Ministro de Temer promete usina nuclear em Itacuruba; ele já leu o livro sobre Tchernóbil?

Tempo de leitura: 4 min

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Vamos ver o que dizem os moradores de Itacuruba e região depois da leitura do livro Vozes de Tchernóbil

Um documento oficial do escritório regional da Eletronuclear no Recife, estatal responsável pela implantação e operação de usinas nucleares no governo federal, aponta a cidade de Itacuruba, no Sertão do São Francisco, distante 481 km do Recife, como a primeira opção para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste. Até então, o que se divulgava oficialmente é que o empreendimento poderia ser localizado em alguma cidade às margens do Rio São Francisco. Segundo o documento, a área reúne as melhores condições porque conta com solo estável, oferta de água em abundância (usada para resfriar os sistemas de geração) e localiza-se nas proximidades das linhas de transmissão da Chesf. O terreno apontado como opção no estudo fica às margens do Lago de Itaparica, no Sertão. No Jornal do Commercio de Pernambuco, em 2011

Um borbônico no ministério de Minas e Energia

Heitor Scalambrini Costa*, por e-mail

Com o título “Em defesa da energia nuclear” o jornal do Commercio de Pernambuco divulgou em 6 de setembro último, uma entrevista com o filho do senador Fernando Bezerra Coelho, que tem o nome do pai, atual ministro de minas e energia, por força das circunstâncias.

Sua entrevista é de uma clareza cristalina sobre o que o “menino” pretende fazer como ministro de um dos ministérios mais estratégicos para o país. Obviamente como resposta a primeira pergunta “de quais as principais iniciativas que vai adotar?”, tratou logo de asseverar sua total ignorância para o posto a que foi guindado.

Confessou que seu ministério foi montado com uma equipe de pessoas ligadas ao mercado, as empresas privadas; com o intuito de gerar um ambiente favorável ao mercado. Ou seja, será somente um titere nas mãos dos grupos empresariais, das corporações, cujos interesses são somente mercantis.

Com relação à pergunta feita pelo repórter sobre sua posição quanto à energia nuclear, tratou logo de desqualificar aqueles que pensam o contrário, que afirmam que o Brasil não precisa de usinas nucleares. Disse que não tem preconceito sobre esta fonte energética.

Sua resposta demonstra sua completa ignorância, à falta de conhecimento, sabedoria e instrução sobre este tema. Sua crença em elementos amplamente divulgados como falsos. E a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta.

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O ministro conhece bem é como manipular seu curral eleitoral, afirmando em recente visita ao lado do seu pai, aos correligionários do sertão pernambucano, que a usina nuclear será construída em Itacuruba, e trará “desenvolvimento”, empregos e geração de renda aos moradores dos municípios do seu entorno.

Isso o ministro e seu pai sabem fazer. Manipular a informação, iludir as pessoas, vender uma falsa imagem de poderoso, daquele que decide.

A energia nuclear é totalmente desnecessária ao país para sua segurança energética. Esta justificativa de que ela é a salvação contra o “apagão” é trazida à tona de tempos em tempos, por aqueles que defendem esta fonte de energia por interesses outros, muitas vezes nada republicanos.

O custo de uma usina de 1.000 MW está em torno de 15 bilhões de reais (se não houver atrasos nas obras). Pense numa obra desta magnitude no Brasil que tenha sido entregue em dia, sem novos aditivos. Sem propinas das empreiteiras?

O custo da energia para o consumidor é tão caro que, não fossem os subsídios do governo (de todos nós), seria proibitivo comparado com outras tecnologias de geração de energia elétrica. Os custos são camuflados, não se leva em conta os danos ambientais do ciclo do combustível e nem o descomissionamento da usina depois de cumprida sua vida útil.

Caso haja vazamento de material radioativo, aí sim a coisa complica. Material radioativo disperso na natureza contamina o ar, a água, o solo e subsolo por tempo indeterminado.

No desastre de Fukushima fala-se em 40 anos para a descontaminação, e várias dezenas de bilhões de dólares. Nenhuma seguradora do mundo aceita assegurar uma usina nuclear. É o próprio Estado que tem de segurar a usina para caso de acidentes.

Quanto ao material radioativo produzido nas reações nucleares, aqueles de maior radioatividade, ainda não se sabe o que fazer com eles. Como armazená-los definitivamente? O popular “lixo” fica como presente para as gerações futuras. Belo presente, não senhor ministro?

E assim vão os aspectos negativos de uma usina nuclear, hoje repudiados por vários países do mundo.

Portanto, aqueles que defendem que o país não precisa de energia nuclear não tem nenhum preconceito.

Suas posições são determinadas pelo conhecimento dos impactos causados por tal tecnologia. Diferente do senhor ministro, que nada sabe sobre este assunto, e de outros do ministério que ocupa. Que seja rápida sua passagem, para o bem do país.

Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza — em um país como o Brasil, com tantas opções de produção de energias renováveis — a energia nuclear não passará.

*Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

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Comentários

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EDUARDO

Imagino que o Brasil deva sim ampliar a sua capacidade de geração com usinas nucleares. As discussões sobre a implantação no nordeste não são novas. Produzir 1000MW não é pouca coisa e com uma área de impacto ambiental relativamente pequena. Assim como precisamos dar continuidade ao programa da marinha para o submarino de propulsão nuclear.
Sobre o lixo nuclear o Brasil precisa tratar de uma forma definitiva. Não só das usinas que hoje os trata internamente, mas de todo os equimantos e rejeitos nucleares que são usados corriqueiramente. Não podemos repetir o acidente de Goiania por mera desinformação.

Rogerio

Ler? Golpista não sabe o que é isso.

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