, sócio de Luiz Gonzalez, marqueteiro do PSDB nas eleições presidenciais de 2006 (Alckmin) e 2010 (Serra), e municipais de 2012 (Serra), dentre outras.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/01/colunista-expoe-folha-ao-ridiculo-2/
Marcelo de Matos
No fim das contas, qual a diferença entre factoide e notícia? A meu ver, nenhuma. O factoide acaba “colando” como se fosse notícia, isto é, a ficção torna-se realidade. Tornou-se comum o assalto praticado por menores com armas de brinquedo. Alguns policiais costumam chamar essas “armas” de simulacros. O efeito, porém, é o mesmo: tanto faz levarem sua grana com revólver de verdade ou de brinquedo. No caso da Operação Porto Seguro, para variar, o interesse era todo do Alckmin, mas, o Lula é que foi malhado pelo PIG. O suposto affair do ex-presidente com a Rose virou capa das Vejas da vida, enquanto se blindava o político pindamonhangabense. Questionado por outro agente público se havia gente graúda do governo envolvida no esquema do porto, tipo prefeito, governador, Paulo Vieira (Paulo Branco, não confundir com Paulo Preto, seu homônimo) disse: Tem, tem, tem. Claro que tem, mas, essa imprensa porca não vai falar nada.
Julio Silveira
Estou me tranformando num pessimista inveterado, mas tenho um fio de esperança de que as coisas mudem. Por enquanto me desculpem mas essas informações se revelarão inocuas, não irão acarretar em nada. Sabemos, de muito tempo, e mais recentemente, desde a operação pizza, de Carlinhos Cachoeira, que um grande acordão entre macacos faz com que cada um segure o rabo do outro com uma mão, enquanto com a outra ocupam em aparar as cacas que todos vão se depositando pelo caminho. Utilizam os famosos saquinhos higienicos a prova de rasgos e proliferação do odor, para os próprios. Só que quem tá de fora, com a quantidade acumulada, sente o cheiro, mas fica por isso mesmo.
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