Era só o que faltava: GCM diz que toda a culpa foi de morador de rua
Tempo de leitura: 2 minpor Marcos Hermanson, no Facebook
“Não leva meus bagulho não, por favor, eu não tenho nada”
Ontem a temperatura mínima na cidade de São Paulo foi 16 graus.
Não foi um sono difícil, entretanto. Tenho em casa colchão, cobertores e um fogão que me esquenta a barriga antes de deitar. Tenho paredes à minha volta que impedem o vento gelado de me castigar durante a noite. Tenho o suficiente para garantir a sobrevivência de um ser humano com o mínimo de dignidade.
Hoje, uma quarta-feira de todos os santos, sai de casa bem encasacado. Subi a escadaria e caminhei pelo pequeno terminal de ônibus do bairro. Desci por uma das entradas do metrô Conceição e sai pelo outro lado, evitando a avenida caótica e barulhenta que corre acima dos trens.
Impelido pelo desejo de começar o dia com uma coxinha ou um pastel, eu caminhava até o Praça São Paulo quando de repente avistei uma das “limpezas” períodicas praticadas pela prefeitura.
Alguns agentes da Guarda Metropolitana — a GCM — tentavam remover os poucos pertences de um morador de rua: um colchão, alguns cobertores e um carrinho de supermercado, cuja nota fiscal o sujeito foi incapaz de apresentar, vejam bem.
Não pretendo me estender aqui, porque o vídeo fala mais do que qualquer coisa que eu tenho capacidade de escrever.
Mas como é triste viver numa sociedade que coloca um trabalhador pra reprimir seu camarada, tirar dele o pouco que tem e deixá-lo numa situação pior ainda do que a pobreza repugnante na qual se encontrava antes.
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Acima de tudo, uma sociedade que gera tanta mas tanta miséria apenas para que encontre depois, como solução, criminalizá-la.
Vem aí o inverno. A mínima de hoje é de 15 graus.
PS do Viomundo: O GCM que age de maneira agressiva no vídeo, José Rivanilson de Jesus, disse em seu depoimento que toda a culpa foi do morador de rua, que suspeitava que Samir Ali Ahmad Sati tinha uma faca no corpo e que temia que ele tomasse sua arma do coldre. O caso está sendo apurado como receptação, desobediência, resistência, lesão corporal, desacato e abuso de autoridade.
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Comentários
Raimundo Doido
Uma pena ver a pobreza de São Paulo sendo tratado por este tipo de gente que não conhece a palavra humanidade, será que os componentes não conhece o caso do Delegado do Rio de Janeiro com o nome de Chico Palha que realmente existiu nos anos 1940 e acham que não pode ocorrer com eles as leis dos homens pode lhes proteger, mais a lei da vida com certeza vai cobrar, triste da população carente que necessita de apoio das autoridaddes brasileiras.
Luiz Carlos P. Oliveira
BACELLAR: Não são cães. Cães são amigos incondicionais. Esses caras são trogloditas, deveriam morar em cavernas. Mas nós sabemos quem os colocou nas ruas.
Luiz Carlos P. Oliveira
Queria ver esses patéticos agentes fazerem isso comigo. Teriam que me matar. Covardes!
Bacellar
Who let the dogs out? https://estudiotm.files.wordpress.com/2016/08/gcm.jpg
wilton
limpeza urbana
guardas civis
com o apoio de garis
tomam os bagulhos do mendigo
e de quebra
lhe aplicam uns bons sopapos
“bem feito!
quem mandou
sujar a cidade com os seus trapos
e sua existência?”
o desagradável episódio no entanto
é rotineiro e necessário
à higiene
e ao bom funcionamento
da cidade black tie
o prefeito
sinceramente
lamenta o ocorrido
e lava as mãos
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