Golpe na Fiocruz: Governo Temer nomeia para a presidência candidata derrotada. Será mesmo que a doutora Tania se aliou aos golpistas? A troco de quê?
Tempo de leitura: 3 minNísia Trindade (acima, à esquerda) teve 59,7% dos votos; Tania Araújo-Jorge (abaixo, à direita), 39,6%
por Conceição Lemes
Há 25 anos a presidência da Fundação Oswaldo Cruz é escolhida por eleição direta junto a seus trabalhadores, pesquisadores e professores.
De 23 a 25 de novembro, 4.415 servidores de todas as unidades no Brasil elegeram a doutora Nísia Trindade, atual vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, para o mandato 2017-2020.
Houve um comparecimento às urnas de 82,1% da comunidade.
Nísia recebeu 2.556 votos em primeira opção, ou seja, 59,7%.
Em segundo lugar, ficou a doutora Tania Araújo-Jorge, pesquisadora e ex-diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Obteve 1.695 votos em primeira opção (39,6%).
Em 28 de novembro, a comissão eleitoral apresentou o resultado ao Conselho Deliberativo da Fiocruz, que o homologou.
O resultado foi enviado ao ministro da Saúde, o engenheiro Ricardo Barros, que decidiu nomear a candidata derrotada.
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É um golpe contra a Fiocruz.
Hoje, às 14h, realizará coletiva de imprensa, para se manifestar sobre a crise institucional que se instalou por conta da possível nomeação da candidata derrotada nas eleições para a presidência da Fiocruz.
Estarão presentes o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e diretores de unidades técnico-científicas da fundação.
Respeite a Democracia na Fiocruz
por Ana Maria Costa, especial para o Viomundo
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição que nos orgulha pela excelência de trabalho nos campos da pesquisa, ensino e tecnologia em saúde.
Há 25 anos a Fiocruz elege seus dirigentes e com isso confere legitimidade e sintonia a um projeto que engrandece e ajuda na soberania do Brasil.
Neste 30 de dezembro de 2016, amanhecemos com a amarga notícia de que o governo ilegítimo, usurpador, golpista, irá nomear a candidata derrotada à presidência da Fiocruz.
Demonstração inequívoca de que o golpe de 2016 à nossa democracia chegou agora à Fiocruz.
Há dois meses, Nísia Trindade foi eleita para presidir a instituição.
Hoje, soubemos que o cargo democraticamente conquistado por Nísia será ocupado pela candidata derrotada no processo eleitoral.
Não acreditamos que uma pesquisadora e acadêmica do porte de Tania tenha se aliado aos golpistas.
Ainda esperamos que, de forma digna e democrática, Tania decline desta designação.
Lamentavelmente, a informação que circula no meio é de que a derrotada trabalhou bastante por essa nomeação, mesmo contra a vontade da maioria dos eleitores.
Só um posicionamento ético, comprometido e democrático de Tania Araújo Jorge poderá desfazer esta nefasta apreciação da comunidade da Fiocruz.
Mas, afinal, o que pode estar em jogo além do profundo desrespeito à democracia ao processo interno da Fiocruz, que é um golpe contra a instituição?
De um lado, o precedente criado por essa arbitrariedade praticada contra a Fiocruz fere a autonomia universitária conquistada por nossas instituições de ensino e pesquisa .
De outro lado, e não menos importante, os possíveis acordos quanto ao próprio papel almejado para a Fiocruz no bojo da política setorial pretendida pelo atual governo.
A Fiocruz tem tido um papel estratégico na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tanto como formadora de recursos humanos como na produção de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Por conta disso, o Brasil tem suficiência de insumos estratégicos em saúde, condição essencial para a soberania e sobrevivência do projeto universalista constitucional definido para a saúde.
Mas as evidências recentes demonstradas no discurso e nas práticas do atual governo não convergem para a consolidação do SUS como sistema universal, integral e de qualidade.
O dramático momento vivido pelo projeto político desenhado para o país expõe a vulnerabilidade dos princípios do SUS.
Nesse cenário já se falou que a Fiocruz deve voltar-se para o mercado, abandonando sua vocação de produtora de serviços e insumos para o setor publico da saúde.
Difícil acreditar que alguém que fez carreira na instituição, como é o caso de Tania, possa concordar com o projeto do governo de subverter a missão da Fiocruz diante da sociedade nacional.
