Luciano Martins Costa: Sabesp raciona água e a imprensa, os fatos

Tempo de leitura: 3 min

falta de água

CRISE HÍDRICA

Quem sai no retrato

por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa, sugerido por Júlio César Macedo Amorim

Os jornais de quinta-feira (22/1) refletem uma circunstância corriqueira na relação da imprensa com o poder político e reproduzem o estado de guerra que domina o ambiente midiático. As manchetes e outros títulos de destaque nas primeiras páginas procuram exacerbar as dificuldades da economia nacional, ao mesmo tempo em que tentam colocar o problema de abastecimento de água em São Paulo na conta das mudanças climáticas.

O conjunto de notícias e opiniões que os diários apresentam como a síntese do período induz o leitor a acreditar que o Brasil é um comboio em direção ao abismo, e que o condutor, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, está tomando as providências para reduzir a velocidade e desviá-lo de volta para o trilho do desenvolvimento. A presidente da República, responsável pela estratégia que o ministro deve administrar, é citada quase exclusivamente no meio de declarações sobre o escândalo da Petrobras.

Há espaço, ainda, para a fotografia do presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, envergando a bata tradicional na cerimônia indígena que antecede sua posse. Com exceção do Estado de S. Paulo, os jornais expõem na primeira página a imagem de Morales junto a xamãs nativos, acompanhada de textos que mal dissimulam o preconceito. No Globo, o título do conjunto é: “Dom Evo I”. Na Folha de S.Paulo, o título chega próximo da zombaria: “Pelos poderes de Evo”, diz o jornal paulista.

A imprensa não suporta essa coisa de indígena fora de reservas, ocupando palácio de governo e resolvendo problemas centenários de seus países.

Como se vê, há uma série de elementos a serem observados nas escolhas dos editores. Um dos aspectos mais interessantes é o posicionamento que a imprensa faz dos principais protagonistas da cena pública.

Evo Morales, que vai para seu terceiro mandato com um histórico de êxitos na recuperação da economia e da autoestima dos bolivianos, é retratado como uma aberração excêntrica, numa América Latina cuja elite se imagina europeia. A presidente do Brasil vira personagem secundária na crônica do poder. Por outro lado, o governador de São Paulo, responsável direto pela crise que ameaça o bem-estar de milhões de cidadãos, é retirado de cena quando deveria estar respondendo perguntas incômodas, porém cruciais.

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Racionamento de fato

Se a imprensa aprova as medidas anunciadas pelo governo federal, o destaque vai para o ministro da Fazenda. Se a imprensa se vê na contingência de reconhecer o descalabro na gestão dos recursos hídricos e no sistema de distribuição de energia em território paulista, o foco vai para auxiliares do segundo ou terceiro escalão. O governador Geraldo Alckmin aparece apenas para criticar a empresa responsável pela gestão da energia, AES Eletropaulo, numa clara manobra para criar um novo foco de atenção e desviar do Palácio dos Bandeirantes o olhar crítico do público.

O isolamento da presidente Dilma Rousseff no noticiário sobre medidas econômicas (que a imprensa apoia) vem acompanhado de comentários que amplificam supostas reações de dirigentes de seu partido às medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda. Assim, o leitor é induzido a pensar que Joaquim Levy conduz a economia à revelia da presidente e contra a orientação do partido que a reconduziu ao poder.

No caso paulista, quem vai para a frente da batalha comunicacional é o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, que em artigo na Folha de S.Paulo tenta convencer o cidadão de que não há racionamento de água, mas pode vir a acontecer. Aproveita para reconhecer que a principal causa da crise hídrica é a fartura de vazamentos na tubulação. São 64 mil quilômetros de tubos enterrados sob o asfalto da região metropolitana, uma extensão correspondente a uma volta e meia em torno do planeta.

O presidente da Sabesp só não explica por que seu chefe, o governador Geraldo Alckmin, não exigiu que a empresa corrigisse essa deficiência desde a primeira vez que ocupou o Palácio dos Bandeirantes, em 2001. E a Folha de S.Paulo esquece que publicou no dia 12 de outubro de 2003, um domingo (ver aqui), uma reportagem na qual alertava para o fato de que, se nada fosse feito para reduzir as perdas, a região metropolitana só teria água até o ano de 2010.

Nada foi feito. Tudo que sai dos mananciais do sistema Cantareira se perde nos vazamentos. A Sabesp raciona a água, a imprensa faz o racionamento dos fatos.

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Comentários

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Elias

Pior é que 60% do eleitorado paulista, da capital e do interior, mesmo sem água, daqui a quatro anos vai votar em Alckmin e apenas 30% em Lula. Mais ou menos como foi com Dilma. Lula vencerá, como Dilma venceu mas não consigo imaginar um nome da esquerda que consiga se eleger governador de São Paulo. Parece que esse eleitorado contraiu uma doença esquisita, difícil de curar.

