Como Bolsonaro usa agitadores das redes contra adversários políticos
Tempo de leitura: 2 minDa Redação
O governador de São Paulo, João Doria, está usando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra Jair Bolsonaro.
A campanha publicitária lançada hoje pelo governo paulista, para que as pessoas permaneçam em casa (ver vídeo no topo) durante a pandemia de coronavírus, inclui menção à recomendação de Trump para que os norte-americanos permaneçam em casa — quando antes o ocupante da Casa Branca dizia que queria ver as igrejas e templos lotados na Páscoa, em 12 de abril.
Trump, aceitando conselho de cientistas, estendeu até o final de abril a orientação para que os norte-americanos mantenham o isolamento social.
No último dia 26, João Doria foi alvo de ameaças de bolsonaristas, depois de divergir de Jair Bolsonaro a respeito da condução do enfrentamento à crise.
No dia seguinte, Doria foi ao estádio do Pacaembu, onde o governo paulista montou um hospital de emergência para receber vítimas do coronavírus.
Ficou clara, então, a dinâmica das redes bolsonaristas.
Na noite anterior, o governador de São Paulo recebeu ligações com ofensas, de acordo com o que relatou (vídeo abaixo).
Também recebeu mensagens ameaçadoras.
Um repórter do Viomundo já foi alvo de ataques de bolsonaristas depois de entrevistar, em Washington, a ex-namorada de Eduardo Bolsonaro, Patricia Lelis.
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Depois de descobrir o número de telefone do repórter, bolsonaristas criaram grupos de whatsapp exclusivamente para ofendê-lo.
Doria, ao falar no estádio do Pacaembu, atribuiu os ataques ao gabinete do ódio, formado pelos filhos de Jair Bolsonaro.
Antes de João Doria chegar ao estádio do Pacaembu, um grupo de bolsonaristas foi até lá, para confrontá-lo.
Violaram as regras do isolamento social para fazer um protesto contra o governador.
Repórteres presentes foram acusados pelo grupo de estar a serviço da China, assim como Doria.
Seriam “comunistas” e “genocidas” por associação.
A acusação foi feita a funcionários da TV Bandeirantes e da TV Cultura, que ocupavam unidades móveis para retransmitir imagens do evento.
O jornalista Eduardo Oinegue, da Band, foi acusado por uma das manifestantes.
Coube a ele ler o editorial do Grupo Band segundo o qual “é cedo para dizer que as atitudes de Bolsonaro nessa crise sejam indicação de falta de inteligência”.
Houve um racha no diminuto grupo de manifestantes quando um deles propôs intervenção militar.
Um bolsonarista chegou carregado de bandeiras verde-amarelas, mas não havia número suficiente de manifestantes para empunhá-las.
O governador paulista não chegou ao local pelo portão monumental do Pacaembu, onde os manifestantes se concentravam.
Apesar do grupo de bolsonaristas ser diminuto, um fato chamou a atenção: vários deles gravaram lives para o Facebook, com mensagens indignadas contra João Doria.
A tática fez com que o evento tivesse uma repercussão desproporcional nas redes, já que os vídeos foram disseminados por redes de indignação bolsonaristas.
Neste domingo, pela primeira vez o Twitter apagou mensagens de Jair Bolsonaro que considerou ameaçadoras à saúde pública.
As mensagens traziam vídeos nos quais o presidente da República criticava o isolamento social e disseminava informação sobre uma possível cura para o coronavírus, ainda não comprovada.
O jornalista Chico Pinheiro, do Bom Dia Brasil, da TV Globo, reagiu assim à decisão do Twitter:
Agora falta o @Twitter começar a bloquear os robôs bolsonaristas, os fanáticos da seita e os adeptos do grande escritório do crime.
Comentários
ADENILSON AZEVEDO SILVA
Bolsonaro, o simulacro de presidente da republica.
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