por Felipe Carvalho Olegário de Souza, especial para o Viomundo
Iniciei, nesta semana do Natal, a leitura do terceiro volume da biografia/estudo crítico da obra de Fiódor Dostoiévski, escrita por Joseph Frank, intitulado Os efeitos da libertação.
Cuida esse livro da fase “pós-Sibéria” (onde cumprira pena por crime político) da vida/obra daquele que considero, sem maiores pretensões, o maior escritor de todos os tempos.
Historicamente (1860 a 1865), é momento de grande agitação política, cultural e social na Rússia czarista, no qual vários setores da intelligentsia disputavam que modelo de governo seria o ideal para garantir direitos aos mujiques, cujo desprezo fazia parte da educação das classes mais abastadas.
A expressão “Rússia czarista”, ainda hoje, faz estremecer o mais corajoso oposicionista, em qualquer parte do mundo, por conta da força extrema utilizada pelo governo para reprimir a mínima discordância que fosse ao poder estabelecido.
Pois bem.
Narra Joseph Frank (Os efeitos da libertação, p. 203 e seguintes) que, por volta de 1861, o governo czarista determinou a prisão de vários estudantes que haviam distribuído panfleto denominado “O Grande Russo”, considerado subversivo pelas autoridades.
Diz o biógrafo que os estudantes confinados na temida Fortaleza de Pedro e Paulo recebiam visitas diárias de intelectuais e apoiadores da causa, que, entre outros presentes, entregavam-lhes livros para suavizar a dor da ausência de liberdade.
Imediatamente, veio-me à mente as restrições impostas pela Administração do Presídio da Papuda à leitura por aqueles que ali estão presos. Para completar a medida “moralizadora”, os livros entregues por amigos a José Dirceu e Delúbio Soares foram “obrigatoriamente doados” (a expressão que ofende à língua de Camões está contida no texto d’O Estado de S. Paulo) à Biblioteca do referido estabelecimento prisional.
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Ao ler o teor das notícias veiculadas sobre tal fato, mormente pelos sites, jornais impressos e telejornais da “grande mídia”, mesmo descrente de alguma imparcialidade por parte desses, esperava haver ali um mínimo de indignação.
Se é inadmissível a “frieza” do profissional das letras (para mim, jornalista ainda é profissional das letras) sobre os fatos acima, como qualificar a reação midiática de considerar “privilégio” a leitura por tempo indeterminado pelos detidos na Papuda?
Não bastasse terem sido mutilados os direitos constitucionais de José Dirceu e Delúbio Soares ao duplo grau de jurisdição e ao cumprimento da pena somente após o trânsito em julgado da condenação, aos dois réus, pelo menos essa é a impressão que se tem a partir dos escritos difundidos por Veja, Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo etc., não é suficiente o cárcere, deveriam os petistas sair “piores” do que entraram.
Lógico que o regime prisional impõe obrigações inafastáveis ao preso, conforme previsão da Lei de Execuções Penais, art. 39. Pelo que se sabe, Dirceu e Delúbio não se escusaram de cumprir tais deveres (limpeza e conservação da cela, obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; urbanidade e respeito no trato com os demais condenados etc.).
Se a leitura por tempo indeterminado (não só por Dirceu e Delúbio, mas por todos os presidiários), mesmo na penumbra da celas, constitui-se motivo de preocupação para a direção da Papuda, parece que estamos retornando à época em que o aprimoramento da consciência ameaçava o poder político.
Nem na Rússia czarista viu-se tamanho retrocesso!
A restrição ao tempo de leitura e a “obrigatoriedade de doar” os livros recebidos por Dirceu e Delúbio compõem o tenebroso “pacote” de ineditismos que foi o julgamento da AP 470. Como já alertaram alguns estudiosos, o “Mensalão” não criará jurisprudência.
Deveras, em país cujo sistema prisional consente que, apenas na Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, tenham sido mortos 59 presidiários em 2013, parece não ser prioridade das autoridades dessa área a regulamentação do tempo de leitura dos detentos.
O constragimento imposto a Dirceu e Delúbio, resta claro, além de maltratar a Lei de Execuções Penais, art. 41, V, VI e XV, torna insuportável a vida no cárcere. Até que ponto será aceito o discurso que as mencionadas práticas da Administração da Papuda servem de “exemplo”? Que representam o “fim da impunidade”?
A ofensa levada a cabo ultrapassa as pessoas de Dirceu e Delúbio, atinge todo ser que esteja preso no Brasil, pois o direito à leitura (após cumpridos todos os deveres da cadeia) é inafastável da dignidade humana, somente podendo ser tolhido por razões que ameacem a segurança e a harmonia do convívio no xadrez.
Felipe Carvalho Olegário de Souza é advogado, mestre em Direito Público e professor universitário
Leia também:
Hildegard Angel: “Não estou vendo fantasmas; o Projeto do Mal de 64 ganha corpo”
Comentários
luiz
É a cara do Nazi-fascismo. Depois do domínio do fato.
valdete lima
Será que a humanidade esqueceu que, Mandela, morto recentemente só sobreviveu a 27 anos de cadeia por causa da leitura… O Ministro Barbosa esqueceu que foram os livros que o levaram a hoje aspirar a ser presidente do Brasil… Se me fosse dado o castigo de não poder ler um livro sequer em minha vida, eu preferia morrer. Livro para mim – desde a tenra idade – foi o passaporte para a a minha vida melhor. Eu quero acreditar que isso não é verdade! Não há proibição na Papuda ao hábito de ler. Gostaria de uma resposta de o porque deste absurdo.
abolicionista
Barbosa não esqueceu, por isso proibiu. Só vai sossegar quando mastigar os ossos dos condenados.
Urbano
E por falar em Rússia, seria bom que alguém avisasse ao ianque que povo bom e educado é o dele, que até licença pede para exterminar gente a troco de nada, principalmente idosos, mulheres e crianças, em todo o orbe terrestre. Limpo e decente até a medula. Vai pagar muito caro…
Mário SF Alves
E se, em relação ao mentirão e à rebordosa sofrida pelos companheiros na Bastilha/Papuda, o governo de coalizão liderado pelo PT achar que seria melhor que ficássemos calados? Que calados atrapalharíamos menos.
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Dúvida. Oh, dúvida. Cruel dúvida.
Tá. Mas em que hipótese e por qual motivo isso se daria?
Não sei. Faço, porém, uma pálida e trevosa ideia. Tão trevosa que pouco me animo a declará-la.
Sabem aquela coisa de entregar os anéis para não entregar os dedos? Dirceu seria o anel.
Então? Neste caso, é como disse. E trevas seria pouco.
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Em sendo assim, pronto, a equação está posta. E a política no Brasil de hoje possui razões que a própria razão [ingênua?] desconhece.
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Bom, e seja como for, entender o que parece ser fraqueza/falta de poder do PT é dose pra elefante.
Assim, parece, a única conclusão possível é a de que o PT não é e nunca foi protagonista. Daí, a dúvida. Por que tamanho ódio destilado desde o primeiro governo Lula na [e pela] grande mídia corporativa contra o PT?
Alguém ousou responder a isso dizendo que é unicamente pelo PT ter jogado o PSDB no limbo. Será?
Se bem que, ah, como todos eles, mídia e PSDB, odeiam o bolsa família. Chamam-na de bolsa esmola.
Mas, afinal, o governo de coalizão, o único pragmaticamente possível, se resume a isso? Ou será que que o PT que vai além disso, o PT do o “Brasil Um País de Todos”, o PT que realmente incomoda? E, finalizando, quem prova que esse PT morreu?
O estardalhaço midiático e cretino durante o julgamento do mensalão não prova exatamente o contrário disso?
Ora, amigos, se o PT e o Zé Dirceu fossem corruptos, como o STF disse que são e que por isso arbitrariamente os enjaulou, seria fácil demais calá-los; seria fácil demais secretamente comprá-los; seria fácil demais tirar o companheiro Zé Genoino daquela casinha simples na periferia urbana de SP e pô-lo em um palácio de cristal.
Decerto, e com absoluta certeza, seria muito mais fácil e mais barato do que o custo financeiro [e político] do mentirão. O custo disso seria uma gota no oceano de zilhões de reais que ficaram disponíveis para o golpe de 64. Ou, ainda, os zilhões que compraram a antidemocrática releição no FHC II.
