Fepal pede à UFRGS que cancele presença em evento de empresa ligada ao genocídio na Palestina

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Elbit Systems exibe as armas que exterminam palestinos em Gaza. Foto: Matt Kennard /DCUK

FEPAL pede à UFRGS que rompa sua associação ao genocídio na Palestina

Federação Árabe Palestina do Brasil pede cancelamento da participação da AEL Sistemas em evento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Federação Árabe Palestina do Brasil – Fepal

A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) enviou um ofício à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) solicitando o cancelamento da participação da empresa AEL Sistemas na 13ª Feira de Oportunidades da instituição, marcada para ocorrer entre 29 e 31 de outubro.

O documento expressa preocupações sobre a associação da universidade com o “genocídio e apartheid” perpetrados por “israel” contra a Palestina.

O principal argumento apresentado pela Fepal é a ligação da AEL Sistemas com a Elbit Systems, empresa “israelense” envolvida na produção de equipamentos militares, como drones, usados para exterminar palestinos.

A federação denuncia que tais tecnologias são empregadas na ocupação da Palestina, o que resulta na violação de direitos humanos e no agravamento da crise humanitária em Gaza.

O documento detalha que a Elbit Systems tem papel ativo nas operações militares “israelenses” e no desenvolvimento de equipamentos usados em ataques que causaram milhares de mortes de civis, incluindo crianças.

A federação menciona números alarmantes, indicando que mais de 53 mil palestinos já perderam a vida na Faixa de Gaza.

A organização também afirma que a ofensiva israelense visa colapsar a capacidade reprodutiva da sociedade palestina, o que configurara um processo de genocídio.

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Críticas ao relacionamento da UFRGS com a AEL Sistemas

Desde 2018, a UFRGS mantém uma relação de cooperação com a AEL Sistemas, o que é criticado pela Fepal no ofício.

A federação destaca que a manutenção desse vínculo coloca a universidade em uma posição de conivência com as práticas do governo de “israel”, já denunciadas por várias organizações internacionais como Human Rights Watch e Anistia Internacional.

Essas organizações têm descrito “israel” como um “regime de apartheid”, acusando o país de estabelecer um sistema institucionalizado de opressão e segregação racial contra o povo palestino.

O documento menciona, ainda, que o regime “israelense” é alvo de investigações por crimes de genocídio na Corte Internacional de Justiça.

Violação da legislação brasileira e internacional

A Fepal fundamenta seu pedido em princípios constitucionais brasileiros, como o artigo 4º da Constituição Federal, que orienta a política externa do Brasil a favor dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos e do repúdio ao racismo.

A federação também destaca que a convenção sobre genocídio, ratificada pelo Brasil em 1952, estabelece normas que estão sendo violadas pelo envolvimento da Elbit Systems no conflito.

O documento sugere que a UFRGS deveria seguir o exemplo do governo brasileiro, que recentemente optou por suspender contratos com a Elbit Systems devido às denúncias de violações de direitos humanos.

“O caso é tão grave que até mesmo o Governo Federal abandonou a aquisição de obuseiros desta empresa israelense para o Exército Brasileiro. Ou seja: a repulsa ao genocídio palestino, o primeiro televisionado da história, é evidente e chega às empresas que dele tomam parte, exemplo que deve ser seguido por esta respeitada UFRGS”, reza o ofício.

A federação pede que a universidade cancele a participação da AEL Sistemas e declare seu campus um “território livre de apartheid”.

O ofício antecipa possíveis críticas à solicitação, incluindo acusações infundadas de antissemitismo, mas rebate essa possibilidade ao afirmar que “os palestinos são semitas em sua totalidade”, enquanto os “israelenses” o são apenas em parte.

A Fepal também argumenta que a cooperação com empresas envolvidas na ocupação da Palestina mancha a reputação da UFRGS, especialmente no campo dos direitos humanos.

A Fepal afirma que a UFRGS não deve “sucumbir ao farsesco argumento do ‘prestígio à ciência’” utilizado como desculpa pelos sionistas e seus associados para defender a continuidade das parcerias de instituições de ensino nacionais com a máquina de extermínio de “israel”.

“Ocorre que é fartamente documentado que professores e pesquisadores israelenses, universitários ou não, e empresas como a Elbit Systems, colaboram com as forças armadas de Israel e com seus serviços de inteligência, inclusive para o desenvolvimento de interrogatórios denunciados como formas de tortura e de desumanização dos palestinos encarcerados nas masmorras israelenses, pelas quais centenas de milhares de palestinos e palestinas já passaram pelo simples fato de resistirem à ocupação, ao apartheid e ao genocídio”, afirma a Fepal.

A carta conclui com um apelo para que a UFRGS siga o exemplo de outras instituições acadêmicas ao redor do mundo, rompendo parcerias com empresas associadas à ocupação sionista.

A federação acredita que essa decisão demonstraria o compromisso da universidade com os princípios da dignidade humana e da justiça internacional.

Resposta da UFRGS ainda aguardada

Até o momento, a UFRGS não se manifestou oficialmente sobre o pedido da Fepal.

A decisão da universidade pode gerar repercussão tanto no meio acadêmico quanto nas esferas política e diplomática, dado o amplo debate sobre a atual fase do genocídio em Gaza e a postura da política externa brasileira.

A participação da AEL Sistemas na Feira de Oportunidades deverá suscitar ainda um forte repúdio do movimento estudantil universitário, que tem promovido uma série de manifestações, greves e ocupações contra a atual fase do genocídio em curso em Gaza e denunciado a cooperação de algumas entidades de ensino brasileiras com a máquina genocida “israelense”.

Leia o ofício da Fepal à UFRGS:

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