Enquanto a Guarda Municipal atacava os servidores na frente da Câmara, 33 vereadores aprovaram a previdência de Bruno Covas em 2ª votação

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Da Redação

Nesta quarta-feira, 26/12, por volta das 14h30, a Guarda Municipal (GCM) do governo Bruno Covas (PSDB) atacou com truculência os servidores municipais que  protestavam na frente da Câmara contra a reforma da previdência.

A professora Solange Aparecido Costa, que trabalha em escola da Prefeitura na região de Guaianazes, Zona Leste da capital, relatou ao Viomundo:

Eles queriam nos afastar das proximidades das grades que separam a rua da entrada da Câmara.

Aí, de repente, começaram a nos atacar indiscriminadamente com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray pimenta.

Várias pessoas estão machucadas, entre elas Sérgio Mantigueira, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo, o Sindsep,Violência desnecessária, gratuita. Se pensam que vão nos intimidar, estão enganados. Vamos seguir aqui.

Enquanto isso, no plenário, os vereadores da base de apoio do prefeito começavam a segunda votação da reforma da previdência.

Por 33 votos a favor e 17 contra, aprovaram o projeto que seguiu para a sanção do prefeito Bruno Covas.

Abaixo, como votaram os parlamentares nesta quarta-feira, 26/12.

Sem diálogo, Câmara de SP corre para alterar previdência dos servidores municipais

Aprovado em primeiro turno por 33 a 16 votos nas vésperas do Natal, o projeto de lei 621/2016, que propõe a reforma da previdência municipal em São Paulo e cria São Paulo Previdência (SampaPrev), passa por uma segunda votação nesta quarta-feira (26), trâmite necessário para encaminhar o projeto à sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB).

Neste momento, centenas de servidores municipais se manifestam contra a proposta nos arredores da Câmara Municipal, no centro da cidade de São Paulo, e acompanham a votação.

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O projeto, que sugere o estabelecimento de uma previdência complementar, é alvo de críticas contundentes já que a contribuição previdenciária desses trabalhadores irá subir de 11% para 14%.

O SampaPrev propõe também a criação de uma alíquota suplementar de 1% a 7% destinada para os novos servidores que desejarem receber a aposentadoria acima do teto. A primeira audiência pública do projeto foi tumultuada com debates acalorados entre vereadores críticos e favoráveis à proposta de lei. Na ocasião, servidores foram retirados do plenário à força, e impedidos de participar da discussão.

Segundo a vereadora Juliana Cardoso (PT), que acompanha a votação do projeto em segundo turno, o argumento utilizado pelos defensores da proposta de que os cofres públicos estão arrombados pela previdência municipal é insuficiente.

“O fato é que, tendo essa mudança [aumento da contribuição], não vai efetivamente ajudar no tesouro. Eles irão retirar dos servidores públicos mas não ajuda e nem ameniza a situação. Ao mesmo tempo, quando se visualiza o orçamento, apesar deles falarem que as finanças precisam melhorar para a educação e para saúde, há cortes. Não há melhorias no atendimento ou no orçamento municipal para essas áreas. É mais uma maldade desse governo Mário Covas e Doria, porque ele [Doria] que iniciou esse projeto aqui”, relembra.

A primeira versão da proposta pretendia criar dois novos segmentos para a Previdência Municipal de São Paulo (Iprem): o Finan e o Funprev. O primeiro integraria os atuais servidores, aposentados e pensionistas, e permaneceria funcionando na atual lógica do sistema de repartição. Ou seja, as contribuições dos servidores ativos custeiam os benefícios de quem está aposentado ou é pensionista.

Já o Funprev abrigaria todos os servidores que entrarem no cargo a partir da aprovação da reforma.

Neste fundo, as contas serão individuais e a reserva seria capitalizada em um fundo de investimento controlado por uma fundação chamada SampaPrev — nome pelo qual o projeto ficou conhecido.

A perspectiva é que a criação da empresa SampaPrev, das alíquotas suplementares e da segmentação de massas, que criaria os dois sistemas de previdência, devem ser excluídas.

Para Juliana, caso essa reforma seja aprovada, os bancos privados sairão no lucro mais uma vez.

“Quando se coloca no papel as dificuldades financeiras que existem, se vê que não são causadas pelos servidores públicos. Se quisessem de fato fazer isso [impedir o rombo da previdência], porque não cobram os bancos públicos e principalmente os bancos privados que devem horrores para a prefeitura municipal? Se as organizações sociais (OSs) vinculadas à saúde fizessem uma contribuição corretamente, não teríamos que tirar do sangue dos servidores públicos que tanto se dedicam para a cidade de São Paulo”.

Sem diálogo

Laura Cymbalista, servidora pública e professora da região do Butantã, está na Câmara acompanhando a votação em segundo turno do Sampaprev com apreensão.

Ela critica processo de tramitação da lei desde seu início e destaca que a convocação da votação em segundo turno no período de recesso dos servidores é uma manobra para enfraquecer a articulação da categoria.

