Dhiego Recoba: Como o Psol elegeu o cabo Daciolo?

Tempo de leitura: 4 min

Foto Facebook do Daciolo

Breve análise do debate na Band: O futuro é sinistro. Uni-vos

Dhiego Recoba*, por e-mail

Henrique Meirelles: é o Temer modo 1.

Mente sem pudor, com uma linguagem típica de banqueiro.

Tentou passar a ideia de que seu passado político é Lula e nada mais, rejeitando a paternidade da crise oriunda do golpe.

Os reflexos econômicos da deposição de Dilma são como merda encontrada no vaso: ninguém assume que fez.

Ferrou com mais de 100 milhões de brasileiros nos últimos 3 anos e teve o desplante de se mostrar como alguém preocupado com o “povo”.

Marina Silva: um monte de generalidades sem especificar coisa alguma, sem se comprometer com nada.

É uma das representantes do  “fora todos”, só ela presta e mais ninguém. Fala de tudo mas não aponta um caminho para nada.

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Diz que é preciso “enfrentar o problema da reforma tributária” mas não diz como, justamente porque não pode se comprometer com pautas do povo que contrariam os interesses de sua amiga Neca Setúbal, herdeira do Itaú, um dos maiores agiotas deste país.

Ciro Gomes: foi isolado no debate, tanto pelo formato que não pretende estimular grandes reflexões, quanto pelos seus adversários que fugiam dele como o diabo foge da cruz.

É compreensível, pois nenhum dos postulantes à presidência, à exceção de Lula e Boulos, tem condições de debater com Ciro, o que não justifica ter sentido o golpe.

Na tentativa de alcançar o eleitorado conservador, imensa maioria no Brasil, acanhou-se de um modo que o fez parecer um político comum.

Precisa radicalizar da mesma forma  que em suas aparições públicas nos últimos dois anos.

Foi a clareza frente aos problemas do Brasil que consolidaram uma militância em torno de seu nome nas redes sociais, pois encabeça a única chapa que demonstra ter um projeto nacional de desenvolvimento e uma saída rápida da crise social que assola o País.

Seus melhores momentos no debate passaram por aí, quando desequilibrou Bolsonaro e carimbou “Temer” na testa de Alckmin ao falarem da reforma trabalhista.

Cabo Daciolo: facilmente confundido com Cabo Sem Miolo, conseguiu a proeza de empurrar Bolsonaro para a direita, demonstrando que o buraco do fundamentalismo cristão no Brasil é muito, mas muito mais embaixo do que se supõe.

Seu auge foi a URSAL, coisa de gente doente que propaga sua loucura na web.

Durante as mais de três horas de programa, a impressão que se tinha era a de que, a qualquer momento, sacaria um fuzil escondido debaixo do terno e metralharia todos no estúdio. Foi assustador.

Sua presença no debate reflete o nível proposto pelo stablishment para a discussão dos problemas do país.

Como um sujeito desses ocupa o lugar de Vera  Lúcia do PSTU?

Como o PSOL não percebeu toda essa loucura quando de sua filiação ao partido, dando-lhe notoriedade suficiente para ser eleito deputado federal?

Guilherme Boulos: falando em PSOL, destaca-se a participação de Boulos no debate.

Parece ser o último reduto de uma civilização fraterna no Brasil. Compreende-se por que seu partido não aceitou a frente ampla proposta pelo PT, com Lula à frente, é lógico.

Cortou a cabeça de Bolsonaro na primeira oportunidade, coisa que Ciro não fez quando pôde.

Teve boas sacadas, como a história dos 50 tons de Temer, por exemplo. O problema é que ainda fala para um grupo muito específico, notadamente pessoas com alto grau de instrução e valores humanistas sólidos.

Quem dera a massa brasileira estivesse mais para Boulos e menos para Daciolo. Seria um presidente de respeito.

Jair Bolsonaro: sustentou muito bem uma máscara de democrata por mais ou menos duas horas, tentando parecer algo que não é para o grande público, até Ciro Gomes lhe cutucar com a fosfoetanolamina, palavra tão difícil quanto “establishment”, vocábulo que Bolsonaro não conseguiu pronunciar.

Aí a máscara caiu e o que apareceu foi o conhecido füher do youtube.

Deve se preocupar (e muito) com o cabo Daciolo, do contrário perde uma fatia da manada de estúpidos que lhe veneram.

Álvaro Dias: é o Temer modo 2. até o dia de ontem, pouca gente sabia que o Coringa havia sido senador pelo estado do Paraná.

Sujeito esperto, fez carreira no PSDB a vida toda e saiu do partido na primeira vez que o casco do navio furou.

Álvaro Dias preocupa por duas razões: a primeira é que encarnou o ideário da lava-jato, este estado paralelo que acabou com 160 bilhões da Petrobrás em contratos, resgatando apenas 1 bi, em nome de um moralismo demagógico e servil ao império norte-americano.

