Jailson: “Quanto mais adianto a obra, mais fico perto de ser removido”

Tempo de leitura: 7 min

O operário Jaílson, que vive no entorno do Itaquerão, é símbolo das contradições da Copa

 por Ciro Barros, 

“Aquele primeiro bar ali é do Jaílson, procura ele lá que você vai achar”, me disse, de dentro de seu próprio bar, apontando para a direita, o motorista Pedro Fortunato, o Seu Pedro, figura notória da Comunidade da Paz, em Itaquera, zona Leste de São Paulo. O relógio marcava 17h20, mas a noite já ensaiava aparecer às margens do córrego do rio Verde quando chego ao bar indicado, uma birosca típica de favela, que  toca alto um pagode romântico dos anos 1990 – enquanto estive ali, além dos pagodes de Belo, Alexandre Pires e Revelação, ouvi o rap dos Racionais MC’s e Sabotage.

O comércio que complementa a renda do operário é simples: chão de terra batida, iluminação de uma única lâmpada (a energia vem de uma “gambiarra”, assim como a água), um pequeno balcão ao fundo, algumas poucas pessoas bebendo e jogando sinuca. Encontro os olhos claros de Jaílson atrás do balcão. Ele me estende a mão calejada pelo trabalho braçal e nem me deixa me desculpar pelo atraso, diz que tinha acabado de chegar também.

Jaílson ainda veste as calças amarelas com faixas refletoras de luz e botas grossas, o uniforme usado na construção civil. A Copa do Mundo, decidida por engravatados em escritórios de Genebra, o transformou numa contradição ambulante: o operário mora na comunidade vizinha ao estádio, ameaçada de remoção exatamente pelas obras em que trabalha. Ele é encarregado da “armação”, passa o dia montando armações metálicas para receber concreto nos canteiros das obras viárias do futuro estádio do Corinthians e do Polo Institucional de Itaquera, colado ao estádio, que contará com uma FATEC, uma ETEC, uma biblioteca, unidades do corpo de bombeiros e da PM e um parque linear.

Idealizado na gestão de Gilberto Kassab (PSD), o projeto da prefeitura de São Paulo foi incluído nas obras da Copa e apresentado como um legado do mundial para a cidade. O prazo para a conclusão das obras, meados de 2014, angústia os moradores da Comunidade da Paz que, como Jaílson, não sabem o que será feito deles depois.

“Me bate uma tremenda revolta, cara. Acho uma tremenda falha e erro do ser humano”, ele diz de modo assertivo, direto, olhos nos olhos. A voz seca, a expressão sisuda parecem encarar o sofrimento com naturalidade. Penso em Fabiano, protagonista de Vidas Secas, acostumado a se conter diante da face dura que a vida lhe mostrou. Como o personagem de Graciliano Ramos, Jaílson se sente massacrado a ponto de duvidar de sua condição humana: “Me sinto tratado como lixo, como um animal”, resume.

Ironicamente, o terreno que hoje abriga o bar de Jaílson, na frente de sua casa, já foi um lixão. “Conforme vai adiantando aquela obra, eu vou me afastando do lugar em que eu criei os meus filhos. Pra mim não é fácil porque eu sei que quanto mais adiantar aquela obra, mais rápido eu vou ser expulso de lá. Mas tem que fazer né? Eu preciso do trabalho, preciso colocar comida na mesa para os meus filhos, não tem jeito, tem que fazer uma coisa sacrificando outra”, consola-se.

A EPOPÉIA DE JAÍLSON DA BAHIA A SÃO PAULO

Jaílson, aliás, nem é o primeiro nome dele. Seu nome completo é Cícero Jaílson Ponciano da Silva. Tem 39 anos e é baiano do município de Paulo Afonso, que fica a 460 km de Salvador e acaba de romper a barreira dos 100 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE. O segundo nome pegou, segundo ele, desde menino.