James
“obrigatoriamente doados”!!!! Se fossem doados por livre e espontânea vontade não poderiam entrar na papuda. Os donos da papuda estão certo, pois seguem as diretrizes do PSTF – partido do supremo tribunal federal, braço direito e mão direita do psdb.
abolicionista
Vingança é vingança, a direita não vai sossegar enquanto não mastigar os ossos de Dirceu e Genoino. Sentaram-se à mesa com os poderosos e agora estão pagando o pato. Serve de lição para que a esquerda brasileira nunca se esqueça do que é luta de classes e de que essa é uma luta até a morte.
Mário SF Alves
Luta do quê?
Até onde sei é luta por Democracia. É luta por respeito ao Estado Democrático de Direito.
Prezado Abolicionista,
Com todo o respeito, mas isso que temos aqui não é e nunca foi luta de classes. Fantasia de luta de classes, sim. E, que, enquanto tal e nas dadas circunstâncias, apenas interessa aos fazedores de medo e desconstrutores da realidade, incrustados na mídia corporativa e adjacências; todos devidamente consolidados a partir do golpe de 64.
A propósito, onde é que você ouviu falar em luta de classes organizada a partir de governos institucionalmente eleitos? No Chile?
Marighella, do Partido Comunista do Brasil, sim, encaminhou a luta de classes. Mas quando? Enquanto deputado federal eleito?
Urbano
Mário, a nossa verdadeira luta, e que eles não querem ver, é para salvar a democracia, a justiça e o humanismo que estão sendo esganados pelas mãos assassinas dos que defendem e perpetram a cleptocracia. Só para que se tenha uma ideia da capacidade dos bandidos da oposição ao Brasil, há os que buscaram dois caminhos para enganar e roubar o povo.
abolicionista
Não é luta de classes para a esquerda. Do outro lado há uma classe que luta por seus interesses e sabe muito bem de que lado está. A direita brasileira nunca deixou de ter consciência de classe. Por isso sempre venceram.
Fabio Passos
Esse Bessinha acerta em cheio. rsrs
Edi Passos
Há poucos meses foi notícia em Santa Catarina, inclusive com rasgados elogios em alguns veículos de imprensa e no Site do TJSC, que o Juiz de Execução Penal de uma comarca do interior do Estado havia iniciado um programa segundo o qual o apenado que lesse – e demonstrasse que havia entendido – um livro de boa qualidade escolhido pelo Juiz e sua equipe, levando em conta a escolaridade de cada preso, teria direito a determinada quantidade de dias de remissão da pena. Quanto mais livros lidos e entendidos, antes a pessoa sai da cadeia!
Mário SF Alves
Então? E não é que tem jeito?
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Resta saber qual a referência bibliográfica proposta e/ou recomendada.
Por exemplo, para o Zé Dirceu e para o Zé Genoino, qual seria a relação de livros indicada? Se dependesse do STF, claro.
Fico em dúvida quanto a um dos dois:
1) Contos da Carochinha ou 2) Mein Kampf?
Decerto Karl Marx, nem em sonho!
Ah, já sei, teria uma terceira opção: “o bem aplicado administrador de finanças públicas, versão 1.0”, e que é aquele manual elaborado pelo PiG indicado [só] para petistas quando no governo da re(s)pública.
Fabio Passos
Fosse indicação do stf?
Nenhum livro. Apenas folders de empreendimentos imobiliários em miami. rsrs
silvinho
O marcola leu mais de dois mil livros, encarcerado.
Zanchetta
Na Russia czarista nunca, mas na Stalinista com certeza…
FrancoAtirador
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E vocês querem implementar o Nazismo,
para evitar um suposto Stalinismo.
Já vi isso em vários momentos históricos.
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Mário SF Alves
Franco, prezado Franco, esquece esse negócio de nazismo. Os caras aí não sabem nem a cor do cabelo daquele mundo de crianças e adolescentes enfeitiçadas pelo homem do bigodinho e cabelinho preto escorrido na testa.
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Sério mesmo, Franco, e claro, entendo sua preocupação, mas, tenha certeza do seguinte:
A extrema direita não vai prosperar nem aqui e nem na China. Tentaram isso via neoliberalismo e não deu certo. Tentaram alucinadamente decretar o fim da História, e ela está aí, esfregando-se – faceira como ela só – naquilo que ainda de consciência neles.
Fica tranquilo. Fica em paz. É tudo o que você, companheiro, mais merece.
Já temos problemas demais no campo da luta pela consolidação da Democracia.
Aceite um forte e caloroso abraço,
Maŕio.
FrancoAtirador
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Caro Mario.
Precisamente isso que estás me aconselhando,
os alemães disseram para o Brecht, em 1933,
depois para o Einstein, e para o Thomas Mann.
Ainda bem que eles não acreditaram…
Mas espero sinceramente que estejas certo.
Na Copa do Mundo, veremos quem tem razão.
(http://www.dw.de/1933-brecht-foge-da-alemanha/a-450959)
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Tiago
Então você deve ter pulado o “momento histórico” de Stalin, a que o colega se referiu…Stalinismo/Comunismo = Nazismo/Fascismo. Os “momentos históricos” estão aí para comprovar.
FrancoAtirador
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Tiago.
A simplificação da História cria simplórios.
NOTA ZERO PRA TI EM HISTÓRIA POLÍTICA E ECONÔMICA…
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José X.
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“Na Russia czarista nunca, mas na Stalinista com certeza…”
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Obrigado por nos lembrar que “nosso” idi amin está usando métodos stalinistas…
Apavorado por Vírus e Bactérias
Acorda Brasil, os bandidos vestem preto. E o Senado o que faz da vida? Não voto mais em Senadores, a não ser em Requião e no Delegado Protógenes, se possível.
Marat
Será que nosso nobilíssimo e prestimoso stf (creio que minúsculas lhe caibam bem) está querendo criar gulags no Brasil? É disso que a direita reacionária gosta? Gulags?
Fabio Passos
“MIRUNA SE REVOLTA: O QUE DIZER SOBRE BARBOSA?”
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/12/29/miruna-se-revolta-e-desabafa-o-que-dizer-sobre-joaquim-barbosa/
jcm
Mas no dia em que o PT chegar ao poder, tudo isso vai mudar!!
Mário SF Alves
Vai. E a primeira coisa a se fazer será libertar um mundo de prisioneiros que estão lá, injustamente jogados às traças e sujeitos à escola do crime. Aliás, a única, efetivamente pública.
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Ah, esqueci tem a escola pública “gratuitamente” oferecida pela grande mídia. E essa educa, hein? Meu deus, quanto compromisso com a educação! Exceção feita ao MOBRAL, não mudou em nada desde os idos de março.
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Diretas Já! A única forma de por abaixo o BraZil czarista desde 1964!
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Em tempo:
Só resta saber quando, em lugar de “doar”, vão começar a queimar. Aí, sim, o homem do bigodinho estará de todo relançado. Eis a sequência: 1939: 1964: 2013/2014.
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E aí, PiG, satisfeito?
FrancoAtirador
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VIRTUDE
Dada a peculiaridade da simbologia ritual intrínseca de cada Religião, o Natal, todos aqui sabemos, é um dos mais importantes eventos da Cristandade, talvez só equiparado à Páscoa.
Porém e até pela coincidência da data com a iminência da virada de ano, convencionada pelo calendário gregoriano, especialmente no Ocidente, o ’25 de Dezembro’ e os dias a ele próximos evocam coletivamente, de forma natural e espontânea, um momento de reflexão associada não apenas à Fé e à Paz, mas à Esperança, à Bondade, à Caridade, à Amizade, à Solidariedade, à Confraternização e, em suma, a todas as Virtudes Humanas.
Esta semana, em meus ‘passeios quilométricos’ na internet, deparei-me com uma matéria que tratava de uma situação deveras intrigante, originada de um sítio de notícias de Chickasha, uma cidadezinha com menos de 20 mil habitantes, do estado de Oklahoma, nos United States of America:
Família pobre é salva de um pesadelo no Natal em Chickasha
Tiffany Wait contou que, pela manhã, ela, seu marido e seu bebê de sete meses de idade, foram até a Loja de Brinquedos de Natal da Igreja Bible Baptist Church para pedir presentes para seus filhos, mas foram surpreendentemente recebidos com animosidade.
“Eu sou pobre e não seria capaz de celebrar o Natal este ano sem a sua caridade”, ela disse humildemente, segurando o bebê.
Os atendentes da Loja disseram que ela só poderia receber as doações, se, antes de entrar, deixasse o bebê com eles.
Wait falou então que seu bebê não gostava de estranhos e que ela preferia ficar com ele.
