Não é assim que deve ser feito
João Guilherme Vargas Netto, no Repórter Sindical
O que vou escrever me causa desconforto e apenas o faço para alertar os dirigentes sindicais e convocá-los em defesa da instituição sindical.
O que assistimos e vivemos em São Paulo nos últimos dias é um exemplo acachapante de quartelada sindical, que prejudica a sociedade porque a faz refém do desatino e impõe uma provação ao movimento sindical.
A quartelada serve a outros setores que não os dirigentes sindicais e muito menos aos trabalhadores.
A greve selvagem dos rodoviários paulistanos — qualquer que seja o resultado dela — é condenável e merece o repúdio formal de todos aqueles que militam no movimento sindical com práticas corretas, empenho de lutas, convicções democráticas e espírito unitário.
O Sindicato dos Condutores tem uma diretoria legítima eleita pela categoria em pleito disputado e cujos resultados, incontestáveis, foram aceitos pelo próprio movimento. Essa diretoria conduziu as negociações com o patronato e obteve os melhores resultados, com ganhos reais de salários e outras vantagens. O acordo foi aprovado em assembleia maciça dos motoristas e cobradores, com comparecimento de mais de quatro mil companheiros.
Um grupo divisionista, aproveitando-se do mal-estar existente em algumas garagens e do atraso da diretoria em fazer chegar nelas os resultados obtidos, violou o acordo, insurgiu-se contra a vontade da maioria e utilizando-se de táticas terroristas impôs à sociedade um desconforto que deve sofrer qualquer pessoa sequestrada por bandidos. Tornaram-se muito suspeitas, também, certas pressões patronais, a passividade da força pública e as intromissões pontuais da bandidagem.
A Superintendência do Trabalho procurou ajudar na solução da crise, mas condescendeu com a bagunça ao tentar contê-la.
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Sugiro, com urgência, que as Centrais Sindicais se reúnam para avaliar a situação e produzam uma nota unitária com uma posição comum de repúdio a tais práticas e de defesa da instituição sindical.
João Guilherme Vargas Netto é consultor de diversas entidades sindicais e membro do corpo técnico do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar)
PS do Viomundo: Guerra de quadrilhas. Por outro lado, como sugeriu aqui o Flávio Luiz Sartori, é preciso estudar o fenômeno das lideranças sindicais ultrapassadas pelas reivindicações de base, que tem se repetido em toda parte.
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Comentários
Urbano
O que há de figurinhas inexpressivas e fascistas infiltradas em Sindicatos e em Partidos e partidecos de esquerda…
Mad Hatter
Duvido que se a diretoria do sindicato tivesse realmente representatividade, refletindo o sentimento político da maioria da categoria, tivesse tido movimento.
Se fosse uma minoria que fez a greve e o protesto, os próprios motoristas e trocadores tinham ido defender a posição da direção do sindicato. Para isso bastaria um membro da diretoria com oratória e um carro de som.
Movimento social é luta. Sindicato precisa está sempre na vanguarda, junto à categoria, refletindo o pensamento da base. Senão fica a reboque das massas.
Só quem nunca participou de qualquer movimento social consegue concordar com o “consultor de diversas entidades sindicais e membro do corpo técnico do Diap”.
Recomendo que saia do escritório e vá reaprender como é o movimento.
Desmascarando o golpe geral
Conheço sim. Conheço e muito bem sindicalistas privateiros.
GuaranaTai
João Guilherme Vargas Netto:
O Sindicato dos Condutores tem uma diretoria legítima eleita pela categoria em pleito disputado e cujos resultados, incontestáveis, foram aceitos pelo próprio movimento.
Flávio Luiz Sartori (http://www.viomundo.com.br/politica/sartori-quando-a-direcao-sindical-nao-representa-a-categoria.html):
Alguns anos atrás acompanhei uma eleição para o sindicato dos condutores em Campinas. A oposição estava muito bem organizada, só era possível ver a campanha eleitoral deles na rua, não aparecia nada da situação, tudo parecia indicar que a oposição seria vitoriosa.
Depois fiquei sabendo pelos motoristas e cobradores da chapa de oposição que nos dias da eleição apareceram motoristas e até mesmo pessoas se dizendo motoristas, que eles nem sabiam que existiam. Resultado: a situação saiu vencedora.
E aí? Acreditar em quem nessas horas? É só máfia pra todo lado, tá loco!
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