Em 1996, aos 22 anos, Jaílson veio tentar a sorte em São Paulo como tantos conterrâneos. “No início, catei reciclagem. Normal, um serviço digno como outro qualquer, mas era uma maratona, tem que acordar muito cedo pra encher o saco, a carroça de coisas. Depois, fui trabalhar de pedreiro, melhorando a vida, conhecendo outras pessoas, conhecendo São Paulo mesmo, que eu não conhecia nada. Daí comprei esse lugarzinho aqui e mandei buscar a minha família”, relembra.

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Ele estava há dois anos em São Paulo, quando nasceu na Bahia a primeira filha, Wesleane, hoje com 15 anos – a mulher, Maria José Vieira, ainda vivia lá. Ele trabalhava como pedreiro e enviava dinheiro para a família, enquanto se estabelecia na Comunidade da Paz, cujo nome oficial é Miguel Inácio Curi II. Foi o irmão, José Domingos, morador da comunidade vizinha, a Miguel Inácio Curi I, que lhe avisou que havia espaço em uma antiga área da COHAB abandonada, onde brotavam alguns barracos, perto dali. Ele construiu a casa com as próprias mãos.

“Quando eu cheguei, tinham poucos barracos e era só mato, eu sou um dos fundadores daqui”, gosta de repetir, com certo orgulho. O local é estratégico: fica a poucos metros da estação de metrô Corinthians-Itaquera, inaugurada em 1988, que também abriga um shopping e um terminal de ônibus e oferece uma boa infraestrutura pública, essencial para famílias de baixa renda. Num raio de 2,5 km há oito escolas municipais de ensino infantil, duas escolas municipais de ensino fundamental, sete escolas estaduais de ensino fundamental e médio, 12 creches, uma biblioteca, duas MOVAs (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), quatro AMAs e uma UBS.

Somando o que ganha no bar, no trabalho no canteiro de obras, e a indenização que a Previdência Social lhe paga por conta da paralisia cerebral do segundo filho, Wesley, de 11 anos. Jaílson ganha 2.500,00 reais por mês para sustentar quatro pessoas.

GATO, CACHORRO, PEIXINHOS: O MUNDO DE WESLEY EM RISCO

Wesley, o filho caçula, foi o principal motivo para que Jaílson se decidisse a viver com a família em São Paulo. “Até que hoje está melhor, mas mais para trás, na Bahia, era muito difícil para arrumar tratamento”, comenta, referindo-se ao garoto que ficou o tempo todo próximo do pai, durante a entrevista realizada na salinha da casa, atrás do bar.

Basta olhar para Wesley para perceber que ele precisa de cuidados em tempo integral, o que parece ainda mais difícil em um barraco de favela. As dificuldades motoras não o impedem porém, de sorrir e brincar com os animais da casa: o gato Buritama, um cachorrinho que ainda não tem nome, presente de um colega de obra e os peixinhos no aquário. “Ainda não consegui vaga na escola especial para ele”, lamenta Jaílson.

Dois episódios recentes marcaram profundamente a família. Um deles no Hospital Santa Marcelina, próximo à Comunidade da Paz, há uns dois meses atrás, como ele conta. “Eu precisava marcar uma consulta pra ele [Wesley] na fonoaudióloga e a moça queria agendar a consulta para 2022. Consulta com dez anos de antecedência? E eu precisando para ontem?! Ela ficou querendo discutir, eu saí fora. Não tenho o documento disso porque na hora eu fiquei louco, era para eu ter marcado a consulta para eu ter uma prova. Mas foi o que aconteceu”, diz.

O outro episódio ocorreu quando Jaílson saía de uma reunião na comunidade para buscar um sobrinho seu, de 18 anos. “Queria trazer ele para essa reunião, estávamos falando sobre fazer um campinho num terreno próximo, para a molecada ter onde jogar uma bola aqui perto e o terreno não ser usado pros nóias fazerem o que não devem”, conta. Antes da reunião, porém, Jaílson tinha passado no bar, recebido uma lista de compras da esposa e o dinheiro reservado para elas. Estava com uma quantia razoável em mãos porque também tinha descontado o cheque de pagamento da obra e a indenização do filho. Ou seja, estava com quase toda a renda mensal na carteira.