Mas um dos voluntários disse que teria de ser feito dessa maneira, caso contrário a família não poderia participar da entrega dos brinquedos.
-Eu estava lá, lutando contra as lágrimas, e perguntei: “Você daria as costas a um bebê no Natal?”, disse Wait.
De acordo com Wait, os voluntários a cercaram e uma mulher tentou pegar o bebê à força.
Rapidamente, uma outra mulher, vinda de dentro da Loja, passou um brinquedo à frente e o entregou a Wait.
Tiffany Wait resolveu levar o caso para a internet, postando sua história em vários sítios de mídia social, onde o diretor do Oklahoma Atheists, Red McCall, e outros membros do Grupo decidiram salvar o Natal daquela família.
“Tivemos várias pessoas doando coisas e enviando dinheiro através de um PayPal”, disse McCall.
De acordo com McCall, “hoje em dia, o Natal é um feriado secular. Todo mundo merece ter um feriado feliz”.
“O Natal de Wait estava arruinado”, disse ele.
“A grande mensagem aqui é que Tiffany foi discriminada, e se alguém precisa de ajuda, vamos ajudá-lo. Não importa quais são suas crenças.”
Wait disse que as ações de McCall e do Oklahoma Atheists salvaram o Natal.
“Os cristãos viraram as costas ao meu bebê e a mim, e um grupo de ateus nos mostrou compaixão, bondade e caridade”, disse ela.
“Trouxeram-nos brinquedos, jantar, cartões-presentes, doaram dinheiro e realmente salvaram nosso feriado.”
Chickasha News
December 26, 2013
James Bright, Managing Editor,
The Express-Star
(http://www.chickashanews.com/topnews/x1186895902/Atheist-group-saves-Chickasha-woman-from-Christmas-nightmare)
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Depois dessa história, se resta algo a dizer é:
Ninguém detém o monopólio da Virtude.
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Mário SF Alves
Hoje aconteceu comigo.
Sai para comprar pão e deixei o carro próximo ao acesso a um pátio de estacionamento de uma igreja maranata. Não havia nenhuma outra vaga disponível num raio de 100m em relação à padaria. Certifiquei-me de que não estava impedindo a entrada de outros veículos e já me preparava para ir ao local da compra, quando, sem mais nem porque, fui chamado por um homem de aproximadamente 35 anos que parecia querer entrar num carro que estava posicionado em frente à citada entrada do referido estacionamento. Disse-me ele:
– Ei, pode chegar seu carro um pouco mais à frente? Está atrapalhando a saída.
– Fui até ele e informei que estava ali para assistir ao culto. Nesse instante, notei que o homem olhou-me um tanto surpreso e em seguida disse: de bermuda não pode entrar.
– Está bem, entendo. E completei: é que eu tinha uma doação a fazer e…
– Mal conclui a frase, e quão grata a surpresa, fui imediatamente autorizado a entrar com o carro e usar o estacionamento.
Claro, a bermuda continuou na condicionante, mas, os livros que eu portava, nenhum deles sofreu censura.
FrancoAtirador
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Putz! Logo onde fosses estacionar, Mario…
(http://portaldoextremosul.com/noticia/1977-Fundador_e_pastores_da_Igreja_Maranata_s%C3%A3o_presos_no_ES.html)
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Messias Franca de Macedo
[A DESCONSTRUÇÃO CABAL DO MENTIRÃO, EM CAPÍTULOS FACTUAIS!]
“Mensalão”: o erro grosseiro do STF
– 20 DE SETEMBRO DE 2013
Como o tribunal construiu hipótese falsa do “desvio de dinheiro público”, mas deixou de investigar sequestro da democracia pelo poder econômico
Por Raimundo Pereira e Lia Imanishi, na revista Retrato do Brasil
http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/mensalao-a-reportagem-que-desvendou-o-erro-grosseiro-do-stf/
FrancoAtirador
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LTI – A Linguagem do Terceiro Reich (excertos)
“Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras.
O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção conscientes.
O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconsciente e mecanicamente.”
“O domínio absoluto que esse pequeno grupo… exerceu na normatização da linguagem se estendia por todo o âmbito da língua alemã, levando-se em conta que a LTI não fazia distinção entre linguagem oral e escrita.
Para ela, tudo era discurso, arenga, alocução, invocação, incitamento.”
“A LTI pretende privar cada pessoa da sua individualidade, anestesiando as personalidades, fazendo do indivíduo peça de um rebanho conduzido em determinada direção, sem vontade e sem ideias próprias, tornando-o um átomo de uma enorme pedra rolante.
A LTI é a linguagem do fanatismo de massas.
Dirige-se ao indivíduo – não somente à sua vontade, mas também ao seu pensamento -, é doutrina, ensina os meios de fanatizar e as técnicas de sugestionar as massas.”
Postado por William Mendes, no Refeitório Cultural:
(http://blog-do-william-mendes.blogspot.com.br/search/label/Victor%20Klemperer)
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‘LTI – LINGUA TERTII IMPERII’
(Victor Klemperer)
A Linguagem do Terceiro Reich
Sinopse
O Diário
“Havia o BDM, a HJ, o DAF (*) e um sem-número de outras abreviaturas.
Inicialmente, como que parodiando essas siglas, mas logo em seguida como uma lembrança fugaz para a memória, como uma espécie de nó no lenço, e pouco depois, durante todos os anos de sofrimentos e agruras, como um pedido de socorro, gritava dentro de mim a sigla LTI, que aparece em meu diário.[…]
Naqueles anos, meu diário foi minha vara de equilibrista, sem a qual eu teria me arrebentado inúmeras vezes.
Nas horas de amargura e desespero, no vazio torturante do trabalho mecânico da fábrica, ao lado da cama de doentes e moribundos, quando me sentia mortificado nos momentos de extrema humilhação.”
A LTI
“Mesmo que eu quisesse publicar integralmente os diários daquela época, incluindo as vivências cotidianas, o que não é o caso, o título também teria sido LTI, que poderia ser entendido metaforicamente.
É a voz corrente dizer que a linguagem é a expressão de uma época.
Da mesma forma pode-se dizer que é o retrato de um tempo e de um país.
O Terceiro Reich se expressa de modo terrivelmente uniforme, em todas as suas manifestações e em todo o legado que nos deixa, na ostentação desmesurada das edificações faustosas, nos escombros, no tipo de soldados […]. Tudo isso é a linguagem do Terceiro Reich, da qual trataremos aqui. Eu, que durante décadas exerci uma profissão prazerosa, acabei impregnado por ela, mais do que por qualquer outra coisa.”
O Distanciamento
“Algo aconteceu comigo por causa dessa linguagem própria (no sentido filológico) do Terceiro Reich.
Bem, no começo, enquanto ainda sofria pouca ou quase nenhuma perseguição, eu tentava evitar qualquer contato com ela.
Sentia-me agredido pelas frases das vitrines e dos cartazes, pelos uniformes marrons, as bandeiras, o braço estendido na saudação nazista e os bigodes aparados no estilo de Hitler.
Fugia de tudo isso, absorvido em minha profissão.
Ministrava meus cursos e fazia um esforço doentio para não perceber que as salas de aula na universidade estavam cada vez mais vazias. […]
Se, por acaso ou engano, um livro nazista me caía nas mãos, eu o colocava de lado logo depois do primeiro parágrafo. […]
Quando os cargos públicos foram “saneados” e eu perdi minha cátedra, mais do que nunca procurei me abstrair do presente.”
A Perseguição
“Então fui pego pela proibição de frequentar bibliotecas.
Arrancaram-me das mãos a obra da minha vida.
Seguiu-se a expulsão da minha própria casa.
Depois veio todo o restante, a cada dia uma coisa nova.
A vara do equilibrista passou a ser o meu objeto imprescindível, e a linguagem da época tornou-se o meu principal interesse.
Eu observava com atenção redobrada como os operários conversavam nas fábricas, como os brutamontes da Gestapo falavam e como entre nós, no jardim zoológico dos judeus enjaulados, as pessoas se expressavam.
Não se notavam grandes diferenças; para ser sincero, nenhuma.
Adeptos e opositores, beneficiários e vítimas, todos seguiam os mesmos modelos.
Para milhares de outras pessoas, a tentativa de compreender esses modelos talvez fosse uma brincadeira pueril.
Para mim era extremamente difícil, sempre perigosa, às vezes impossível. Os portadores da estrela amarela [hoje, vermelha?] estavam proibidos de adquirir ou pegar emprestado qualquer tipo de livro, revista ou jornal.”