“O governo descumpriu todos os acordos de votação, é um atropelo. Estão fazendo isso depois do Natal e vão confiscar 14% do conjunto dos servidores, sendo que a grande parte dos servidores públicos tem 0,01% de reajuste aprovado por essa Casa há anos”, ressalta Cymbalista.

Diretora do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) pela unidade da Oposição, Laura acredita que a precarização dos servidores à nível municipal é uma previsão do que acontecerá no país, a partir da reforma da previdência defendida pelo governo Temer e impulsionada por Bolsonaro.

“Já dá uma demonstração política da reforma da Previdência [do governo federal], é a pior sinalização possível. Por isso que estamos aqui, resistindo, por que acaba tendo importância nacional. É a privatização da previdência e entregar na mão dos bancos”, alerta a professora.

Na opinião de Isa Penna, vereadora suplente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e eleita deputada estadual em São Paulo, a pressão para a aprovação do Sampaprev mostra que a afirmação que os partidos de direita fazem de que são contra impactos é uma falácia.

“O Sampaprev aumenta os impostos e o pagamento de impostos por parte dos servidores públicos na cidade de São Paulo. Servidores públicos esses que já são extremamente precarizados, que já não recebem aumento há anos e que tem condições de trabalho lastimáveis”, desaprova Penna.

“Esse projeto para ser barrado depende da mobilização popular e é um projeto que os governos do PSDB já demonstraram que vão dar uma certa prioridade. Portanto, é preciso continuar mobilizado em 2019. É preciso, na verdade, ampliar a consciência da pessoas sobre o que significa esse projeto de lei para os servidores públicos”, continua a deputada eleita.

Juliana Cardoso concorda com a urgência da mobilização da categoria e indica que os vereadores favoráveis ao projeto possuem maioria para aprová-lo.

Deu errado

Aplicadas em outras localidades, medidas similares à essa proposta esbarraram na dificuldade de pagar os servidores que permaneceram no sistema antigo e os governos tiveram que criar mecanismos para transferir recursos de um fundo a outro.

O caso mais emblemático é o do estado de Minas Gerais. Em 2013, o governo de  Antônio Anastasia (PSDB) extinguiu o Fundo de Previdência de Minas Gerais (Funpemg) e transferiu R$ 3 bilhões do órgão para o Fundo Financeiro de Previdência, cujo déficit era superior a R$ 8 bilhões.

O Distrito Federal não chegou a extinguir o fundo, mas teve que reformular seu modelo. Em setembro de 2017, a Câmara Legislativa do Distrito Federal votou pela fusão dos recursos do Fundo Financeiro com o DFprev (fundo capitalizado), criando o Fundo Solidário Garantidor.

Segundo a Caixa Econômica Federal (CEF), se os fundos permanecessem como estavam, em 2035 o DFprev teria R$ 45 bilhões intactos, enquanto o Fundo Financeiro teria déficit de R$ 7,5 bilhões.

Em agosto de 2017, Sergipe também fundiu recursos do Fundo Financeiro Previdenciário de Sergipe (Finanprev) e do Fundo Previdenciário do Estado de Sergipe (Funprev) para sanar dificuldades com o pagamento de aposentadorias e diminuir os aportes feitos pelo Estado. Ainda assim, o governo só conseguiu manter em dia o pagamento dos benefícios por dois meses e voltou a atrasar os repasses.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

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Comentários

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Zé Maria

[Na entrevista ao Jornal Valor/Globo…

“Mourão traduziu Bolsonaro, c/ sujeito, verbo e predicado:

o projeto é ‘desmanchar’ o Estado, domesticar o Congresso,
acuar o Judiciário, ceder às exigências do capital
e ‘desengessar’ o país da CF.

É um dicionário de Bolsonarismo p/ quem ñ compreendeu
a gramática do retrocesso”

Senadora Gleisi Hoffmann

https://twitter.com/gleisi/status/1078699364154048512

Zé Maria

General Mourão 2 disse ao Valor/Globo que vai tentar convencer a “Meiúca” (40%)
e mais os 30% os que “não sabem nem onde fica a curva do A” no Congresso Nacional,
para acabar com as ‘igrejinhas’ [supostamente os direitos adquiridos] do Funcionalismo Público.

“Tem muito parlamentar ali que não entende.
Você tem ali – como em qualquer grupo social –
tem 30% que são realmente esclarecidos,
tem 40% que é a ‘meiuca’ que vai pra onde sopra o vento,
e mais 30% que não sabe nem onde é a ‘curva do A’.”

…”nós temos o problema do próprio funcionalismo público
que a gente não consegue reduzir, porque isso mexe com as igrejinhas [SIC].
Lá em São Paulo foi aprovado o novo regime de previdência
do funcionalismo e já está colocada greve.”

íntegra em: Governo fará ‘desmanche’ do Estado, diz Mourão
https://www.valor.com.br/politica/6041053/governo-fara-desmanche-do-estado-diz-mourao

Zé Maria

Daqui pra frente vai continuar assim:

A Milícia Armada de um lado
E o Povo protestando de outro.

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