Foi quando cruzou com uma viatura da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), divisão da Polícia Militar paulista, tristemente famosa pela violência, em especial na periferia. “Parado aí, vagabundo”, ouviu dos policiais. Sacou a carteira para mostrar os documentos. “Aí eles: ‘e esse monte de dinheiro aí na sua carteira, você diz que é trabalhador?’ Começaram a rir da minha cara. Aí eu: ‘esses 510 aqui é do meu filho que é aposentado, eu tenho um bar ali, esse outro dinheiro é do bar, tô até com a lista aqui do que eu vou comprar, e esse outro dinheiro é meu salário, do meu trabalho. Aí tinha um deles meio de canto que falou: ‘beleza, deixa o rapaz ir embora’. Eu fui embora e desceu lágrima nos olhos na hora. É difícil você trabalhar a vida inteira, ralar, para chegar o cara e vim chamar você de vagabundo. Eu não sou contra eles chegarem aqui e abordarem é o trabalho deles. Mas que nos tratem como cidadãos”, questiona. “É um negócio muito estranho, não consigo entender: os caras não dão resposta para a gente [sobre o que vai acontecer com a comunidade], e a resposta que eles dão é soltar a polícia aqui, mandar vir atrás de todo mundo”, reflete.

‘FAÇO QUESTÃO DE MOSTRAR MINHA SITUAÇÃO’

Jaílson diz fazer questão de alertar seus colegas de trabalho para a situação contraditória em que está. “Me perguntam: ‘você mora aonde?’ Eu moro na comunidade ali que vai ser removida com essa obra aqui. Faço questão de falar”, afirma. “Eu faço isso para ver se alguém fala com os grandões lá que estão lá dentro e me dá a oportunidade de eu falar com eles”, explica. O que ele gostaria de dizer?, pergunto. “Eu falaria para eles que justiça social não se faz expulsando o ser humano de dentro da sua casa sem dar opção. Expulsa como se fosse um animal, um qualquer, um excluído da sociedade. E eles queiram ou não queiram, a gente é parte da sociedade”, analisa.

Corintiano (“Mais essa né?”), fã de futebol que “bate sua bolinha de vez em quando, quando dá tempo”, Jaílson diz que nunca mais verá uma Copa do Mundo da mesma maneira. E que a lembrança da saída de sua casa, que ele dá como certa, será eterna: “Que vai sair, vai, não tenho dúvida”, afirma. Também acha que a Copa será um fiasco dentro e fora de campo. “A gente não tem transporte, infraestrutura nenhuma. Aeroporto também não tem. E o mais evidente: essa seleção que a gente tem aí. Acho que se eu montar um time aqui na favela é melhor do que essa seleção aí”, afirma, dizendo que a Paz é um celeiro de craques.

Em maio do ano passado, quando aconteceu um corte de luz suspeito na Comunidade, venceu a desconfiança inicial e se uniu aos movimentos populares de Itaquera e ao Comitê Popular da Copa para lutar pela comunidade: “A gente sempre ouviu muito boato, de que vai sair, não vai sair… Quando o pessoal chegou aqui, a gente achou que o pessoal queria se aproveitar da situação da gente”, diz, acrescentando que o movimento está crescendo, se unindo a outras comunidades, e que a mudança da gestão municipal pode mudar a situação.

Na saída da casa de Jaílson, deparo com o Salmo 91, da Bíblia, enquadrado na parede. “Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti”, diz o versículo sete do Salmo 91. O trecho é simbólico: esse é o número de pessoas que podem ser removidas pelas obras da Copa só no Rio de Janeiro. Resta saber se a devoção ao salmo o livrará do mesmo destino.

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Comentários

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Mardones

Quem comprou a lorota de que o PT faria diferente está sentido na pele a queda de um mito.

Estranho ainda ter gente que espera que as coisas vão mudar porque mudou a administração municipal.