Livro Proibido: Objeto de Tortura
“Em toda a minha vida, nunca um livro me causou tanta tortura quanto ‘O Mito’, de Rosenberg.
Não porque fosse uma leitura excepcionalmente profunda, de compreensão difícil, ou porque tivesse me causado um abalo moral, mas porque Clemens ficou martelando o exemplar em minha cabeça durante longos minutos. (Clemens e Weser foram os torturadores dos judeus de Dresden; eram chamados ‘der Schläger und der Spucker’ [‘aquele que bate e aquele que cospe’].
Clemens berrava: “Como pode você, porco judeu, ter a audácia de ler um livro desses?”
Era como se eu estivesse cometendo o pecado da profanação da hóstia.
“Como você ousa ter em casa um livro da biblioteca?”
Fui salvo de ser enviado a um campo de concentração ao comprovar que o livro havia sido retirado em nome da minha esposa ariana e pelo fato de que ele rasgou as minhas anotações sem procurar entendê-las.”
Por que escrever sobre isso, hoje [1947]?
“Há uma tese em jogo: além de um fim científico, também busco um objetivo educacional.
Fala-se muito em extirpar a mentalidade fascista, e muita coisa vem sendo feita nesse sentido.
Os criminosos de guerra estão sendo julgados, os pequenos ‘Pgs’ [‘Parteigenossen’, membro sem importância do Partido Nazista] são afastados de cargos, livros nazistas estão sendo retirados de circulação […]
Mas a linguagem do Terceiro Reich sobrevive em muitas expressões típicas, a tal ponto impregnadas que parecem ter-se tornado permanentes na língua alemã.
Como isso se deu?
Qual foi o meio de propaganda mais intenso do período nazista?
Qual o meio de propaganda mais poderoso dessa época?
Foram os discursos de Hitler e de Goebbels, suas declarações sobre esse ou aquele assunto, seus ranços contra o Judaísmo e o Bolchevismo?
[Ou o Marxismo? O Comunismo? O Chavismo? O Bolivarianismo? O Lulismo? O Petismo?].”
A Resposta
“Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras.
O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção.
O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconscientemente e mecanicamente. […]
Mas a língua não se contenta em poetizar e pensar por mim.
Também conduz o meu sentimento, dirige a minha mente, de forma tão mais natural quanto mais eu me entregar a ela inconscientemente.
O que acontece se a língua culta tiver sido constituída ou for portadora de elementos venenosos?
Palavras podem ser como minúsculas doses de arsênico:
são engolidas de maneira despercebida e parecem ser inofensivas; passado um tempo, o efeito do veneno se faz notar.
Se, por longo tempo, alguém empregar o termo “fanático” no lugar de “heroico e virtuoso”, ele acaba acreditando que um fanático é mesmo um herói virtuoso, e que sem fanatismo não é possível ser herói.
As palavras fanático e fanatismo não foram criadas pelo Terceiro Reich, mas ele lhes adulterou o sentido;
em um só dia, elas eram empregadas mais do que em qualquer outra época.
Poucas palavras foram cunhadas pelo Terceiro Reich, talvez nenhuma.
A linguagem nazista usa empréstimos do estrangeiro e absorve muito do alemão pré-hitlerista.
Mas altera o sentido das palavras e a frequência de seu uso.”
(*) Siglas
BDM: Bund Deutscher Mädel (Liga das Meninas Alemãs)
HJ: Hitler Jugend (Juventude Hitlerista)
DAF: Deutsche Arbeitsfront (Frente de Trabalho Alemã)
(http://prezi.com/qy3blzpdse5p/linguagem-no-terceiro-reich)
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Leia também:
> A LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO
Victor Klemperer e sua obra ‘LTI – Lingua Tertii Imperii’
Por Miriam Bettina Paulina Oelsner (*)
(http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8144/tde-21032005-124844/pt-br.php)
(*) http://www.goethe.de/ins/br/lp/prj/dgb/uek/uep/oel/ptindex.htm
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> MAIS QUE UMA FILOLOGIA DO TERCEIRO REICH
Por Marcos Aurélio da Silva,
Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
(http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=1227)
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.
> Resenha do Livro
Por César Benjamin, no sítio da Contraponto Editora
(http://www.contrapontoeditora.com.br/produtos/detalhe.php?id=201)
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.
> O PRIMEIRO SUPER-HERÓI NACIONAL
‘O Primeiro Super-Herói Brasileiro:
Uma Análise Discursiva da Reportagem de Capa da Revista Veja’
(http://prezi.com/j3knlj9pb0n2/o-primeiro-super-heroi-nacional)
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.
> A Guerra de Palavras que Semeia a Intolerância e o Ódio
A Linguagem Seletiva na Mídia Empresarial
Por Venício Lima
(http://www.viomundo.com.br/politica/venicio-lima-a-guerra-de-rotulos-da-midia-que-semeia-a-intolerancia-e-o-odio.html)
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> Entrevista: CARLA CRISTINA GARCIA, Socióloga e Professora da PUC-SP
“Estamos vivendo uma onda neonazista no Ocidente”
Por Marcelo Hailer, na Revista Fórum, via GGN
(http://jornalggn.com.br/noticia/sociologa-afirma-que-estamos-vivendo-uma-onda-neonazista-no-ocidente)
(http://revistaforum.com.br/blog/2013/12/estamos-vivendo-uma-onda-neonazista-no-ocidente-diz-sociologa)
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Entrevista: ADRIANA ABREU MAGALHÃES DIAS, antropóloga.
Por Márcio Sampaio de Castro, na CartaCapital
A EXPLOSÃO DO ÓDIO
Antropóloga detecta aumento de sites neonazistas brasileiros. E o índice de arquivos baixados com estas características cresce a uma taxa média de 6% ao ano
Durante a última grande manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), para comemorar a revogação do aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo, integrantes de partidos políticos e movimentos sociais foram atacados por jovens trajando toucas ninjas, roupas pretas e coturnos.
Enquanto agrediam seus alvos, a multidão ao redor aplaudia e gritava “fora partidos, fora partidos”.
Para a antropóloga Adriana Dias, que pesquisa há mais de 10 anos a atuação dos movimentos neonazistas no Brasil e já foi diversas vezes ameaçada de morte por seus integrantes, não resta a menor dúvida sobre quem eram esses jovens violentos e quais eram suas motivações.
A partir da análise de blogs, sites e fóruns de relacionamento, muitos deles com domínio no exterior, a pesquisadora documentou, ao longo de sete anos, que mais de 150 mil downloads de arquivos de teor nazista, superiores a 100 megabites cada, foram baixados por um número equivalente de computadores com endereços eletrônicos localizados no Brasil no mesmo período.
De 2009 para cá, o índice de arquivos baixados com estas características tem crescido a uma taxa média de 6% ao ano e até postagens de crianças já foram detectadas por ela.
Para Adriana, um misto de despolitização da sociedade no período pós-ditadura e a transformação da política em escândalo por boa parte da mídia são o ovo da serpente para a expansão de manifestações crescentes de caráter nazifascista na sociedade brasileira.
A omissão sistemática das autoridades às agressões perpetradas contra homossexuais, negros, judeus, nordestinos, moradores de rua e imigrantes bolivianos nas ruas de grandes centros urbanos completa o ciclo de terror, que silenciosamente avança junto a um número nada desprezível de jovens brasileiros.
Carta Capital: Nas manifestações populares das últimas semanas em São Paulo, um momento que chamou a atenção foi quando jovens, aparentemente ligados a esses movimentos, atacaram militantes partidários e militantes do movimento negro, destruindo suas bandeiras.
Enquanto isso ocorria, a multidão à sua volta gritava “fora partido, fora partido”.
Como explicar esses dois fenômenos simultâneos?
Adriana Dias: Desde a ditadura militar nós avançamos por um processo de despolitização espantoso em todas as camadas sociais.
Os cursos de sociologia e filosofia foram retirados do currículo escolar.
Em segundo lugar, há no Brasil uma proliferação da teologia da prosperidade.
Na Alemanha, ela foi fundamental para a ascensão do nazismo.
A ideia aqui é que não são as ações do governo que auxiliam nessa prosperidade.
Por exemplo, o indivíduo consegue comprar uma casa pelo programa Minha Casa, Minha Vida e vai a um culto religioso e acredita que conseguiu por sua própria conta.
Esse afastamento gradual do Brasil de um estado laico torna tudo mais difícil.
Tanto na Igreja Católica, em sua linha carismática, quanto em certas igrejas protestantes.