Apenas alguém legitimamente eleito poderia estabelecer um contraponto que mantenha e fortaleça sua vocação institucional.
Adotar a contramão da tradição democrática da Fiocruz construída desde a redemocratização do país desmonta a fortaleza que conduziu a Fiocruz a se tornar o que é hoje: uma instituição virtuosamente nacional e comprometida com a ciência, tecnologia e a saúde pública.
Um orgulho nacional.
Não sobram dúvidas de que estamos diante da ruptura de todas as nossas instituições democráticas. A caixa de Pandora está dilacerada e o País mergulha em incertezas e obscuridade.
Ana Maria Costa é diretora do Cebes e professora de Medicina da ESCS/DF (Escola Superior de Ciências da Saúde,do Distrito Federal).
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Comentários
Felipe
TEXTO MARCELO MENDES
Votamos em uma lista tríplice, onde o candidato que obtiver 30% dos votos em primeira opção, o nome será encaminhado ao ministro da saúde após a homologação do resultado das eleições e isso foi feito como se faz sempre e cabe ao ministro da saúde escolher o melhor candidato após analise de proposta e curriculum. Sempre foi assim, não votamos em candidatos e sim numa lista, tanto que temos as opções na cedula de 1º, 2º e 3º lugar (lista tríplice), onde podemos votar quem quisermos como primeira ate o terceiro lugar para que seja apreciada pelo ministro, mas todos tem o voto ou não e no caso a segunda candidata obteve votos como primeira e como segunda, totalizando mais de 50% dos votos, Gostaria muito de saber porque a atual presidência que lançou a candidata do primeiro lugar, nesses 16 anos no poder e com o apoio explícito também do sindicato não tentaram mudar o estatuto!? Duvido se fosse ao contrário teriam o nome de golpistas. Temos que respeitar os votos sim, afinal ele contou para que o ministro escolhesse. Golpe seria se isso não estivesse previsto no estatuto. Todos sabiam que isso poderia acontecer, o ministro nomeou a melhor. Fato!
Segue o link do regulamento eleitoral da Fiocruz. A população precisa conhecer para que se desconstrua essa cantilena de “golpe” que estão tentando ludibriar nas redes sociais e em site/blogs.
http://googleweblight.com/?lite_url=http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/estatuto-e-regimento&ei=3QTnjUNM&lc=pt-BR&s=1&m=98&host=www.google.com.br&ts=1483287282&sig=AF9NedmPIQmVrxn0carnQpgDjdKhVM3tCQ
Conceição Lemes
Felipe, infelizmente é golpe, sim. sds
Mauricio
“Cantilena de golpe” é dose. No mínimo você também acha o mesmo do golpe na presidência, vai ver acredita na cantilena da ameaça comunista pra justificar as baboseiras que escreve ou então está mancomunado com essa impostora perdedora e quer uma boquinha na Fiocruz. É o famoso moralista sem moral.
CICLAMIO BARRETO
A Tania não pode jogar fora sua carreira acadêmica desse jeito. Ou ela se posiciona claramente contrária à sua nomeação e em favor da 1a. colocada na eleição, ou para ela será o triste fim de uma imagem de ética e profissionalismo. É o que toda a comunidade espera e sem demora.
Direita
Comunas pilantras
Venâncio
Os mortadelas piram
Mauricio
Pirados devim estar os seus pais ao botarem um verme como você no mundo, um verdadeiro atentado à natureza!
Schell
Ora, cargos acadêmicos, cursos acadêmicos, formação acadêmica, sabemos todos, em nada acrescenta à falta de ética de certas pessoas: afinal, quem sai aos seus não (se) regenera. É o caso dessa tal Tânia, pelo visto, metida até o pescoço nesse embrulho GOLPISTA. Bando é pouco: quadrilha!
Fernando
Qual a surpresa ? Não deram o golpe até na nossa aposentadoria.
O pessoal só vai acordar qdo tiverem todos sem emprego vivendo de bicos.
JULIO CEZAR DE OLIVEIRA
meu sonho e me candidatar a vice de alguma coisa.
Mauricio
Se o Lula algum governo do PT faz isso, haveria uma manada de bucéfalos fascistas aqui latindo contra o “aparelhamento petista”, ditadura bolivariana, e outras pérolas dos babaquaras paneleiros tupiniquins. Simplesmente vergonhoso.
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