A Copa, as Olimpíadas e obras como Belo Monte são vitrines do governo. O custo social delas é a última coisa que procupa o pessoal de Brasília.

Sem manifestações como as dos índios – com risco de morte! – nada será feito pela aliança vitoriosa ‘comandada’ pelo PT.

renato

Caríssimo Edgar,primeiro sua escrita é para lá de esclarecedora.
As vezes fico aqui, opinando, mas a bem da verdade longe dos acontecimentos
que o preocupam, que o enervam, que o decepcionam. A quem recorrer.
Os políticos do lado que optamos, ao ganharem as eleições passam a ser serviçais dos políticos antigos, perdem quase que imediatamente o vinculo com a gente, pelos protocolos.
Como posso falar disto ou daquilo se não vivo estes rompantes da sociedade.
Vivo pelo que vi e senti em algum momento de minha vida.
Ontem ouvi na TV ESCOLA,que se a UTOPIA era algo inatingível, o caminho para ela não era.
Não quero deixar você sem um pensamento positivo.
Acho, pelo que vejo, apesar de ser mais uma força, que a RELIGIÃO, está tomando este espaço muito bem indicado por você.
O que acha.Dá para modificar algo. Tuas palavras podem e devem inspirar pessoas. Não é fácil companheiro, há um risco grande de se fazer parte do Sistema.
Amigo são só palavras, mais palavras suas e palavras de outros dão uma ideia.Maquina e filmadora nas mãos também são armas.
Vamos ficar olhando isto aí . AZENHA, agora também o Tijolaço.
Informe-nos…………

    Edgar Rocha

    Renato, agradeço imensamente pelas palavras de apoio. De forma alguma vou recusar este apoio. Tenho atirado pra todos os lados na esperança de ser ouvido. É a primeira vez que tenho resposta nuns dez anos de utilização da internet. Já tentei em todos os jornais, órgãos públicos, autoridades supostamente confiáveis. Comecei a me dirigir aos blogs não faz muito tempo. Mas, não me exporia mais enquanto não tivesse alguma atenção. Já passamos por muito aperto, depois de termos nos exposto tanto. E ingenuamente, diga-se de passagem. Por isto, não gosto de falar diretamente, sem receber atenção. Em 2002 minha casa foi cercada por motoqueiros. Lascaram bala, na noite de Natal. Noutro ano, pegaram minha cachorra, arrancando-lhe o couro por completo, deixando pendurada no muro de minha casa, e viva. Eu é que tive de sacrificá-la já que o couro foi cortado em pedaços e não havia o que fazer. Fiquei apavorado, achando que fosse uma ameaça direta e quando liguei pra polícia, o que ouvi foi uma sonora gargalhada. Me mandaram denunciar pra sociedade protetora dos animais. Tive que descobrir sozinho quem foi o autor da façanha. Pra minha sorte, foi um moleque que, segundo ele, fez só pra se divertir (devia estar drogado). Os “chefes” me garantiram que isto não ia acontecer mais. Passado algum tempo, o garoto, de uns 16 anos, foi preso por outro motivo e sumiu. Não sei ao certo, mas me disseram que foi morto. Parece que eles ganham corda pra deixar a população com medo, mas se abusam e chamam demais a atenção na região, acabam pagando com a vida. Enfim, por motivos como estes, acho que só vale à pena falar se de fato houver esperança de ser ouvido, caso contrário, é melhor sair da linha de fogo. Não tenho mais medo, não. Mas, quero que valha à pena, que haja alguma repercussão. Entrarei em contato sempre que possível, de preferência com material mais palpável. Acho que não vai demorar muito pra conseguir. Obrigado!

Linus

É a lei da oferta e da procura. Não foi isso que os corinthianos daqui pensaram em alguns posts atrás.

É a vida!

abolicionista

É o avanço da acumulação lastreado pelo capital imobiliário.