Por fim, a política de escândalos, patrocinada pela mídia, criou uma personalização da política como um eterno escândalo.
Eu chamo isso de um carnaval às avessas.
Se no carnaval o povo vai pras ruas para expor sua alegria, nessas manifestações as pessoas têm ido às ruas para expor suas insatisfações, fazendo reivindicações que não são mensuráveis e de um fundo conservador muito forte.
CC: Quais as alternativas para isso?
AD: A alternativa é a volta para o diálogo com os movimentos sociais.
Nas elites políticas, em um sentido mais geral, há um movimento totalitário, dentro do que analisa Hannah Arendt.
Particularmente na direita brasileira.
Em São Paulo, por exemplo, muitas práticas do Estado são totalitárias. Veja a atuação da polícia.
Já em um campo mais específico, entram esses movimentos neonazistas e suas ações, como essa verificada nas manifestações.
CC: Como esses jovens neonazistas são cooptados?
AD: Há um proselitismo muito forte no Brasil. Os grandes líderes têm entre 35 e 50 anos e normalmente são pequenos empresários e profissionais liberais.
Estes não vão para as ruas.
Em um segundo grupo, temos os mais jovens, que vão para as ruas e não se importam por que sabem que, se forem presos, serão soltos.
E temos também as mulheres neonazistas, que são vistas somente como reprodutoras, dentro de um ideal paternalista e machista.
Os grandes líderes atuam dentro de universidades, por exemplo, distribuindo material de divulgação do movimento e, principalmente, nas redes sociais.
CC: Como surgiu a ideia de pesquisar o movimento neonazista no Brasil?
Adriana Dias: A partir de uma disciplina que cursei na Unicamp, em 2002, na graduação, onde se discutia a negação do holocausto, tive a ideia de fazer um trabalho para conhecer um pouco os grupos neonazistas brasileiros.
Como sou programadora, criei uma aranha de busca e percebi que estava entrando em um mundo muito grande. No início, eram apenas 7500 sites, em 2009 já eram mais de 20 mil.
Existem também os blogs, que cresceram 450% nesse período, e as redes sociais.
CC: Quais as características desses sites?
AD: São compostos por páginas profundas, com diretórios dentro de diretórios. Nos diretórios mais profundos encontramos incentivos ao genocídio e assassinatos.
Muitos deles são de origem norte-americana.
Fazem apologia ao número 88, já que o H é a oitava letra do alfabeto e duplicado faz referência ao Heil Hitler.
Uma frase muito comum de ser encontrada é o “nós devemos assegurar um futuro para as crianças brancas”, o slogan de 14 palavras inspirado em uma passagem do Mein Kampf, livro escrito por Hitler.
Da combinação desses dois números, temos o 14/88, que é uma saudação.
Muitos membros nos fóruns de internet se utilizam desses números como nicknames associados a nomes nórdicos.
Coisas como Odin88 ou Thor 14/88.
CC: Por que esta forte influência dos sites norte-americanos?
AD: Eu fiz a minha pesquisa em inglês, espanhol e português. Os grandes pensadores do movimento estão nos EUA e um dos principais deles foi o David Lane, que morreu na prisão em 2007.
O movimento surge muito forte lá por que a questão racial é muito dura entre eles.
Esse lado mais duro permite a expansão desses pensamentos, ao lado do conceito de liberdade de expressão.
Nos Estados Unidos, esses sites são legais. É um discurso público e consequentemente é mais fácil de reproduzi-lo.
Só que para mim, a liberdade de expressão se interrompe quando chega à dignidade humana.
Representar outro ser humano como animal ou como um demônio está muito além da liberdade de expressão.
CC: A ligação com movimentos estrangeiros tem crescido?
AD: Já houve casos de grupos brasileiros serem rejeitados por serem sul-americanos, mas nos últimos tempos esta visão tem mudado e o ideário da raça branca tem aproximado esses grupos ao redor do mundo.
CC: O jornalista espanhol Antonio Salas, autor de O Diário de Um Skinhead, se infiltrou em grupos neonazistas.
A senhora chegou perto de ter alguma experiência deste tipo?
AD: Antonio Salas produziu um trabalho heroico, se fazendo passar por um neonazista para conhecer estes grupos a fundo.
Atualmente, ele tem que se manter oculto, pois é ameaçado de morte em 16 países.
Eu pesquiso os sites e fóruns.
Conheço perto de 500 desses fóruns e muitos funcionam como páginas de relacionamentos, mas os mais representativos chegam a um número de 12.
Eles se dividem por temáticas, como o Fórum Verde, sobre ecologia, o Solar General, sobre religiosidade e o Movimento Cristão Identitário, que é protestante radical de direita e que tem a plataforma de criar um estado branco dentro dos EUA.
CC: Em sua pesquisa, o que mais chamou a atenção?
AD: A quantidade de ódio, a idolatria ao ódio.
A ideia de achar que ele estrutura a personalidade.
Eu, que tenho uma formação humanista, posso dizer que fiquei chocada com isso. Outro aspecto é a crença na noção de sangue que ultrapassaria a substancialidade.
Ou seja, o sangue não seria material, estaria na alma. Isto explica por que entre eles a nação, tal qual nós a concebemos, não existe.
O que existe é a nação racial.
Por isto, é preciso destruir os movimentos populares, que estão associados a outra concepção de nação.
Por fim, me chamou a atenção a facilidade para encontrar inimigos.
Eu, como antropóloga, não acredito em raças, somente na raça humana, mas para eles, o casamento chamado de inter-racial, por exemplo, é considerado um genocídio.
CC: E no Brasil?
AD: No Brasil, existe o discurso separatista, que traz elementos complicadores.
CC: Como assim?
AD: Cada um quer uma coisa.
Veja o caso do (Ricardo) Barollo, que mandou matar o (Bernardo) Dayrell, em 2009, no Paraná.
Eles estavam lutando pela liderança do movimento no país, mas o que cada grupo defende a seu modo é a separação de São Paulo ou dos estados do sul do restante do Brasil.
Nessas explosões de ódio, que mencionei há pouco, é exigido que eles ataquem os inimigos.
Aliás, um dos critérios para aceitar um novo membro é que ele cometa uma violência contra um inimigo. Os grupos neonazistas têm matado e agredido gays em São Paulo, na região da rua Augusta, e ninguém fala nada.
A polícia não faz nada.
Já conversei com policiais que não consideram crime um indivíduo portar uma suástica bordada na blusa.
CC: Somente os gays?
AD: Não. Atacam bolivianos, negros, gays, nordestinos, judeus e depois relatam nos fóruns.
Eles são organizados.
Possuem inclusive estratégias de defesa.
Muitos, quando são pegos, alegam loucura. São estratégias previamente montadas e as autoridades, por sua vez, não dão importância.
CC: Isto seria em função da cultura brasileira de deixar as coisas acontecerem para depois tomar uma atitude?
AD: Não, não acho. Acontece que no Brasil as minorias não têm importância e é por isso que ninguém faz nada.
(http://www.cartacapital.com.br/politica/a-explosao-do-odio-7327.html)
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Leia também:
O PERFIL DO NEONAZISTA BRASILEIRO
ENTREVISTA COM A PESQUISADORA ADRIANA DIAS
Por Débora Lopes, no Vice
(http://migre.me/hcNEV)
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FrancoAtirador
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02/12/13 11:15
Eufemismo até no lobby
Por Heloísa Villela, no Informe New York – Brasil Econômico
O título do e-mail me deixou os olhos arregalados.
O remetente era uma organização respeitada, que produz informações confiáveis.
Mas as palavras estavam lá, taxativas: “o lobista morreu”.
Não um lobista em particular. Mas a “profissão” em si.
Portanto, TODOS os lobistas.
Era uma notícia bombástica demais para ser verdadeira.
Afinal, são eles, os lobistas e o dinheiro que investem, em nome de seus clientes, nas campanhas eleitorais americanas que dominam a política do país. Abri o e-mail imediatamente.
Um texto inteligente e bem-humorado recordou um pouco da longa vida do “lobista” morto. Ele tinha já seus 150 anos e, coitado, sempre foi vítima de piadinhas, acusações e abusos verbais. Mas entrou no século XXI com tudo! O governo passou por uma bela expansão e, com o país metido em duas guerras, não faltava trabalho. Em 2010, os lobistas faturaram, apenas em Washington, US$ 3,55 bilhões. Porém, essa fama de distorcer o sistema político, influenciar as decisões em Washington, trabalhar com dinheiro, por dinheiro e somente pelo dinheiro estava pesando. Foi então que surgiu a solução. Neste ano, os profissionais do ramo não se reuniram, como costumam fazer em todo fim de ano, em uma convenção nacional de lobistas. Eles participaram do encontro anual da “Associação de Profissionais de Relações com Governos”.