A segunda razão é que pessoas que pensam a política nacional a cada quatro anos são um alvo fácil para este tipo.

Álvaro Dias é, seguramente, um dos cartuchos que o ESTABLISHMENT (atenção na grafia, Bolsonaro) guarda na cintura.

Geraldo Alckmin: é o Temer no seu último upgrade.

Em alguns momentos, o picolé de chuchu lembrou o Serra falando, o que não é nenhuma surpresa, já que o cinismo é parte do DNA tucano.

Vivi tempo suficiente para ver o Alckmin criticar o “bolsa banqueiro”, simplesmente porque todos ali falavam o mesmo.

Alckmin vende uma ideia de São Paulo que beira o ridículo, como se esta fosse moderna como Londres e pungente como Pequim, quando não passa de uma Munique mal construída, berço de um pensamento racista e autoritário.

Valha-me Deus (outro presente no debate), que o Brasil tenha uma sorte melhor.

Sobre as considerações finais: foi o momento que quem escreve esta análise debatia-se no sofá, involuntariamente.

É assustador o quão miserável é a oferta proposta pelo sistema político brasileiro.

Sobre o modelo do debate: feito exclusivamente para minar o confronto de ideias, valorizando a ignorância e o fundamentalismo de todas as matizes.

Agora compreende-se perfeitamente o porquê da perseguição a Lula.

Sem ele, tive a impressão de que qualquer um pode ganhar o pleito, tamanho o nivelamento dos candidatos.

Quem se destaca em ideias perde no modelo de discussão, como Boulos e Ciro.

Mais: aumenta a responsabilidade de Lula caso a tragédia se confirme.

Seria fundamental indicar um candidato de fora.

Poderia ser Ciro, poderia ser Boulos, mas para o PT a hegemonia interna parece valer mais do que o Brasil.

Nuvens densas se aproximam. Busquem abrigo.

*É professor de História em Porto Alegre, convivendo com atrasos de salário há 32 meses

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Comentários

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Robson

Meu voto será para Bolsonaro!!!!

João de Paiva

Não assisti ao debate. E por uma razão bem simples: quaisquer debates com candidatos, eleições ou mesmo o PT, sem o Ex-Presidente Lula, são FRAUDES GROSSEIRAS.

Como não compactuo com uma ELEIÇÃO JÁ FARSESCA E FRAUDADA A PRIORI, com a exclusão do Ex-Presidente Lula, não há razão para que eu dê audiência e legitime essa farsa, essa fraude.

Ciro gomes, que passou por 6 partidos (dentre eles PDS, PMDB, PPS e PSDB) antes de pousar no PDT sem Brizola, em setembro de 2015, sentido o cheiro do golpeachment no ar, embora tecnicamente qualificado para o exercício de mandatos executivos, NUNCA se mostrou NEM se mostra um candidato confiável; ele flertou com a direita neoliberal, privatista e entreguista e tem como um dos formuladores e estrategistas Roberto Mangabeira Unger, professor de famosa universidade estadunidense que fala português com sotaque de gringo e parece não apenas um think tank, mas um agente estadunidense (da CIA, NSA, NRO,?…).

Embora tenha sido ministro de Estado de três governos (Itamar, Lula e Dilma) e se mantido leal no exercício desses cargos, Ciro Gomes sempre foi amigo e ligadíssimo com Tasso Jereissatti e outros políticos da direita neoliberal privatista e entreguista. De forma oportunista e covarde, Ciro Gomes preferiu se alinhar com a opinião de colunistas e opinionistas do PIG/PPV e da ORCRIM Fraude a Jato, deixando de reconhecer o Ex-Presidente Lula como perseguido e preso político. Em vez de se opor e bater nos golpistas, Ciro preferiu disparar sua artilharia verborrágica contra o PT e contra Lula; com essa postura ambígua Ciro conseguiu ser antipático e não confiável para os dois campos da política Esquerda e Direita. Usado, abusado e descartado pela direita que não se assume, que se esconde sob o rótulo de “centrão”, Ciro sofreu também um revide do PT (revide em que o PT também saiu perdedor), que impediu a aliança de Ciro com o PSB, aumentando assim o tempo de propaganda eleitoral.

Por mais críticas que façamos à burocracia e à mafia do PT jurídico-judicial, que seqüestrou a direção do partido e a tomou das bases e militâncias, o maior culpado do fracasso em alianças e na colheita da simpatia e intenção de voto dos eleitores é o próprio Ciro Gomes, que parece não ter aprendido NADA desde 2002. A verborragia agressiva e descontrolada fez o ex-governador do Ceará morrer, outra vez, pela boca.