Marat

Quanto mais eu leio, mais me certifico da podridão que é o PIG, e da promiscuidade deste com o partidinho dos burgueses tolos de SP, que fazem os pobres de bobos… Bom, faço minha parte. Conscientizo o máximo de tolos que consigo…

Marat

Enquanto oferecem banana a Evo, oferecem a bunda ao Obama… Essa é a impren$$$a brasileira. Isso jamais sairá dos anais dela!!!

Fabio Hideki

No meu prédio, falta água das 14h as 05h do dia seguinte. Moro na Vila Mariana,
E ninguém odeia o PSDB.
Nenhum sinal de indignação.
Para serem considerados oficialmente “bovinos”, eles estão esperando a visita do Alckmin para marcá-los com ferro quente, a sigla PSDB.

Beto

Gostaria de saber como uma População de mais de 20 milhões de habitantes, +/- 10% da população do País, que esta sendo atingida por uma CRISE HÍDRICA CAÓTICA e mesmo MORRENDO DE SEDE; não se “MOVE” e não tomam uma atitude ?; será que os TELEGUIADOS PELA MÍDIA, não vão acordar ou vão esperar a água acabar totalmente, para saber que estão sendo enganados há 20 anos?. O BRASIL VAI MUDAR QUANDO A ÁGUA DO CANTAREIRA ACABAR! Acordem PAULISTAS !!! Exija do PSDB/PIG/GLOBO, do ALCKIMIN, da SABESP e de todas as Pessoas envolvidas nesta TRAGÉDIA; todas as explicações e que todos sejam responsabilizados por seus atos criminosos. A Sociedade tem que saber tudo sobre a SABESP; CPI JÁ !!!

Léo

A imprensa noticia: “BRASIL EM CRISE”, ignorando que todos os países do G20 teve crescimento baixo ou nulo.
No DF a CEB (companhia energética de responsabilidade do governo local) e que é mal gerida por longos 24 anos ou mais constantimente tem queda de energia. Alexandre garcia insiste em culpar o governo federal, ainda sobre o jornalista, ele ama comparar nosso país com os EUA, no casodo apagão tempos atrás nos Estados Unidos, para ele foi uma fatalidade.

São exemplos de comoa midia se comporta.

Lukas

“Se a imprensa aprova as medidas anunciadas pelo governo federal, o destaque vai para o ministro da Fazenda.”

Agora o outro lado da moeda, ou seja, como se comporta a imprensa “progressista”:

“Na política econômica, o pacote de maldades do Ministro da Fazenda Joaquim Levy impactará a atividade econômica e o emprego. O realinhamento de tarifas afetará os preços.”

Luis Nassif

Mesma coisa, só que com os sinais trocados.

    Rogerio

    A mesma coisa na sua cabecinha. A página de Veja está ávida por suas “opiniões”

O Mar da Silva

E assim, os brasileiros, como meu colega de trabalho, fica impactado com a novela da mídia em torno da execução do traficante de drogas lá na Indonésia.

Aliás, o referido colega disse horrores sobre os indonésios e sua pena capital, chegando a chamá-los de primitivos por isso. O colega é leitor da Folha.

Quando disse a ele que nos EUA havia a pena de morte e que isso era tão selvagem quando o fuzilamento indonésio – que a mídia andou descrevendo em detalhes, segundo ele relatou-me – ele retrucou e afirmou que apenas meia dúzia de estados independentes realizavam o procedimento (que segundo ele é ””’civilizado”””).

Qual não foi a surpresa do colega leitor do PIG ao saber que mais de 30 estados ‘independentes’ realizam tal procedimento civilizatório. E mais, ele chegou a afirmar que as câmaras de gás eram menos primitivas que o fuzilamento indonésio.

Mais uma vez, eu confirmei o mal que o PIG fez ao Brasil. Uma vez que um ser humano, adulto, pai de uma filha menor de idade, formado em universidade federal pode dizer que o procedimento de execução utilizado nos EUA e o outro pelos nazistas na Alemanha são mais civilizados para tirar a vida de pessoas.

O conceito de civilidade que acompanha o leitor da Folha é um caso para a justiça e a psicologia.

Antonio Mota

A Imprensa ” Livre ” e Democrática do Estado de São Paulo SUBESTIMA a INTELIGÊNCIA do POVO do Estado. Trata-os como se fossem ANALFABETOS FUNCIONAIS vivendo sob o CABRESTO do PSDB-45 por mais de 20 anos. O MARANHÃO já disse NÃO. Só falta agora esse POVO sofredor e manipulado darem seus VOTOS para essa CORJA do PSDB-45 em gratidão ou submissão. ACORDA SÃO PAULO. Esse papo de os ” mais estudados ” é para tirar VOCÊS de TEMPO.

Vlad

Ah sim. A imprensa.
Ad nauseam.

Heil!

FrancoAtirador

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É a Velha Técnica de Confundir para Desinformar.
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Reinaldo José Mercador Dantas

Infelizmente, quem paga a conta, somos nós os trabalhadores deste dos tempos de Cabral.

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