Piadinha boa do e-mail.
Me fez pensar nos eufemismos que deslizam do discurso do governo com a intenção de deitar raízes no vocabulário popular e assim produzir aceitação de práticas deploráveis, despertar simpatia por causas injustas e outras gracinhas.
As palavres têm o poder de atiçar imagens na mente de quem as ouve ou as pronuncia.
Cuidar minuciosamente do discurso, como faz a Casa Branca, tem justamente esta intenção: produzir a imagem desejada na mente da população.
Daí o “dano colateral” (collateral damage) no lugar de “civis mortos” ou “morte de inocentes”, que remete imediatamente a crianças dilaceradas, baleadas ou atingidas por bombas e mísseis.
Em uma prova de desfaçatez incalculável, o governo americano também adotou a expressão “técnica de interrogatório acentuada” ao se referir de forma genérica à tortura.
A “Guerra contra o Terror” de George W. Bush deu lugar às “Operações de Contingência no Exterior” de Barack Obama.
Não existe guerra. Ao menos para os americanos já que mais e mais são aviões controlados por controle remoto, do conforto das instalações americanas na Virgínia ou em outros estados, que lançam mísseis e eliminam terroristas, com ou sem a produção de “danos colaterais”.
Obama, ao contrário de Bush, preferiu matar os suspeitos do que prendê-los.
Guantânamo se tornou uma vergonha e um abacaxi.
Os presos que mofam lá há mais de uma década, para Obama, estão em uma situação de “detenção prolongada”, não mais presos por tempo indeterminado, sem direito a julgamento.
Em um ensaio publicado em 1946, o escritor e jornalista britânico George Orwell explicou com clareza do que se trata toda essa neblina verbal.
Ele disse que o objetivo dessa linguagem política obscura é “fazer com que mentiras soem verdadeiras e o assassinato respeitável”.
Ou, como disse o também britânico Quentim Crip, todo eufemismo “é uma verdade desagradável com perfume diplomático”.
Os Estados Unidos não inventaram essa brincadeira.
A Alemanha nazista foi mestra no uso dos eufemismos.
Basta lembrar do primeiro grande ataque aos judeus na Áustria e na Alemanha, em novembro de 1938, que resultou na morte de 96 judeus e no envio de outros 30 mil para os campos de concentração.
Ainda hoje, a data, considerada o início do Holocausto, mantém o nome que ganhou na época:
“A Noite de Cristal”, como se apenas alguns vidros tivessem sido quebrados.
Reinhard Neydrich, cabeça do escritório de segurança do Reich, se preocupou especificamente com o problema da disseminação de informações durante o nazismo.
Não queria que soldados e oficiais que voltavam do Leste falassem das atrocidades testemunhadas por lá.
Vários eufemismos foram adotados para substituir a realidade nua e crua dos campos de concentração.
As câmaras de gás se chamavam “casas de banho”.
“Reassentamento” nada mais era do que o assassinato de judeus.
“Liberar uma área”, torná-la livre de judeus, significava matar todos os judeus daquela região.
A lista é longa…
Mas os Estados Unidos entenderam rapidamente a importância de tomar as rédeas do vocabulário como forma de mobilizar a população ou tornar a realidade mais palatável.
Já no fim da Segunda Guerra Mundial, Tio Sam fez um ajuste importante. Transformou o Departamento da Guerra em Departamento de Defesa.
A nascente superpotência não agride.
Somente se defende e abraça a causa dos direitos humanos pelo mundo afora.
Daí, no afã de proteger mais alguns milhares, os Estados Unidos, com o apoio da ONU, bombardeou a Iugoslávia em 1999.
Como disse o professor de história da Universidade da Califórnia Perry Anderson, em “American Foreign Policy and Its Thinkers” (Política Externa Americana e seus Pensadores), “foi a primeira vez que um bombardeio aéreo foi declarado uma intervenção humanitária”.
Belgrado ainda tem prédios destruídos pela agressão.
Eles foram intencionalmente preservados, aos pedaços, como lembrança.
Mais recentemente, foi a vez da Líbia de Muammar Kadaffi.
Em 2011, o “esforço humanitário” americano veio dos céus novamente.
Mas nunca foi tratado, pela Casa Branca, como um bombardeio.
Não houve “hostilidade”, explicou o governo, porque os soldados americanos nem pisaram em solo estrangeiro.
Houve apenas uma “ação militar cinética”.
Como é que é?
Segundo o dicionário Aurélio, cinético é o que produz movimento. Então está explicado.
Foi bastante “cinética” a participação dos Estados Unidos em toda a América Central e na nossa América do Sul.
Provocou mesmo um bocado de movimento.
E levou tempo… Em alguns casos, mais de 20 anos para reencontrar o rumo que a movimentação toda provocada pelo grande vizinho do Norte provocou nas nossas bandas derrubando governos democráticos e garantindo a permanência de ditaduras ao longo de quase toda a região ao Sul da Flórida.
(http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/informe-new-york-eufemismo-ate-no-lobby_137448.html)
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Leia também, da mesma autora:
> Paradoxos da desigualdade 23/12/13
> Bancários e banqueiros 16/12/13
> Mandela entre o ideal e o possível 09/12/13
> Fraudes das hipotecas não terão investigação criminal 06/12/13
(http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/inforne-new-york-paradoxos-da-desigualdade_137885.html)
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Eduardo Oliveira
Onde se encontra os dotados de saberes jurídicos suprapartidários da república ?
Euler
Tem razão o autor do texto ao se indignar com a insensibilidade dos jornalistas que repetem de forma irrefletida os supostos “privilégios” dos prisioneiros políticos, entre os quais Dirceu e Delúbio.
Entre estes privilégios, o direito de leitura, que deveria ser apontado como exemplo, e jamais um “privilégio” na forma de vantagem. Lembro-me de um fato que citei aqui há dois dias, de um comentário feito por “analistas” da Rádio Itatiaia em Minas. Os tais analistas falavam sobre o pedido de transferência para BH, feito por Marcos Valério. Um dos analistas, Carlos Viana, aproveitou a deixa para dizer que os “mensaleiros”, especialmente o José Dirceu, estava super protegido pelo estado, que nada lhe alcançaria, ao contrário de Marcos Valério, este sim, ameaçado por outros presos, diante dos “privilégios” dos presos do PT. Privilégios como o da leitura, provavelmente.
Não bastou a condenação a priori, pela mídia, antes de qualquer julgamento, dos políticos do PT; nem tampouco a formalização desta condenação pelo STF, mesmo sem exibir qualquer prova material (no caso do Dirceu); ou ainda, na sequência deste julgamento de exceção, submeter os prisioneiros ao rito degradante da prisão em pleno feriado nacional.
Sob os holofotes de uma mídia sedenta de sangue, e numa exposição turística do horror, os “monstros” do mensalão foram apresentados como troféus. Para o deleite de uma elite cínica e herdeira de tenebrosas tradições (e transações), como o chicote, o capitão do mato, a tortura, a destruição de imagens e de pessoas que de alguma forma representaram obstáculos no jogo de cartas marcadas dos grupos dominantes.
MP
Por quanto tempo mais Dirceu, Genoino e Delúbio permanecerão à própria sorte??? Sem apoio do PT e dos partidos dos partidos de esquerda, diante de tantas arbitrariedades???
maria do carmo
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal de Justica que comprou apto em Miami com falsidade ideologica bateu em mulher, rasgou a constituicao no julgamentoda acao 470, atestado por juristas, que vergonha , alem de tudo sadico, pelo amor de DEus, nao e o que os brasileiros esperam do presidente do
STJ. Acorda colegiado do STJ ou serao nivelados por baixo. E muito triste e vergonhoso Essa de nao permitirem leitura e o cumulo, e tortura e tirania e baixesa ao extremo nao condiz com a posicao do presidente do supremo.