NUNCA li isso em lugar nenhum, mas pelas observações que faço, se dependesse do Ex-Presidente Lula e das bases e militâncias do PT, Guilherme Boulos estaria, há mais de dois anos ao lado do Ex-Presidente Lula e seria ele o vice ideal na chapa encabeçada pelo Ex-Presidente Operário. Mas a máfia do PT jurídico-judicial, que seqüestrou a direção nacional do partido, impediu que Boulos se filiasse e acompanhasse Lula.

Quem viu as falas reveladoras do tucano de bico vermelho, Fernando Haddad, em amistoso convescote com Reinaldo Azevedo, em evento promovido pelo BTG-Pactual, tem a certeza de que, Haddad não foi escolhido por Lula para sucedê-lo, em caso de impugnação da candidatura do Ex-Presidente. Haddad participou, no início deste ano, de uma reunião de mais de 5 horas com FHC e depois dela foi o porta-voz de indecorosa proposta do ex-presidente tucano para que Lula desistisse da candidatura, em troco de possibilidade de libertação pelas ORCRIMs judiciárias. Fernando Haddad é u misto de Emanuel Macron tupiniquim e Michel Temer menos medíocre. Quem realmente é de Esquerda , petista ou lulista de raiz, JAMAIS votará no tucano de bico vermelho, Fernando Haddad.

Baruch

Como o PT elegeu, e pretende manter, o governador mineiro Pimentel?

Privatarista de primeira linha, Fernando Pimentel rachou a CODEMIG para entregar o filé ao mercado, deixando a parte podre para o povo mineiro. A parte de Telecom da Cemig também foi privatizada após investimentos no setor. O paredon o aguarda!

    João de Paiva

    Tenho severas críticas a Fernando Pimentel (é indefensável, por exemplo, a tal ‘securitização da dívida pública do estado’), mas em relação à CEMIG você está equivocado. Em 2012, a então Presidenta Dilma Rousseff, baixou a MP-579/2012 (depois transformada em Lei 12.783/2013), que antecipou a renovação de concessões de usinas geradoras que venceriam entre final de 2015 e final de 2017. Uma das imposições dessa MP era de que as usinas já se encontravam amortizadas e as concessionárias que as detinham, seriam remuneradas apenas em O&M, o que representaria uma drástica redução no preço do MWh produzido, inviabilizando economicamente a empresa para gerar a energia contratada. Na época Antônio Augusto Anastasia (afilhado político de Aécio Cunha) era o governador de MG. A CEMIG, por meio de seus acionistas controlador e com representantes nos Conselho, recusou-se a assinar o contrato de antecipação das concessões, imposto pela MP-579/2012 (depois Lei 12.783/2013).

    Findado prazo de concessão, em dezembro de 2017, as principais usinas então operadas pela CEMIG, responsáveis por 40% da energia gerada, foram a leilão e arrematada pelos chineses. De fato essas usinas são o filé mignon da área de concessão até então operada pela CEMIG. Mas a culpa pelo desfecho trágico deve sr colocada nas pessoas certas: Dilma Rousseff e Antônio Anastasia.

Cláudio

:: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando:

Também fico pensando que, se é mesmo assim, e parece que é (pelos comentários sobre o debate, que não assisti), fico pensando que esse Daciolo não tinha o mínimo necessário para ser candidato por nenhum partido que se pretenda progressista. Como é que esse ser foi eleito deputado pelo Psol ?…

.:.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * *
Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! !
* * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
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Nelson

Meu caro professor Recoba. É com raiva e tristeza que tenho que lhe dar esta notícia. Segundo pesquisa divulgada recentemente, a gauchada vai, pela primeira vez, reeleger alguém para o governo do Estado. E esse alguém é aquele mesmo que vem atrasando sistematicamente seu salário, professor.

Esse alguém está fazendo um dos governos mais podres da nossa história. Para termos uma ideia do nível de podridão do governo de José Sartori, é só verificarmos a reação da mídia hegemônica em relação a ele.

Sartori vem cometendo coisas indizíveis nesses já completados três anos e sete meses de seu governo. Pois, apesar disso, eu não vi, até agora, da parte da mídia hegemônica e de seus comentaristas, uma mísera crítica sequer a esse governo.

Conhecendo a trajetória dessa mídia de, historicamente, adotar posicionamentos frontalmente contrários às necessidades e aos interesses do povo gaúcho, podemos afirmar, sem risco de errarmos, que Sartori está fazendo um governo ao gosto apenas da elite, dos endinheirados, dos grandes capitalistas.

Conhecendo essa mídia, podemos afirmar que, estivesse governando para o conjunto do povo, como deveria proceder qualquer governo, Sartori estaria sendo massacrado, diária e contumazmente por ela.

a.ali

haja, estômago, professor…ai de nós!
ótimo texto!

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