Movimento Negro e aliados pedem explicações sobre fala de comandante da Rota e exigem sua demissão

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

Na tarde desta terça-feira (25/8), o Movimento Negro, aliado a um conjunto de organizações populares, protocolou petição, pedindo esclarecimentos sobre as declarações do novo comandante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota),  tenente-coronel Ricardo Augusto do Nascimento de Mello Araújo, e exigindo a sua demissão.

Em entrevista ao repórter Luís Adorno, do UOL, Mello Araújo afirmou que os PMs que atuam na região nobre e na periferia de São Paulo adotam formas diferentes de abordar e falar com moradores:

“Você pega um policial que trabalha no Jardins [bairro de SP], a forma como ele vai lidar com a comunidade, com as pessoas que transitam por lá é totalmente diferente de um policial que trabalha na periferia. A forma de se abordar a pessoa é diferente, porque aquela comunidade periférica, se eu colocar o policial do Jardins pra trabalhar ele vai ter dificuldade para se adaptar a essa realidade.

É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado, da mesma forma, se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando. O policial tem que se adaptar àquele meio que ele está naquele momento”. (Grifo da petição)

A petição é dirigida à Secretaria Segurança Pública, ao Ministério Público, à Ouvidoria das Polícias e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com base na lei de acesso à informação, os signatários questionam, entre outros pontos:

Quem são os 28 presos na operação deflagrada no dia 23/8? Todos tem assistência jurídica e advogados designados? Se sim. Quem são esses profissionais? Quais as motivações alegadas pela corporação para as prisões? Em que unidades prisionais essas pessoas estão?

Onde se baseia, do ponto de vista legal, a normativa de atuação diferenciada promovida cotidianamente pela Policia Militar, a depender das características “periféricas” ou “perfil Jardins”, ora verbalizada pelo atual comandante da Rota?

Quais são as características territoriais e sociais da localidade, bem como das pessoas que moram e transitam nas regiões periféricas, que obriga determinados procedimentos por parte da POLÍCIA MILITAR e que, se repetido em regiões similares ao Jardins, levaria o cidadão abordado sentir-se alvo da “grosseria” do agente estatal?

O que há num lugar e em outro não, que o permite ser ou parecer grosseiro?

Relate em tópicos quais práticas da POLÍCIA MILITAR podem ser consideradas “grosseiras” por moradores do bairro do Jardins, mas que nas periferias podem promovidas. E por quê?

Quais os bairros/regiões considerados periferias para efeito das práticas de abordagem diferenciada realizadas pela POLÍCIA MILITAR?

Quais são as regiões/bairros considerados perfil Jardins?

A forma diferenciada de atuação da POLÍCIA MILITAR nas periferias tem trazido quais resultados?

A petição é assinada por estas 41 organizações:

Frente Alternativa Preta – FAP Agenda Preta

Anistia Internacional – Núcleo de Ativismo SP Associação Amparar

Associação Cultural e Educacional Movimento Hip Hop Revolucionário – MH2R

Apoie o VIOMUNDO

Associação Franciscana de Defesa de Direito e Formação Popular

Associação Mulheres de Odun

Blog NegroBelchior

Bocada Forte Hip Hop Brigadas Populares

Campanha 30 dias por Rafael Braga

CEDECA Mônica Paixão Trevisan – CEDECA Sapopemba

Centro de Direitos Humanos de Sapopemba

Centro de Inclusão Social Pela Arte, Cultura, Trabalho e Educação – CISARTE Coletivo Abayomi Aba Pela Juventude Negra Viva

Coletivo de Esquerda Força Ativa

Coletivo Leste Negra

Coletivo Levante Mulher

Coletivo Milton Santos – Apeoesp Coletivo Negro Vozes – UFABC Coletivo Perifatividade

Coletivo Rosa Zumbi

CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras

Cursinho Livre da Norte

Espaço Cultural Cachoeiras – Cohab Raposo Tavares

Feeder – Forum Estadual de Educação da Diversidade e Relações Étnco-Racial

Forró di Muié

Fórum de Hip Hop do Jabaquara

Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente de Sapopemba

FRENER – Frente Negra de Erradicação do Racismo

Frente Evangélica pelo Estado de Direito

Frente Povo Sem Medo

Geledés – Instituto da Mulher Negra

Grupo Artístico Imani

Grupo de estudos de feminismos negros – Unicamp Instituto Àwúre de Incentivo Cultural Afro Brasileiro Instituto Gangazumba

Instituto Luiz Gama

Juventude Politizada de Parelheiros

Kilombagem

Marcha das Mulheres Negras de SP

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST Movimento Negro Unificado – MNU

MRT Negrume

Núcleo de Consciência Negra da Unicamp Núcleo de Consciência Negra na USP – NCN Observatório da Juventude – Zona Norte Ponto de Cultura com P de

Protagonismo Quilombação

Sarau das Pretas

Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do ABC – SinTUFABC Terça Afro

Uneafro-Brasil

Unegro

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Comentários

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Sueli Ribeiro

Subserviente e covarde. Tudo às claras, né?

pancadão do seu guarda

Abriram as portas do inferno. Agora, ninguém precisa esconder mais nada. Só falta agora o dito cujo explicar por que liderança do PCC, traficante, líderes de quadrilhas de todos os tipos de crime, recebem tratamento padrão Jardins.
Claro, a gente já sabe, até porque na periferia não fazem questão de esconder. É que agora, a certeza de que estão amparados institucionalmente garante certos “atos falhos”. A Turma tem representante até no STJ. O cabeça de ovo segura as pontas.

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