Edno Lima
É curioso que os problemas dos presidiários brasileiros só sejam considerados problemas quando atingem os petistas encarcerados. A notória superlotação, as altas temperaturas das celas, o estupro/assédio a mulheres de presos sem liderança (como acontece em Pedrinhas e em outros presídios)não parecem causar comoção aos neo críticos das restrições vigentes no sistema prisional , afinal essas agruras não atingem os petistas encarcerados.O advogado também julga injusta o encarceramento dos mensaleiros antes do que ele considera trânsito em julgado da condenação, porém ele não faz nenhuma referência aos milhares de presos que encontram-se encarcerados sem sequer terem sido julgados em primeira instância( os presídios estão apinhados deles).Quanto ao fato de os petistas não terem sido submetidos ao duplo grau de jurisdição, o advogado esquece de que o foro privilegiado, que teve como consequência o grau uno de jurisdição não foi criado por Joaquim Barbosa, mas pelo Congresso Nacional, onde vários dos condenados estiveram sem que nada fosse feito para corrigir a “anomalia”; ela foi benéfica aos parlamentares enquanto o Supremo não tinha por hábito condenar políticos,
mas daqui a pouco tudo isso será esquecido. Basta que o petistas passem a regime mais benéfico que os , agora, problemas dos presidiários brasileiros deixem de ser um problema digno comparação as sanções impostas na Rússia Czarista!
ricardo silveira
Até quando vai essa canalhice contra os petistas? Até quando o Congresso, os cidadãos brasileiros vão aceitar passivamente o que está fazendo o STF? Está se dizendo que o julgamento foi um ponto fora da curva e que depois volta tudo ao normal. Bem, deve voltar mesmo, mas antes os juízes devem ser cassados e presos por covardia e violência contra a cidadania brasileira.
Mário SF Alves
É, Ricardo, pois é, já temos a nossa Bastilha. Só falta coragem coletiva para ir lá e tomá-la.
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Esse julgamento não feriu os brios só do petismo, não. Feriu, sim, a todos nós. Trata-se de puro escárnio. Feriu a Constituição Federal. E consequentemente feriu a parca e ainda frágil Democracia que temos. Parece que estão a fazer balãozinho de ensaio. Algo de tipo: manda tudo, absolutiza, arrebenta [só] com o PT. Se colar, ótimo; segue-se em frente. Se não colar, arrebenta-se com a Joaquim.
E este seguir em frente, a gente sabe no que é que pode dar, não?
Lucas G.
esperemos que os petistas sigam muito interessados pelos descalabros da Justiça pelo país a fora, absurdos muito maiores que os cometidos contra os dirigentes do partido, cotidianamente na vida dos trabalhadores mais precários, familiares de pessoas que estão presas ainda sem julgamento. Será que alguma familiar do Dirceu e do Delúbio tiveram que agachar seguidas vezes nuas para o espelhinho, ouvindo provocação das policiais e agentes penitenciárias? Em caso positivo, saberão o que realmente sofre a população humilde do país, situações que não mudam apenas com um Bolsa Família nem com uma política econômica progressista.
Fiódor Andrade
Nem na Rússia czarista, nem em Guantánamo nem para os presos comuns da Papuda, só para os políticos:
http://www.jornalggn.com.br/noticia/na-papuda-apenados-do-mensalao-nao-podem-ler-mas-outros-presos-sao-estimulados
qua, 25/12/2013 – 10:48
Por Fiódor Andrade
NA PAPUDA, PRESOS NÃO-POLÍTICOS SÃO ESTIMULADOS A LER
Enquanto os condenados da AP 470 têm seu acesso aos livros restringido a duas horas diárias, os presos comuns são estimulados a ler e chegam a passar até até quatro horas por dia lendo. A leitura conta inclusive para a remissão penal.
Para os presos políticos da Papuda, o acesso aos livros é mais limitado do que em Guantánamo.
do R7
PRESOS DO DF LEEM DEZ VEZES MAIS QUE A MÉDIA DO BRASILEIRO
De acordo com pesquisa, 70% dos presos e 80% das presas se tornam leitores assíduos
Gustavo Frasão, do R7, publicado em 24/03/2013
Projeto remissão de pena: presos poderão ser beneficiados com 48 dias a menos na prisão se lerem uma obra literária por mês e fizerem uma resenha sobre o livro a cada 30 dias
Presos têm um grande potencial para leitura. Uma pesquisa de mestrado feita na UnB (Universidade de Brasília) mostra que os detentos do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, leem em média 3 livros por mês, dez vezes a média do brasileiro, de 0,33 livros mensais ou quatro por ano, de acordo com dados da 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2012.
A pesquisadora Maria Luzineide Costa Ribeiro, responsável pelos estudos da UnB, disse que cerca de 70% dos presos que estão na PDF 1 (Penitenciária do Distrito Federal 1) no Complexo da Papuda, em São Sebastião, região administrativa do DF, tornaram-se leitores assíduos de livros de romance, ação, autoajuda e literatura estrangeira dentro da cadeia. Os dados fazem parte da dissertação de mestrado dela no curso de Letras apresentada no segundo semestre do ano passado.
Luzineide foi professora de Língua Portuguesa do sistema prisional durante 14 anos. Ela disse que nesse período observou que mesmo encarcerados e sem nenhum tipo de estímulo os internos tinham o hábito de ler. Interessada em pesquisar o assunto e confirmar essa impressão, ela levou a proposta para o Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB e deu início aos estudos no ano de 2009.
Em 2010, ela voltou a penitenciária como pesquisadora e fez um primeiro levantamento. Aplicou questionários e avaliou os presos, que na Papuda são separados por crimes. Em 2011, ela e a equipe da UnB passaram 15 dias na cadeia promovendo oficinas literárias, com métodos dos próprios mestrandos da instituição.
— A recepção foi muito boa. Depois de coletar todos os dados, eu confirmei o que já sabia. Os presos realmente têm pré-disposição para a leitura.
Ela explicou que o próprio sistema ajuda a exercer esse hábito entre os internos, porque eles ficam 22h por dia dentro da cela. Os locais estão superlotados, mas por conta do ócio eles procuram ocupar o tempo fazendo leituras, mesmo com barulho, falta de espaço e conforto.
— Eles leem de dois a quatro livros por mês. Devem passar três ou quatro horas por dia lendo e se esforçam para concentrar na leitura, mesmo com o ambiente inadequado para esse procedimento.
Entre os autores preferidos estão Machado de Assis, Paulo Coelho e Oswaldo de Andrade. Os estilos de livros, no entanto, são os mais diversos. Os preferidos são temas de ação, romance, literatura estrangeira e até mesmo autoajuda.
Para a pesquisadora, se não fossem as condições estruturais ruins e de superlotação, provavelmente o índice de leitores assíduos seria ainda maior.
— Seria ideal, porque a própria polícia faz a distribuição dos livros. Existem bibliotecas lá, com acervo de quase 11 mil livros. As famílias também podem levar livros para os presos. Após a leitura, o título levado é doado para a instituição e passa a ser de uso coletivo. Se não fossem essas condições ruins [de superlotação e falta de local apropriado para leitura], certamente teríamos muito mais leitores dentro da cadeia.
Entre outros dados avaliados durante os quatro anos de estudos, Luzineide descobriu que 24% dos presos leem por prazer e 50% para adquirir conhecimento. Outros 20% fazem isso para se afastar de problemas, porque querem ocupar o tempo e a cabeça, e 10% faz por pura necessidade, com o objetivo de fugir do ambiente e da realidade.
— É importante dizer também que 52% não tinha o hábito de leitura antes de entrar na prisão. O próprio ócio produz isso.
Presídio Feminino
No Presídio Feminino de Brasília, também conhecido como Colmeia, que fica entre o Gama e Santa Maria, regiões administrativas do DF, a situação não é diferente. Durante os estudos, a pesquisadora levantou que 80% das detentas são leitoras assíduas.
Para ela, essa é uma informação que não assusta tanto porque, naturalmente, as mulheres têm o hábito de leitura no dia-a-dia “muito maior que os homens”.
— Se fora da prisão é assim dentro então a tendência é continuar ou aumentar mais ainda. Lá, porém, elas não ficam o dia todo dentro da cela e por isso têm mais espaço e conforto para ler, porque passam a maior parte do dia livres dentro do presídio.
Entre os livros prediletos das detentas estão obras relacionadas a autoajuda e auxílio espiritual, em especial as que remetem a infância ou família.
Remição de pena pela leitura
O próximo passo do projeto da pesquisadora, batizado de Portas Abertas, é promover um programa de Remição de Pena na PDF I, autorizado pela portaria nº 276 do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) em junho de 2012.
O dispositivo legal prevê que o preso pode diminuir até 48 dias de pena se estiver disposto a ler um livro por mês, apresentando uma resenha sobra cada obra lida a cada 30 dias. Luzineide está otimista com a proposta e acredita que isso aumentará ainda mais o hábito pela leitura dentro da cadeia.
