Quem matou Rachel e Tayná? Mulheres contra a impunidade

Tempo de leitura: 3 min

Tayná, 14 anos,  Rachel, 9: Vítimas da violência e da impunidade

por Fernando César Oliveira

Movimentos feministas e de mulheres de Curitiba e região metropolitana promovem nos próximos dias duas manifestações contra a impunidade observada nos casos dos assassinatos da menina Rachel Genofre e da adolescente Tayná Silva.

O primeiro protesto acontece nesta sexta-feira (6/12), a partir das 17 horas, na Rodoferroviária de Curitiba. O segundo, no próximo dia 10 de dezembro, ao meio-dia, em frente ao edifício-sede do Tribunal de Justiça do Paraná, no Centro Cívico, também em Curitiba.

” Quem matou Tayná? Quem matou Rachel Genofre? ” , questiona o panfleto que será distribuído pelos movimentos à população. “O que une estas duas meninas, além da violência da qual foram vítimas, é o fato de que ninguém sabe quem são os responsáveis por suas mortes. As autoridades não se mostraram competentes para desvendar os casos.”

Entre as entidades que convocam os protestos estão Marcha Mundial das Mulheres, União Brasileira de Mulheres, Rede de Mulheres Negras, Movimento Mulheres em Luta, Promotoras Legais Populares e Fórum Popular de Mulheres.

Aos nove anos de idade, Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre desapareceu após sair da aula, em 3 de novembro de 2008. Dias depois, o corpo da menina foi encontrado dentro de uma mala, na rodoferroviária de Curitiba, com marcas de agressões e de violência sexual. Até hoje, passados mais de cinco anos, o autor do crime não foi identificado pela polícia do Paraná. A família da vítima mantém um blog sobre o caso.

Tayná Adriane da Silva, 14, foi encontrada morta no final de junho deste ano, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, com marcas de violência no pescoço e na cabeça. Quatro suspeitos presos foram incluídos no programa brasileiro de proteção a testemunhas após a revelação de terem sido torturados. O inquérito que investiga o caso deve vir a ser prorrogado nos próximos dias, pela terceira vez. Quatro delegados diferentes já estiveram à frente do caso, sem solucioná-lo.

Agenda:

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6/12

Ato na Rodoferroviária, a partir das 17h, por justiça no caso Rachel.

10/12

Ato no Tribunal de Justiça, às 12h, também por justiça e elucidação de todos os casos de assassinatos de mulheres e, em especial de Rachel e de Tayná

Íntegra do panfleto dos movimentos de mulheres:

Quem matou Tayná? Quem matou Rachel Genofre?

A menina Rachel foi encontrada morta em  uma mala na rodoferroviária de Curitiba há 05 anos. Tayná foi encontrada dentro de um poço em um terreno baldio na periferia de Colombo, neste ano.

O que une estas duas meninas, além da violência da qual foram vítimas, é o fato de que ninguém sabe quem são os responsáveis por suas mortes. As autoridades não se mostraram competentes para desvendar os casos e, aliás, são conhecidos os problemas nas investigações como, por exemplo, a acusação de tortura da polícia do Paraná para que 4 rapazes assumissem a autoria do crime que vitimou Tayná.

A violência sexista  está em todos os lugares onde convivem homens e mulheres. Chamamos de sexista pois a sofremos por sermos mulheres e ela é praticada por um homem – marido, namorado, pai, padrasto, parentes ou desconhecidos.

Nas ruas sofremos com cantadas como se estivéssemos disponíveis e sem direito de estar em espaços públicos. Nos ônibus são as passadas de mão. No trabalho estamos expostas a chantagens e assédio sexual e moral praticados pelo chefe ou supervisor. A casa é o lugar da violência física e psicológica, sem contar os estupros e o abuso sexual. É como se fôssemos objetos dos homens.

Estamos cansadas do silêncio, da impunidade dos agressores e da falta de políticas públicas que nos garantam o direito à cidade e a autonomia sobre nossos  corpos, nossa sexualidade e nossa vida.

Não queremos mais regras sobre como devemos agir e nos comportar. Queremos políticas públicas que se comprometam com o fim da violência, contra o machismo, o assédio, a cultura do estupro e a culpabilização da vítima e que garantam direitos iguais de ocupação do espaço publico. E o Estado é o responsável pela nossa proteção e pela garantia de nossas vidas.

Estamos aqui para dizer ao governo do Paraná que exigimos a resolução destes e de todos os demais assassinatos de mulheres neste estado que é o terceiro no ranking da violência.

Estamos aqui trazendo nosso grito por justiça até que ele transforme num brado a ser ouvido em todos os cantos do Paraná.

MOVIMENTOS FEMINISTAS E DE MULHERES DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA

Marcha Mundial das Mulheres/PR, UBM – União Brasileira de Mulheres/PR, Rede de Mulheres Negras/PR, Movimento Mulheres em Luta/PR, Promotoras Legais Populares, Fórum Popular de Mulheres/PR

 

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