Andifes:’Inaceitável que pessoas de bem tenham a sua honra destroçada pelo desmedido aparato de um Estado policial’
Tempo de leitura: 3 minAgecom / UFSC
NOTA OFICIAL DA ANDIFES
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira.
O sentimento de pesar compartilhado por todos/as os/as reitores/as das universidades públicas federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor Cancellier, ante um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado.
É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal.
É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular.
É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita.
Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que por muitos anos serviu à causa pública.
A ANDIFES manifesta a sua solidariedade aos familiares e amigos do Reitor Cancellier e continuará lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira.
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Brasília, 02 de outubro de 2017.
Abaixo a trajetória do reitor Cancellier
Luis Carlos Cancellier de Olivo, 60 anos, é natural de Tubarão. Em 1977, ingressou no curso de Direito da UFSC e como universitário engajou-se no movimento estudantil, que era um foco de resistência à ditadura militar. Interrompeu os estudos para trabalhar como jornalista, em “O Estado” (Florianópolis) e em Brasília, assessorando parlamentares catarinenses.
Também participou ativamente das campanhas pela anistia, pelas diretas-já, pela eleição de Tancredo Neves e pela Constituinte, além do movimento Fora Collor. Em 1996, retomou os estudos, concluindo a graduação em Direito e fazendo em seguida mestrado e doutorado na mesma área.
Foi professor e diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade.
Cancellier tem livros e artigos publicados sobre temas jurídicos e exerce uma série de atividades ligadas ao Direito Administrativo e à Administração Pública.
Na campanha vitoriosa para a reitoria, em 2015, pelo movimento “A UFSC Pode Mais”, defendeu um modelo de administração que resgatasse a excelência e a eficiência na instituição, apostando na descentralização da gestão e na valorização e participação de todos os centros e unidades da universidade nas tomadas de decisão.
Quase toda a sua formação acadêmica foi realizada na UFSC: graduação em Direito (1998), mestrado em Direito (2001) e doutorado em Direito (2003).
É especialista em Gestão Universitária (2000) e Direito Tributário (Cesusc, 2002). Ministra as disciplinas de Direito Administrativo II no curso de graduação e Seminário de Direito e Literatura na pós-graduação (PPGD). É professor de Direito Administrativo e Instituições de Direito Público da Universidade Aberta do Brasil (UAB), desde 2006. É professor de Direito Público e Administrativo no Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária da UFSC (PPGAU).
Membro do Conselho Editorial da EdUFSC (2009 a 2013). Chefiou o Departamento de Direito da UFSC (2009-2011) e presidiu a Fundação José Arthur Boiteux (Funjab) no período 2009-2010. Foi diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC.
Após tomar conhecimento da vitória da eleição para Reitoria, em 2015, Cancellier colocou como “prioridade a busca de verbas para suplementar as despesas da Universidade, especialmente após os cortes anunciados pelo governo federal. Temos que buscar outras alternativas e fontes de recursos financeiros. O ensino, a pesquisa e a extensão não podem ser prejudicados”. Ele também ressaltou “a necessidade de buscar diálogo com todos os setores da comunidade universitária”, uma das marcas de sua gestão.
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Comentários
MAAR
ESTADO DE EXCEÇÃO
Resta evidenciado que o Reitor Camellier foi vítima do Estado de Exceção que tem se expandido desde há muito.
Estamos todos sob ataque, pois a derrogação das garantias civis ameaça a cidadania e agride a dignidade humana.
Em protesto contra a metástase fascistóide, reitero a seguir comentários que encaminhei ontem no site do GGN, e que ainda não constam das respectivas páginas.
CRIMINOSAS FARSAS MIDIÁTICAS
O suicídio do Reitor Cancellier é motivo de grande tristeza para os defensores dos direitos civis e da dignidade humana. Unamos esforços para que esta tragédia pessoal marque um ponto de inflexão na trajetória política deste nosso país, massacrado pelo imperialismo predatório e pelo punitivismo fascistóide. É tempo de construir as bases para o urgente resgate do estado de direito, através dos instrumentos da democracia representativa e do devido processo legal, para que se possa apurar as responsabilidades das instituições, das autoridades e dos asseclas das criminosas farsas midiáticas.
COERÊNCIA E PERSEVERANÇA
A difusão do ódio e a promoção de confrontos genocidas e fratricidas é o objetivo deletério da estratégia fascistóide voltada para a construção do caos.
Urge manter o respeito aos princípios democráticos para não ajudar os facínoras.
A forma de enfrentar a ignomínia é agir com coerência e perseverança.
CONSCIENTIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Estamos unidos no pesar pelo falecimento do Reitor Cancellier, nas condolências aos parentes e amigos, na indignação contra o falso moralismo espetaculoso.
Somemos esforços em prol da restauração do estado democrático de direito, no resgate do respeito à dignidade e na defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.
A conscientização da sociedade acerca da necessidade de solução democrática para os gravissímos retrocessos políticos e antiéticos é o único caminho para obstar a construção do caos promovida pelo imperialismo predatório.
João Lourenço
Digam assim: A Polícia Federal ,a MP e até o Moro mataram ele .Quem sabe viraliza ?
leonardo-pe
Só tem um problema: se falarem Mal do Moro,vão dizer que é obra e culpa do PT e do Lula que quer se salvar da Cadeia! ou seja: nosso destino é a falência!
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