— Sem estímulo nenhum eles já fazem isso. Com estímulo ficarão ainda melhores. Hoje eles leem de dois a quatro livros, fazem isso à vontade. Quando formos implementar esse projeto, ficarão limitados a um livro por mês porque se não perderemos o controle da situação, mas será um grande avanço de qualquer maneira.
A ideia é que professores e alunos da UnB elaborem uma lista de obras literárias recomendadas para internos a partir do 9º ano (antiga 8ª série) que queriam ganhar o benefício. Em seguida, os professores aplicarão as resenhas dentro das salas de aula do próprio presídio e cada detento terá que redigir, de próprio cunho, o material sobre o livro que leu.
As resenhas serão levadas para a universidade e corrigidas pela equipe. Se o interno conseguir alcançar média de sete pontos, será beneficiado com a remição de pena. Esse procedimento acontecerá durante os 12 meses do ano a todos aqueles que quiserem, de forma espontânea, participar do programa.
— Esse projeto funciona desde o ano passado em duas penitenciárias federais. Vamos tentar adotar esse modelo e trazê-lo para cá. Os resultados podem ser bem positivos.
A pesquisadora também informou que vai investigar a preferência de cada preso conforme o histórico criminal, uma vez que na PDF I da Papuda eles são separados pelos crimes. Ela disse que observou algumas preferências, mas nada que tenha sido objeto de pesquisa com dados conclusivos.
A expectativa é que nos próximos quatro anos, porque ela deu início ao projeto de doutorado seguindo essa mesma temática, seja possível alinhar esses resultados com o projeto remição de pena pela leitura.
— Tem prédio de homicidas, de traficantes, de estelionatários, roubos e crimes sexuais. Todos separados. Percebi que os internos que cumprem pena por assalto preferem livros de aventura. Os condenados por tráfico de drogas ou homicídios têm preferência por obras ligadas à religião, como se quisessem pedir perdão a Deus pelo o quê fizeram. Aqueles que estão isolados cumprindo pena por crimes sexuais leem, principalmente, livros relacionados a autoajuda amorosa.
Do Book Addict
Já conhece a biblioteca da prisão de Guantánamo?
É possível encontrar bibliotecas até mesmo nos lugares mais improváveis. Um exemplo disto é a de Camp Delta, centro de detenção militar norte-americano localizado em Guantánamo Bay, em Cuba. O lugar possui aposentos repletos de livros divididos por idiomas e gêneros e, uma vez por semana, o representante do setor passa pelas celas carregando aproximadamente 50 deles. Caso os detentos obedeçam as regras da prisão, ganham o direito de escolher dois livros por vez ou mesmo fazer solicitações específicas.
A biblioteca possui em torno de 18 mil livros, boa parte deles em árabe, juntamente com uma menor quantidade de revistas, DVD’s e videogames. Segundo o encarregado do local, identificado apenas como Milton, por motivos de segurança, os títulos mais populares são os religiosos, mas o setor também conta com traduções em árabe de autores populares como Gabriel García Marquez, Danielle Steel e uma boa quantidade de volumes em inglês como os livros da série Harry Potter e O Senhor dos Anéis.
Alguns dos presos já dominavam a língua quando chegaram ao local, outros foram aprendendo ao longo do tempo. Como prisioneiros de guerra, os detentos, considerados terroristas, não eram protegidos pela Convenção de Genebra e boa parte já permanece ali sem julgamento há mais de uma década. Milton, no entanto, não possui muito patrocínio para manter o setor em funcionamento, mas advogados e membros da família podem enviar doações. Diferente do sistema comum, os detentos podem segurar um mesmo livro por até 60 dias em suas celas.
Um dos advogados locais informou a equipe do NY Times que as solicitações variam de romances tradicionais a revistas sobre atividades ao ar livre “pediu um preso que nunca havia visto a natureza pessoalmente”. Um dos seus clientes já realizou a leitura de 1984, de George Orwell, três vezes. Títulos que possuam muitos palavrões, sexo, violência ou temas extremistas e anti-americanos, no entanto, não são permitidos.
É importante lembrar, porém, a péssima reputação que o local detém há alguns anos. Documentos do FBI obtidos em 2007 durante um processo da União Americana pelas Liberdades Civis, trouxeram a tona diversos incidentes de abusos e constantes humilhações por parte dos guardas de Guantánamo. Um documentário realizado pelo National Geographic, intitulado Inside Guantánamo(Dento de Guantánamo, em tradução literal) revelou várias atrocidades que aconteciam no local, incluindo torturas, espancamentos, estupros e total desrespeito às práticas religiosas dos prisioneiros. Após a posse de Barack Obama, o presidente assinou em 2009 um decreto para fechamento da prisão e exigiu uma revisão na forma como os presos seriam tratados até lá. Guantánamo, porém, continua em funcionamento até hoje e já vem se tornando uma mancha constantemente relembrada em seu atual governo.
Caso vocês tenham interesse em ver mais fotos da biblioteca, alguns repórteres recentemente visitaram a prisão e tiraram vários fotos que foram publicadas em uma página do Tumblr.
Crédito das fotos: Gitmobooks
Com informações do New York Times
J Souza
O silêncio e a conivência fazem parte do preço que o PT paga para se manter no poder…
Assim como a submissão aos banqueiros, as privatizações, as desonerações, e tantas outras coisas que o PT aceitou e ainda aceita para se manter no poder. Acha que levará a uma LENTA e gradual mudança…
Quem sabe mais uns 200 anos, já que 513 não foram suficientes…
Fabio Passos
A covardia dos canalhas que encarceraram e torturam as vítimas da farsa do mentirão é reveladora.
Não resta nenhuma dúvida: O mandante é a “elite” branca e rica.
A casa-grande está com saudades de torturar presos políticos.
Viúvas da ditadura, foram buscar no stf, um covil de apoiadores da tortura, apoio para aplicar suplícios nos adversários que não conseguem derrotar. É revoltante.
PiG e stf: torturadores covardes!
mineiro
e o pior de tudo com a conivencia do seu proprio partido maldito, salafrario e covarde , o pt. nao tem como estamos todos cegos , estamos na ditadura e ninguem ta nem ai. parece piada de mal gosto, mas é a pura verdade , estamos assistindo a um massacre de gente inocente e nao estamos nem ai. parece que esta todo mundo paralizado ,concordando com tudo. se vai ficar registrado na historia o julgamento do dominio de fato , vai ficar registrado tambem a covardia de um partido que deixa seus aliados sendo fuzilados e nao faz nada , exatamente nada. uma pres.covarde , medrosa , aliada da elite que faz a mesma coisa , nada vezes nada junto tambem com o ex.pres.lula fazendo a mesma coisa. dizendo que nao pode interferir na questao do judiciario. mas o mesmo pode fazer o que quer e fica por isso mesmo. é terrivel mas a ditadura nunca acabou. o stf manda e desmanda junto com o pig golpista , ta todo maundo achando que nao vai acontecer mais golpes , entao ficamos todos esperando pra ver o que vai acontecer. com esse partido morto o pt e essa pres .covarde.
Antenor Loula Moreira
E você, mineiro valentão, faça alguma coisa então. Ou vai ficar aí parado simplesmente resmungando contra o PT?
Mexa-se!
mineiro
é so para responder para um imbecil que me contestou , nao é questao de ser valentao nao idiota. sozinho ninguem consegue nada. eu estou criticando porque sempre fui eleitor do pt e o proprio com o passar dos anos se tornou sim um partido acomodado , covarde , deixou a luta nas ruas , abandonou a militancia. se tornou um partido de conveniencia , quero dizer faz tudo que lhe convem fazendo acordos com a direita e deixando as lutas por conta da militancia,sem mover uma palha. isso é claro os politicos do alto escalao do partido. o pt se acovardou sim com o passar dos anos infelizmente. ta deixando sim seus ex.companheiros de partidos sendo torturados, fuzilados e triturados pelo pig golpista e stf judiciario. é uma vergonha para esse partido. e outra coisa , é so para parabenizar o blog , para é melhor blog para se comentar no momento, nao tem censura, frescura e tudo mais. parabens mesmo.
Urbano
Para inteligência privilegiada como Dirceu e Genuíno possuem, a ausência de leitura é suportada tranquilamente. Já os seus algozes, coitados, se não tivessem corrido atrás, certo pássaro se daria bem melhor na vida.
Urbano
Pelo que sei, o pássaro é conhecido por dois nomes, afora o científico…
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