Ou vocês achavam que capitalismo light era bolinho? Se achavam, não deveriam ter votado no PT, desculpem pela franqueza.

renato

Cara, que desgraceira, viver assim e ainda ser confundido com bandido.
Que falra de respeito tem estes policias. Ser abordado e se colocar em posição de obdiência faz parte, mas assim?
Que absurdo…é revoltante.. tomara que estes deputados ora ajudem a comunidade.

    renato

    Para voce Edgar!

    Edgar Rocha

    As coisas por aqui são assim mesmo, Renato. Mas, este tipo de ação é direcionado contra quem eles sabem que não estão no esquema do “movimento”. O “zé povinho” (odeio este jargão!) é que vive sob suspeita. Este tratamento, lhe garanto, nem de longe é oferecido a quem já foi cooptado. Eu comentei aqui uma vez, e volto a repetir: o discurso de que a população, a sociedade, o “nós” é que se faz responsável pela violência disseminada é a mais dolorosa mentira que a a cidadania tem de engolir. No cangaço, se você não é apoiado por bandido ou pela polícia (separação retórica, diga-se), você não é nada, não tem direito a nada e tudo que disser ou denunciar pode ser usado contra você no futuro. Com o agravante que, se você aparecer com a boca cheia de formiga, não vai haver investigação séria e o pressuposto é de que não se passou de mais um crime comum a contar nas estatísticas. A desgraça é que este “movimento” (pendular entre estado e poder paralelo) possui uma enorme força política, cortejada por agentes de ambos os lados. Pra ser sincero, embora acredite que haja gente bem intencionada e consciente deste estado de coisas, ando muito desiludido com as lideranças, principalmente. Não voto mais pra parlamentar porque não tenho convicção das intenções de ninguém que atue nesta região, graças a atuação de antigas lideranças regionais que ainda têm força local, mas que abandonaram os antigos eleitores por acharem mais promissor o apoio daqueles que coagem diretamente a sociedade. Viramos todos “agentes da mentalidade burguesa”, mesmo não tendo mudado de classe social e morando no mesmo bairro, cada vez mais degradado e insuportável. Mas, foi um aprendizado. Durante o período da ditadura militar todo mundo era esquerda, já que ninguém queria os militares no poder. Após a democratização, as matizes foram ficando cada vez mais bem delineadas. Acho que a verdadeira esquerda se reconhece pela prática, não pelo discurso. Este já está mais que batido. Tem muita gente que se diz herói dos tempos da ditadura, que se auto proclama mártir por ter passado pelo DOPS, mas que não considera tão seriamente esta autoimagem, uma vez que, paralelamente, assume uma prática condescendente diante dos atuais “heróis” contra o sistema. Desconsideram que nestas favelas formadas só pra abrigar o movimento e botar a própria população favelada em risco pra sua proteção, existem barracos destinados apenas a cativeiro e tortura de sequestrados, poços onde jazem crianças berrando pela mãe a madrugada inteira e seções infindáveis de tortura a devedores do tráfico, sem que o outro lado do esquema (os representantes do Estado), compareçam atendendo às ligações e, vez por outra, ameaçando diretamente quem se propõe a denunciar. Se soubessem como esta condescendência (baseada em princípios ideológicos) é equivocada, contraditória… enfim, acho que estas lideranças, mesmo que se digam libertários, fizeram sua escolha e mostraram o que são de verdade: vítimas da síndrome de Estocolmo, admiradores velados dos Ustras da vida.

renato

É sabido que na China, mandaram todos que moravam nas casas perto das construções da Olimpiada. E até hoje ninguem mais falou sobre eles, as vilas milenares.
Quanto ao Salmo ele diz que todos cairão, mas o estádio não.
Dilma….Dilma….vão usar isto contra você. E um milhão não votarão.
Acho bom se mexer de verdade, e chamar o seu Lula para ajudar, no meio de campo.
Do jeito que está até a Marina faz gol de cabeça com aquele coquinho.
O Segundo Gol vem da direita, mesmo o Aécio estando bebado.
O terceiro gol vai vir de um engodo! O Serra vai jogar a bolinha de papel de um lado, Dilma vai e ele coloca do outro lado.
O quarto gol, narrado pelo Galvão, aos berros, vai vir de um penalti marcado pela juizada.
o quinto gol vai vir dos Indios, no canto, ou seja bola feita com o coro dos indios. Caiado chutando..
E a torcida assistindo a tudo isto bebendo Cerveja da Hanneken.
O Sexto e derradeiro gol, só desta partida, vai vir da TV que lhe entrevistará no final, e perguntará….Como esta se sentindo com a derrota, acha que dá para virar no segundo tempo.

    tiago carneiro

    É isso que vai acontecer. Sou PT desde criancinha, mas do jeito que tá, só voto nela mesmo por ser o jeito. Ela não vai mais contar com minha militância, essa PT-TUCANA.

Edgar Rocha

Sou de Itaquera também. Receio que se a sociedade não ficar de olho, vai acontecer como no Pinheirinho e, mais uma vez, a grande imprensa não vai nem falar do assunto. O problema não está em retirar a favela. Como disse o próprio Jailson, está em não dar alternativas aos moradores. A maior propaganda positiva que se pode fazer sobre a Copa seria mostrar que o evento não foi feito às custas de injustiças como esta. No caso desta Comunidade da Paz, a saída será inevitável, já que a proximidade com o Estádio é óbvia. Agora, como sempre, mais um itaquerense a reclamar da conduta policial na região. Também já passei por coisa semelhante. Eu voltava do banco (já havia pago as contas, felizmente), me derrubaram, depois, me jogaram contra um muro, me revistarem daquele jeito, abriram minha carteira e, ao me ver sem dinheiro (!), me chamaram de vagabundo, viciado (por ser magrinho) e bandido por morar no Jardim do Carmo. Só não foi pior porque sou morador antigo e os vizinhos saíram à rua (creio que, como sempre reclamo e denuncio excessos, aquilo iria acontecer mais dia, menos dia). No entanto, há que se fazer uma ressalva: há outras favelas na mira da desapropriação que, tenho certeza, serão mantidas e, talvez até alterem projetos em nome “do direito à moradia”. É que, dos anos 90 pra cá, surgiram muitas favelas com um objetivo claro de criarem-se “núcleos” de um certo “movimento”, informalmente apoiado por gente graúda na região. Aqui mesmo há duas. Foram construídas de um dia pro outro, algumas casas são imensas (com carro importado na garagem), cercadas de barraquinhos de propriedade de alguns invasores QUE JÁ POSSUÍAM CASA PRÓPRIA na região, onde se recebem legiões de migrantes desesperados em busca de trabalho e moradia, servindo de escudo vivo pras atividades locais. Nem donos dos barracos eles são. Um caso especial é de uma favela construída em área de altíssimo risco, na beira de um córrego à margem de um íngreme barranco e SOBRE UM GASEODUTO DA TRANSPETRO (que, depois de luta judicial inglória, a empresa decidiu desativá-lo não faz muito tempo). Esta já sofreu inúmeros processos de reintegração de posse e não tem alma bem intencionada capaz de negociar a retirada do povo pra um lugar descente. Ao contrário tem deputados (tanto de esquerda quanto de direita) que frequenta reuniões no local e garantem que não haverá desapropriação. A gente sabe porque vê, além das faixinhas dos candidatos que eles apoiam na região presente nos barracos. Todo ano tem enchente ali, o “movimento” chegou a espalhar câmeras por toda a favela (não sei se foram retiradas, evito passar ali), e há uma escola estadual bem do lado que… bom, deixa pra lá. Tem que ver pra crer. Havia um projeto de passar uma Avenida de Acesso bem ali, em função da Copa. Acho que, por questões humanitárias (kkk), o processo foi suspenso. Palmas a nossos parlamentares. E que força tem o “movimento”, não?

    tiago carneiro

    Isso que está acontecendo é nada mais, nada menos, que um acordão: dão um jeito nos estádios, expulsam o pessoal em volta e, de quebra, aumentam os preços dos terrenos em volta.

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